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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

As Actrizes de Fanny Dashwood

Esta “Fanny” está longe de ser comparável àquela que Jane Austen viria a criar para protagonista do romance “Mansfield Park”. Fanny Dashwood, casada com o meio-irmão das Misses Dashwood, e única filha de Mrs. Ferrars, é um poço de mesquinhez e de muito mau caráter... pelo menos, tem as prioridades todas ao contrário.  A sua arrogância e a sua mesquinhez tornam-na numa versão júnior de Mrs. Ferrars... afinal, quem sai aos seus não degenera!

 

Do casamento com Mr. John Dashwood, Fanny tem um único filho, Henry. Pergunto-me sob que valores e princípios será aquela criança educada... talvez a mãe tenha para ele perspectivas de que vá para o Parlamento!  

Ao longo dos anos, muitas foram as actrizes que deram corpo a esta personagem: Claire Skinner (2008), Harriet Walter (1995) e Amanda Boxer (1981). Mais foram as versões para tela que se fizeram de Sensibilidade e Bom Senso, mas hoje, vou apenas referir-me às três mais recentes adaptações, pois só a essas assisti.

 

Não tenho dotes dramáticos, mas presumo que Fanny Dashwood seja um desafio para qualquer actriz. Afinal, reunir tantas características menos boas, não deve ser fácil de encorporar.

 

Amanda Boxer, da versão de 1981, embora toda a adaptação “sofra” de um pouco de teatralidade a mais, tem um excelente desempenho, até porque é uma adaptação que segue de perto a obra de Jane Austen e dá-lhe mais visibilidade, incluindo a famosa cena da discussão com Mrs. Dashwood acerca das porcelanas. Confesso que o berro da actriz, quando Anne Steele lhe revela o noivado secreto de Edward com a sua irmã, está um tanto ou quanto aterrorizador, mas a reação assenta que nem luvas à descrição da obra... a versão de 1995 segue esta cena muito de perto. É talvez ela que, fisicamente, se aproxima mais da imagem que criei de Fanny Dashwood através da escrita de Jane Austen.

 

Harriet Walter, da versão de 1995, dá-nos uma Fanny Dashwood muito mais fria e com um toque maléfico muito peculiar. Gosto muito da interpretação, embora para mim, Fanny Dashwood devesse ter uma aparência mais jovem – mas este é um pormenor que tem pouca importância, porém, não é só nesta personagem que verifico isso. Não lhe é dado tanto espaço de antena, até porque se trata de um filme e tudo tem de ser mais condensado.Todavia, todas as cenas em que aparece, são cenas de grande qualidade, principalmente a cena inicial em que ela tenta convencer o marido a não dar nem um cêntimo às meias irmãs. É uma cena que está extremamente bem conseguida e que a adaptação de 2008 vai copiar.  Acho que nunca lhe perdoarei a forma como interrompe a “quase” revelação que Edward ia fazer a Elinor.

 

Claire Skinner, da versão de 2008, mostra-nos uma Fanny muito mais interesseira que todas as outras. Gosto mais da sua maneira de “persuadir” o marido a não ajudar as irmãs e gosto acima de tudo, da forma como ela aborda e lida com Mrs. Dashwood, é a atitude ideal para alguém como Fanny... o verniz quebra e vem ao de cima toda aquela falsa boa educação. Em termos de aparência, acho que se adequa bem à personagem, embora os seus penteados deixem muito a desejar!

 

A vertente maternal de Fanny não é acentuada por nenhuma das atrizes, até porque o próprio romance não aprofunda muito esse tema. Aliás, a única referência feita a esse tema, é no início, quando Fanny persuade o marido a não ajudar as irmãs, servindo-se do filho para instigar essa atitude no marido, dizendo-lhe que ajudando as irmãs estará a roubar o próprio filho.; e quando Fanny compara o filho com o filho de Lady Middleton, discuntindo futilmente e idioticamente sobre qual deles o mais alto, como se de dois brinquedos se tratassem! Todas as adaptações mostram isso, Embora só a última adaptação dê algum relevo à figura de Henry e mostre um pouco sobre a forma como Fanny educa o filho.

 

Acho também curiosa a similitude de penteados entre as várias actrizes que interpretam Fanny Dashwood – todas elas de cabelo curto e caracóis!  

 

Interpretação preferida, não tenho... por um lado, considero a figura de Amanda Boxer aquela que mais se aproxima da ideia que tenho de Fanny; depois, Harriet Walter consegue incorporar um lado maléfico de Fanny extremamente divertido e Claire Skinner, dá-nos uma Fanny totalmente manipuladora e interesseira, no entanto, acho a sua figura muito moderna.  

