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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Que seja infinito

 

Quando lemos um livro de Jane Austen podemos contar com um final feliz. É agradável acompanhar as aventuras e desventuras dos protagonistas e, no fim, vermos que os mesmos foram recompensados. Não sendo à imagem e semelhança da vida real, faz o coração encher-se de esperança e alegria.

Não é assim quando pensamos em Elizabeth Bennet e Mr. Darcy?

Quem leu "Orgulho e Preconceito" não seguiu com  pleno entusiasmo as voltas e reviravoltas da trama?

Quem não vibrou com a carta de Mr. Darcy?

Dei por mim, inúmeras vezes,  a pensar "Lizzie, sua tonta, não deixe Mr. Darcy escapar!".

Vemos o nascimento e crescimento de um sentimento, chegámos ao final e temos um "felizes para sempre".

Pergunto-me: será mesmo para sempre?

 

Tenho dificuldade em aceitar que Lizzie e Darcy viessem a ter um casamento pacífico.  Acho até que seria um casamento um pouco atribulado. No fim das contas, tratou-se de uma união desigual social e economicamente falando. No contexto da época, isto seria tolerado mas não bem aceite. Tenho certeza de que ela seria olhada um pouco de lado e difamada por pessoas como Lady Catherine de Bourgh ou Miss Bingley. Seria olhada, talvez, como alguém inferior. Confio na auto-confiança de Lizzie e na firmeza de Darcy para fazer valer o seu papel como Mrs. Darcy e senhora de Pemberley; mas mesmo assim, isto teria algum efeito no relacionamento.

 

Contudo, o maior problema na vida dos Darcy seria a própria família de Lizzie. É bem verdade, que não casamos com a família  mas é facto que esta não pode ser ignorada. E este poderia ser um constrangimento entre ambos. Conseguem imaginar um fim-de-semana em família com o Mr. Darcy a tomar o pequeno-almoço em presença de Mrs. Bennet? Eu não consigo… Imagino-o a levantar-se bem cedo e tomar o pequeno-almoço antes da sogra para não ter que ouvir a sua voz estridente. Lizzie teria de ser muito paciente…

 

Não tenho qualquer dúvida que o triunfo desta união reside na comunicação. Há uma capacidade de entendimento entre ambos. Uma vontade de partilha e descoberta. Imagino-os confiantes, confidentes, cúmplices e companheiros. Por todos estes motivos, Elizabeth Bennet poderia sorrir porque a vida lhe foi generosa e concedeu-lhe a possibilidade de viver um grande amor e de o fazer valer. Cabe-lhe a ela saber gerar tolerância e harmonia. Está nas suas mãos fazer da sua história algo de infinito... com Darcy sempre ao seu lado.

O fabuloso destino de Mary Bennet

"Qual a tua opinião, Mary? Tu, que és jovem, sensata e profunda, que lês bons livros e deles extrais ensinamentos.

Mary quis dizer algo de relevante, mas não sabia como."

 

 

Jane Austen desenha Mary como a menos mundana das Bennet.  Um pouco anti-social, inclusive. Bailes, dança, música, divertimento, tudo isto parecia menor perante os olhos de Mary. Tudo isto não seria nada diante da possibilidade de mergulhar no interior dos livros e no prazer da reflexão. A própria  música, algo que agrada a todos na generalidade,  somente tem valor na medida em que é uma extensão do desenvolvimento da uma arte.

Quando penso em Mary Bennet, imagino-a um tanto solitária: uma mãe e duas irmãs extremamente fúteis, um pai um tanto desatento e duas irmãs mais velhas preocupadas com os seus amores e possíveis casamentos. Ela é o elemento que mais se distancia do estilo da família.

O que pensaria Mary nos seus momentos de reflexão? Vejo-a, muitas vezes, desajustada da família e entendo-a profundamente. Quase que sinto a dor do seu desconforto.  

Ao longo de "Orgulho e Preconceito" vemos que Mary é protagonista de muitos momentos moralizantes. Ela não se poupa a criticar a frivolidade das irmãs e distancia-se de qualquer comportamento que possa ser moralmente reprovável; mesmo que, para isto, tenha de se tornar pouco adversa das boas maneiras. Neste aspecto, Mary Bennet lembra-me muito Fanny Price: os valores morais,  a contemplação das ideias e a vida caseira.

