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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Willoughyby e Crawford, dois Bad-Boys à procura de redenção?

I know the diference between a Willoughby and a Colonel Bradon. I hope that you do too.

 

( eu sei a diferença entre um Willoughby e um Coronel Bradon. Eu espero que tu também saibas)

 

In Gabriel's Rapture by Sylvain Reynard.

 

 

 

Há uns meses li este livro e na altura fiquei a pensar nesta pequena frase. Na altura em que é dita, a protagonista tem todos os motivos para acreditar que o homem que ama será um Willoughby e não um Coronel Brandon, embora pessoalmente eu veria mais depressa no protagonista do livro citado um Rochester.

Contudo essa não é a questão. A verdade é que as circunstâncias podem ser enganadoras e facilmente podemos ser levadas a achar que temos um Coronel Brandon e não um verdadeiro Bad Boy.

Quando surge em cena Willoughby faz acreditar que é um homem correcto, embora por esta altura já teria desonrado a pobre Eliza, um crime grave naquela época. E quem sabe se não teria feito o mesmo a outras?

O nosso primeiro contacto com Crawford é através dos olhos de Fanny e rapidamente percebemos que que ela não gosta dele. Fanny é a única que o vê verdadeiramente e condena a forma como ele joga com as suas duas primas, algo muito errado, principalmente porque uma delas está noiva.

Um Bad Boy será mais atraente do que um rapaz correcto, é algo que ninguém consegue explicar. Talvez seja porque fazem as coisas que a sociedade condena e dessa forma a desafiam, talvez a atracção esteja na perspectiva de que a vida ao lado deles nunca será aborrecida. Há ainda a ideia de que os podemos reformar e fazer deles homens honestos.

 

Willoughby e Crawford são parecidos, o primeiro engana o leitor e as Dashwood, bem como os amigos delas, Crawford também engana os habitantes do Parque de Mansfield, excepto Fanny.

O outro elemento comum é sair-lhes o tiro pela culatra, como se costuma dizer.  Ambos fingem um interesse por Marianne e Fanny, respectivamente, mas apenas pelo prazer da conquista, contudo ambos terminam apaixonados e claro no fim não ficam com as suas amadas.

O tema não é abordado, mas não andariam estes dois bad-boys à procura de redenção? Quando se apaixonam inesperadamente, não será esse um passo para a redenção? Sabemos que Willoughby esteve envolvido de forma física com Eliza. Naquela época,um homem verdadeiramente interessado nunca comprometeria assim uma rapariga, o que me faz acreditar no seu amor por Marianne. Os sentimentos de Crawford são mais difíceis de entender até que ponto são verdadeiros, mas ir visitar Fanny a casa dos pais dá-lhe um bom crédito, lembrem-se que naquela altura viajar não era fácil.

Talvez eu seja ingénua ou pior uma tola romântica, mas eu teria gostado muito que estes dois fossem redimidos, talvez porque me tenham conquistado. É daí que vem a ideia que eles se podem redimir e era isso que procuravam. Mas infelizmente Jane Austen não acreditava na redenção e eles continuaram iguais. Em Sensibilidade em Bom Senso, ela diz mesmo que Willoughby e a sua maneira de ser é fruto do meio ocioso em que vive, Crawford diz que seduzirá Fanny porque está aborrecido ou algo parecido.

Eu sei que redimir Willoughby seria difícil ( por causa de Eliza)mas sempre acreditei na redenção de Crawford e possivelmente quando voltar a ler O Parque de Mansfield vou acreditar que ele vai conseguir.

Ilustrações

 

 

Quem serão estes dois? Foi através do Jane Austen Today que descobri esta ilustração maravilhosa que partilho aqui. Uma pista é do meu vilão preferido....Para quem não sabe é o Willoughby, o único que nunca consegui odiar apesar de todas as infâmias que comete.

A autoria pertence a Liz Monahan e podem ver os seus trabalhos e eventualmente comprá-los aqui

DESAFIO | Bicentenário "Sense and Sensibility" #BR

Deixo-vos com os links dos posts da Raquel Sallaberry do Jane Austen em Português, a propósito do Bicentenário de Sensibilidade e  Bom Senso.
Um post muito interessante escrito por uma leitora do blogue "Jane Austen em Português" e alguns inspirados em Willoughby. 

Pior escolha masculina nas adaptações

Dominic Cooper como Willoughby em Sensibilidade e bom senso de 2008.

 

Mais uma vez, não é assim que imagino Willoughby. Este tem uma expressão demasiadamente infantil e não sinto grande química com a Marianne interpretada por Charity Wakefield. Além disso, este personagem é retratado como sendo muito sedutor, atraente e conquistador e este actor não deixa transparecer isso. Para ser bem sucedido teria de nos deixar o mesmo sentimento de tristeza que nos deixou Henry Crawford quando não conseguiu conquistar Fanny Price. Mal por mal, o Greg Wise na versão de 1995 sempre faz melhor o papel. Mas ainda não é o perfeito Willoughby.