Sensibilidade e Bom Senso (1981) - 7º Episódio (último)

 

Este último episódio foi uma agradável surpresa, embora tenha fugido um pouco à obra original, adorei a forma como transformaram Coronel Brandon, só com esta adaptação é que ganhei simpatia por ele, embora de inicio não tenha gostado muito do seu papel, até porque nesta adaptação, como já referi, a relação dele com Marianne é pouco desenvolvida. Definitivamente posso dizer que me tornei fã deste Edward Ferrars, pura e simplesmente maravilhoso. Em relação a esta Elinor, considero que foi uma grande interpretação, todavia, nestes últimos episódios creio que perdeu alguma qualidade.

 

Deixo-vos as imagens.

 

 

 

Sensibilidade e Bom Senso (1981) - 6º Episódio

 

Este episódio teve muitos altos e baixos. O ponto alto refere-se à cena do pedido de desculpas de Willoughby que em todas as versões tem sido muito comovente (salvo a de 1995 em que esta cena é inexistente). O ponto baixo refere-se ao facto de retirarem a cena em que Brandon salva Marianne. De facto a relação Brandon-Marianne é pouco ou nada focada nesta adaptação, estou ansiosav por saber como é que no fim os vão juntar.

 

Aqui ficam as imagens.

 

 

 

Sensibilidade e Bom Senso (1981) - 5º Episódio

 

Este 5º episódio não me "soube" tão bem como os anteriores. Quer dizer, é um episódio que tem uma das cenas mais importantes e hilariantes, no entanto, pareceu-me mais teatral do que os anteriores. É natural as adaptações desta data serem teatrais e devemos dar sempre um desconto, no entanto, lembro-me agora da cena em que Miss Steele visita Elinor depois do serão passado em Mrs. Ferrars e achei essa cena tão crua que até me doeu!

 

Bem, mas aqui ficam as imagens e alguns comentários meus.

 

 

 


Sensibilidade e Bom Senso (1981) - 4º Episódio

 

 

Depois de um grande intervalo pelo meio, decidi retomar esta série que tanto me estava a encantar. Tive de começar a vê-la novamente do principio pois já estava um pouco esquecida!

 

Não me canso de repetir que estou a adorar este casal - Elinor e Edward - parece que estou a ler Jane Austen e além disso, esta versão de Sensibilidade e Bom Senso, tem muitos dos diálogos originais. Mas estou certa que quem não for fã ardente de Jane Austen já não conseguiria suportar esta adaptação porque, sejamos sinceras, já lá vão quase 30 anos e as versões mais recentes são muito mais apelativas tanto em cenário como em guarda-roupa!

 

Não vou fazer um resumo do episódio, mas vou deixar imagens das cenas mais importantes e por aí percebem bem o resumo!

 

 

Sensibilidade e Bom Senso (1981) - 3º Episódio

 

Este é o episódio em que recebemos a visita de Edward Ferrars, peço desculpa ao Hugh Grant e ao Dan Stevens, mas a interpretação de Bosco Hogan é tal e qual o Edward de Jane Austen... e o mesmo posso dizer de Irene Richard, que nos dá a Elinor mais próxima da Elinor de Jane Austen. Começo a poder afirmar que estes são a minha Elinor e Edward preferidos de todos os tempos.

 

Chegada de Edward a Barton Cottage

 

Sensibilidade e Bom Senso (1981) - 2º Episódio

 

Neste 2º episódio, ficamos a conhecer Willoughby... a cena do resgate de Marianne não é muito intensa, comparada com a das restantes versões. Willoughby não é tão encantador como se espera, nem tão galã. No entanto, a paixão de Marianne por ele é muito desenvolvida, seguindo rigorosamente o texto original, temos a pergunta sobre "quem é Willoughby" feita a Sir John e a indignação de Marianne por ele só lhe falar dos seus dotes de caçador; temos Willougby a cantar com Marianne, a recitar poesia com ela, a criticar Brandon, a oferecer-lhe o cavalo, sim, temos tudo isso! Aliás, todo este episódio gira em torno de Marianne.

