Ela concerteza irá perdoar-me pela demora neste post tão merecido, pelo facto de Jane Austen significar tanto para mim...Por muito cansada que esteja depois de um dia de trabalho, basta folhear ou somente olhar para os meus livros da Jane para dar um suspiro. Tenho um sentimento enorme de pertensa quando vejo tudo o que seja Jane Austen. Quase se pode dizer que estava no meu destino ser sua fã e amar cada linha que escreve. Por tudo o que Jane Austen significa para mim ela será sempre uma das minhas maiores inspirações na vida. E se um dia fosse possível encontrá-la "do outro lado" seria uma oportunidade grandiosa que teria para lhe dizer "thank you for your words!"
Na edição de 7 de Dezembro, o Wall Street Journal (em formato de papel) destacava na capa, na parte relativa ao "The Quirk", o novo mundo de Jane Austen. Na verdade, numa peça bem escrita, o jornal dedicava um artigo ao aniversário desta amada escritora. Discorria objectivamente sobre o seu aniversário, a sua obra, as adaptações dos seus livros para filmes e séries famosas (das quais destaco as da BBC que são sempre de excelente qualidade), as novas versões das suas estórias, os clubes de Jane Austen, as novas inspirações baseadas na sua obra, etc.
Para além disto, destaca ainda outros pontos de vista sobre a obra de Jane Austen, como seja o dos críticos literários e universitários que não a consideram uma escritora. Não me choca este ponto de vista, porquanto não se pode agradar a todas as pessoas. E ainda bem que assim é. Veja-se que Jane Austen, ao contrário de outras escritoras da sua época, viveu circunscrita a um círculo de pessoas e de lugares, o que poderia muito bem limitar por um lado a sua escrita e por outro a sua visão da sociedade. E note-se que nada disso aconteceu. Apenas por isto considero que Jane Austen foi uma ecritora excepcional. Nada na sua obra nos limita. A sua forma de observar com discernimento e profundidade as várias personagens que constam da sua obra dá-nos que pensar ainda nos dias de hoje. A sua visão sobre a sociedade, tal como a de Eça de Queirós, é ainda hoje muito actual. Talvez por isso as suas obras continuem a vender e o seu nome a ser destacado em vários sectores da cultura.
Vejam aqui o artigo publicado no Wall Street Journal online.
Persusão é o último dos romances escritos por Jane Austen. Foi terminado pouco tempo antes da sua morte, não tendo a autora a oportunidade de o rever. Coincidência ou não com o período que atravessava na sua vida, Jane Austen confere à heroína desta estória uma personalidade mais madura, mais consciente da vida e das pessoas e bem assim das suas qualidades e fragilidades. Este é, para mim, o romance que melhor define a escrita desta autora que tanto admiro. Trata-se de um texto, em comparação com os anteriores, escrito de uma forma mais madura, com mais confiança, mais serenidade e certeza quanto ao desenrolar da estória e quanto à modelação das personagens. A escrita prende-nos logo no início pela forma como discorre sobre a personagem de Sir Walter Elliot.
Embora a frase mais famosa de Jane Austen faça parte de “Orgulho e Preconceito” – curiosamente a sua obra mais famosa também -, a verdade é que “Persuasão” está repleto de frases bem escritas, bem estruturadas e cheias de significado quanto ao seu objecto. Mais uma vez, Jane Austen caracteriza de forma sublime, inteligente e subtil as fraquezas da sociedade de então.
A heroína desta estória é Anne Elliot, uma jovem que vive com o seu pai, Sir Walter Elliot, na propriedade de Kellynch-hall, no Somerstshire. O cavalheiro tinha como (grande) distracção o Baronetage, um livro que mais não era do que o registo da sua árvore genealógica. Apenas via virtude na beleza e noutras futilidades de então. Como bem escreve a nossa autora “a vaidade era o princípio e o fim da personalidade de Sir Walter Elliot; vaidade pessoal e de situação".
Anne era, para seu pai, uma jovem que não merecia grande consideração porquanto a sua beleza não era de grande evidência. Segundo ele, Anne há muito que perdera a vivacidade da juventude. Já Elizabeth, a filha mais velha, era a sua favorita porque tinha herdado tudo de sua mãe, incluindo a beleza, pelo que era a quem Sir Walter Elliot dedicava toda a sua atenção e respeito. Quanto a Mary, um casamento menos relevante quanto a fortuna e situação tinha-a colocado num lugar de menor importância para seu pai.
Jane Austen descreve, através de Lady Russell (uma amiga íntima da família pela parte da Mrs Elliot), a encantadora Anne Elliot da seguinte forma: “(…) Anne, possuidora de uma elegância de espírito e de uma doçura de carácter que deveriam tê-la colocado num elevado lugar na consideração de qualquer pessoa dotada de verdadeira compreensão, não era ninguém, nem para o pai nem para a irmã: a sua voz não tinha qualquer peso; a sua conveniência residia em transigir, ceder sempre – era apenas Anne. É verdade que, para Lady Russell, ela era realmente uma muito querida e altamente apreciada afilhada, a sua preferida e amiga. Lady Russell amava-as a todas, mas só em Anne conseguia imaginar que a mãe poderia voltar a viver."
