Sobre esta personagem não preciso fazer muitas considerações. Elizabeth Spriggs foi perfeita como "Mrs. Jennings"; de longe, superior à interpretação de Linda Basset. Ela exprime toda a exuberância, alegria, coscuvilhice, ternura e generosidade de Mrs. Jennings. Acho que Jane Austen também teria ficado agradada com esta interpretação.
Gemma Jones (Sensibilidade e Bom Senso 1995) e Janet McTeer (Sensibilidade e Bom Senso 2008)
Ambas são excelentes actrizes, não restam dúvidas. Durante muito tempo tive dificuldades de entender qual delas teria feito uma melhor abordagem de Mrs. Dashwood. Quando olho para Janet McTeer, a sua Mrs. Dashwood convence-me mais no sentido de transmitir a imagem de uma grande senhora, dona de Norland e a estranheza de ser despojada da mesma. Neste aspecto convence-me mais do Gemma Jones. Na interpretação destaa não sentimos tanto esta queda de estatuto, nem ela própria parece ser a grande senhora de Norland. Contudo, Gemma Jones transmite mais a tristeza e alheamento do luto do que Janet McTeer. Aliás, a dada altura Janet McTeer não parece sequer uma viúva.
No papel de mãe, ambas fazem um papel bom mas acho que Gemma Jones tem aquele ar mais alheado que imagino em Mrs. Dashwood.
Estreou hoje nas nossas salas o filme Albert Nobbs, que conta com a participação de Janet McTeer, a Mrs Dashwood em Sensiblidade e Bom Senso 2008. Janet Mcteer foi nomeada para o Óscar de melhor actriz secundária por este filme, mas acredito que a vitória irá para uma das actrizes do filme "As Serviçais". Para além da nossa Mrs. Dashwood, o filme conta com a participação de Aaron Jonhson que ainda este ano, poderemos ver no filme Anna Karenina com Keira Knightley. Também faz parte do elenco Mia Wasikowska, a Jane Eyre na última adaptação do livro de Charlote Brontë. Glen Close, que protagoniza o filme foi igualmente nomeada para o Óscar, contudo o mais certo é o mesmo ir para casa com Meryl Streep.
Aqui fica a sipnose retirada da página de cinema do sapo e o trailer:
Baseado no conto "The Singular Life of Albert Nobbs", de George Moore, Glenn Close faz o papel de uma mulher que se disfarça de homem durante vinte anos, para poder trabalhar como mordomo no hotel mais chique de Dublin e assim sobreviver na sociedade machista da Irlanda do século XIX.
Esta “Fanny” está longe de ser comparável àquela que Jane Austen viria a criar para protagonista do romance “Mansfield Park”. Fanny Dashwood, casada com o meio-irmão das Misses Dashwood, e única filha de Mrs. Ferrars, é um poço de mesquinhez e de muito mau caráter... pelo menos, tem as prioridades todas ao contrário. A sua arrogância e a sua mesquinhez tornam-na numa versão júnior de Mrs. Ferrars... afinal, quem sai aos seus não degenera!
Do casamento com Mr. John Dashwood, Fanny tem um único filho, Henry. Pergunto-me sob que valores e princípios será aquela criança educada... talvez a mãe tenha para ele perspectivas de que vá para o Parlamento!
Ao longo dos anos, muitas foram as actrizes que deram corpo a esta personagem: Claire Skinner (2008), Harriet Walter (1995) e Amanda Boxer (1981). Mais foram as versões para tela que se fizeram de Sensibilidade e Bom Senso, mas hoje, vou apenas referir-me às três mais recentes adaptações, pois só a essas assisti.
Não tenho dotes dramáticos, mas presumo que Fanny Dashwood seja um desafio para qualquer actriz. Afinal, reunir tantas características menos boas, não deve ser fácil de encorporar.
Amanda Boxer, da versão de 1981, embora toda a adaptação “sofra” de um pouco de teatralidade a mais, tem um excelente desempenho, até porque é uma adaptação que segue de perto a obra de Jane Austen e dá-lhe mais visibilidade, incluindo a famosa cena da discussão com Mrs. Dashwood acerca das porcelanas. Confesso que o berro da actriz, quando Anne Steele lhe revela o noivado secreto de Edward com a sua irmã, está um tanto ou quanto aterrorizador, mas a reação assenta que nem luvas à descrição da obra... a versão de 1995 segue esta cena muito de perto. É talvez ela que, fisicamente, se aproxima mais da imagem que criei de Fanny Dashwood através da escrita de Jane Austen.
Harriet Walter, da versão de 1995, dá-nos uma Fanny Dashwood muito mais fria e com um toque maléfico muito peculiar. Gosto muito da interpretação, embora para mim, Fanny Dashwood devesse ter uma aparência mais jovem – mas este é um pormenor que tem pouca importância, porém, não é só nesta personagem que verifico isso. Não lhe é dado tanto espaço de antena, até porque se trata de um filme e tudo tem de ser mais condensado.Todavia, todas as cenas em que aparece, são cenas de grande qualidade, principalmente a cena inicial em que ela tenta convencer o marido a não dar nem um cêntimo às meias irmãs. É uma cena que está extremamente bem conseguida e que a adaptação de 2008 vai copiar. Acho que nunca lhe perdoarei a forma como interrompe a “quase” revelação que Edward ia fazer a Elinor.
Claire Skinner, da versão de 2008, mostra-nos uma Fanny muito mais interesseira que todas as outras. Gosto mais da sua maneira de “persuadir” o marido a não ajudar as irmãs e gosto acima de tudo, da forma como ela aborda e lida com Mrs. Dashwood, é a atitude ideal para alguém como Fanny... o verniz quebra e vem ao de cima toda aquela falsa boa educação. Em termos de aparência, acho que se adequa bem à personagem, embora os seus penteados deixem muito a desejar!
