Dominic Cooper como Willoughby em Sensibilidade e bom senso de 2008.
Mais uma vez, não é assim que imagino Willoughby. Este tem uma expressão demasiadamente infantil e não sinto grande química com a Marianne interpretada por Charity Wakefield. Além disso, este personagem é retratado como sendo muito sedutor, atraente e conquistador e este actor não deixa transparecer isso. Para ser bem sucedido teria de nos deixar o mesmo sentimento de tristeza que nos deixou Henry Crawford quando não conseguiu conquistar Fanny Price. Mal por mal, o Greg Wise na versão de 1995 sempre faz melhor o papel. Mas ainda não é o perfeito Willoughby.
Dominic Cooper é o actor que dá vida ao personagem Willoughby. Eu só me recordo de o ver actuar em “Mamma Mia!” e, neste filme, o seu personagem não tem tanta exposição que me faça conceber uma opinião. Sei que ele trabalhou também nos filmes (muito elogiados) “A Duquesa” e “Uma educação” mas como nunca assisti ambos filmes, nem os outros em que ele actuou, vê-lo em “Sensibilidade e Bom Senso 2008” foi quase como olhar para uma tela em branco.
Se tivermos como base o que Jane escreveu, ficámos com a ideia de que Willoughby é absolutamente fascinante e que, aos olhos românticos de Marianne, esta qualidade é ainda acrescida. Em oposição, o seu rival - Coronel Brandon - seria um cavalheiro, mas sério e calado; e, por isso, sem graça. O que se passa, nesta versão, é o oposto. Willoughby é completamente insípido enquanto o Coronel Brandon um homem interessante e com presença.
O Willoughby desta versão é uma absoluta decepção para mim. Está muito longe de ser o jovem cativante e sedutor que Jane Austen concebeu. Nem consigo encontrar alguma "química" entre ele e a Charity Wakefield. As duas únicas sequências dele que achei razoáveis foram:
1. Quando ele leva Marianne para conhecer a casa que vai herdar: Gosto desta sequência, tem uma carga de doçura e, ao mesmo tempo, de sedução e intimidade latentes. Há um jogo de luz e sombra, ao nível da fotografia, dentro da residência muito interessantes.
2. Quando ele conversa com Elinor, na altura em que Marianne está doente: A mudança da fisionomia e a própria cor da cena mostram um lado negro e oculto de Willoughby que resultou muito bem para reforçar o baixo nível do seu carácter.
Este personagem precisava de um actor mais carismático para fazer-lhe justiça. Ainda não vi nenhuma versão em que ele fosse interpretado à altura.
Vi recentemente o filme "Uma Outra Educação" que valeu a Carey Mulligan a nomeação para Oscar de Melhor Actriz. Gostei muitíssimo do filme e foi um prazer encontrar uma série de caras conhecidas das adaptações das obras de Jane Austen neste filme.
Emma Thompson que interpretou Elinor Dashwood em Sensibilidade e Bom Senso (1995)
Rosamund Pike que interpretou Jane Bennet em Orgulho e Preconceito (2005)
Olivia Williams que interpretou Jane Austen em Jane Austen Regrets
Dominic Cooper que interpretou john Willoughby em Sensibilidade e Bom Senso (2008)
Carey Mulligan que interpretou Kitty Bennet em Orgulho e Preconceito (2005) e Isabella Thorpe em Abadia de Northanger (2007)
Sally Hawkins que interpretou Anne Elliot em Persuasão (2007)
John Willoughby é o protótipo do Herói. Mas em Sensibilidade e Bom Senso, transforma-se num Não-Herói.
John Willoughby é a eterna paixão de Marianne Dashwood. Apenas conhecemos uma parente sua Mrs. Smith, uma tia muito rica. Mais tarde, acaba por casar com Miss Grey uma mulher com bastante riqueza.
John Willoughby tem a oportunidade de se tornar num verdadeiro herói, como Henry Tilney, abdicando de toda a seua herança e fortuna para casar com o seu verdadeiro amor - Marianne Dashwood. Mas escolhe a herança, o dinheiro.
Tem semelhanças com Mr. Wickham, embora acrescente mais valor ao seu carácter que o último, uma vez que demonstra arrependimento. E é por isso que lhe dou relevo, porque não sendo o grande herói de Sensibilidade e Bom Senso consegue fazer parte do nosso rol de heróis.
Existe um livro que conta a sua história: "Willoughby's Return" de Jane Odiwe.
No grande ecrã, foram estes actores que lhe deram corpo: