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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Boas oportunidades III

Anteriormente falei aqui sobre a dificuldade de se conseguir comprar Orgulho e Preconceito. Dantes somente a edição da Europa-América andava esgotada, agora também a da Book.it. Uma excelente notícia foi veiculada pela Vera aqui no blogue  sobre o lançamento da Civilização Editora. Confesso que estou bastante entusiasmada com este lançamento!

 

Diariamente consulto os sites da Fnac e da Bertrand para saber se há alguma novidade sobre os livros de Jane Austen e, mais particularmente nos últimos tempos, sobre Orgulho e Preconceito. De facto, há.

Está disponível em ambos sites da Bertrand e da Fnac, uma edição da Relógio D'Água de Orgulho e Preconceito, tradução de José Miguel Silva. Os sites não disponibilizam a capa do livro e estou curiosa para saber como será. O preço ronda entre os €16,00 e os €18,00. 

Alguém já viu esta edição?

 

A independência de uma mulher - Colleen McCullough

Nunca tinha lido nada desta autora, apesar de conhecer e lembrar vagamente a história de 'Pássaros feridos', a obra por ela escrita e que deu origem a uma série com o mesmo nome nos anos oitenta do século passado. Sempre achei que não iria gostar da escrita dela, talvez por pensar que seria uma narrativa cansativa e desinteressante. É daquelas coisas... não se pode dizer que não se gosta até se provar!

 

"A independência de uma mulher", tal como diz na capa desta edição que li, 'retoma um dos grandes clássicos de sempre, Orgulho e Preconceito, de Jane Austen'. Retoma que é como quem diz; afinal retomou a história mas passados quase vinte anos e muita, muita coisa aconteceu entretanto. No entanto, esta obra pretende dar a conhecer ao leitor um dos possíveis futuros de Mary Bennet, a patinho-feio da família Bennet, a mocinha insuportavelmente metida a erudita que todos pareciam abominar e cujo destino, diz-nos Colleen McCullough, foi o de cuidar sozinha da mãe até à morte desta. Ou seja foram mais dezassete anos de reclusão numa casa apenas rodeada por livros e pela sua própria solidão. Ora, isso parece tê-la mudado pois, assim que a mãe falece tranquilamente (aquilo dos nervos afinal deu-lhe uma morte santa...), Mary Bennet é-nos mostrada como uma mulher intensamente mudada, com uma personalidade forte e, (prepararem-se...) linda! Tão linda que é comparada à irmã Elizabeth! No entanto, lá para o fim do livro ainda é caracterizada pelo seu amado (sim, ela vai ter essa sorte...) como tendo 'uma propensão natural para o desastre'. E a verdade é que ela meteu-se em cada uma!

 

O que mais me surpreendeu neste livro foi encontrar alguns dos meus queridos personagens de Orgulho e Preconceito completamente transfigurados, não tanto ao nível físico (claro que envelheceram!) mas com uma vida que nunca imaginaríamos depois de terminar de ler a obra de Jane Austen. Alguns exemplos são os que transcrevo a seguir, aos quais nem vou fazer comentários, mas que por si sós bastam para se fazer uma pequena ideia daquilo que é o livro:

 

"Com um franzir de cenho, Darcy levantou-se e ficou por um momento com os olhos vítreos presos nas fileiras de registos parlamentares encadrenados a pele. Finalmente, a velha abantesma estava morta. Por maior que fosse o amor, ou por mais atormentadora a necessidade de consumar esse amor, pensou, era vil ter de casar abaixo do seu nível. E ainda por cima não valera o esforço. A minha bela e régia Elizabeth é tão execrável como a irmã Mary. Tenho um rapaz frágil e efeminado e quatro malfadadas raparigas. Um ponto para si, senhora Bennet! Que o diabo a carregue a si e às suas gloriosas filhas pois o preço que paguei foi demasiado alto!"

