Diz o povo: Nem tudo o que reluz é ouro e esta frase só por si já resumia bem a personalidade de Mr. Elliott.
O primo da familia Elliott que um dia irá herdar a fortuna e o título de Sir Walter, que surge como um parente com o qual não existem relações uma vez que Mr. Elliott casou com uma mulher sem pedir autorização a Sir Walter e isso ditou o fim das relações entre ambos; este casamento foi feito com vista a ser independente, já que a mulher tinha uma vasta fortuna.
Pouco se sabe dele até que surge novamente em Bath, agora viúvo, e reata as suas relações com os Elliott, depressa se torna numa pessoa apreciada por Sir Walter e pelas suas filhas Elizabeth e Anne.
Mas debaixo das maneiras afavéis, da boa educação, da cordialidade, esconde-se alguém que estando em situção económica precária procura agora uma forma de ter novamente dinheiro; sendo ele herdeiro de Sir Walter é preciso assegurar que este não volte a casar e a ter um herdeiro do sexo masculino que herdaria a fortuna.
Assim, a aproximação à família Elliot é apenas feita para garantir que os seus interesses serão preservados. O Mr. Elliott corteja ainda assiduamente Anne e pretende casar com ela, numa tentativa de melhor conseguir os seus intentos.
Li algures que o Mr. Elliot personifica aquelas que pessoas que debaixo da cortesia, boas maneiras, boa educação se esconde muitas vezes alguém que não olha a meios para atingir os fins e só se interessa por si mesmo. Não podia concordar mais com esta afirmação.
É certo e sabido que, antes das nossas heroínas casarem com o amor das suas vidas, são sempre sujeitas a pedidos de casamento indesejados, aqui fica a lista dos rejeitados.
Sensibilidade e Bom Senso
Em Sensibilidade e Bom Senso, ninguém é rejeitado oficialmente, no entanto, eu arriscaria atribuir este título ao Coronel Brandon, visivelmente rejeitado por Marianne até aos últimos capítulos - mas quem ri por último, ri melhor, já diz o ditado.
Orgulho e Preconceito
O grande rejeitado deste romance é Mr. Collins, essa personagem ridícula; mas o nosso Mr. Darcy também passa pelo crivo da rejeição antes de conquistar Elizabeth Bennet.
Emma
Mr. Elton é o eleito, cuja proposta feita no interior da carruagem, não deixa de ter um tom cómico!
O Parque de Mansfield
Pois é... Henry Crawford conquista todas, menos Fanny Price, e embora não ouça da sua boca a rejeição, sente-a igualmente.
Persuasão
O falso do Mr. Eliot é rejeitado, graças a deus!
Abadia de Northanger
Mal seria se a nossa Catherine preferisse o odioso do Mr. Thorpe ao adorável Mr. Tilney.
Continuando a ideia do post anterior, artigo que gostei muito de ler, gostava de realçar alguns pormenores.
Em Sensibilidade e Bom Senso temos John Willoughby.
Em S&S a grande vítima é Marianne Dashwood, embora ele também tenha iludido Mrs. Dashwood. Contudo, Elinor teve sempre "uma pulga atrás da orelha" em relação a ele. E ela, é a única das heroínas de Jane Austen que não caí das artimanhas de nenhum galã (se não estou enganada).
Em Orgulho e Preconceito temos Mr. Wickham.
Em O&P toda a família Bennet se apaixona por Wickham, diria ainda toda a Meryton. Mas as grandes vítimas são Lizzie e Lydia, por razões diferentes, é certo.
Em Emma temos Mr. Elton e Frank Churchill.
Em Emma, a nossa Miss Woodhouse nunca se sente genuinamente apaixonada por Frank Churchill. Contudo, foi errado da parte dela receber algumas das atenções que ele lhe concedia, e viu-se envolvida em dois circulos amorosos do qual não fazia sentido estar metida mas onde ela prórpia caiu e contribui para - falo de Churchiil-Emma-Fairfax; e Elton-Emma-Miss Smith.
Em O Parque de Mansfield temos Henry Crawford.
Em O Parque de Mansfield, Fanny é como Elinor, teve sempre alguma coisa contra Crawford, mas ainda assim, deixa-se levar durante uns tempos, cai inconscientemente na artimanha.
Em A Abadia de Northanger temos John Thorpe e Frederick Tilney.
Em Abadia de Northanger, creio que a nossa adorada Catherine nunca gostou genuinamente de Thorpe, o menino dos seus olhos foi sempre Henry Tilney. Frederick entra em cena para corromper a já de si corrupta Isabella.
Em Persuasão temos Mr. Eliot.
Em Persuasão, Anne guardou sempre reservas quanto a Mr. Eliot e não se deixou persuadir, embora saibamos que ela própria se imaginou como Mrs. Eliot a ocupar o lugar da mãe, no entanto, o seu coração nunca deixou de bater por Wentworth e não houve Lady Russel que lhe valesse, ela agora sabia o que fazer.