Não terei qualquer pudor em dizer que Mary Bennet é, de longe, a filha mais interessante de Mr. e Mrs. Bennet.  Imaginar o futuro de Mary é abrir os olhos para uma leque vasto de possibilidades… Mas gosto de pensar que Mary teria, no futuro, a possibilidade de ser alguém que faria diferença na sociedade. Alguém que, se tivesse a oportunidade, de desenvolver os seus conhecimentos e de cultivar a reflexão, poderia vir a ser uma mulher extraordinária. Não a consigo imaginar a fazer o mesmo percurso das irmãs, de andar de baile em baile e na caça de um bom partido. Imagino-a a voar alto: a ser uma escritora ou uma activista pelos direitos das mulheres. A encontrar, talvez, um grande amor; mas não no sentido tradicional da sua época. Acho que um grande amor para Mary Bennet seria aquele que lhe permitisse ser quem ela é, alguém que a desafiasse intelectualmente e que a incentivasse a ter uma postura activa.

 

Será que o que eu imagino para Mary condiz realmente com um heroína de Jane Austen?

Mr e Mrs Bingley - As cunhadas

Jane casou por amor como pretendia, mas a sua escolha tinha oponentes e "de peso": as irmãs de Bingley. Sempre pensei como iria a doce Jane dar-se com as suas cunhadas, sendo elas tão diferentes de si e tendo ela assumido perante Lizzy que nada voltaria a ser o mesmo entre elas. Não iriam elas ensombrar a sua felicidade com Bingley? Principalmente Caroline, a irmã solteira, aquela que mais companhia lhe poderia fazer, mas também aquela que mais "desdenhava" tudo e todos por se considerar superior. Não consigo imaginar a doce Jane a recusar-se a receber a cunhada, mas também não consigo imaginar que ela tivesse trato normal e filial com as irmãs de Bingley. Ambas eram demasiado orgulhosas e certas da sua superioridade e o espirito de Jane era contrario a estes sentimentos. Além disso, ela sabia que elas "desdenhavam" da sua familia, daqueles que ela tanto amava, além de saber que elas não a aprovavam para esposa do irmão.

 

Mas consigo imaginar as irmãs de Bingley a conviverem "hipocritamente" com ela para não perderem as regalias e os luxos que a vida de seu irmão lhes proporciona. Imagino Jane a ouvir as suas conversas e a sorrir e consigo imaginar as irmãs de Bingley a conviverem com ela e a falarem da sua familia como se todos fossem muito queridos para elas.

 

Acho que Jane iria sempre permitir as visitas e a permanencia das irmãs de Bingley, mas também acho que nunca Jane iria esquecer a verdadeira essencia que tinha descoberto nelas, aquando da sua resistencia ao amor dela por Bingley. Acho que ambas as irmãs de Bingley aceitaram Jane e respeitam-na porque acabaram por se render ao amor do irmão por ela. Porque sabiam que o amor deles era sincero e forte e quem ficaria "a perder" seriam sempre elas.

 

Imagino portanto uma relação pacifica entre elas, mas sem carinho ou cumplicidade. Sem o calor de familia que ela e Bingley tanto deveriam querer ter na familia e que tanto mereciam.

 

Por outro lado, consigo imaginar o amor e a amizade que deveriam envolver as relações de Jane e Bingley com Darcy e Lizzy. como devria ser cordial, amistosa e agradavel a convivencia entre 4 pessoas com laços tão fortes entre si.

 

Mas acho que Jane iria ser sempre feliz com Bingley porque o facto de estar casada com o seu amor e de ser amada também bastavam para o seu caracter doce...

As pérolas de Mary Bennet

Eis todos os discursos fluídos e seguros (ou tolos e desapropriados!) que Mary Bennet proferiu ao longo de Orgulho e Preconceito.

 

"O orgulho é um defeito muito vulgar, creio eu. Depois de tudo o que li, estou deveras convencida da sua vulgaridade, que a natureza humana lhe é particularmente atreita e que são raros aqueles entre nós nós que não nutrem um sentimento de condescendência própria baseada numa ou noutra qualidade, real ou imaginária. Vaidade e orgulho são coisas diferentes, embora as palavras sejam frequentemente usadas como sinónimos. Pode-se sentir orgulho sem ser vaidoso. O orgulho diz respeito mais à opinião que temos de nós próprios, enquanto a vaidade é aquilo que pretendemos que os outros pensem de nós."