 

"- É claro que as tuas críticas à minha pessoa não são um fenómeno novo, sei bem disso. Ao início, há vinte anos, adoravas chamar-me de... presumido, arrogante, orgulhoso e incorrecto. Os meus parabéns por teres encontrado um novo conjunto de epítetos. Mas isso não me atinge...Não gosto dos humores  e das lágrimas femininas. O nosso casamento não assenta numa rocha, minha senhora, desloca-se sobre areias movediças. Uma base criada por ti. Não me obedeces, embora isso faça parte dos teus votos matrimoniais. Falta-te o temperamento adequado, e a tua linguagem raia a indecência. E o que é pior, a tua conduta tem vindo a agravar-se rapidamente. Já não tenho a certeza de que sejas capaz de te comportar de forma mais decente do que a tua irmã Lydia" - palavras de um Darcy cinquentão para uma Lizzie quarentona.

  

(Que tal isto para desvalorizar a imagem de galã de Fitzwilliam Darcy??!!)

 

Eu não resisto. São spoilers, claro. Mas não consigo resistir ao facto de contar que a relação entre Darcy e Charles Bingley é a certa altura caracterizada pela autora como uma relação quase homossexual ou que Bingley tem uma amante na jamaica com quem tem já vários filhos, além da dúzia que tem com Jane; ou que Mary, logo no início da história, em conversa com uma abismada Lizzie, sugere que Charles coloque uma rolha no dito cujo de forma a deixar de engravidar constantemente a esposa Jane.

 

E mais não digo, senão estrago a surpresa a quem quiser ler! Desengane-se, no entanto, quem espera uma história de amor bem ao jeito austeniano. Há histórias de amor mas são abordadas quase fugazmente. O resto é tudo uma grande aventura, com bandidos, assassínios e viagens pelo interior de Inglaterra. Para um bom admirador de Orgulho e Preconceito e para que este não fique muito desapontado, conto um pequeno segredo:...all ends well! Very well! 

 

 

Gostava ainda de destacar a edição que li, cuja figura coloco acima, retirada do site da Fnac. Trata-se de uma edição de bolso recente da Bertrand. Normalmente não compro edições de bolso porque o seu manuseamento é muito difícil e acaba por prejudicar a leitura e o interesse na história. Todavia, esta agradou-me bastante. Primeiro, porque a capa é bonita e quase nos confunde pois não parece um livro de bolso; depois, ter o livro nas mãos é agradável, não só pela suavidade do papel mas também pelo bom manuseamento que nos proporciona e que nos incentiva a continuar a leitura. Mesmo quando as páginas começam a pesar na mão esquerda, a leitura não fica dificultada e garanto que o livro que li encontra-se como se estivesse novo, sem aquelas rugas inestéticas que os outros livros de bolso apresentam quando acabámos a leitura e de tanto que forçamos a sua abertura.

 

Quanto à tradução do texto para português, encontrei algumas gralhas. Contudo, não devem ser gralhas a sério. Eu é que tenho de me actualizar nisto do Novo Acordo Ortográfico. Creio que observei mais 'erros' não na correcta escrita das palavras mas mais em termos de formação e pontuação de frases, de sintaxe.

 

But... Nota dez!... Aconselho, sem dúvida!

O Clube de Leitura Jane Austen - Karen Joy Fowler

Nunca tinha lido este livro. Vi o filme há uns tempitos e até gostei. Bons actores, boas interpretações e do pouco que me lembro, a história até era interessante. E é. Acompanhar as histórias de Jocelyn, Bernadette, Sylvia, Grigg, Prudie e Allegra não deixa de ser interessante (umas mais que outras, claro!) mas houve ali qualquer coisa que não me entusiasmou e, por isso, não via a hora de terminar o livro que, no final, até me surpreendeu (já não me recordo bem do filme).

 

Foto daqui

 

No entanto, e tal como escrevi na 'review' que fiz na minha página do Goodreads, apreciei bastante algumas curiosidades que foram sendo reveladas durante o livro, não só sobre a própria Jane Austen como também sobre as suas obras e as suas histórias. É sempre bom ouvir opiniões diferentes. Faz-nos avaliar as coisas por um outro prisma que, muitas vezes, julgamos impossível ou impraticável.

 

Para que não fique a impressão de que não gostei do livro, deixo aqui (para quem ainda não leu, claro, ou para quem quer reler), um excerto que me agradou bastante e que foca as reacções de familiares e amigos de Jane Austen a algumas das suas obras. Segundo o livro, estas opiniões foram reunidas e registadas pela própria Jane Austen e estão descritas no livro The works of Jane Austen, vol.6: Minor works da Oxford University Press (1969), pág 431-435 e 436-439.
 
