Tenho muitas vezes visto alguns documentários sobre escritores que já li ou dos quais já ouvi falar. Por curiosidade, gosto de ter alguma noção daquilo que foi a vida de um escritor que admiro. Muitas vezes pode ser simplesmente algo lido na Wikipédia ou em algum blogue, isso serve, para mim, para entender melhor aquilo que determinado escritor escreveu. Muitos escritores são autobiográficos e outros não o sendo tiveram na sua vida acontecimentos marcantes que aparecem naquilo que escrevem. Alguns escritores que viveram em épocas históricas importantes ou tiveram algum papel na história acabam por viver vidas tão ou mais fascinantes do que aquilo que escrevem.
Por tudo isto a vida de muitos escritores daria um bom filme ou série de televisão, contudo não abundam por aí séries de televisão ou filmes que se debrucem sobre a vida de escritores famosos.
Jane Austen viveu a vida que seria de esperar de uma mulher que nasceu quase no fim do século XVIII, visitava a família e amigos, estava algumas temporadas com eles, visitava os seus vizinhos, ia a bailes e de resto vivia em casa, ocupando-se das tarefas normais daquela época e claro escrevendo livros maravilhosos.
Jane Austen, por muito que gostássemos não teve uma vida suficientemente rica e preenchida para dar um bom argumento de um filme. Talvez se Jane tivesse sido homem as coisas tivessem sido diferentes. Se pesquisarem a vida de Lord Byron, seu contemporâneo, depressa irão perceber como a sua vida foi rica e cheia de eventos. Não deixa de ser estranho aos nossos olhos pensarmos que eles nunca se conheceram, mas o anonimato que rodeava Jane e a sua obra, mais o exílio de Byron explicam isto facilmente.
Muito daquilo que se poderia saber sobre Jane acabou destruído após da sua morte, quando a sua irmã Cassandra, queimou muitas das suas cartas. Teriam estas cartas a história de um grande amor? Ou apenas alguns pensamentos que seriam incómodos para quem os lesse. Imaginem que em confidencia Jane dizia que não gostava do amigo X ou do familiar Y. Ou talvez simplesmente ela temesse ser mal interpretada na forma como pensava. Se repararem Jane Austen escreve de uma forma que muitas vezes temos de ler duas vezes para entender. Não é que ela use palavras difíceis mas por vezes é tão irónica que precisamos de ver bem para entender.
Este filme que recebeu no Brasil o nome de Amor e Inocência e por cá de A Juventude de Jane, conta a história de amor de Jane Austen e Thomas Lefroy. A verdade é que a maioria do que existe sobre o assunto é especulação, sabe-se que eles de facto se conheceram, mas até que ponto terá existido um romance como vemos no filme é difícil de saber.
Fontes dizem que Thomas Lefroy esteve presente no funeral de Jane e disse mesmo que tinha gostado dela, dizendo que tinha sido um amor de juventude.
Se foi um amor daqueles que nunca se esquece, que se espera que volte numa curva da vida como acontece em Persuasão, nunca saberemos, a não ser que alguém descubra uma correspondência por aí escondida num sótão qualquer como acontece no filme Possessão, adaptação de um livro de A.S. Byatt.
Mas voltando ao filme, eu vejo-o como uma espécie Orgulho e Preconceito, como se fosse uma primeira versão que ainda não foi bem polida e que com algumas correcções e rectificações será uma obra maravilhosa. Mas não pensem que não gosto do filme, gosto muito.
Anne Hathway dá vida a Jane Austen e na minha opinião fá-lo de forma perfeita. É difícil imaginar outra actriz que conseguisse ser uma Jane tão boa que se mostra por um lado uma mulher que se conforma com as suas circunstâncias e por outro a vontade de lutar contra essas mesmas circunstâncias.
Um dos pontos altos é o encontro em Jane Austen e Ann Radcliff, autora do livro os Mistérios de Udolfo, mencionada na Abadia de Northanger, encontro que nunca aconteceu na vida real.
Este é um filme muito agradável de se ver, mas não deve ser levado como uma biografia séria da vida de Jane Austen.
I know the diference between a Willoughby and a Colonel Bradon. I hope that you do too.
( eu sei a diferença entre um Willoughby e um Coronel Bradon. Eu espero que tu também saibas)
In Gabriel's Rapture by Sylvain Reynard.
