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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Classificação dos Heróis em Jane Austen

Título Original: Criteria for Rating Heroes
Retirado do site: Pemberley

Autor do Artigo: Ellen Moody

Traduzido e Adaptado por Clara Ferreira

 

 

Vou aproveitar a pergunta sobre "porquê que gostamos mais de alguns heróis de Jane Austen do que de outros?". Eu penso que não é apenas uma questão de não ter nada para os perdoar, porque algumas coisas são mais fáceis de perdoar que outras, e quando decidimos o que achamos mais fácil de perdoar estamos a dizer mais sobre a nossa própria moralidade do que à de Austen.

 

  • Os heróis que têm normalmente menos fãs, são aqueles que são profundamente morais; deixem-me chamá-los de tipo Ashley Wilkes (de "E Tudo o Vento Levou"): sensíveis, bons, leais, com um comportamento impecável, tacto, gentis e altruístas e muito convencionais no que toca ao sentido que têm sobre como deve ser um "gentleman"; Austen, claro, engana-nos e adiciona a estas características a reserva, utilizada para proteger o próprio (como vemos em Knightley no seu comportamento com Emma), também o ser acanhado, muito pouco alegre numa festa - características/defeitos muitas vezes apontados e aos quais os leitores não perdoam a Edmund Bertram, Edward Ferrars, Coronel Brandon e George Knightley. Tal como Rhett Butler diz, eles são cavalheiros apanhados num mundo que idolatra a beleza, suavidade e a liderança. Edward Ferrars e Coronel Brandon são fracos nessa batalha de domínio entre pessoas, o que talvez seja a essência da vida. Heróis deste género são patetas, pedantes e empertigados, epítetos comuns atirados contra alguns tipos de heróis em Jane Austen, não? Mas Austen crê que estes homens quando são também inteligentes, queridos e constantes (com devido rendimento), fazem as mulheres felizes, especialmente quando a natureza e gostos de ambos são similares, exemplo disso são Elinor Dashwood e Edward Ferrars ou Fanny Price e Edmund Bertram. Diria que Knightley não assenta bem aqui, uma vez que não é fraco na batalha da liderança, ela apenas partilha de algumas qualidades de Edward Ferrars, Edmund Bertram e Coronel Brandon, pelas quais alguns leitores tiveram muito tempo até lhes perdoar. Eu sou fã de Edward Ferrars e Edmund Bertram, embora não me quisesse casar com eles, eles aborrecem-me até às lágrimas; e para ser sincera, eu não acredito totalmente no Coronel Brandon. Ele é um evadido de uma ficção gótica, fantástica, teatral, afectiva mas não totalmente persuasiva; nem o casaco de flanela consegue esconder a origem.

 

    • Agora os heróis que são também vilões aos quais podemos chamar de tipo Rhett Butler. Para ser menos anacronista e estar mais próxima do arquétipo fundamental temos os nossos subtis libertinos: Willoughby, Wickham, Henry Crawford, Frank Churchill e talvez William Walter Elliot. Estes são homens sedutores, sedutores precisamente porque são perigosos, engraçados de estar, divertidos, bonitos. O que +e que temos para perdoar aqui? Deslealdade, ter tido sexo com outra mulher, indiferente, despreocupado, egoísmo, a habilidade de estar infinitamente inactivo e mais importante, a incapacidade de olhar para eles próprios e ver o que está mal e mudar, porque eles não podem sentir o tipo de alegria que surge com o amor intenso e tudo o que vem com ele. Parece que Austen sugere que, enquanto grupo, estes homens são pouco profundos nas suas emoções, porque a estes "libertinos" dos romances é dada uma intensidade de emoção em demasiada escala. Austen não permite isso; isso é o delicioso veneno que bebemos para a nossa própria destruição. Eu diria que muitas pessoas não teria assim tão grandes problemas em perdoar as falhas acima citadas, mas Austen considera esse tipo de homem um mau material para maridos; e eu sugiro que a única qualidade que ela seria incapaz de perdoar a estes homens é a sua insensibilidade e inconstância. No entanto, sejamos justos, são géneros divertidos, nunca um momento aborrecido com Willoughby - embora lendo com cuidado, podemos afirmar que ele pode ser visto como pouco profundo e egoísta. É o tipo de rapaz que não se arrepende de ter passado um bom bocado, mas terrivelmente arrependido de não ter conseguido o seu doce no fim. E a Henry Crawford são dadas possibilidades, somos levados a achar que ele pode ter-se transformado no 3º tipo, embora eu duvide.

     

    • Temos agora o 3º tipo, no qual eu sugiro que Henry Tilney entra. De certa maneira, Jane Austen foi a inventora deste tipo e por isso lhe chamarei o tipo de Frederick Wentworth. O que temos para lhes perdoar é aquilo que temos de perdoar a qualquer ser humano que é fundamentalmente decente e querido e inteligente e também capaz de ter uma conversa interessante - o tempo e as circunstâncias é que não estiveram sempre do seu lado. Isso acontece com Darcy - Darcy tem sido objecto de sincopacia continuada, demasiada indulgência e possuidor de um coração frio e repleto do orgulho materialístico de todas as Ladies De Bourgh deste mundo. Ele precisa de olhar para o seu coração para poder mudar. E fá-lo. Temos de lhe desculpar as reprimendas, a arrogância, o pessimismo em relação à natureza humana, uma certa frieza (...). Este grupo inclui Wentworth o meu herói favorito (...). Henry Tilney também não tem tudo do seu lado - tenhamos como exemplo o seu pai tirano; mas a sua mãe parece ter sido muito boa pessoa (tal como a mãe de Anne Elliot) e o rapaz tem a felicidade de possuir rendimento e garantir a sua independência. Na verdade, não havendo nada para perdoar, talvez por ser ainda tão jovem e alegre e tão humano, e por isso o coloco neste 3º tipo inventado por Jane Austen, os cavalheiros que têm tudo, tudo o que encanta uma mulher e que fazem deles um partido. Deixem-me terminar com George Knightley, porque ele sofre da falha que tem Tilney - não há nada a perdoar - mas neste caso, pobre homem, não podemos perdoar-lhe a perfeição, porque ao contrário do tipo 1, ele não é fraco nem pedante, nem acanhado (embora, tal como ele diz, não saiba muito bem expressar-se no que toca aos sentimentos do coração). Mas, lembremo-nos, conhecemos Knightley apenas pelo ponto de vista de Emma e talvez seja por isso que ele nos pareça tão perfeito. Mas eu amo Knightley, de verdade. Adoro o seu tacto, a cortesia, o cavalheirismo, o seu pensamento sempre acertado, nem me importa o seu pensamento moral por vezes exagerado. (...)

    Como é que nunca me tinha lembrado disto?!

     

    Estava hoje a pensar... a minha grande personagem masculina é Mr. Knightley, acima de tudo pela capacidade de argumentação, pelo tom irónico e sarcástico, pela dedicação e amizade a Emma. No entanto, nunca relevei o facto de ele ter mais 15 anos que Emma e por isso, ter praticamente a mesma diferença de idades que tem Brandon e Marianne (creio), diferença essa que sempre considerei muito abismal. Até porque sempre encarei Brandon como um personagem velho, acima de tudo por viver tão preso ao seu passado e toda a história dramática de amor que viveu.

    Mas quanto a Knightley nunca me apercebi desta diferença de idades tão semelhante, porque também nunca o encarei como "velho", a sua inteligência, o seu charme e a capacidade de nos fazer rir, e também o facto de acreditar no verdadeiro amor que ele sente por Emma, que para mim é diferente do amor de Brandon por Marianne, que vê nela o amor do seu passado, quem ele amou verdadeiramente (e aqui quase que caio no erro de "um amor só" de Marianne), mas sempre achei que Brandon só amava Marianne porque ela se parecia com a sua Eliza.

     

    Impressões das leitoras, agradeço, para melhor compreender esta minha posição.

     

     

     

    Mr. Darcy, peço desculpa...

     

    Peço desculpa ao Mr. Darcy e às suas calorosas fãs. Dexei de o achar encantador, como na altura em que li Orgulho e Preconceito, no momento em que me apresentaram Mr. Knightley e recentemente, os olhos com que tenho visto Henry Tilney.

     

    Tentei discurtinar a razão para esta recente decepção por Mr. Darcy, e descobri... Mr. Darcy tem pouco sentido de humor, quase nenhuma ironia (Lizzie abarca tudo isso, é certo).

     

    Para mim, Mr. Darcy perdeu a piada... será temporário, pelo menos até rever e reler Orgulho e Preconceito? Não sei, mas a verdade, é que sempre preferi Knightley a Darcy, e de há uns tempos para cá, prefiro Knightley, Tilney e Wentworth a Darcy.

     

     

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    E voces, qual escolheriam?

    Mr.Knightley Mr. Tilney Captain Wentworth Mr. Darcy

    "Badly done, Emma"

    "It was badly done, indeed! You, whom she had known from an enfant, whom she had seen grow up from a period when her notice was an honour, to have you now, in thoughtless spirits, and the pride of the moment, laugh at her, humble her--and before her niece, too--and before others, many of whom (certainly some,) would be entirely guided by your treatment of her.--This is not pleasant to you, Emma--and it is very far from pleasant to me; but I must, I will,--I will tell you truths while I can."

     

    Emma, volume 3, capítulo 7

     

     

    Esta é a grande frase da obra "Emma". Um dos grandes momentos do romance que deixa o leitor em suspense. Confesso que gosto muito da versão de 1996 da cena do "Badly done, Emma!".

     

     

     

     

    George Knightley

    George Knightley é o herói no livro "Emma".

    Confesso que é o meu personagem masculino preferido de todas as obras de Jane Austen. Alia na sua personalidade, uma grande capacidade de avalição de carácter, uma justeza monumental e um humor muito irónico.


    Mr. Knightley é um grande amigo de Emma, embora a sua diferença de idades seja de dezassete anos. Para além de grande amigo faz parte da família uma vez que o seu irmão é casado com a irmã de Emma, Isabella.

    A troca de argumentos entre ele e Emma, são dos momentos mais altos da obra e por isso, os mais interessantes. Knightley parece ser o único capaz de confrontar Emma das suas falhas, de a persuadir a melhorar, o que demonstra grande estima.


    Mr. Knightley é um solitário na sua mansão de Donwell. É um verdadeiro "gentleman", faz lembrar Darcy, mas sem a quantidade exacerbada de orgulho.


    A relação entre ele e Emma parace ser uma grande amizade mas não mais do que isso. Só descobre a sua grande paixão por Emma quando supõe que existe uma relação entre ela e Frank Churchill. Só quando sente ciúmes é que descobre os seus próprios sentimentos. E o mesmo acontece com Emma, o que não deixa de ser curioso.

     

    Existem três livros que contam a história de Mr. Knightley: "Mr. Knightley's Diary" de Amanda Grange; "Emma e Knightley: Perfect Hapiness in Highbury" de Rachel Billington e "George Knightley Esquire" de Barbara Cornthwaite.

     

     

    George Knightley foi levado para os ecrãs com os actores:

     

    • John Carson (1972)

    • Jeremy Northam (1996)

    • Mark Strong (1996)

    • Jonny Lee Miller (2009)