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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Maria Bertram

 

Maria Bertram é uma das personagens de Jane Austen que menos gosto. Se o seu marido Rushworth é uma pessoa em qualquer conteúdo, Maria é uma pessoa com conteúdo a mais... Fútil e interesseira. Faz-me lembrar assim como a sua irmã, as irmãs da gata borralheira. Trata mal Fanny porque sempre se sentiu superior a essa. No entanto e como é possível avaliarmos Fanny não é em nenhum aspecto inferior a Maria, muito pelo contrário. Maria é uma mulher bela que acha que consegue tudo apenas pelos poderes do seu belo "palmo de cara". O que fez a Mr Rusworth é imperdoável mas no fim ela teve o que mereçe. Divorciada, ela espera pelo pedido de casamento que sempre quis ouvir de Mr Crawford. Esse nunca veio. No final e apesar da vergonha pelo qual Rusworth passou, compensa saber que a menina Maria não acabou nada bem. Se não fosse a compaixão da sua tia, Maria estaria verdadeiramente condenada. Eu penso no entanto que esta personagem, tal como outros membros da família Bertram são muito apagados e a reacção do pai da Maria quando soube o que a sua filha fez faz-nos pensar isso mesmo. Ela fazia-se passar extremamente bem, por alguém que não era. Mesmo dentro da sua própria familia, ela era uma actriz, uma personagem.

Os Irmãos Bertram

Título Original: The Bertram Children

Retirado do blog Pemberley

Autor do Artigo: Nikki

Traduzido e Adaptado por Clara Ferreira

 

 

(...) Tom parece estar pouco tempo em casa, ele era superficialmente agradável mas egoísta e extravagante - neste ponto ele parece encorajado pela sua posição enquanto filho mais velho e herdeiro de Mansfield Park - no entanto, ele também caiu em más companhias, companhias essas de homens igualmente egoístas, e que o pai tentou que ele se "escapasse" levando-o consigo para as Índias do Oeste (América). Ele precisava de um choque para aprender a lição (...).

 

Quanto a Maria e Julia, foram excessivamente mimadas pela indulgência e elogios da sua tia Norris (...) Com todos os seus talentos promisores e uma educação formal, é de estranhar que elas fossem tão deficientes nos conhecimentos básicos como o conhecimento do seu carácter, generosidade e humildade. Elas estavam admiravelmente bem ensinadas em tudo, menos no carácter. Sir Thomas não sabia o que era desejado porque, embora sendo um pai ansioso, não era completamente afectuoso, e as suas maneiras reservadas reprimiram o espírito dos filhos em frente do pai.

 

Depressa começou a compreender como pode ser desfavorável ao carácter dos jovens o contraste entre os dois diversos tratamentos que Maria e Julia haviam recebido em casa: a excessiva indulgência e lisonja da tia em oposição constante à severidade paterna. Viu quão mal ele raciocinara, supondo vencer o que havia de errado no sistema de Mrs. Norris pelo seu sistema oposto; viu claramente que não fizera senão aumentar o mal, ensinando-as a reprimirem-se na sua presença, mantendo-lhe desconhecidas as suas tendências reais, e entregando-as à indulgência de uma criatura que só seria capaz de as prender graças à cegueira de sua afeição e aos excessos de adulação.

 

A fuga de Julia era mais perdoável pois não envolvia adultério.

 

Educação Feminina em O Parque de Mansfield

Título Original: Concepts of Women’s Education in Mansfield Park

Retirado do site Jasna

Autor do Artigo: Alexandra M. Baird

Traduzido e Adaptado por Clara Ferreira

 


 

Em O Parque de Mansfield, Jane Austen apresenta-nos três tipos diferentes de educação formal feminina. Dois desses tipos têm como objectivo o casamento, enquanto que o terceiro é, possivelmente, o mais próximo da educação masculina (com as devidas ressalvas). (...) Falamos dos tipos de educação de Maria/Julia Bertram, Mary Crawford e Fanny Price (...). Infelizmente, a educação das irmãs Bertram ensina-lhes praticamente nada, a de Mary não têm verdadeira subsistência debaixo da superfície. Contudo, a tímida Fanny Price, tem uma educação progressiva para a felicidade que alcança no final do romance.