"Sobre Mansfield Park:
 
A minha mãe - Não gostou tanto como do Orgulho e Preconceito. Achou Fanny insípida. Gostou do Mr Norris.
 
Cassandra (irmã) - Achou que era bastante bom, embora não tão brilhante como O&P. Gostou de Fanny. Adorou a estupidez de Mr Rushworth.
 
O meu irmão mais velho (James) - Ficou um caloroso entusiasta dele em geral. Adorou a cena de Portsmouth.
 
Mr e Mrs Cooke (madrinha) - Ficaram muito agradados, particularmente com a forma como o Clero é tratado. Mr Cooke chamou-lhe 'a novela mais sensata que alguma vez leu'. Mrs Cooke gostaria de ver uma boa personagem de matrona.
 
Mrs Augusta Bramstone (idosa irmã de Wither Bramstone) - Admitiu que achava o Sensibilidade e Bom Senso e o O&P um diparate pegado, mas parecia-lhe que ia gostar do MP, agora que acabara o primeiro volume. Congratulou-se por ter conseguido ultrapassar o pior.
 
Mrs Bramstone (mulher de Wither Bramstone) - Ficou muito agradada com ele; especialmente com a personagem de Fanny, por ser tão natural. Achou a Lady Bertram parecida consigo. Preferiu-o a qualquer um dos outros - mas imagina que talvez isso seja devido à sua falta de gosto, visto não entender os ditos do espírito.
 
Sobre Emma:
 
A minha mãe - Achou-o mais divertido do que MP, mas não tão interessante como O&P. Nenhum personagem dele se compara a Lady Catherine e a Mr Collins.
 
Cassandra - Melhor que O&P, mas não tão bom como MP.
 
Mr e Mrs J.A. (James Austen) - Não gostaram tanto como de qualquer um dos outros três. Linguagem diferente dos outros. Mais difícil de ler.
 
Capitão Austen (Francis William) - Gostou muitíssimo, observando que, embora talvez haja mais espírito em O&P, e uma moralidade mais elevada em MP, no conjunto, devido ao peculiar ar de natureza presente em todo o livro, o preferia a qualquer deles.
 
Mr Sherer (pároco) - Não o achou à altura nem de MP (aquele de que mais gostou), nem de O&P. Descontente com a forma como retrato os homens da igreja.
 
Miss Isabela Harris - Não gostou. Objectou ao facto de eu ter exposto o sexo na personagem da heroína, convencida de que decalquei Mrs e Miss Bates em alguém que eles conhecem, pessoas de que nunca ouvi falar.
 
Mr Cockerelle - Gostou tão pouco, que Fanny se recusou a enviar-me a opinião dele.
 
Mr Fowle (amigo de infância) - Só leu o primeiro e o último capítulos, por ter ouvido dizer que não era interessante.
 
Mrs Jeffrey (editor do Edinburgh Review) - Ficou acordado três noites por causa dele."
 
 
"Toda a gente tem a sua Austen privada. A minha é a Austen que mostrava o seu trabalho aos amigos e à família, e que tão obviamente se comprazia com as suas respostas."
Karen Joy Fowler 

Além Tejo - Catarina Pereira Araújo

Para quem, como eu, é fã incondicional e vitalícia de North and South da escritora britânica Elizabeth Gaskell (1810-1865) e ainda de Orgulho e Preconceito da também britânica Jane Austen (1775-1817), este livro é uma verdadeira benção e uma das melhores surpresas que tive nas minhas férias.

 

Segue um resumo da história:

 

"Estamos na década de cinquenta e a família de António do Couto Maia deixa Lisboa para se fixar em Moura, no Alentejo. A decisão é do chefe de família e surpreende tanto a mulher como as filhas, que não compreendem o que leva um homem de meia-idade a abandonar subitamente a sua confortável vida na capital para mergulhar num Alentejo desconhecido. É através do olhar inquiridor de Isabel, a filha mais velha, que assistimos ao conflito entre dois mundos: o da cidade, representado pelos recém-chegados, e o mundo rural, que os recebe com desconfiança. Inicialmente atraída pela beleza da vila alentejana, a jovem é confrontada com a prepotência dos senhores e com a miséria dos camponeses, num lugar onde qualquer tentativa de mudança é imediatamente esmagada. O seu sentido de justiça leva-a a colidir com Eduardo Leôncio Teles, o herdeiro da maior fortuna da região, iludindo, assim, a forte atracção que sente por ele. Ao mesmo tempo, Isabel envolve-se nos acontecimentos da vida rural, enquanto tenta descobrir o segredo que levou o pai a esconder-se no Alentejo, arrastando a família para uma existência tão difícil."