A vertente maternal de Fanny não é acentuada por nenhuma das atrizes, até porque o próprio romance não aprofunda muito esse tema. Aliás, a única referência feita a esse tema, é no início, quando Fanny persuade o marido a não ajudar as irmãs, servindo-se do filho para instigar essa atitude no marido, dizendo-lhe que ajudando as irmãs estará a roubar o próprio filho.; e quando Fanny compara o filho com o filho de Lady Middleton, discuntindo futilmente e idioticamente sobre qual deles o mais alto, como se de dois brinquedos se tratassem! Todas as adaptações mostram isso, Embora só a última adaptação dê algum relevo à figura de Henry e mostre um pouco sobre a forma como Fanny educa o filho.
Acho também curiosa a similitude de penteados entre as várias actrizes que interpretam Fanny Dashwood – todas elas de cabelo curto e caracóis!
Interpretação preferida, não tenho... por um lado, considero a figura de Amanda Boxer aquela que mais se aproxima da ideia que tenho de Fanny; depois, Harriet Walter consegue incorporar um lado maléfico de Fanny extremamente divertido e Claire Skinner, dá-nos uma Fanny totalmente manipuladora e interesseira, no entanto, acho a sua figura muito moderna.
Ao pesquisar imagens sobre Mrs. Ferrars, não resisti a tentação em compará-la com a ilustração de Chris Hammond de 1899. A semelhança pode ser coincidência, mas é espantosa.
Em Sensibilidade e Bom Senso 2008 eu posso afirmar que presenciei algumas agradáveis surpresas e algumas pequenas decepções.
Inicio pelas decepções. Uma delas eu já referenciei: Willoughby/Dominic Cooper. Infelizmente, não foi a minha única decepção. O casal Palmer também foi uma grande decepção: um casal absolutamente insípido. No livro, este casal proporciona alguns momentos de humor mas nesta produção ficam muito aquém. Neste caso, penso que tal aconteceu por uma escolha do argumento. Este casal não teve muito destaque e, portanto, não poderia ser um ponto marcante. Mas também Mrs. Jennings de S&S 2008 causou-me alguma decepção e, neste aspecto não penso ser devido ao argumento. Não quero com isto dizer que trata-se de uma má interpretação, apenas acho que Linda Basset não transmitiu a jovialidade desta senhora, apesar da mesma ser madura. Penso que ela poderia ter explorado muito mais o lado divertido e jovial de Mrs. Jennings.
Para equilibrar, há algumas surpresas agradáveis e que proporcionam momentos de interesse na série. É o caso de John Middleton, o primo que se propõe a receber as mulheres Dashwood em Barton Cottage. Acho que Mark Williams faz uma excelente actuação. Ele consegue recriar o Sir John que nós lemos em Sensibilidade e Bom Senso de Jane Austen.
Também destaco a personagem Anne Steele, interpretada por Daisy Haggard. Tenho que confessar que ela fez-me dar boas gargalhadas. Inconveniente e simplória, fala pelos cotovelos e sempre diz o que não deveria na hora mais imprópria possível. Causa alguns constrangimentos à sua irmã Lucy Steele. É ela quem revela o segredo do compromisso entre Lucy e Edward e este foi um dos momentos altos da mini-série. A realidade é que ela rouba a cena sempre que aparece.
A presença marcante de Mrs. Ferrars é outra agradável surpresa. Jean Marsh apresenta-nos uma Mrs. Ferrars com um estilo semelhante ao de Lady Catherine de Bourgh de O&P. Uma matriarca com posição social e posses, que tem o futuro do filho mais velho pré-determinado e que não concebe outro destino para ele que não seja aquele que ela mesma concebeu. Sobretudo, planeia um casamento proveitoso para ele. Aliada à sua filha Fanny Dashwood, mostra-se antipática e desdenhosa relativamente às irmãs Dashwood e, particularmente, de Elinor.
Não será absurdo dizer que quando assistimos a um filme/série alimentamos algumas expectativas e obtemos algumas surpresas. Acho que o balanço é positivo. As agradáveis surpresas, no que diz respeito à construção de personagens e actuações, minimizam a decepção que outras terão causado.
Começo pelos tópicos cuja resposta encontrei sem hesitar...
Sem dúvida nenhuma: O Baile em Netherfield, “O&P” 2005. Desde o início ao fim. Há uma dinâmica a envolver os personagens, em que seguimos a câmera como se fosse o olhar de uma pessoa também a caminhar no baile. Durante este percurso acompanhamos os personagens e a sua conduta. É, talvez, a altura em Elizabeth dá-se conta de uma certa falta de bons modos da sua família. Depois segue-se a sequência em que Elizabeth e Darcy dançam a esgrimar palavras e olhares como se estivessem completamente a sós no salão do baile. Pessoalmente, acho perfeito. Impecável.
A banda sonora e a fotografia de um filme/série são dois tópicos que eu valorizo muito. Na minha preferência pessoal, a banda sonora de Sensibilidade e Bom Senso 1995 é algo de extremamente especial. Acho-a lindíssima e perfeita. Para além da direcção, interpretações e fotografia impecáveis, questiono-me - muitas vezes - se este filme seria tão especial caso a banda sonora fosse outra. Apesar de tudo isto, também tenho de referir outro nome: Martin Phipps, nos casos específicos de Sensibilidade e Bom Senso 2008 e de Persuasão 2007. Martin Phipps é, a meu ver, genial. O primeiro trabalho que me recordo dele foi o North & South, cuja banda sonora também acho formidável. Ele faz com que a música se torne quase que uma extensão da personalidade dos personagens.
Destaco Moonlight Sonata de Beethoven, uma constante nas cenas de melancolia de Anne Elliot: