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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

as cartas e as boas maneiras

Ainda realço o livro "The Jane Austen Handbook: A Sensible Yet Elegant Guide to Her World" de Margaret C. Sullivan - que estou a adorar - para falar sobre as boas maneiras na escrita das cartas. Trata-se quase de um encontro entre o tema do mês anterior e o deste mês.

 

Ela refere que era absolutamente impróprio para pessoas solteiras e sem ter qualquer parentesco trocarem correspondência. Ao contrário desta regra, Margaret Sullivan destaca que podemos verificar ao longo da obra de Jane Austen inúmeros dos seus heróis e heroínas trocarem cartas e, algumas, intensas. O que esta escritora explica, de uma maneira muito simples, é que as cartas foram introduzidas com um pressuposto ou de compromisso ou foram entregues em privado no enredo de cada livro de Jane Austen:


- Marianne Dashwood escreveu para Willougby mas Elinor acreditava existir um compromisso entre eles;
- Catherine Morland e Mr. Tilney trocaram correspondência e os pais de Catherine relevavam porque eles tinham um compromisso;
- Mr. Martin escreveu a Harriet Smith a propôr casamento;
- Mr. Darcy entregou a carta para Elizabeth Bennet a explicar suas acções em privado;
- Wentworth escreveu à Anne Elliot mas sem ninguém dar conta de tal, a não ser ela;

 

dons e talentos #2

- a questão da mulher prendada -

requisitos básicos


No livro "The Jane Austen Handbook: A Sensible Yet Elegant Guide to Her World",  Margaret C. Sullivan fornece uma visão panorâmica sobre a sociedade, as maneiras e os costumes da época de Jane Austen - a Regência.  Um dos capítulos intitula-se "Become an acomplished Lady" cujo o conteúdo dá uma visão resumida, mas esclarecedora, dos predicados que uma jovem deveria ter e desenvolver para se tornar aos olhos dos pretendentes e de suas famílias uma atractiva possibilidade.

 

Os requisitos eram elevados e, portanto, mesmo possuindo um talento natural a jovem deveria trabalhar arduamente para alcançar a excelência. Possuir dons e talentos inatos não bastava. Era indispensável o empenho e a dedicação.

 

 

 

As áreas a serem" trabalhadas" seriam:

-Aprender e estudar várias línguas;

-Ter conhecimento fundamentado de história e geografia;

-Ser exímia em canto e a tocar instrumentos musicais: pianoforte e, melhor ainda, harpa. Relembrem Mary Crawford a encantar todos de Mansfield Park (inclusive Fanny) a tocar harpa, bem como Marianne Dashwood a transbordar de talento no pianoforte. O curioso, neste aspecto, é que Margaret Sullivan refere que ter excelência em canto e a tocar um instrumento seria um factor positivo para entreter os convidados do marido em futuras reuniões…

-Saber desenhar e pintar;

-Dominar a arte de bordar;

-Saber dançar com graciosidade.

 

Mr. Darcy acrescentaria que também seria fundamental que a jovem cultivasse a leitura e tivesse um vasto conhecimento de literatura.

 

Ser mulher, jovem , solteira e atractiva na época da Regência não era tarefa fácil.

 

(Ilustração retirada do livro, da autoria de Kathryn Rathke)