(Cap. V; em conversa com Elizabeth e Charlotte Lucas sobre Mr Darcy e o seu caracter)

 

"Admiro a energia da tua benevolência, mas todo o impulso afectivo deve ser guiado pela razão; e, na minha opinião, o esforço deveria estar sempre em proporção com o que é requerido."

(Cap.VII; Sobre a ida de Elizabeth a Netherfield saber da irmã Jane)

 

"Sob o ponto de vista da composição, a sua carta não me parece defeituosa. A ideia do ramo de oliveira talvez não seja inteiramente nova, porém considero-a expressa com acerto."

(Cap. XIII; sobre a carta de Mr Collins a anunciar a sua visita a Longbourn

 

"Desde que possa dispôr das minhas manhãs, dou-me por satisfeita. Não considero um sacrifício participar ocasionalmente em festas nocturnas. Todos nós temos deveres sociais a cumprir e partilho, aliás, da ideia de que um intervalo para recreação e divertimento só traz benefícios."

(Cap.XVII; sobre a ida ao Baile em Netherfield)

 

"Longe de mim menosprezar tais prazeres, minha querida irmã; são os que, sem dúvida, se enquadram com mais naturalidade no temperamento feminino. Mas confesso que não me seduzem. Prefiro infinitamente mais um bom livro."

(Cap. XXXIX; para Lydia que fala sobre as estouvadices da viagem de volta do Hertfordshire para Longbourn)

 

"É um acontecimento deveras desagradável e será provavelmente muito comentado. Mas devemos opor-nos à maré da maledicência e derramar sobre os nossos corações feridos o bálsamo do consolo fraternal... Por mais infeliz que Lydia possa vir a ser, poderemos extrair de tudo isto uma lição útil: que a perda da virtude numa mulher é irreversível, que um só passo em falso acarreta uma série de desgraças sem fim, que a sua reputação não é menos frágil que a sua beleza e que uma mulher nunca será cautelosa demais para com as pessos do sexo oposto, especialmente para com aqueles que não merecem a sua confiança."

(Cap. XLVII; para Elizabeth depois de Lydia ter fugido com Wickham)

  

Entre Cunhadas: Jane Bingley e Caroline Bringley

 

Jane Austen não nos dá nenhuma pista acerca do futuro da relação entre Jane e Caroline. Sabemos que no início da história de Orgulho e Preconceito, Miss Bingley tem Jane Bennet numa boa conta (não fosse o facto de ter tão más relações familiares) e até lhe presta algumas atenções, talvez por, no fundo no fundo, gostar muito do irmão e se, este considera Jane Bennet como a mulher da sua vida, há que fazer um esforço. Porém, a teia que afasta Bingley de Jane é tecida indubitavelemente por Mr. Darcy e Miss Bingley – o primeiro, por considerar que Jane não tem verdadeiro e profundo afecto por Bingley; a segunda, por sentir alívio em deixar de ter possíveis relações familiares com “gente como os Bennet” e não tanto por causa de Jane Bennet em si.

 

O distanciamento, frieza e rudeza do (re)encontro em Londres entre Miss Bingley e Miss Bennet são um balde de água fria para a bondosa Jane e demonstram uma enorme falta de educação por parte de Caroline Bingley que nem mesmo o ingénuo coração de Jane Bennet poderia deixar de notar. Quando Lizzie explica a verdadeira história sobre o que aconteceu em Londres e o porquê de Mr. Bingley nunca se ter apresentado a Jane enquanto esta lá permaneceu, quebra-se a confiança que poderia existir entre Jane e Caroline.

 

Depois do casamento com Mr. Bingley, que relação se terá criado entre ambas? Não tenho resposta certa, por isso vou tentar adivinhar! O cinismo de Caroline actuou certamente em todos os segundos de interação com Jane, passando pelo passado atribulado uma esponja.

