Até hoje gostei de todas as interpretações de Mr. Collins pois todas captam a essência do ridículo de tal personagem, caricaturando ao máximo todas as situações.
Todavia, David Bamber é único neste papel, desenvolvendo por completo e na perfeição o carácter de tão singular personagem de Jane Austen. Ele é em espírito e em corpo o verdadeiro Mr. Collins!
Ele é, sem dúvida, a imagem da pessoa artificial, bajuladora e com complexo de inferioridade. Mr. Collins é, muitas vezes, ridículo, absurdo e patético. Os seus gestos e as suas palavras são previamente ensaiadas e estudadas o que revela a sua superficialidade. Ele louva a forma em detrimento do conteúdo. E ele valoriza, sobretudo, a posição social. É verdade que ele é um simples pároco, mas o estar dentro das boas graças de Lady Catherine de Bourgh constitui - na sua mente - uma elevação social. E ele é incansável a descrever todas as palavras, conselhos, gestos, propriedades, tudo o que tenha a ver com Lady Catherine de Bourgh. Não tendo o mesmo nível social, ao falar com familiaridade dela está a querer elevar-se ao mesmo nível e a beneficiar das vantagens que este conhecimento pode lhe proporcionar. Mr. Collins, sem querer, chama para si uma inferioridade ao afirmar a superioridade da pessoa a quem serve; mas isto é algo que ele não se dá conta. Para ele é um grande privilégio e torna-o um grande partido ser o pároco de Rosings e poder dizer que tem uma convivência constante com Lady Catherine. Neste aspecto, a sua simplicidade o trai: ele quer aparentar uma humildade que só o torna presunçoso. A sua presunção o torna, muitas vezes, motivo de riso.
Neste sentido, devo confessar que Mr. Collins é um dos personagens de que eu mais gosto no livro. É através dele que Jane Austen me faz rir desmedidamente. Ele protagoniza as situações mais embaraçosas e divertidas do livro. Gosto de Mr. Collins não pelas suas virtudes - e ele deve ter algumas - mas pelo seu lado absurdo e patético.
É certo e sabido que, antes das nossas heroínas casarem com o amor das suas vidas, são sempre sujeitas a pedidos de casamento indesejados, aqui fica a lista dos rejeitados.
Sensibilidade e Bom Senso
Em Sensibilidade e Bom Senso, ninguém é rejeitado oficialmente, no entanto, eu arriscaria atribuir este título ao Coronel Brandon, visivelmente rejeitado por Marianne até aos últimos capítulos - mas quem ri por último, ri melhor, já diz o ditado.
Orgulho e Preconceito
O grande rejeitado deste romance é Mr. Collins, essa personagem ridícula; mas o nosso Mr. Darcy também passa pelo crivo da rejeição antes de conquistar Elizabeth Bennet.
Emma
Mr. Elton é o eleito, cuja proposta feita no interior da carruagem, não deixa de ter um tom cómico!
O Parque de Mansfield
Pois é... Henry Crawford conquista todas, menos Fanny Price, e embora não ouça da sua boca a rejeição, sente-a igualmente.
Persuasão
O falso do Mr. Eliot é rejeitado, graças a deus!
Abadia de Northanger
Mal seria se a nossa Catherine preferisse o odioso do Mr. Thorpe ao adorável Mr. Tilney.