Título Original: The People in Jane Austen's Life - The Best Friend - Martha Lloyd Retirado do site: Jasa
Autor do Artigo: Lorraine Lock
Traduzido e Adaptado por Clara Ferreira
Que honra ser encarada como melhor amiga de Jane! E Martha Lloyd era mais do que isso. A sua relação com a família Austen tornou-se num ponto marcante para a sua vida.
A maior parte dos biógrafos de Jane Austen confirmam a afeição quase de irmãs entre Jane e Martha.
Park Honan, em "Jane Austen Her Life" refere-se a Martha como "afeiçoada, quente, não-crítica e risonha amiga... a sua melhor amiga".
Em "Becoming Jane", Jon Spense escreve: "Depois de Cassandra, Martha era a pessoa com quem Jane era mais íntima. Respeitava a sua sensatez e confiava na sua discrição. Podia falar livremente com ela."
Claire Tomalin escreve sobre a chegada dos Lloyd à paróquia de Deane na Primavera de 1789 e diz-nos: " Mrs. Lloyd era a viúva de um pároco com parentes aristocráticos, do género de que Mrs. Austen se vangloriava, e recebeu-os muito bem como uma adição agradável para a sociedade local".
Os Lloyd eram primos dos Fowles (Mrs. Lloyd e Mrs. Fowle eram irmãs) e quando George Austen preparava os seus próprios filhos para a universidade, ele ensinou também Fulwar Fowle e o seu irmão Tom enquanto pupilos. Foi Tom que se tornou noivo de Cassandra, e Eliza Lloyd (segunda irmã de Martha) casou com Fulwar Fowle. Tomalin diz-nos que "Mary (irmã mais nova de Martha) era a favorita de Mrs. Austen, mas embora fossem próximas de idade, Jane nunca gostou dela. Ela preferia Martha, cerca de dez anos mais velha, mas com muito sentido de humor. Histórias e poemas foram dedicados a Martha e ela e Jane não se importavam de partilhar a cama quando necessário; elas deitavam-se e falavam e riam até às duas da manhã se necessário. Desde então, os Lloyd eram visitas constantes da vida dos Austen".
Martha nasceu em 1765 e foi baptizada em Bishopstone Wiltshire em Novembro de 1765.
Maggie Lane em "Jane Austen's Family - Through Five Generations" conta-nos que a mãe de Martha ensinou as suas filhas a girar, a fazer o laço e a costurar as suas meias diárias. Também foram enviadas para Newbury para lições de dança uma vez por semana durante sete anos.
Irene Collins em "Jane Austen and the Clergy" diz que, enquanto a educação de Martha foi um tanto ou quanto limitada - a sua mãe ensinou-a a ler tendo por base os salmos e a escritura - também vieram professores para ensinar escrita e aritmética e Martha interessou-se na leitura e gostava muito de discutir livros com Jane.
Martha Lloyd gostava muito de moda, teatro, dança, cozinha e longos passeios com Jane. Ela era dependente, capaz e um apoio para os seus amigos e família e parece não haver qualquer crítica sobre ela. Jane dedicou "Frederic and Elfrida" a Martha (...).
Quando a irmã de Martha, Mary, casou com James Austen, a 17 de Janeiro de 1797, Mrs. Austen escreveu a Mary: "Diz a Martha que também ela se vai tornar minha filha, ela honra-me muito com o seu pedido". Passados anos Martha estava disponível para ser companhia para Mrs. Austen, o que fez com que Jane e Cassandra estivessem indisponíveis para visitar outros membros da família e amigos. (...)
Sabemos que Martha leu "First Impressions", Jane menciona isso numa carta a Cassandra em Junho de 1799. (...)
Park Honan providencia-nos algumas informações sobre o romance de Martha e algumas das suas possíveis falhas: " ela sofrera com um amor destroçado e recuperou lentamente: "Vejo que Martha - Jane contou à irmã - está melhor na sua aparência e espírito, fico contente por ela poder agora falar abertamente sobre Mr. W.". Mas parece que Mr. W. deixou uma marca e Martha tornou-se mais receptiva e modesta. A sua única falha está na sua bondade ou na sua capacidade de fugir daqueles em necessidade, como fez a Mrs. Dunsas, a sua amiga inválida de Barton Court (...).
Foi Martha que regressou a Steventon com Jane nos finais de 1800, para receber as notícias de que os Austen estavam prestes a partir para Bath e Claire Tomalin diz-nos que Martha ajudou Jane a arrumar os mais de 500 volumes de livros. O pai de Jane morreu em Janeiro de 1805 e quando a mãe de Martha morreu no Verão do mesmo ano, Martha juntou-se aos Austen em Bath. Manteve-se com eles durante a mudança de Bath para Southampton e depois em 1809 para Chawton. Depois da morte de Jane em 1817, Martha permaneceu em Chawton e ajudou Cassandra a tomar conta de Mrs. Austen.