Há uns meses li este livro e na altura fiquei a pensar nesta pequena frase. Na altura em que é dita, a protagonista tem todos os motivos para acreditar que o homem que ama será um Willoughby e não um Coronel Brandon, embora pessoalmente eu veria mais depressa no protagonista do livro citado um Rochester.
Contudo essa não é a questão. A verdade é que as circunstâncias podem ser enganadoras e facilmente podemos ser levadas a achar que temos um Coronel Brandon e não um verdadeiro Bad Boy.
Quando surge em cena Willoughby faz acreditar que é um homem correcto, embora por esta altura já teria desonrado a pobre Eliza, um crime grave naquela época. E quem sabe se não teria feito o mesmo a outras?
O nosso primeiro contacto com Crawford é através dos olhos de Fanny e rapidamente percebemos que que ela não gosta dele. Fanny é a única que o vê verdadeiramente e condena a forma como ele joga com as suas duas primas, algo muito errado, principalmente porque uma delas está noiva.
Um Bad Boy será mais atraente do que um rapaz correcto, é algo que ninguém consegue explicar. Talvez seja porque fazem as coisas que a sociedade condena e dessa forma a desafiam, talvez a atracção esteja na perspectiva de que a vida ao lado deles nunca será aborrecida. Há ainda a ideia de que os podemos reformar e fazer deles homens honestos.
Willoughby e Crawford são parecidos, o primeiro engana o leitor e as Dashwood, bem como os amigos delas, Crawford também engana os habitantes do Parque de Mansfield, excepto Fanny.
O outro elemento comum é sair-lhes o tiro pela culatra, como se costuma dizer. Ambos fingem um interesse por Marianne e Fanny, respectivamente, mas apenas pelo prazer da conquista, contudo ambos terminam apaixonados e claro no fim não ficam com as suas amadas.
O tema não é abordado, mas não andariam estes dois bad-boys à procura de redenção? Quando se apaixonam inesperadamente, não será esse um passo para a redenção? Sabemos que Willoughby esteve envolvido de forma física com Eliza. Naquela época,um homem verdadeiramente interessado nunca comprometeria assim uma rapariga, o que me faz acreditar no seu amor por Marianne. Os sentimentos de Crawford são mais difíceis de entender até que ponto são verdadeiros, mas ir visitar Fanny a casa dos pais dá-lhe um bom crédito, lembrem-se que naquela altura viajar não era fácil.
Talvez eu seja ingénua ou pior uma tola romântica, mas eu teria gostado muito que estes dois fossem redimidos, talvez porque me tenham conquistado. É daí que vem a ideia que eles se podem redimir e era isso que procuravam. Mas infelizmente Jane Austen não acreditava na redenção e eles continuaram iguais. Em Sensibilidade em Bom Senso, ela diz mesmo que Willoughby e a sua maneira de ser é fruto do meio ocioso em que vive, Crawford diz que seduzirá Fanny porque está aborrecido ou algo parecido.
Eu sei que redimir Willoughby seria difícil ( por causa de Eliza)mas sempre acreditei na redenção de Crawford e possivelmente quando voltar a ler O Parque de Mansfield vou acreditar que ele vai conseguir.
Este mês, como sabem, o nosso tema são dois dos bad boys mais famosos das obras de Jane Austen, Henry Crawford e Willoughby. A verdade é que os Bad Boys têm um charme muito próprio. Eles podem não ter as melhores intenções, o seu objectivo de vida é seduzir o maior número de mulheres e nós muitas vezes sabemos que eles não nos querem apenas a nós, mas há qualquer coisa neles que os faz irresistíveis. Talvez seja a ideia romântica que os podemos mudar, talvez seja a ideia que oferecem mais emoção que os ditos bons rapazes. Seja como for quem é nunca se sentiu atraída por um deles? A verdade é que quando eles falam há ali qualquer coisa especial que nos faz sentir o coração a bater mais forte. Já algum tempo que acho que a música de Jace Everett - Bad Things uma especie de canção de um Bad Boy, agora parece-me a oportunidade perfeita para a colocar aqui.
É ponto assente que Fanny Price e "O Parque de Mansfield" não reúnem consenso entre os muitos leitores de Jane Austen. Este livro faz parte, segundo alguns analistas literários, da segunda fase de escrita da autora. É mais denso, menos espirituoso e focado sobremaneira na moralidade. Esta última característica é personificada na figura principal do enredo, Fanny Price.