 

Foto Daqui retirada

 

Foi para mim um prazer enorme, ao ler a história, deparar-me com personagens, situações e até diálogos que me faziam recordar a obra de Gaskell ou de Austen. Sorria, pois pensava 'esta parece-me a Lady Catherine de Bourgh... ou será Hannah Thornton?'. O pai da protagonista, António do Couto Maia, é uma homenagem a Mr Hale (tirando o final trágico...) e a mãe tem um pouco de Mrs Bennet e um pouco de Mrs Hale... Eduardo Leôncio Teles é um misto delicioso de John Thornton e de Fitzwilliam Darcy e Isabel Maria do Couto Maia tem traços de Elizabeth Bennet e muito especialmente de Margareth Hale, com aquele espírito sempre inovador, crítico e combativo. Mas isto são coisas que só um bom apreciador de North and South e de Pride and Prejudice perceberá com rigor. E a esses, eu aconselho vivamente, ou melhor, obrigatoriamente, a leitura desta história.

 

A semelhança de determinadas personagens e do decorrer da acção com as obras acima assinaladas não é depreciativo nem sequer desanimador. É, pelo contrário, aliciante, interessante e digno de um sorriso. E, porque a acção decorre no nosso Portugal reprimido dos anos cinquenta do século passado, a história torna-se muito mais adequada à nossa realidade lusa e com recurso a locais que tão bem conhecemos (ou pelo menos ouvimos falar) e admirámos no nosso Portugal. E não faltam as palavras que só recorrendo ao dicionário reconhecemos pois fazem parte dum português antigo, sulista e ruralizado. E depois o Alentejo! O lindo Alentejo com as suas paisagens, os seus montes, os seus campos, as suas gentes.

 

Queria muito especialmente deixar aqui uma ressalva para os últimos capítulos que são lindos. Aquele 'look back' que qualquer apreciadora de North and South reconhece, nesta história acontece desta forma:

 

"No momento em que lhe passava os documentos, os seus dedos tocaram-se ao de leve, não soube se por acaso, se intencionalmente. Ela agradeceu, quase sem voz, e entrou no carro de aluguel, após o que este partiu com um ruído estrepidoso. Eduardo ficou parado à porta, fixo no vidro traseiro do automóvel, enquanto este se afastava, e nesses últimos segundos de nitidez, antes de desaparecer sob a espessa cortina da bruma matinal, avistou o rosto pálido de Isabel a relanceá-lo pela última vez."

 

E há também a parte que eu achei mais bonita, e para essa não consigo encontrar semelhanças em nenhuma das obras, que é quando começa a dar-se o desfecho da história e se começa finalmente a perceber porque António do Couto Maia deixou Lisboa inexplicadamente:

 