Qualquer heroína de Jane Austen, antes de trazer para casa o marido certo para a Mãe ou Pai, traz sempre o errado! Os libertinos, aqueles que seduzem todas as mulheres da família até um certo ponto. Será que Austen tinha alguma obsessão por libertinos? É que, de facto, eles são muito mais interessantes que os seus heróis "bons rapazes" clérigos. Isto sou eu apenas a falar. Estes homens não são bons para o resto da vida, mas eu acho que ela sentia o seu charme. E claro, qual o melhor vilão do que aquele que pode destruir a nossa vida?
Por isso, apresento aqui a lista dos galãs de Jane Austen. (...)
Mr. Willoughby: Um clássico, a sério, Mr. Willoughby recita poesia, cavalga para salvar uma donzela, e seduz inocentes e jovens raparigas. É divertido, irreverente e, para mais, acabamos por descobrir que ele amou verdadeiramente Marianne. Sem este toque de sentimento, não acredito que as audiências modernas pensassem nele mais do que uma vez, mas lembrem-se, no livro Colonel Brandon é verdadeiramente enfadonho. Foi preciso que Alan Rickman desse tudo de sim para o transformar numa figura romântica misteriosa e satisfazer-nos com o facto de ele ser a alma gémea para Marianne. Com o arrependimento de Willoughby, fico sempre com a sensação irrequieta de que Marianne nunca será feliz sem Willoughby.
Mr. Wickham: Conversador, lisonjeador, esquivo. Ele chega a Lizzie fazendo-a entrar no seu segredo e fazendo-a sentir inteligente e especial. Todas nós podemos cair nisso de tempo a tempo. Depois de ser desmascarado, ele torna-se tão irritante que acho inacreditável como é que pude gostar dele no início! (Lydia, claro, fugiria com quem quer que fosse!).
Henry Crawford: Eu apaixono-me sempre por Henry Crawfor, e lamento o seu destino. Ele é o oposto de Wickham - ele começa como mau, obviamente e orgulhosamente mau, e gradualmente torna-se bom. Eu acho que a própria Jane Austen gostava dele, e coseguiu transformá-lo de tal forma que ela própria não soube o que fazer dele no fim para além da fuga com Mrs. Rushworth. Eu acredito que ele faria uma coisa dessas? Nunca terei a certeza, esse é o problema.
Mr. Eliot: Ele é um "bad boy" como deve ser, mas Anne nunca está em perigo eminente. O seu Capitão Wentworth é fogoso o suficiente para satisfazer tudo isso. Mais do que nos outros casos, com Mr. Eliot, Jane Austen parece apontar e alertar para como uma pessoa pode dizer todas as coisas acertadas e parecer decente e não sentir uma única das palavras que diz. Mr. ELiot é suave e elogia a inteligência e aparência de Anne, mas ele nunca me convenceu. Tal como Jane, eu gosto de homens que à vezes, agem sem pensar. Mr. Eliot mede tudo e todos - e é o mais vilão de todos eles.
Iniciados: Não incluí John Thorpe, Mr. Elton ou Frank Churchill.
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A autora não incluiu este últimos, mas eu incluo!
John Thorpe: Deplorável, triste e de mau carácter... confesso que desde início nunca fui com ele. Já com a irmã, iludi-me. Mas a gota de água foi a grande mentira que disse a Catherine para ela ir andar de carroça com ele. Não, acho que Catherine também nunca foi muito na conversa dele, apesar de toda a sua ingenuidade. E creio que também nunca fez sombra a Tilney, esse esteve sempre bem mais alto!
Mr. Elton: Não é propriamente um vilão. Não o considero como tal... talvez mais um interesseiro e um vaidoso do que outra coisa.
Frank Churchill: Nunca percebi muito bem qual a sua ideia. Mas tal como os Westons, perdoei-o. Ele brincou muito e em demasia com o fogo. Ele faz lembrar Willoughby, também ele dependente de uma tia rica, no entanto, Churchill tem a virtude de, mesmo assim, permanecer comprometido com a mulher que ama (ainda que em segredo), embora pareça estar constantemente a magoá-la com as atitudes que toma e que, ao mesmo tempo, achamos imperdoáveis. Ele é muito confuso e a sua relação com Jane Fairfax é estranhíssima. Mas no fundo no fundo, não acho que seja um "mau rapaz".
Frederick Tilney: Acrescento ainda este, mesmo que não se tenha "metido" com nenhuma das nossas heroínas. Tal como Mr. Eliot, considero-o um verdadeiro "vilão", um libertino de primeiro grau. Mesmo não gostando de Isabella Thorpe (no fim) senti pena dela, embora ela também tenha culpas no cartório.