 

No mundo de Jane Austen, a educação feminina é praticamente inseparável da sua casa. Aquilo que ela aprendia, e por conseguinte, a sua conduta, era um reflexo da vivência familiar, e isto é uma verdade no caso de Maria e Julia.

 

Maria, criada  por um pai distante, uma mãe indolente e uma tia indulgente, só muito tarde (tarde de mais) aprende que as acções egoístas podem trazer consequências desastrosas. (O que se diz sobre Maria no que toca à educação, vale o mesmo para Julia (...). Sir Thomas arrepende-se da sua negligência no que toca à educação moral das suas filhas depois do sucedido irremediável com Maria (...).

 

Mary, criada sobretudo em Londres, tem dificuldade em ambientar-se ao conservadorismo do campo. A indulgência que recebeu da sua tia é de uma permissa mais aberta do que a das irmãs Bertram, o que se concluí pelo seu discurso sem reservas.

 

Como Fanny não considera Mansfield Park a sua verdadeira casa, ela não cresce egoísta como Maria (...) Além disso, a sua separação da família em Portsmouth permite que ela os idealize e por isso também não se apercebe do nível social inferior em que se encontram (...). Graças à sua mente, que é teimosa e ingénua, ela está livre das más influências de ambos os lares. (...)

 

Para Maria, a educação é um requisito que uma jovem mulher deve possuir por razões sociais, e não como apoio para a vida diária (...). Não lhe ocorre (...) encarar a educação como autodesenvolvimento ou como expansão da sua visão do mundo. (...) Podemos dizer que o único uso prático que ela faz da sua educação é para (ela e a irmã) se distinguirem da sua prima. (...)

 


Quando Irmãs Se Tornam Rivais

Título Original: Troubled Sisterhood: When Sisters Become Rivals in Mansfield Park

Retirado do site Jasna

Autor do Artigo: Katherine E. Curtis

Traduzido e Adaptado por Clara Ferreira

 


 

(...) Estes pares de irmãs secundários servem, nos romances de Austen, para enfatizar a moralidade da heroína, ou para servirem de espelho dos seus defeitos. Em O Parque de Mansfield, contudo, o par hostil de irmãs surge como frente principal da história, a sua rivalidade, a sua inveja quase apagam a proeminência de Fanny e certamente, determinam e interrompem muita da sua história. (...) O potencial desconfortável acerca de como a relação entre irmãs pode existir na sociedade de Austen surge proeminente neste romance. Enquanto que noutros romances de Jane , o par pouco atractivo de irmãs contrasta com a heroína, em O Parque de Mansfield, as irmãs Bertram subordinam Fanny e a sua moralidade em contraste com os perigos que elas revelam inerentes à sua relação como irmãs. (...)

 

Desde a infância, Maria e Julia demonstraram através da sua rejeição de Fanny como potencial "irmã", que valorizam menos a relação entre irmãs do que aquilo que fazem crer. Fanny serve apenas para mostrarem à Mãe e à Tia Norris quão diferente ela é - "tão estranha e estúpida" - delas próprias (...) O valor do seu afecto mútuo enquanto irmãs está imediatamente subordinado ao valor promoverem as suas boas qualidades; mantêm Fanny num nível abaixo para poderem sobressair. Mas isto não se compara à escandolosa traição da relação das irmãs, que Maria e Julia exibem uma contra a outra quando se trata de romance e matrimónio. Cada uma delas não se preocupa minimamente em poder magoar os sentimentos da outra, desde que seja ela a preferida de Henry Crawford. (...)

 

As irmãs Bertram desenham uma triste e negra imagem neste romance de Austen. A sua história de traição e tragédia, dá relevo à história de Fanny, sempre paciente e com uma lealdade sempre testada e experimentada. (...) Fanny pode ser vistas como o contraste daquelas duas irmãs, revelando que Maria e Julia poderiam ter escolhido outro caminho se não fosse a sua rivalidade, pela qual optaram na busca de casamento. Através de Fanny vemos que a escolha das irmãs foi uma escolha de falha moral (...).