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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Entre Cunhadas: Jane Bingley e Caroline Bringley

 

Jane Austen não nos dá nenhuma pista acerca do futuro da relação entre Jane e Caroline. Sabemos que no início da história de Orgulho e Preconceito, Miss Bingley tem Jane Bennet numa boa conta (não fosse o facto de ter tão más relações familiares) e até lhe presta algumas atenções, talvez por, no fundo no fundo, gostar muito do irmão e se, este considera Jane Bennet como a mulher da sua vida, há que fazer um esforço. Porém, a teia que afasta Bingley de Jane é tecida indubitavelemente por Mr. Darcy e Miss Bingley – o primeiro, por considerar que Jane não tem verdadeiro e profundo afecto por Bingley; a segunda, por sentir alívio em deixar de ter possíveis relações familiares com “gente como os Bennet” e não tanto por causa de Jane Bennet em si.

 

O distanciamento, frieza e rudeza do (re)encontro em Londres entre Miss Bingley e Miss Bennet são um balde de água fria para a bondosa Jane e demonstram uma enorme falta de educação por parte de Caroline Bingley que nem mesmo o ingénuo coração de Jane Bennet poderia deixar de notar. Quando Lizzie explica a verdadeira história sobre o que aconteceu em Londres e o porquê de Mr. Bingley nunca se ter apresentado a Jane enquanto esta lá permaneceu, quebra-se a confiança que poderia existir entre Jane e Caroline.

 

Depois do casamento com Mr. Bingley, que relação se terá criado entre ambas? Não tenho resposta certa, por isso vou tentar adivinhar! O cinismo de Caroline actuou certamente em todos os segundos de interação com Jane, passando pelo passado atribulado uma esponja.

 

Da parte de Jane, sou tentada a achar que encontrou uma justificação plausível para a atitude de Caroline Bingley, perdoando-lhe o egoísmo, a vaidade e snobismo... mas daí a tomá-la no coração como uma verdadeira irmã ou permitir que se restabelecesse e alimentasse uma forte confiança, julgo que não, nem mesmo para Jane.

 

Não quero com isto dizer que apenas se toleravam uma à outra, não, o coração de Jane não suportaria tal relação – da parte de Jane tudo é verdadeiro, simplesmente julgo que a relação entre elas nunca passou de uma ligeira amizade, pois entendo que Caroline quebrou o elo de confiança com Jane ao mostrar-lhe claramente que não a queria, a ela nem à família, como suas relações.


Doces Bingleys

O casamento de Jane Bennet e Mr. Bingley passa para segundo plano no docorrer da história, uma vez que estamos sedentas de saber como termina a relação entre Lizzie e Darcy, todavia, Jane Austen, não deixa de nos dar umas quantas dicas acerca do que poderão ter sido os anos posteriores ao casamento.

É pela voz de Mr. Bennet que conhecemos algumas previsões:

 

“Não duvido de que se hão-de dar muito bem um com o outro. Os vossos temperamentos são bastante semelhantes. Ambos são tão tolerantes que nunca tomarão resoluções definitivas; tão fáceis de levar que todos os criados vos enganarão; e tão generosos que hão-de sempre gastar mais do que têm.”

 

Confesso que partilho desta previsão. Tanto um como outro mostraram alguma inação perante os seus sentimentos um pelo outro, deixando-se influenciar demasiado pela opinião de outros, o que demonstra que ambos eram facilmente manobráveis. Ambos demonstram igualmente uma ingénua inocência, vendo até última instância o melhor e mais bondoso nas pessoas, o que revela igualmente, que seriam facilmente ludibriados por carateres menos sérios. Apesar de tudo, acho que este casal foi muito mais feliz do que o casal Darcy, no que toca a uma certa estabilidade na relação. Nenhum exigiu do outro grandes mudanças de caráter, como Mr. Bennet diz, eram igualmente tolerantes e creio que nas questões importantes, sabiam ceder em equilibrio. Já com o casal Darcy, duvido que esse equilibrio de cedências existisse, Lizzie tem um caráter demasiado arrebatado para ceder em questões que considerasse totalmente importantes... acho que na relação Darcy-Elizabeth, houve necessidade de fortes mudanças de caráter para que ambos pudessem conviver diariamente depois do assombro da paixão. Imagino-os (Bingley e Jane) como um casal com poucas desavenças, sem rupturas e com um amor incondicional, e talvez, com uma (demasiada) dependência um do outro.

 

Sabemos que os Bingley ainda ficaram em Netherfield por mais um ano, depois do casamento, mas a proximidade com Mrs. Bennet e com os mexericos de Meryton era demasiada – mesmo para dois seres tão tolerantes como eles! Acabaram por ir viver para as proximidades de Derbyshire, ou seja, para perto do casal Darcy.

 

Creio que com o amadurecimento próprio da idade e com a experiência que o tempo nos dá, tanto Bingley como Jane aprenderam a pensar mais por si próprios – um, porque se afastou da dependência das irmãs e Jane, por se libertar da subordinação e influência da mãe. Imagino sempre o casal Bingley com uma enorme prole de crianças, uns seis ou sete e, ao contrário de Mrs. Bennet, só de meninos! Gosto de acreditar que o maior desejo de Bingley era ter uma menina. Mas sei que o amor por aquelas crianças era tão grande ou maior ainda do que aquele que dedicavam um ao outro.

Mr. Bingley e Jane Bennet

 

O que dizer destas duas personagens?