A menina frágil (fisicamente) e aparentemente apagada intelectual e psicologicamente chega a Mansfield Park com apenas 10 anos de idade. Repudiada por todos, inclusive pelos que tomaram a decisão de a recolher com o suposto intuito de lhe darem melhor condições de vida, encontra refúgio na atenção do seu primo Edward, segundo filho de Sir Tomas. Este pretende seguir a carreira clerical por vocação mas, também, por não ter outra alternativa, porquanto a herança da propriedade das terras de seu pai estava destinada ao seu irmão mais velho, é um rapaz culto. Em conversas com a sua recém chegada prima, descobre que esta é dotada de um espírito crítico e de uma boa dose de bom senso. Os diálogos entre os dois decorrem de forma serena. As suas opiniões convergem em quase tudo ao longo do romance, excepto no que toca à encenação teatral - Edward cede perante a força do restante grupo; Fanny mantém-se inalterável na sua posição e no que à personalidade dos irmãos Crawford concerne. No fim, sabemos que todos darão razão a Fanny Price pela sua aparente teimosia.
Tal final leva-me a pensar sobre quem teria influenciado quem. Foi Edward que moldou Fanny, tendo ela, como suposta obra (entenda-se aluna) superado o seu autor? Ou teria Fanny sido sempre mais astuta e intelectualmente mais capaz do que o seu primo?
Para mim, Fanny era uma pérola que precisava apenas de se descobrir. Edward deu-lhe um pequeno empurrão no mar calmo da literatura e da discussão que ela soube aliar às suas capacidades inatas, superando, em muito, o seu mentor.
Li algures que Fanny Price é aquela jogadora que, num jogo de dodgeball (Jogo do mata ou Queimada), é a única que sempre se esquiva das bolas e que nunca tenta atingir ninguém com elas. E, no final, é a única que se mantém em pé, vencedora. Será que é assim que a vemos no livro Mansfield Park? Poderemos afirmar que ela jogou o jogo? Ou será que nem sequer participou?
Fanny Price é uma das personagens mais complicadas em Mansfield Park, apesar da sua atitude demasiadamente (e por vezes irritantemente) passiva. E, por isso, a impressão que deixa nos leitores é quase sempre negativa. No entanto, penso que se analisarmos a personagem com algum sentido prático, facilmente concluímos que Fanny Price é uma personagem soberba, complicada e até atractiva.
Comparando Fanny Price com outras heroínas austenianas, activas, encantadoras e corajosas como Elizabeth Bennet ou Emma Woodhouse, podemos afirmar que a heroína de Mansfield Park é apenas uma mulher tímida, reservada, solitária e insegura, situações que a impedem de participar adequadamente na vida social que a envolve. Também a podemos classificar como uma mulher deprimida, com sintomas psicossomáticos (isto ocorre quando os problemas emocionais se reflectem em problemas físicos); Ela sofre com dores de cabeça quando está emocionalmente perturbada, por exemplo. Além de tudo isso, Fanny tem uma auto-estima abaixo do chão, o que diminuí a sua auto-confiança e consequentemente a torna menos propensa a contactos sociais.
Depois, e porque um mal nunca vem só, além de todos estes factores pessoais impeditivos de uma vida social prazeirosa, Fanny price vê-se ainda prejudicada com as repercussões que a sua personalidade quieta tem nas pessoas que a rodeiam. Estas tendem a esquecer-se dela, da sua presença, ou simplesmente não entendem a sua maneira de ser, nem tentam fazê-lo. Verifica-se muitas vezes que Fanny desaparece da acção da história e dos olhos dos seus companheiros.
Há, contudo, personagens que, ocasionalmente, se questionam sobre a verdadeira personalidade de Fanny, como por exemplo Sir Thomas. Isto porque ela nunca manifesta o que pensa ou sente. Fanny esconde as suas emoções e pensamentos e raramente os partilha com outros, preferindo partilhar com o leitor os seus sentimentos relativamente a Edmund e depois Henry, navegando em círculos, sem dizer uma única palavra sobre o assunto em voz alta.
Outros há que acham que conhecem bem Fanny Price. É o caso de Edmund. E nós sabemos muito bem que, sobre Fanny, ele não entendia rigorosamente nada!
