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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Versões de Mrs. Jennings

 

Mrs. Jennings

 

 (versão 1995 e 2008)

 

  

 

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(Elizabeth Spriggs "Sensibilidade e Bom Senso" 1995 e Linda Bassett "Sensibilidade e Bom Senso" 2008 )

 

Sobre esta personagem não preciso fazer muitas considerações. Elizabeth Spriggs foi perfeita como "Mrs. Jennings"; de longe, superior à interpretação de Linda Basset. Ela exprime toda a exuberância, alegria, coscuvilhice, ternura e generosidade de Mrs. Jennings. Acho que Jane Austen também teria ficado agradada com esta interpretação. 

Duas formas diferentes de ser mãe

Em "Sensibilidade e Bom Senso" encontramos vários exemplos de maternidade.  Talvez seja a obra onde o tema da maternidade esteja mais fincada. Torna-se irresistível para mim fazer uma comparação entre dois tipos completamente diferentes: Mrs. Jennings e Mrs. Ferrars.

Mrs. Jennings e Mrs. Ferrars devem se assemelhar em idade e condição financeira e social. Não será demasiado dizer que as semelhanças terminem neste dois factores. Ambas não podiam ser mais díspares em comportamento e visão de vida.

 

Mrs. Jennings é a minha predilecta no que diz respeito ao assunto maternidade em toda a obra de Jane Austen. Tenho consciência de que esta é uma personagem que não agrada a todos os gostos, devido ao seu espalhafato e alguma inconveniência; mas, perdoo-lhe todos estes pequenos detalhes da sua personalidade. A sua grandeza de sentimentos e generosidade supera largamente qualquer defeito. Mrs, Jennings é uma viúva que tem as filhas encaminhadas na vida e a sua distracção são os mexericos e promover casamentos entre os jovens da terra. Claro que as Dashwood não iriam escapar ao seu dom de casamenteira… Inicialmente vemos que as irmãs toleram-na mas não fazem questão da sua companhia. Algo que, penso eu, tenha sido um pouco injusto. É com a viagem a Londres, a decepção de Marianne com Willoughby e a doença de Marianne que toda a generosidade, bondade e carinho maternal de Mrs. Jennings vem à tona. E nem as irmãs Dashwood puderam deixar de reconhecê-lo. No relacionamento com as suas próprias filhas, notamos que é com Charlotte Palmer que ela lida com mais naturalidade, talvez por causa da semelhança de feitios. Contudo, é uma mãe presente e atenciosa com ambas filhas. Uma mãe que se preocupou em garantir para as filhas uniões matrimoniais que pudessem trazer-lhes felicidade.  Por sua vez, as filhas são também mães extremosas - cada uma à sua maneira - o que revela o facto de seguirem o exemplo da própria mãe.

 

Mrs. Ferrars não tem voz activa e presente na obra. Quase que sabemos o que ela pensa e diz através do relato de outros. Mas tudo o que é dito sobre ela revela uma frieza e distanciamento emocional dos filhos. Para ela, o estatuto social e as posses são o elemento primordial para um casamento. A união é um contrato, uma transacção de interesses. Excluindo Edward, os seus filhos Fanny e Robert parecem concordar com a mãe (mesmo depois Robert ter se unido a Lucy Steele). Fanny, sobretudo, parece ser uma fotocópia da mãe em feitio e na maneira como exerce a sua própria maternidade. Quando Fanny manipula o marido para este não auxiliar as irmãs Dashwood financeiramente usa como argumento o bem-estar do filho de ambos. Afigura-se-me que a sua preocupação real seria a sua própria ganância. Aos filhos que se rebelaram, primeiro Edward e posteriormente Robert, Mrs. Ferrars respondeu com deserdamento e desdém.

 

Imagino Mrs. Jennings como alguém que viveu um casamento feliz e cuja a maternidade resultou em prazer e felicidade; enquanto que no caso de Mrs. Ferrars, encaro-a como alguém que também na altura devida deve ter sido conduzida a um casamento mas por conveniência. Tudo isto determinou a forma como encaravam a vida e o destino de seus filhos. 

 

DESAFIO | Bicentenário "Sense and Sensibility" #20

- Sensibilidade e Bom Senso (1995) | 18 -

Secundários e fundamentais

 

Uma história não é somente feita de protagonistas. Há sempre os personagens secundários, alguns até com pouca visibilidade, que fazem toda a diferença no enredo. No caso de Sensibilidade e Bom Senso (1995) encontramos excelentes personagens secundários que se tornam uma espécie de alinhava para que toda a trama ganhe um sentido. Na mesma linha de raciocínio, o filme possui interpretações de personagens secundárias de qualidade. Gostaria de destacar brevemente alguns personagens secundários. Mrs. Jennings é das minhas preferidas. Não consigo ter a mesmo reacção de irritação que Marianne sempre tinha quando a ouvia falar. É bem verdade que ela é um pouco indiscreta, faladora e – algumas vezes – até inconveniente; mas, vejo-a com um bondoso coração. Acho que Elizabeth Spriggs (que faleceu em 2008) fez uma excelente Mrs. Jennings. O casal Palmer conquistou-me algumas gargalhadas. Neste filme, o casal é interpretado por Hugh Laurie (Mr. Palmer) e Imelda Staunton (Mrs. Palmer) e acho que eles criam a dinâmica que Jane atribui ao casal no livro. Por último, tenho de falar de Lucy Steele. A detestável Lucy Steele. Uma das personagens que gera em mim uma enorme repugnância. Foi interpretada pela actriz Imogen Stubbs e acho que esteve à altura de uma Lucy Steele sonsa, rasteira, interesseira e manipuladora.

 

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Obs: Gostaria de destacar aqui um post que a Vera fez há algum tempo sobre Mr. Palmer|Hugh Laurie. Lembro que, na altura, voltei a ver o filme por causa do post dela: O Mr. Palmer de Sensibilidade e Bom Senso

 

 

 

 

As Melhores Amigas (II)

 

Mary Musgrove sempre me divertiu imenso. Passei momentos hilariantes com ela e, de certa forma, afeiçoei-me muito a esta personagem irritante e hipocondriaca, cheia de preconceitos na cabeça. Imaginei-a sempre como uma versão mais nova de Mrs. Bennet e achei que, se coexistissem na mesma obra, seriam grandes amigas, sempre prontas para partilhar mexericos... mas Mary não tinha filhas, por isso, não sabemos até que ponto se esforçaria por casá-las... o casamento de ambas parece não ser muito feliz, mas os problemas no casamento de Mary são muito mais focados na obra graças à nossa adorada Anne Eliot que se vê no meio de toda aquela situação familiar dos Musgrove.

 

E vocês, acham que elas davam grandes amigas?

 

(EDITADO)

 

Há pouco lembrei-me de Mrs. Jennings... desconhecemos o seu casamento, mas a sua vontade de casar toda a gente e a sua necessidade de mexericos, é passaporte de entrada para este grupo!