"As duas ficaram ali, quietas, cada uma no seu lugar, imersas num silêncio glacial. A porta ficara escancarada, da rua vinha o assobio do vento que penetrava na casa, fazia levantar as cortinas, os pratos trepidar nas paredes e os candeeiros balançar fantasmagoricamente. Quando a mãe se levantou para fechá-la, petrificou debaixo da ombreira até lhe nascerem do fundo dos pulmões gritos estridentes, a chamar pela filha, como se lhe estivessem a arrancar o coração do peito. A rapariga chegou  ainda a tempo de ver dois indivíduos a empurrar António para dentro de um automóvel preto. A garrafa de vinho que trazia nas mãos caiu desamparada e estilhaçou-se contra a berma do passeio, esplhando-se o tinto na calçada cã, a mancha sanguinolenta escorrendo profusamente pelo passeio abaixo, enquanto o ruído do motor tomava o ar e lhes enchia as almas de profundo horror. Nesse instante, a mente de Isabel fechou-se a tudo o que a rodeava, um choque súbito de adrenalina percorreu-a de alto a baixo, como uma descarga eléctrica, e impulsionou-lhe as pernas para a frente, atrás do carro. O sangue fervia-lhe por baixo da pele, transformando-a num motor em combustão. O estrépido do automóvel a guinar de curva em curva não era comparado com o rugido de fúria que saía dela. A ventania cortante esbofeteava-lhe o rosto, mas ela nada sentia, só a pernas a moverem-se numa corrida desenfreada, os calcanhares a baterem violentamente contra a terra, percorrendo a estrada que cortava a vila ao meio até à orla, onde a paisagem sulcada de montes sem fim, engolia qualquer ser vivo à vista. Que podia fazer? Como poderia ela alguma vez alcança-los só com aquela explosão instantânea de força? O fôlego sumia-lhe dos pulmões e a garganta ardia-lhe de tanto se forçar a inspirar os escassos golpes de ar. Deixassem-na ao menos despedir-se. Contra a sua vontade, as pernas começaram a ceder e a velocidade da sua corrida a diminuir. O intervalo entre os arquejos era tão curto que toda a energia do corpo era insuficiente para continuar a respirar e a correr ao mesmo tempo. Por fim, tropeçou nos próprios pés e caíu redonda no chão, as lágrimas caindo-lhe em cascatas dos olhos. O automóvel galgava os montes, ficando cada vez mais distante, pequeno como uma barata, até desaparecer para lá dos limites da paisagem visível. O ruído do motor abafou-se na morrinha. Tinham-no levado. Assim, sem mais nem menos. Esqueçam-se as formalidades, os avisos, as explicações, simplesmente tinham-no detido e sequestrado, como se uma pessoa fosse um objecto de ninguém que podiam pegar e levar com eles, conforme lhes aprouvesse. A nortada fustigava-lhe o corpo fatigado, empurrava-a na direcção contrária, na direcção da casa, para onde teria de regressar de mãos vazias. Voltou costas e começou a andar. Estava a entrar na vila quando ouviu um relinchar ao longe. No topo do cabeço mais alto, recortado a contraluz, vislumbrou um cavalo e, montado nele, Eduardo. Ficou parado durante uns segundos, contemplativo, imune à borrasca, depois girou a cabeça na direcção da estrada, esticou as rédeas, deu meia volta e afastou-se a trote, desaparecendo na encosta, do outro lado do monte. Teria ele visto a cena toda desenrolar-se? Isabel praguejou, amaldiçoou-o, mandou-o às figas, importava-se lá ele, devia estar todo roído, como todos os homens rejeitados."

 

Além Tejo é definitivamente uma história digna de leitura, e no meu caso, de releitura pois seguramente vou voltar ao Alentejo, à Vila de Moura e à vida de Isabel e Eduardo, Inês e Pedro (não confundir com tempos monárquicos), Ana Maria e António, da dona Ercília, da Ernestina e do seu João da Mota, de Ricardo e de tantos outros personagens que tornam esta história um prazer seguro e delicioso.

 

O livro não é muito fácil de encontrar, infelizmente. Está à venda nas lojas Bertrand mas não em todas. Tive sorte e encontrei-o numa das lojas aqui do Porto mas isso foi só depois de as percorrer todas. Há dias, apercebi-me que já existe a versão Kindle, disponível portanto no site da amazon por cerca de 7euros (depende da taxa de câmbio, evidentemente). Segue o respectivo link para quem estiver interessado:

 

http://www.amazon.com/Al%C3%A9m-Tejo-Portuguese-Edition-ebook/dp/B008BIGQRE

 

Autor: Catarina Pereira Araújo

Data de Publicação: Setembro de 2008

Editora: Chá das Cinco

Páginas: 317

ISBN: 978-989-8032-37-9

 

Boas oportunidades 2.

Com o aniversário dos 200 anos de Orgulho e Preconceito a chegar, para os leitores portugueses a aquisição deste livro só é possível através da edição da Book it ou se tiver sorte de o encontrar num alfarrabista. Eu tive esta sorte no ano passado na Feira do Livro do Porto, onde encontrei O&P da Europa-América no stand do alfarrabista. Tanto a versão de bolso como a edição normal estão esgotadas.

Se estão esgotadas deveria significar algo… deveria significar que o livro vende… que há procura... Não acham?

Então, eu gostaria de indicar-vos uma boa oportunidade de compra da obra, para além da Book it, mas para já, não é possível. Se algum/a leitor/a encontrar algum exemplar a venda, apelo a partilha da informação.