Antes devo dizer que são a encarnação do que cada pessoa deve ser para o seu género…

Mr. Bingley é convenientemente rico, atraente e deve ser considerado um Bom partido. A primeira frase do livro centra-se nesta personagem, dando-nos a ideia que talvez seja o elemento central do livro… Contudo não é!

Jane encarna exactamente o papel que uma mulher deve (ou devia ter naquela época), é linda, inteligente apesar de ingénua, e tem um grande coração. Conseguimos prever que estes dois farão uma família equilibrada, apresentam-se como um par feito no céu!

Um daqueles casais que se inveja, porque nunca discutirão e mesmo quando fazem sofrer um ao outro é apenas devido à intervenção de elementos externos…

 

Então porque não são eles as personagens principais, já que concentram toda a virtude moral e humana que as obras de Jane tão bem enfatizam?

 

Eles são, na minha opinião, pouco carismáticos. Cansam pela perfeição!

São demasiado bons para serem admirados, demasiado perfeitos para aproximarem o leitor real para o livro… Lizzy e Darcy precisam deste apoio porque são um pouco menos polidos, mais humanos… com falhas!

 

É impossível não simpatizar com Jane e com Mr. Bingley… É impossível apaixonarmo-nos por eles!

As melhores amigas (I)

 

Elinor Dashwood, Jane Fairfax, Fanny Price, Jane Bennet, Eleanor Tilney

 

Fanny Price sempre me pareceu uma Elinor Dashwood numa versão mais ingénua e tímida; já Jane Fairfax, uma irmã gémea de Elinor (tirando a parte em que se apaixona por Frank Churchill, coisa que jamais Elinor faria, creio) e é aí que acho que ela se assemelha a Fanny, tal como Fanny se sente atraída por Henry Crawford, Jane sente-se atraída por Frank Churchill, e concretiza esse sentimento num compromisso que consegue chegar a vias de facto, caso contrário, seria uma espécie de Jane Eyre em versão austeniana!

 

Mas acima de tudo é o bom senso, a razoabilidade, o saber estar e o não falar mais do que se deve que une estas personagens, para mim elas são as melhores amigas e andam a saltar de romance em romance para falarem umas com as outras!

 

Peço desculpa pela quantidade de personagens que comparei, mas acho este trio perfeito, conhecem alguém para juntar ao grupo?

 

(editado)

 

A Gilreu, sugeriu Jane Bennet, e não sei como me esqueci dela!? Mais tarde lembrei-me de Eleanor Tilney e achei que ficaria aqui perfeita.

 

 

 

Bingley e Jane

Não que seja o "meu casal" mas é um casal com "peso significativo" no decorrer da história. Jane e Bingley demonstram claramente como o preconceito não interfere quando alguém não se julga superior, como nem sequer existe na mente de duas pessoas a não ser quando os outros o fazem notar. Eles são o reflexo da falta de orgulho e preconceito: ele porque o poderia ter por ser de social e financeiramente superior; ela porque o "amou" sem nunca se tentar impor a uma riqueza que não era coincidente com o seu estado de vida.

 

Bingley, a meu ver, poderia ter um papel muito mais activo em toda a história, principalmente pela sua ligação como amigo de Darcy (à semelhança de Jane e Lizzy). Percebemos que Darcy o aprecia como amigo e que confia nele e essa situação poderia ter-lhe dado um outro estatuto na história. Mesmo na sua situação com Jane, como por exemplo quando parte para Londres, o seu papel passivo nem merece descrição no livro. Ele poderia pelo menos ter colocado entraves à partida para Londres, mesmo que no final acabasse por se submeter "à vontade" das suas irmãs e do amigo.

 

Acho que Bingley e Jane acabam por ser demasiado "passivos" em relação a tudo o que lhes acontece. Não lutam pelo que sentem e apenas se deixam levar até à vitória final "do amor" que afinal é uma vitoria para eles mas que não é deles... é a vitória do amor sobre o preconceito de Darcy e Lizzy  que acaba por os beneficiar e permitir que o amor que sentem se manifeste e se traduza em palavras e acções. Eles limitam-se a manter o amor que sentem nos seus corações "quieto" e fechado (excepção çpara a viagem de Jane a Londres) estando, também eles, quietos...

 

E vocês o que acham? Será que me engano e este casal conseguiu despertar emoções?

Irmãs em Jane Austen (I)

Já iniciei este tema com: Os Pais em Jane Austen. Irei percorrer os restantes parentes, pais, mães, irmãs, irmãos, heróis, não heróis...

 

Hoje faço um pequeno resumo das Irmãs em Jane Austen.

 

Irmãs Bennet

 

Jane, Elizabeth, Mary, Kitty e Lydia Bennet

 

Irmãs Dashwood

 

 

Elinor, Marianne e Margaret Dashwood

 

Irmãs Elliot

 

 

Elizabeth, Anne e Mary Elliot

Sabina Franklyn e Jane Bennet

Sabina Franklyn foi a actriz que deu corpo a Jane Bennet na versão de Orgulho e Preconceito de 1980.

 

Achei a sua interpretação genial, transmitiu toda a doçura e bondade de Jane Bennet, conseguiu transpor para a tela a irmã mais velha da família Bennet tal e qual ela é descrita na obra.

De todas as interpretações de Jane Bennet, esta é a minha preferida.

 

 

Sabina Franklyn no papel de Jane Bennet em Orgulho e Preconceito 1980