Foi no Jane Austen em Português que vi a referencia a este livro, cujo o nome deu título ao meu post. O livro fala de várias heroínas e daquilo que podemos aprender com elas. Para além da nossa Elizabeth Bennet, o livro fala também da inesquecível Scarlett O'Hara, da menina das trancinhas Laura Ingalls, quem é que não se lembra dela na série Uma Casa na Pradaria??? E não esquece outras grandes heroínas como: Jane Eyre, a adorável Jo March de Mulherzinhas e a minha preferida dos tempos de infância, Anne Shirley, também conhecida como Ana dos Cabelos Ruivos.
Bastava ter uma desta personagens para eu comprar, mas juntando todas elas e mais outras que terei prazer em conhecer, eu vou ter mesmo de abrir os cordões à bolsa. Na Amazon dá para ler um bocadinho do livro e pareceu-me excelente.
Trouxe este livro da biblioteca há umas boas semanas. O título é simplesmente "Jane Austen", mas lá dentro o autor situa-nos Austen no seu contexto histórico, fala-nos da vida da autora e explora profundamente as suas seis obras principais.
O autor á Álvaro Pina, o mesmo que vos falei no início do mês, aquando da minha leitura do ensaio "Introdução do Estudo Crítico de Jane Austen". Este livro tem uma leitura mais simples, menos fechada.
Ainda não o terminei, mas em breve irei partilhar algumas ideias sobre O Parque de Mansfield baseando-me nalguns pontos que este autor salientou e que, mais do que me abrir os olhos, esbugalhou-os!!
Informações sobre o livro:
Jane Austen
Álvaro Pina (colaboração de Filipe Furtado e Isabel Fernandes)
Trouxe da biblioteca da minha universidade este livro: Introdução ao Estudo Crítico de Jane Austen, Álvaro Pina. Não foi uma leitura fácil, o autor, Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tem uma escrita própria para estudantes/investigadores desta área, ora, eu, sem qualquer preparação a este nível, tive algumas dificuldades, até porque não estou dentro do tema - sou apenas uma leitora de tempos livres da obra de Jane Austen. No entanto, gostava de partilhar algumas ideias e, nesse sentido, vou colocar aqui pequenos trechos da publicação.
"(...) e Jane Austen, que nunca sentiu a necessidade de se libertar da estreiteza da sua cultura - que ela vivia e pensava predominantemente como convívio social -, que sempre se abriu aos membros da sua família e às pessoas com quem conviveu e se relacionou na aceitação de um código de normas sociais que dignificam a inteligência, a educação e o bom gosto dos mais bem formados moralmente, realizou um importante exame de consciência ao estilo de vida, e aos valores que o norteavam, de finais do séc. XVIII (...) e às suas possibilidades humanas. (...)
Mas Jane Austen, herdeira da cultura setecentista, foi capaz de dramatizar o estilo de vida de uma classe cuja educação é espelho e prova das preocupações morais dessa cultura, reveladas na relação complexa da personagem principal com as figuras secundárias e com a narradora, disciplinou experiências narrativas anteriores, libertando-as da convenção epistolar, por um lado, e da "largueza de espírito" que é indiferença moral ou mediocridade humana, por outro; (...) Jane Austen ensinou o que é um romance relevante como obra de arte e como exame de consciência de uma classe e de uma cultura realizado em inteligente maturidade de apreciação (...)
Os romancistas, homens e mulheres, do séc. XVIII valem apenas em Jane Austen, que com eles aprendeu a contar melhor do que eles jamais souberam (...) Olhando para Jane Austen (...) a sua criação pode definir-se em termos de inovação e de renovação: de inovação, porque encontrou o romance como forma de entretenimento, menor, irrelevante, simples processo narrativo com um propósito para o qual é subsidiário, e fez dele um poema dramático; de renovação, porque trouxe, pelo romance, à literatura inglesa a qualidade Shakesperiana de profunda relevância para a vida em criações de experiências humanas em que a vida é respeitada em complexidade (...) e em maturidade, sem ser subordinada a uma pregação ou propaganda (...)
A sua (Jane Austen) grandeza é esta: ter criado o romance inglês moderno, ter sido a sua inteligência moral criadora de arte narrativa a fonte exemplar de que todos os grandes romancistas beberam a verdade do romance como forma superior de literatura e de vida. (...) Não me impedem de caracterizar os romances de Jane Austen nas suas novidades absolutas: a complexidade da personagem principal, a actuação irónica da narradora e o enredo dramatizado. (...)
O enredo Austeniano é assumido como consciência de um estilo de vida, adensado num drama de valores e resolvido em comédia. A resolução em comédia não significa nem uma simplificação de problemas nem uma cegueira para os conflitos das personagens; (...) o leitor pressente que as personagens não são forçadas a suportar os conflitos até aos seus limites humanos, e por isso podem ser felizes; a comédia de Jane Austen é um dado do optimismo radical da cultura setecentista, um elemento de verdade na sua obra. Por ela sabemos da verdade dos conflitos - e por nunca estarem ausentes os perigos de infelicidade ou de tragédia pessoal numa opção irreversível - e da sinceridade das protagonistas que os vivem e sofrem, e que têm a fortuna de sair vitoriosas deles porque a inteligência humana pode triunfar sobre todos os dilemas. (...)"