Anne viveu um grande amor oito anos antes da localização temporal da estória, a que pôs fim por respeito à família. O capitão Wentworth era (e é) o eleito do seu afecto. Ao longo da estória Anne irá deparar-se com o seu desprezo e até com o seu desdém. Será perante estas situações, e outras que surgirão, que Anne mostrará a grandeza e a elegância do seu carácter.
Um outro aspecto que gostei em “Persuasão” foi, como diz uma das personagens do filme “O clube de leitura de Jane Austen”, a força e o impacto que Jane Austen imprime a uma carta bem escrita.
Estas são algumas das características que admiro na escrita de Jane Austen.
"Todos temos os melhores guias em nós mesmos. Melhor do que qualquer pessoa poderia ser"
Aqui estou a fazer a minha homenagem a Jane Austen... Não será idilica nem ideal mas é de coração...
Mansfield Park não é das minhas obras de eleição... a forma como Edmund e Fanny se juntam no final apesar de parecer que, no fundo, eles estavam destinados um para o outro, não me arrebata.
Acho sublime nesta obra a forma como Jane Austen mostra a sociedade... a futilidade, a inconsciencia das consequencias de determinados comportamentos, e exaltação da beleza e da superioridade como sendo algo estritamente ligado à posição social... tudo retratos da sociedade fieis e que mostram o que de pior as sociedades podem ter.
Fanny era a parente pobre e sempre foi tratada como tal pelos seus tios e primos, com excepção (claro) de Edmund. Mas Fanny era superior, como convém a qualquer heroina, e "sente" essa superiordade quando visita os pais. Mas mantém-se sempre fiel à familia, sempre...
E a familia é um polo central e importante nas obras de Jane Austen, a meu ver. Em todas as suas obras a familia directa tem uma grande importancia em toda a história, seja de forma positiva seja de forma negativa, e Mansfield Park demonstra-o claramente! Fanny é fiel aos seus tios e primos mesmo sendo tratada como a "parente pobre" e é fiel aos seus irmãos e pais mesmo não aprovando por vezes a sua conduta e tendo consciencia das suas "falhas".
Mansfield Park é mais uma obra de uma grande escritora que demonstra nas suas obras a grande consciencia que tinha da sociedade em que se inseria e que tão bem conhecia o ser humano e os seus sentimentos.
Este meu pequeno texto não transmite todo o meu sentimento por Jane Austen e pelas suas obras: sublimes... todas fantásticas e apaixonantes!
Quase todas as leitoras de Jane Austen amam Mr. Darcy.
Digo "quase" para não ser extremista e dizer que "todas" amam Mr. Darcy. Eu confesso que também amo inúmeros aspectos em Mr. Darcy, mas o meu coração foi completamente arrebatado por Mr. Knightley desde a primeira vez que li "Emma".
Mr. Knightley tem uma excelência difícil de ser explicada. Sempre que leio "Emma", acabo por imaginar as expressões, os olhares, as palavras dele. Ele é, em tudo o que faz e diz, ponderado, atento, gentil, sábio e correcto. Como eu aprecio um homem que sabe ser gentil e correcto! Eu o imagino como um observador atento e reflectido. Alguém que não se precipita nem se deixa levar por comentários alheios. Todas as acções dele regem-se por princípios e valores de rectidão. É alguém cujo o discurso corresponde às suas acções. Se pensarmos bem, isto não é uma coisa rara somente na nossa actualidade. Se tivermos em conta os outros personagens masculinos de "Emma", tais como Mr. Elton e Frank Churchill, constatamos que a dissimulação era prática social corrente. Diria até que ele é, utilizando uma expressão corrente, "a voz da razão" na vida de Emma.
Em quem terá se inspirado Jane Austen para criar um personagem com semelhante grandeza de carácter? Terá sido apenas resultado de um conjunto de características do homem que ela consideraria ideal? Estas são interrogações que me coloco vezes sem conta.
Devo manifestar aqui a minha gratidão à querida Jane por nos ter concedido um personagem tão completo e fascinante como Mr. Knightley.
Os livros de Jane Austen têm lugar de honra: na minha prateleira predilecta, junto de outros clássicos que amo. Ficam empilhados, sempre à mão. Sei que vou manuseá-los com frequência. Sei que vou recorrer às frases de Jane como quem procura um ombro amigo. Sei que vou reler-lhe as palavras vezes sem conta. Ela pisca-me o olho em cada frase. Conheço-lhe o humor e o sorriso. Conheço-lhe os valores e ideias. Conheço-lhe e prezo a sua coragem. Quantas vezes não conspirei, juntamente de sua voz, o valor de ser mulher? Quantas vezes compreendi-lhe a ideia do amor constante? Quantas vezes, quantas tardes, quantas noites, quantas horas? Tantas...
Ler-lhe ainda é uma descoberta. Há um semelhante dinamismo e contemporaneidade na sua escrita que, por vezes, fico pasmada. Talvez seja esta coisa, este olhar atento, esta alma, esta inteireza de ser mulher e disto transparecer na sua escrita. Não sei bem. Não sei bem explicar.
Sei que identifico-me. Sei que amo Jane Austen. Nunca será demais dizê-lo. Neste dia, é importante reafirmá-lo.