 

Por outro lado, adquiri há umas semanas o livro "A Independência de uma Mulher", na versão de bolso, que uma funcionária da Bertrand nos aconselhou da última vez que eu e a Vera estivemos no Clube de Leitura do Dolce Vita Porto. Confesso que só ontem comecei a lê-lo e está a ser uma leitura prazeirosa. Já ultrapassei mais de metade do livro e prevejo terminar hoje. Para já, não irei revelar a minha opinião sobre o livro porque quero guardar as comemorações do Bicentenário de Orgulho e Preconceito, que irei fazer em parceria com a Raquel Sallaberry Brião do Jane Austen em Português. A única coisa que irei dizer é o seguinte: é um livro inspirado em O&P, escrito por Colleen McCullough (que é a mesma escritora de "Pássaros Feridos") e que merece ser lido.

 

versão de bolso da Bertrand deste livro é mais barata. Do ponto de vista do utilizador, aprovo esta versão. Gosto da grafia, da capa, e da qualidade do livro. Manuseio livremente e não encontro problemas do livro partir no meio ( o que, por vezes, acontece com os livros de bolso). O tamanho da fonte também é agradável. E, como acontece com os livros de bolso, é prático para transportar. Por isso, uma boa oportunidade de leitura.Se não vou falar sobre este livro em pormenor porque o referi? No site da Bertrand, a versão normal deste livro custa 16,16 euros já com desconto de 10%. Acontece, porém, que o vi com 40% de desconto na Bertrand do BragaParque. Não sei se acontece o mesmo em todas as lojas Bertrand ou se é um desconto só naquela loja específica. Seja qual for o caso, não custa conferir já que o livro ficaria quase a metade do preço.

Boas oportunidades.

Esta é uma excelente altura do ano para comprar livros. Já há algum tempo que há esta tendência das livrarias e das editoras em fazer promoções de livros na época de saldos. Acreditem, não se trata somente daqueles livros que são fracassos editoriais. Pode-se encontrar excelentes títulos a bom preço. E a verdade é que a minha atenção anda sempre desperta para bons preços. Claro que um livro é um bom investimento mas sabemos que neste tempo de crise alguns preços tornam-se, por vezes, proibitivos.

 

Então, vou deixar algumas dicas.

 

Europa-América:

Mansfield Park - Jane Austen - Europa-América

Já que temos estado a falar sobre Fanny Price e "Mansfield Park", devo dizer-vos que se forem ao site da Europa-América, encontram o livro a €14,59.

É um preço excelente porque quando eu comprei o meu exemplar o preço nas livrarias era de €29,90. Na altura, aproveitei uma oportunidade na Feira do Livro para comprar a €22,00. Por isso, se não tiverem o livro trata-se de um oportunidade de o adquirir.

 Mas não é o único livro em promoção no site da Europa-América. Também podemos encontrar:

Sensibilidade e Bom Senso a €8,45 (preço anterior €16,91) 

Persuasão a €9,04 (preço anterior €18,07) 

Abadia de Northanger €10,09 (preço anteior 20,17) 

Emma €20,11 (preço anterior €25,13) 

Amor e Amizade €7,52 (preço anterior €15,04) 

 

 

Bertrand.pt

O que eu mais gosto no site da Bertrand é a facilidade com que podemos encontrar alguns títulos em inglês de obras inspiradas e/ou sobre Jane Austen. Alguns obras estão com um desconto aliciante. Quero destacar esta: Sense and Sensibility | Penguin Books 15,87 (preço anterior € 17, 63) Destaco esta edição de S&S  pela ilustração da capa, da autoria de Audrey Niffenegger. É linda. Sigam o link e vejam. 

 

 

Fnac.pt

No que diz respeito a Jane Austen, a Fnac não possui diversidade de títulos.

A promoção marcante neste site é: Persuasão | Editorial Presença €7,55 (preço anterior €10,08)

 

Wook.pt

A semelhança da Bertrand para além da obra de Jane Austen, a Wook tem uma grande variedade de livros inspirados e/ou sobre Jane Austen.  Alguns livros, tem 10% de desconto mas não encontrei nenhuma promoção significativa. 