 

Marianne é salva por Willoughby

 

 

Marianne e Willioughby a cantar

 

 

Willioughby oferece o cavalo a Marianne

 

Depois vem o famigerado passeio, onde Brandon parte à última da hora e deixa o grupo desamparado e sem ter para onde ir. A fuga de Marianne e Willoughby não é focada, nem tão pouco a indignação da Elinor ou as insinuações de Mrs. Jennings que mal aparece, o que é uma grande falha.

 

Fuga de Willoughby e Marianne depois do fracassado passeio

 

A partida de Willoughby é repentina e mal nos apercebemos... há aqui uma falha qualquer em relação ao livro, mas não me lembro bem qual poderá ser. Contudo, o diálogo de despedida entre Willoughby e Mrs. Dashwood é bastante emotivo, e aí este episódio ganha pontos.

 

 

Partida de Willougby


Sensibilidade e Bom Senso (1981) - 1º Episódio

 

Incentivada por um comentário de uma leitora do blogue (Laura), decidi ver esta versão de 1981 de Sensibilidade e Bom Senso, ao menos, descomprimo do stress dos exames.

 

Esta versão conta com Irene Richard no papel de Elinor e Tracey Childs no papel de Marianne.Tem sido uma grande surpresa para mim esta adaptação.

 

O primeiro episódio está muito próximo da história original. Tal como no livro, sabemos da morte de Mr. Dashwood pelas falas das restantes personagens. Uma falha enorme, gigantesca... não há Margaret Dashwood. Mrs. Dashwood aparece como mãe apenas de duas raparigas, Elinor e Marianne.

 

Um episódio muito curioso, que penso que nunca foi aprofundado nas restantes adaptações foi o da porcelana de Mrs. Dashwood e a inveja de Mrs. John Dashwood... está engraçadíssima, aliás, a actriz que interpreta Fanny Dashwood (Amanda Boxer) consegue encarnar totalmente a personagem, deixando de lado o histerismo tanto da Fanny de 95 como da de 08. A cena em que Fanny convence o marido a dispensar a renda às meias-irmãs segue rigorosamente o texto de Austen, se a memória não me falha.

 

Fanny Dashwood a convencer o marido a dispensar a renda às meias-irmãs

 

O Edward desta versão (Bosco Hogan) é encantador, muito mais o Edward que sempre imaginei, pela descrição do livro, do que o Edward das restantes adaptações (embora ache todos os Edwards muito bem conseguidos!), não sei, mas a timidez parece inata, e o "mau estar" de se ver no centro das atenções parece incrivelmente genuíno. Nesta versão, assistimos à cena em que Marianne pede a Edward que leia um poema do poeta Cooper.

 

Edward e Elinor

 

Elinor está fenomenalmente bem representada nesta versão, começo a achar que poderá ser a melhor interpretação de sempre, mas veremos... nesta versão, Elinor possui sentido de humor (como também acontece no livro), é certo que a Elinor de 08 consegue também mostrar isso, já Emma Thompson em 95 deu-nos uma Elinor demasiado distante.

 

Nesta versão existe o verdadeiro "adeus a Norland" de Marianne, da tão célebre frase de Elinor, "It is not every one,” said Elinor, “who has your passion for dead leaves".  Esta Marianne é muito interessante, embora às vezes pareça menos espontânea do que seria suposto.

 

Marianne a despedir-se de Norland

 

Devo confessar que, se não soubesse a história, não teria percebido muito bem se Edward e Elinor estavam apaixonados. Existem duas cenas em que os vemos juntos no jardim, e outra em que parecem estar de olhares desencontrados durante o pequeno almoço, mas nada de substancial que nos possa levar a pensar que foram feitos um para o outro. O adeus é distante.

 

A chegada a Devonshire ainda acontece neste episódio. Confesso que sou uma grande admiradora na alteração feita em 2008, onde colocam a casa perto do mar, mas esta "cottage" também é "fofinha".

 

 

O encontro com Sir John e Lady Middlenton é engraçado, Lady Middleton não é como eu imaginava, acho que está muito bem retratada na versão de 2008, Sir Jonh, é Sir John, embora prefira o de 2008 (até porque entrou no Harry Potter).

 

O convívio com os Middleton não é muito aprofundado, neste episódio conhecemos também Mrs. Jennings, muito longe da imagem que temos dela no livro ou que temos de outras versões; e o Coronel Brandon, muito aquém de qualquer expectativa, garanto. O tema Marianne-Brandon é pouco aprofundado.

 

Uma curiosidade, que acho que já aqui mencionei, a actriz que interpreta Mrs. Dashwood (Diana Fairfax) interpretou também  Emma Woodhouse na versão de 1960.