 

Da parte de Jane, sou tentada a achar que encontrou uma justificação plausível para a atitude de Caroline Bingley, perdoando-lhe o egoísmo, a vaidade e snobismo... mas daí a tomá-la no coração como uma verdadeira irmã ou permitir que se restabelecesse e alimentasse uma forte confiança, julgo que não, nem mesmo para Jane.

 

Não quero com isto dizer que apenas se toleravam uma à outra, não, o coração de Jane não suportaria tal relação – da parte de Jane tudo é verdadeiro, simplesmente julgo que a relação entre elas nunca passou de uma ligeira amizade, pois entendo que Caroline quebrou o elo de confiança com Jane ao mostrar-lhe claramente que não a queria, a ela nem à família, como suas relações.


Doces Bingleys

O casamento de Jane Bennet e Mr. Bingley passa para segundo plano no docorrer da história, uma vez que estamos sedentas de saber como termina a relação entre Lizzie e Darcy, todavia, Jane Austen, não deixa de nos dar umas quantas dicas acerca do que poderão ter sido os anos posteriores ao casamento.

É pela voz de Mr. Bennet que conhecemos algumas previsões:

 

“Não duvido de que se hão-de dar muito bem um com o outro. Os vossos temperamentos são bastante semelhantes. Ambos são tão tolerantes que nunca tomarão resoluções definitivas; tão fáceis de levar que todos os criados vos enganarão; e tão generosos que hão-de sempre gastar mais do que têm.”

 

Confesso que partilho desta previsão. Tanto um como outro mostraram alguma inação perante os seus sentimentos um pelo outro, deixando-se influenciar demasiado pela opinião de outros, o que demonstra que ambos eram facilmente manobráveis. Ambos demonstram igualmente uma ingénua inocência, vendo até última instância o melhor e mais bondoso nas pessoas, o que revela igualmente, que seriam facilmente ludibriados por carateres menos sérios. Apesar de tudo, acho que este casal foi muito mais feliz do que o casal Darcy, no que toca a uma certa estabilidade na relação. Nenhum exigiu do outro grandes mudanças de caráter, como Mr. Bennet diz, eram igualmente tolerantes e creio que nas questões importantes, sabiam ceder em equilibrio. Já com o casal Darcy, duvido que esse equilibrio de cedências existisse, Lizzie tem um caráter demasiado arrebatado para ceder em questões que considerasse totalmente importantes... acho que na relação Darcy-Elizabeth, houve necessidade de fortes mudanças de caráter para que ambos pudessem conviver diariamente depois do assombro da paixão. Imagino-os (Bingley e Jane) como um casal com poucas desavenças, sem rupturas e com um amor incondicional, e talvez, com uma (demasiada) dependência um do outro.

 

Sabemos que os Bingley ainda ficaram em Netherfield por mais um ano, depois do casamento, mas a proximidade com Mrs. Bennet e com os mexericos de Meryton era demasiada – mesmo para dois seres tão tolerantes como eles! Acabaram por ir viver para as proximidades de Derbyshire, ou seja, para perto do casal Darcy.

 

Creio que com o amadurecimento próprio da idade e com a experiência que o tempo nos dá, tanto Bingley como Jane aprenderam a pensar mais por si próprios – um, porque se afastou da dependência das irmãs e Jane, por se libertar da subordinação e influência da mãe. Imagino sempre o casal Bingley com uma enorme prole de crianças, uns seis ou sete e, ao contrário de Mrs. Bennet, só de meninos! Gosto de acreditar que o maior desejo de Bingley era ter uma menina. Mas sei que o amor por aquelas crianças era tão grande ou maior ainda do que aquele que dedicavam um ao outro.

Fugindo para casar

Uma das participantes do nosso Clube de Leitura, na sessão do Porto, dizia que ficara surpreendida por encontrar o tema da gravidez antes do casamento no livro, a infeliz desgraça que ocorre a Eliza. Muitos temas que hoje encontramos amiúde nos livros eram na época de Jane Austen tabu e dificilmente eram tratados de forma aberta e clara. A própria gravidez de Charlotte Palmer é referida poucas vezes e de forma sempre discreta. Lady Middleton perante tal assunto chega mesmo a mudar o tema porque se sente incomodada. As coisas funcionavam assim...

