Mrs Dashwood é uma figura muito materna, no sentido em que apoia as suas filhas e quer vê-las, acima de tudo, felizes, não obstante na época as mulheres dependerem essencialmente de um casamento financeiramente estável quando afastadas da linha de sucessão, como era o caso. Trata-se de uma figura excessivamente romântica. Para ela, a felicidade é um estado e quando encontrava razões para ser feliz, obstáculo algum parecia fazer sentido; já quando a tristeza dominava o seu ser, a angústia tomava conta de tudo. O exagero romântico é, por assim dizer, o seu selo que encontra eco em Marianne.
Por isso, a falha de Mrs Dashwood está exactamente no facto de ser pouco racional e de não conseguir esconder os seus sentimentos o suficiente para não causar preocupações às suas filhas, sendo que, no caso de Marianne, a compreensão é desmedida; mas, no caso de Elinor, é a preocupação que constitui e marca o seu dia-a-dia. Assim, se por um lado, Mrs Dashwood, é uma boa mãe; por outro, é negligente, porquanto deixa para a sua filha de dezanove anos a responsabilidade de uma casa de um orçamento que lhe caberia a si gerir. É certo que acaba de perder o seu marido e a sua casa, mas as suas filhas acabam de perder o pai e também o seu lar. A única referência que lhes resta é a mãe que, para mim, e em concreto neste ponto, não esteve inteiramente à altura das exigências da situação.
No entanto, e corroborando o que no início ficou dito, Mrs Dashwood é uma mãe preocupada com o bem-estar e a felicidade das suas filhas, demonstrando-o através da preocupação em saber quem era Mr. Willoughby ou quando Marianne adoece. Com tal, pode dizer-se que o "pecado" do romantismo que domina a sua personalidade é aceitável.
Porque não terá Jane Austen pensado num possível romance entre Mrs. Dashwood e Coronel Brandon?
Esta é uma questão amiúde levantada em discussões sobre "Sensibilidade e Bom Senso". Tenho pensado nesta questão porque não me parece de todo descabida. A idade de Mrs. Dashwood a recomendaria como um bom partido mais do que a filha, visto esta ainda tão nova. Trata-se de uma mulher vivida, com mais temáticas de interesse em comum e ambos partilhavam histórias de perda.
Contudo, concluo que nesta obra Jane Austen centralizou a sua atenção nas duas irmãs - Elinor e Marianne - mais do que em Mrs. Dashwood. Se repararmos, Jane não focou a questão da perda de Mrs. Dashwood - sentimentos, o luto, a dor, a saudade. Ela mostra-nos a nítida descida de estatuto social e económico, mas não aprofunda a dimensão psicológica de Mrs. Dashwood. Quase que acabamos por deduzir o que ela teria sentido e o que ela pensaria em determinadas situações. As suas falas, quase sempre, são no exercício do seu papel de mãe. O seu lado mulher teria sido completamente colocado de lado. A ideia com a qual eu fico é que Mrs. Dashwood teria de se conformar uma vida tranquila de viúva e de apoio às filhas. Por outro lado, Marianne estaria a despertar para o lado mulher. Como uma flor que estive a desabrochar na primavera. E é para ela que Jane conduz os olhos de Coronel Brandon.
Gosto de pensar que poderia ter havido um romance entre Mrs. Dashwood e o Coronel Brandon. Reconheço, porém, que se assim fosse, a natureza desta obra teria alcançado um rumo completamente diferente.
De uma coisa tenho certeza, ao contrário da filha, acho que Mrs. Dashwood não se escandalizaria com os coletes de flanela de Coronel Brandon…
Jane Austen não nos apresentou "grandes mães"... Mrs. Dashwood é claramente a minha escolha pela dedicação às filhas. Ela é a imagem perfeita do amor maternal, como tão bem nos mostra pelo cuidado com Marianne aquando da sua doença. É certo que por vezes é guiada por algum sentimentalismo - Marianne tem mesmo a quem sair! Mas o amor incondicional que tem às filhas são a chave essencial para a escolher.
Definitivamente Mrs Dashwood em Sensibilidade e Bom Senso.
Mrs Dashwood é doce e amorosa e as suas filhas e o seu bem-estar encontra-se acima de tudo.
Ambas as filhas mais velhas têm um pouco da sua mãe já que Mrs. Dashwood é quase uma versão crescida de Marianne: teimosa e inclinada a seguir o coração e não o senso comum. No entanto, sem a força, equilíbrio e a calma que Elinor herdou da mãe, nós não sabemos o que seria das Dashwood.
É apesar de tudo uma boa mãe, sempre preocupada com as filhas, com as quais mantém uma relação de mãe/melhor amiga.