 

 

 

DESAFIO | Bicentenário "Sense and Sensibility" #39

- Sensibilidade e Bom Senso (2008) | 14 -

-  Allenhan, Willoughby de Allenhan

 

 

Dominic Cooper é o actor que dá vida ao personagem Willoughby. Eu só me recordo de o ver actuar em “Mamma Mia!” e, neste filme, o seu personagem não tem tanta exposição que me faça conceber uma opinião. Sei que ele trabalhou também nos filmes (muito elogiados) “A Duquesa” e “Uma educação” mas como nunca assisti ambos filmes, nem os outros em que ele actuou, vê-lo em “Sensibilidade e Bom Senso 2008” foi quase como olhar para uma tela em branco.

 

Se tivermos como base o que Jane escreveu, ficámos com a ideia de que Willoughby é absolutamente fascinante e que, aos olhos românticos de Marianne, esta qualidade é ainda acrescida.  Em oposição, o seu rival - Coronel Brandon - seria um cavalheiro, mas sério e calado; e, por isso, sem graça. O que se passa, nesta versão, é o oposto. Willoughby é completamente insípido enquanto o Coronel Brandon um homem interessante e com presença.

 

O Willoughby desta versão é uma absoluta decepção para mim. Está muito longe de ser o jovem cativante e sedutor que Jane Austen concebeu. Nem consigo encontrar alguma "química" entre ele e a Charity Wakefield. As duas únicas sequências dele que achei razoáveis foram:

 

1.      Quando ele leva Marianne para conhecer a casa que vai herdar: Gosto desta sequência, tem uma carga de doçura e, ao mesmo tempo, de sedução e intimidade latentes. Há um jogo de luz e sombra, ao nível da fotografia, dentro da residência muito interessantes.

2.     Quando ele conversa com Elinor, na altura em que Marianne está doente: A mudança da fisionomia e a própria cor da cena mostram um lado negro e oculto de Willoughby que resultou muito bem para reforçar o baixo nível do seu carácter.

 

Este personagem precisava de um actor mais carismático para fazer-lhe justiça. Ainda não vi nenhuma versão em que ele fosse interpretado à altura.

 

 

 

 

Do "Parque de Mansfield" para "Sensibilidade e Bom Senso": amor e fortuna

Fonte: Internet

Um dos temas que mais me chamou a atenção nesta obra foi a história de amor e fortuna de Edmund Bertram e Mary Crawford. Um casal jovem que despertou interesse mútuo em ambas as partes, com um evidente entusiasmo pela outra pessoa. Porém, nesta história de amor há uma contingência: a fortuna. Mary age como uma autêntica agiota, desprezando a profissão de Edmund – clérigo – não tanto por uma questão religiosa, mas antes pelo “desprestígio” de status perante a mais alta sociedade e, sobretudo, e pelos (relativos) parcos rendimentos anuais.

Podemos pensar que se tratam das reflexões de uma tola e inexperiente rapariga. Mas será que, pelo facto de ter assistido à trágica história de Mary Bertram, só por si não devia ter aprendido que a busca de fortuna sem amor é o caminho para a infelicidade? É numa das cenas finais, em que ela assume que aprovaria uma traição relacional, em prol da manutenção das aparências maritais (e da fortuna!), que se conhece de facto o carácter desta jovem. Edmund fica devastado, tal como Marianne, de “Sensibilidade e Bom Senso”, onde esta história se repete. Também Willoughby troca o amor e a felicidade pela fortuna e se desgraça.

Num paralelo entre Willoughby e Mary Crawford, perguntamos: será que eles realmente amaram, ou se amam só e apenas a si próprios?

Marianne responde, citando o poeta “Amor não é amor se esmorece perante a distância, se verga perante a tempestade…”

DESAFIO | Bicentenário "Sense and Sensibility" #19

 

 

- Sensibilidade e Bom Senso (1995) | 17 -

Greg Wise

 

 

Não posso dizer que aprecie Willoughby. Tenho para mim a teoria de que Marianne Dashwood só se apaixonou por ele porque a sua aparição na vida dela ocorreu de uma forma inusitada: auxiliou-a num momento de aflição e – porque não dizer – com todo um cenário romântico a envolver a acção. Para além disso, era jovem, muito bonito e com gostos semelhantes aos dela.

Foi uma combinação irresistível para Marianne.

Em Sensibilidade e Bom Senso (1995) este personagem é interpretado por Greg Wise. Não digo que ele me cause a mesma decepção que Hugh Grant (Edward Ferrars), porque até acho que ele fez um Willoughby razoável. Contudo, eu também não encontro nele o “Jane Austen Factor” (existirá este conceito?), ou seja, não o visualizo como um homem ao estilo Jane Austen. Houveram, porém, dois momentos no filme com ele muito bons: a cena do baile em Londres, quando Marianne o encontra e o questiona à frente de todos; acho que nesta cena Greg Wise foi excelente a passar toda a sensação de incómodo e constrangimento com a situação. A outra cena é próxima do final do filme quando Willoughby surge no alto da colina a observar o casamento de Marianne com o Coronel Brandon. É uma liberdade da adaptação que dá um remate muito bom. Lembro-me de ficar surpreendida com esta opção. Lembro-me também de pensar que seria plenamente possível de acontecer: Willoughby a assistir de longe o destino que poderia ter sido o seu e, talvez, a lamentar a sua fraqueza.