As Pessoas na Vida de Jane Austen: Tom Lefroy
Título Original: The People in Jane Austen's Life - The Boyfriend: Tom Lefroy
Retirado do site: Jasa
Autor do Artigo: Rodney Pyne
Traduzido e Adaptado por Clara Ferreira
Em Janeiro de 1796, Thomas Langlois Lefroy conheceu Jane Austen enquanto estava de férias no Sul de Inglaterra, fazendo uma visita aos seus tio e tia Lefroy na Reitoria de Ashe. Tinham ambos completado os 20 anos. Que eles se conheceram e acomparam durante esse período, não há dúvidas; mas que se tenham apaixonado, já é uma questão de debate. Qualquer que tenha sido a "química", o seu breve namoro não levou a nenhum compromisso ou algo permanente e cada um seguiu o seu caminho. Contido, ambos continuaram a pensar um no outro nos anos subsequentes. Tom Lefroy recordou o seu contacto muitos anos mais tarde declarando que tinha estado apaixonado por Jane, mas que tinha sido um romance de juventude. Jane escondia menos os seus sentimentos acerca de Tom. Todavia, uma vista de olhos quanto às circunstâncias de Lefroy podem explicar quão impossível s relação entre eles poderia ser.
A família Lefroy era originária de França. Antoine Lefroy veio para Inglaterra em 1587 de Picardy, sendo um Huguenote fugido da França Católica, e estabeleceu-se em Canterbury, Kent. No inicio do séc. XVIII, Anthony Lefroy, avô de Tom, casa-se com uma jovem da família Langlois depois daquilo que Park Honan descreve como uma uma aventura de bancarrota . Deirdre Le Faye diz que os tios Langlois compraram uma comissão para Anthony-Peter Lefroy (pai de Tom) no exército Irlandês, e na sequência disso ele acaba por casar com Miss Anne Gardiner em 1765. Tom nasce em Janeiro de 1776, poucas semanas depois do nascimento de Jane Austen.
A biografia de Jane Austen feita por Park Honan, cita uma fonte de Huguenote do Coronel J A-P Lefroy, e conta uma história diferente - segundo a qual, Anthony-Peter se casa secretamente com Anne Gardiner aquando dos seus 23 anos (no ano 1763), com receio de que os tios Langlois não aprovassem um casamento tão pouco auspicioso, volta a casar em 1774 na Catedral de Limerick. Nessa altura parece haver filhos do casamento anterior.
Vinte anos depois, Tom, um estudante de Direito, decide fazer uma pausa nos seus estudos e visitar o seu tio em Hampshire, de quem era financeiramente dependente, para lhe assegurar de que o seu investimento (nele) era justificado. O ónus estava em Tom que devia seguir à risca as expectativas da família e perseguir um status elevado na sociedade inglesa e claro, casar bem. E depois, conhece Jane Austen, a filha de um reverendo.
Jane e Tom falaram, dançaram e, aparentemente, namoriscaram em Manydown e Ashe e, neste caso, temos as provas nas primeiras duas grandes cartas que Jane escreveu à irmã, Cassandra. Contudo, Jane não era pessoa para revelar totalmente quanto o seu contacto com Tom sigificava para ela. Tom Lefroy tinha bastante cabelo, era bem parecido, inteligente, charmoso e a pouco tempo de começar a estudar para a"barra" em Londres. Jane estava claramente atraída. Ela refere-se a ele na primeira de duas cartas como um "tendo boas maneiras, sendo bem-parecido e um jovem agradável". No baile de Manydown Park, onde se conheceram, ela e os seus irmãos dançaram e socializaram com as três irmãs Bigg e o seu irmão de 15 anos Harris Bigg-Whiter, de quem a casa era.