 

 

Para quem segue o JAPT e nunca leu Jane Austen esta é uma boa oportunidade de aquisição de livros da nossa escritora amada a um bom preço.  Principalmente na Bertrand e na Fnac, as promoções referem-se ao site. Contudo, se forem às lojas físicas encontram outras promoções. Este fim-de-semana estive em ambas livrarias e encontrei livros a metade do preço.  São boas oportunidades a não perder. 

Mr. Darcy reading a book

Dizia o Mr. Darcy que uma mulher devia ler extensivamente para melhorar a sua mente e que melhor incentivo de que ouvirmos o Mr. Darcy, perdão Colin Firth a ler para nos servir de motivação?

Pois é se algum dia imaginaram o Mr. Darcy a ler para vocês, a vossa fantasia tornou-se realidade!! Recentemente Colin Firth gravou um audiolivro. O livro que ele lê é O Fim da Aventura de Graham Greene, um excelente livro que já tive o prazer de ler e que tem uma abertura tão fantástica como a de Orgulho e Preconceito. Aqui fica um pequenino clip do nosso eterno Mr. Darcy a ler:

 

Fugindo para casar

Uma das participantes do nosso Clube de Leitura, na sessão do Porto, dizia que ficara surpreendida por encontrar o tema da gravidez antes do casamento no livro, a infeliz desgraça que ocorre a Eliza. Muitos temas que hoje encontramos amiúde nos livros eram na época de Jane Austen tabu e dificilmente eram tratados de forma aberta e clara. A própria gravidez de Charlotte Palmer é referida poucas vezes e de forma sempre discreta. Lady Middleton perante tal assunto chega mesmo a mudar o tema porque se sente incomodada. As coisas funcionavam assim...

 

Alguns livros que vou lendo parecem também estar cheios de fugas de amantes. A fuga era a única forma dos apaixonados poderem viver o seu amor. Teresa e Simão pensam em fugir, no Amor de Perdição, já que o seu amor era proibido pelos pais. Scarlett O'Hara, em E Tudo o Vento Levou também pensa nisso, embora seja apenas um plano seu e não seu e do seu amado Ashley Wilkes. Scarlett afirma que era o género de coisa que acontecia muitas vezes entre os seus amigos e conhecidos. Nos Maias, há diversas ideias de fuga: a Condessa de Gouvarinho que quer fugir com Carlos, este planeia fugir com Maria Eduarda e a única que foge realmente: Maria Monforte.

 

Em Orgulho e Preconceito, a fuga acontece protagonizada por Lydia Bennet. Sempre achei que este género de coisas serviam para dar algum atractivo aos livros e séries ou filmes mas que na vida real poucos ou nenhuns se atreveriam a fazer tal coisa.

Há umas semanas encontrei um livro, que ainda não li ou sequer comprei, mas que me pareceu bem interessante e que se enquadra neste tema da fuga. O livro chama-se Ana Kelly e a autora é Angela Leite; ao ler a sipnose percebi que estava perante um livro que contava uma fuga real. Mais interessante é que tudo se passou em Portugal, aquando da invasões francesas ou seja na altura em que Jane Austen viveu. Isto leva-me a pensar que possivelmente a fuga de Lydia pode muito bem ter sido inspirada em factos verídicos. Para os mais curiosos, aconselho a ler este post encontrado após uma pesquisa, é extenso mais muito bom, trata-se do relato da fuga feito por um descendente de Ana Kelly: Blogue

 

Se tiverem curiosidade sobre o livro aqui fica a capa e a sipnose, ambos tirados do site da Wook:

 

 

Na sequência das invasões napoleónicas, a Portugal chegam as tropas britânicas. Do contingente faz parte Waldron Kelly, um oficial irlandês. Quando se cruzam, Ana e Waldron apaixonam-se e perante a recusa da família em aceitar esse amor, a jovem fidalga foge, deixando para trás uma vida faustosa e uma família humilhada.
Juntos partem para onde a guerra chama pelo dever do jovem. Corajosa, a esposa acompanha-o, sem nunca se arrepender da escolha, nem quando a miséria lhes bate à porta e mais uma vez é desprezada pela família, levando-a, em desespero, a escrever um pedido de ajuda à Rainha Vitória.
Ana Kelly - Uma Saga de Amor e Coragem é uma biografia romanceada, mas genuína e intensa, de uma mulher que tudo enfrentou e suportou em nome do amor.