E porque Fanny não exprime aquilo que realmente se passa dentro dela, as outras personagens acabam por ficar com pouca informação e consequentemente acabam por fazer suposições erradas sobre ela. Por exemplo, ninguém entende por que Fanny se recusa a casar com Henry Crawford, e como ela não oferece para isso uma explicação clara, as outras personagens assumem que ela realmente não sente aquilo que diz quando diz "não" à proposta do playboy.
Ela nunca tenta superar a sua timidez, não se esforça. Prefere refugiar-se no seu mundo, não se envolvendo nas situações, na vida que vai decorrendo à sua volta. Joga passivamente o jogo de dodgeball, passando despercebida. E, no final, vence. O seu troféu? Edmund Bertram, o primo que amou desde muito jovem.
Porquê?...
Foi a única que se manteve de pé, incólume, alheia e intocável.
Eis todos os discursos fluídos e seguros (ou tolos e desapropriados!) que Mary Bennet proferiu ao longo de Orgulho e Preconceito.
"O orgulho é um defeito muito vulgar, creio eu. Depois de tudo o que li, estou deveras convencida da sua vulgaridade, que a natureza humana lhe é particularmente atreita e que são raros aqueles entre nós nós que não nutrem um sentimento de condescendência própria baseada numa ou noutra qualidade, real ou imaginária. Vaidade e orgulho são coisas diferentes, embora as palavras sejam frequentemente usadas como sinónimos. Pode-se sentir orgulho sem ser vaidoso. O orgulho diz respeito mais à opinião que temos de nós próprios, enquanto a vaidade é aquilo que pretendemos que os outros pensem de nós."
(Cap. V; em conversa com Elizabeth e Charlotte Lucas sobre Mr Darcy e o seu caracter)
"Admiro a energia da tua benevolência, mas todo o impulso afectivo deve ser guiado pela razão; e, na minha opinião, o esforço deveria estar sempre em proporção com o que é requerido."
(Cap.VII; Sobre a ida de Elizabeth a Netherfield saber da irmã Jane)
"Sob o ponto de vista da composição, a sua carta não me parece defeituosa. A ideia do ramo de oliveira talvez não seja inteiramente nova, porém considero-a expressa com acerto."
(Cap. XIII; sobre a carta de Mr Collins a anunciar a sua visita a Longbourn)
"Desde que possa dispôr das minhas manhãs, dou-me por satisfeita. Não considero um sacrifício participar ocasionalmente em festas nocturnas. Todos nós temos deveres sociais a cumprir e partilho, aliás, da ideia de que um intervalo para recreação e divertimento só traz benefícios."
(Cap.XVII; sobre a ida ao Baile em Netherfield)
"Longe de mim menosprezar tais prazeres, minha querida irmã; são os que, sem dúvida, se enquadram com mais naturalidade no temperamento feminino. Mas confesso que não me seduzem. Prefiro infinitamente mais um bom livro."
(Cap. XXXIX; para Lydia que fala sobre as estouvadices da viagem de volta do Hertfordshire para Longbourn)
"É um acontecimento deveras desagradável e será provavelmente muito comentado. Mas devemos opor-nos à maré da maledicência e derramar sobre os nossos corações feridos o bálsamo do consolo fraternal... Por mais infeliz que Lydia possa vir a ser, poderemos extrair de tudo isto uma lição útil: que a perda da virtude numa mulher é irreversível, que um só passo em falso acarreta uma série de desgraças sem fim, que a sua reputação não é menos frágil que a sua beleza e que uma mulher nunca será cautelosa demais para com as pessos do sexo oposto, especialmente para com aqueles que não merecem a sua confiança."
(Cap. XLVII; para Elizabeth depois de Lydia ter fugido com Wickham)
Uma das participantes do nosso Clube de Leitura, na sessão do Porto, dizia que ficara surpreendida por encontrar o tema da gravidez antes do casamento no livro, a infeliz desgraça que ocorre a Eliza. Muitos temas que hoje encontramos amiúde nos livros eram na época de Jane Austen tabu e dificilmente eram tratados de forma aberta e clara. A própria gravidez de Charlotte Palmer é referida poucas vezes e de forma sempre discreta. Lady Middleton perante tal assunto chega mesmo a mudar o tema porque se sente incomodada. As coisas funcionavam assim...