Jane Austen conta-nos como dançou três vezes com Tom e falou com ele e brinca com a irmã perguntando-lhe " imagina tudo o que é mais profícuo e chocante na forma de dançar e sentar juntos". Ela conta a Cassandra que apenas terá mais um Baile para se "expor" às maledicências do público sobre o seu comportamento com Tom. De facto, ela foi a três bailes naquela quinzena. Depressa Tom "foi gozado por minha culpa" pela sua tia e tio Lefroy, indicando que os boatos tinham começado na vizinhança e Tome Jane eram um "item" de conversa. Jane continua dizendo que Tom "ficou envergonhado por ter vindo a Steventon" e a última vez que Jane apareceu em Ashe, Tom "fugiu, desapareceu". Tom tinha, de facto, sido chamado pela Reitoria, depois do baile, e sendo o costume bem educado de um "gentleman" escrever às senhoras com quem dançou no baile do dia anterior, Jane tirou conclusões precipitadas. Tom contudo, trouxe, mais tarde um "chaperone", o seu primo George de 13 anos. Jane ri afastando qualquer séria consideração do comentário que Tom teve:
"uma falta que o tempo, espero eu, removerá inteiramente - era poque o seu casaco matinal estava demasiado leve. Ele é um grande admirador de Tom Jones e por isso, utiliza as mesmas roupas coloridas que ele quando foi ferido".
Podemos facilmente ver Jane rir de todo este caso, e notem que ambos devem ter discutido o que foi visto como algo um pouco escandaloso. Tom Jones, com as suas seduções e traquinices inadequadas, não era o género de livro que se esperava que uma filha de um reverendo tivesse lido e que tivesse gostado. Jane e Tom devem ter tido discussões muito sinceras.
Poucos dias depois, um amigo de Henry Austen, que dançara com Jane Austen no mesmo baile, apareceu para lhe dar um retrato de Tom que ele, John Warren desenhara. isto veio reforçar a ideia de que Tom e Jane eram vistos como um "item" (casal). Entretanto, em Steventon, o manuscrito de Elinor e Marianne tinha sido completado - uma indicação que qualquer um percebe, que aquilo era o futuro de Jane e não um futuro com Tom ou com qualquer outro homem que ela conhecesse ou admirasse na vizinhanla. O casamento com Tom leva-la-ia para a Irlanda e provavelmente, nunca escreveria nenhum das histórias que tanto admiramos.
Tom casa com Mary paul três anos mais tarde. Sendo ela uma herdeira, era uma escolha acertada para o aumento da fortuna da família e acabaram por ter nove filhos. Tom tornou-se num MP na Universidade de Dublin em 1830 e em 1835, membro do Council Prinvado da Irlanda. Foi apontado como juíz em 1841, Chefe da Justiça da Irlanda em 1852 e manteve-se nessa posição até 1866. Altura em que tinha 90 anos. Ele foi o orgulho da família. E por isso vemos que não havia nenhum futuro para Tom e Jane. Depois da sua visita em 1796, Tom foi levado embora pela sua familia. Mas Jane não o esqueceu. Ele regressa a Hampshire três anos depois, em 1799, mas parece ter-se mantido afastado dos Austens. Numa carta de Novembro de 1798, Jane escreve que Mrs. Lefroy os visitou mas nada disse sobre o seu sobrinho, conta ela a Cassandra.
"Eu era demasiado orgulhosa para fazer qualquer pergunta; mas depois do meu pai perguntar onde ele estava, fiquei a saber que tinha voltado para Londres, no seu caminho para a Irlanda, onde foi chamado à "barra" e pretende praticar!".
Pobre Jane, incapaz de mostrar qualquer sinal de interesse, estando dependente das boas graças de seu pai para saber uma palavra do seu antigo companheiro de dança. Jane nunca mais o viu, pelo que sabemos. O seu namorico com Tom foi breve e provavelmente doloroso. Mas pelo menos ela aprendeu algo sobre vulnerabilidade e partida, da alegria selvagem e de como suportar a dor de um coração partido.
"Nós mulheres não vos esquecemos, não tão cedo como vocês nos esquecem a nós... este é o nosso destino, mais do que mérito. Não podemos controlar. Vivemos em casa, quietas e confinadas, e os nossos sentimentos ocupam-nos... Vocês tâm sempre as vossas profissões, objectivos, negócios ou outros, que vos levam de novo para o mundo, e a ocupação contínua e a mudança depressa afastarão os pensamentos". - Anne Elliot, em Persuasão.
Peço desculpa por algum erro de tradução. Para quem quiser ajudar, visite o artigo original (topo deste artigo) e deixe um comentário daquilo que devo alterar. Obrigada.