 

Alguns livros que vou lendo parecem também estar cheios de fugas de amantes. A fuga era a única forma dos apaixonados poderem viver o seu amor. Teresa e Simão pensam em fugir, no Amor de Perdição, já que o seu amor era proibido pelos pais. Scarlett O'Hara, em E Tudo o Vento Levou também pensa nisso, embora seja apenas um plano seu e não seu e do seu amado Ashley Wilkes. Scarlett afirma que era o género de coisa que acontecia muitas vezes entre os seus amigos e conhecidos. Nos Maias, há diversas ideias de fuga: a Condessa de Gouvarinho que quer fugir com Carlos, este planeia fugir com Maria Eduarda e a única que foge realmente: Maria Monforte.

 

Em Orgulho e Preconceito, a fuga acontece protagonizada por Lydia Bennet. Sempre achei que este género de coisas serviam para dar algum atractivo aos livros e séries ou filmes mas que na vida real poucos ou nenhuns se atreveriam a fazer tal coisa.

Há umas semanas encontrei um livro, que ainda não li ou sequer comprei, mas que me pareceu bem interessante e que se enquadra neste tema da fuga. O livro chama-se Ana Kelly e a autora é Angela Leite; ao ler a sipnose percebi que estava perante um livro que contava uma fuga real. Mais interessante é que tudo se passou em Portugal, aquando da invasões francesas ou seja na altura em que Jane Austen viveu. Isto leva-me a pensar que possivelmente a fuga de Lydia pode muito bem ter sido inspirada em factos verídicos. Para os mais curiosos, aconselho a ler este post encontrado após uma pesquisa, é extenso mais muito bom, trata-se do relato da fuga feito por um descendente de Ana Kelly: Blogue

 

Se tiverem curiosidade sobre o livro aqui fica a capa e a sipnose, ambos tirados do site da Wook:

 

 

Na sequência das invasões napoleónicas, a Portugal chegam as tropas britânicas. Do contingente faz parte Waldron Kelly, um oficial irlandês. Quando se cruzam, Ana e Waldron apaixonam-se e perante a recusa da família em aceitar esse amor, a jovem fidalga foge, deixando para trás uma vida faustosa e uma família humilhada.
Juntos partem para onde a guerra chama pelo dever do jovem. Corajosa, a esposa acompanha-o, sem nunca se arrepender da escolha, nem quando a miséria lhes bate à porta e mais uma vez é desprezada pela família, levando-a, em desespero, a escrever um pedido de ajuda à Rainha Vitória.
Ana Kelly - Uma Saga de Amor e Coragem é uma biografia romanceada, mas genuína e intensa, de uma mulher que tudo enfrentou e suportou em nome do amor.

Lydia Bennet: a mudança por amor

Imagem retirada daqui

Lydia Bennet. É difícil encontrar, ou até imaginar, como teria sido o futuro da mais estouvada das irmãs Bennet. Ela que conseguiu casar com o seu príncipe encantado; ela que consegue ser tão cega ao ponto de não perceber o desagrado dele por se ver irremediavelmente preso a ela. Como esposa de um oficial que lhe preparou o futuro?

 

Sabemos que Fitzwilliam Darcy providenciou para que tivessem uma vida economicamente estável. No entanto, quanto tempo terá durado tão estranho enlace? Quanto tempo até George Wickham se perder por outra mulher ou por esquemas dúbios? E o mesmo se aplica para o lado oposto. Quanto tempo até Lydia perceber o desinteresse e desagrado do marido por ela e se lançar noutras aventuras tresloucadas?

 

Eu sei que estou a pensar como uma mulher do século XXI. Naquela época, as mulheres depois de casarem, 'morriam para o mundo' e, salvo raras excepções, ficavam com o marido até à morte. Então atrevo-me a dizer que Lydia terá sido uma dessas raras excepções. Uma estouvada com um pé no século XXI!

 

No entanto, e como sou uma rapariga romântica, uma Jane Bennet que vê sempre o melhor nas pessoas, gosto de imaginar que Lydia muda, que o seu amor por Wickham se torna mesmo genuíno e merecedor da admiração dele. E que também ele muda um pouco, que passa a ver Lydia com outros olhos e que chega mesmo a amá-la. Tudo pode acontecer. Se Jane Austen não nos presenteou com estas informações, a nossa mente austeniana não se importa de o fazer... livremente.