Alguns livros que vou lendo parecem também estar cheios de fugas de amantes. A fuga era a única forma dos apaixonados poderem viver o seu amor. Teresa e Simão pensam em fugir, no Amor de Perdição, já que o seu amor era proibido pelos pais. Scarlett O'Hara, em E Tudo o VentoLevou também pensa nisso, embora seja apenas um plano seu e não seu e do seu amado Ashley Wilkes. Scarlett afirma que era o género de coisa que acontecia muitas vezes entre os seus amigos e conhecidos. Nos Maias, há diversas ideias de fuga: a Condessa de Gouvarinho que quer fugir com Carlos, este planeia fugir com Maria Eduarda e a única que foge realmente: Maria Monforte.
Em Orgulho e Preconceito, a fuga acontece protagonizada por Lydia Bennet. Sempre achei que este género de coisas serviam para dar algum atractivo aos livros e séries ou filmes mas que na vida real poucos ou nenhuns se atreveriam a fazer tal coisa.
Há umas semanas encontrei um livro, que ainda não li ou sequer comprei, mas que me pareceu bem interessante e que se enquadra neste tema da fuga. O livro chama-se Ana Kelly e a autora é Angela Leite; ao ler a sipnose percebi que estava perante um livro que contava uma fuga real. Mais interessante é que tudo se passou em Portugal, aquando da invasões francesas ou seja na altura em que Jane Austen viveu. Isto leva-me a pensar que possivelmente a fuga de Lydia pode muito bem ter sido inspirada em factos verídicos. Para os mais curiosos, aconselho a ler este post encontrado após uma pesquisa, é extenso mais muito bom, trata-se do relato da fuga feito por um descendente de Ana Kelly: Blogue
Se tiverem curiosidade sobre o livro aqui fica a capa e a sipnose, ambos tirados do site da Wook:
Na sequência das invasões napoleónicas, a Portugal chegam as tropas britânicas. Do contingente faz parte Waldron Kelly, um oficial irlandês. Quando se cruzam, Ana e Waldron apaixonam-se e perante a recusa da família em aceitar esse amor, a jovem fidalga foge, deixando para trás uma vida faustosa e uma família humilhada. Juntos partem para onde a guerra chama pelo dever do jovem. Corajosa, a esposa acompanha-o, sem nunca se arrepender da escolha, nem quando a miséria lhes bate à porta e mais uma vez é desprezada pela família, levando-a, em desespero, a escrever um pedido de ajuda à Rainha Vitória. Ana Kelly - Uma Saga de Amor e Coragem é uma biografia romanceada, mas genuína e intensa, de uma mulher que tudo enfrentou e suportou em nome do amor.
Lydia Bennet. É difícil encontrar, ou até imaginar, como teria sido o futuro da mais estouvada das irmãs Bennet. Ela que conseguiu casar com o seu príncipe encantado; ela que consegue ser tão cega ao ponto de não perceber o desagrado dele por se ver irremediavelmente preso a ela. Como esposa de um oficial que lhe preparou o futuro?
Sabemos que Fitzwilliam Darcy providenciou para que tivessem uma vida economicamente estável. No entanto, quanto tempo terá durado tão estranho enlace? Quanto tempo até George Wickham se perder por outra mulher ou por esquemas dúbios? E o mesmo se aplica para o lado oposto. Quanto tempo até Lydia perceber o desinteresse e desagrado do marido por ela e se lançar noutras aventuras tresloucadas?
Eu sei que estou a pensar como uma mulher do século XXI. Naquela época, as mulheres depois de casarem, 'morriam para o mundo' e, salvo raras excepções, ficavam com o marido até à morte. Então atrevo-me a dizer que Lydia terá sido uma dessas raras excepções. Uma estouvada com um pé no século XXI!
No entanto, e como sou uma rapariga romântica, uma Jane Bennet que vê sempre o melhor nas pessoas, gosto de imaginar que Lydia muda, que o seu amor por Wickham se torna mesmo genuíno e merecedor da admiração dele. E que também ele muda um pouco, que passa a ver Lydia com outros olhos e que chega mesmo a amá-la. Tudo pode acontecer. Se Jane Austen não nos presenteou com estas informações, a nossa mente austeniana não se importa de o fazer... livremente.