Martha deixou-nos como legado um livro de Receitas (...).
Em 1827 Mrs. Austen morreu e um ano depois, Martha casa com Francis Austen a 24 de Julho. Martha tinha então 62 anos e era nove anos mais velha que Francis, mas parece que viveram 15 anos de felicidade juntos. (...) Viveram em Portsdown perto de Porthsmouth. (...) Em Fevereiro de 1837 Frank foi entitulado de "Knight" e Martha tornou-se na Lady Austen. Ela morreu em 1843 con 78 anos.
Existe muito que não sabemos sobre Martha, mas pelo menos temos o seu livro de receitas e muitas referências dos seus amigos a comprovar as suas qualidade de carácter. Ela era dependente, prestável e sempre pronta para apoiar, uma intíma e mekhor amiga de Jane durante 28 anos, que finalmente se tornou Austen, por direito.
Título Original: The People in Jane Austen's Life - The Aunt and Uncle: The Leigh-Perrots Retirado do site: Jasa
Autor do Artigo: Catherine Barker
Traduzido e Adaptado por Clara Ferreira
James Leigh viveu de 1735 a 1817, era o irmão mais velho da mãe de Jane. Irmão e irmã gostavam um do outro e James foi testemunha do casamento dos Austen em Bath (1764). James era simpático, hospitaleiro, inteligente e com uma mente curiosa, bondoso e afectuoso, fácil de lidar, bem disposto e, tal como a sua irmã Cassandra, um grande falador. Diferente dela, contudo, teve a sorte de herdar uma boa fortuna ainda jovem.
James e Cassandra tiveram uma tia-avó Ann Leigh, uma solteirona. Quando o seu irmão Thomas (sem descendentes) anunciou a sua intenção de lhe legar o a sua propriedade em Northleigh em Oxfordshire, ela pediu-lhe antes que o deixasse ao sobrinho James Leigh, e que lhe (a ela) deixasse apenas uma anuidade de 100 libras. Ele aceitou fazê-lo desde que o seu sobrinho aceitasse o nome Perrot. James, na altura com apenas 14 anos, cresceu sabendo que iria herdar a propriedade de Northleigh quando atingisse a maioridade aos 21 anos.
Às suas irmãs foram apenas deixadas 200 libras para cada. Contudo, quando James tomou pocessão de Northleigh, descobriu que aquela propriedade não lhe agradava, por isso, demoliu-a e vendeu a terra ao Duque de Marlborough. Depois construiu para ele uma nova casa, Scarlets em Hare Hatch na paróquia de Wargrave, na estrada de Bath entre Maidenhead e Reading no condado de Berkshire. Todavia adiciounou o apelido Perrot ao seu nome, tornando-se James Leigh-Perrot.
No mesmo ano em que a sua irmã Cassandra Leigh casou com George Austen, 1764, ele casou com uma herdeira da antiga família de Lincolnshire, os Cholmeleys. Jane Cholmeley, que viveu de 1744 a 1836, era a filha de um advogado que passara grande parte da sua vida na América. Jane foi enviada para um Colégio em Inglaterra aos seis anos, de Barbados, onde tinha nascido. Foi enviada para ficar com o seu tio Sir Montague Cholmeley de Lincolnshire durante as férias. Ela soube sobreviver a este estranho início de vida e na idade de 21 anos cativou o novo rico James Leigh-Perrot, tornando-se na Senhora de Scarlets, onde ela e James tiveram uma vida de ócio e independência.
Enquanto grande socializadora, Jane vangloriou-se de jantar com mais de 30 famílias na área. Os Leigh-Perrot (sem descendentes) dividiam o seu tempo entre a casa de Berkshire, Scarlets e o Nº 1 The Paragon em Bath, uma imponente casa térrea com vistas para todo o campo, que eles alugavam todos os invernos. Foram para Bath para James tomar as águas, pois ele começava a dar sinais da gota.
Em 1799, a tia Jane foi envolvida num escandâlo quando foi presa por roubar em lojas e levada para a prisão, acusada por um vendedor de Bath de ter roubado uma peça de 1 libra. O crime de que foi acusada podia levar à pena de morte porque a peça valia mais de 1 shilling. Na prática, contudo, se ela fosse dada como culpada, o mais provável era ser enviada para a baía de Botany por 14 anos, que era o equivalente a uma pena capital para uma mulher da sua idade e classe. Sendo recusado o pagamento de uma multa, Jane Leigh-Perrot foi mandada para a prisão pela acusação feita polo vendedor. Devido à sua riqueza, estatuto social e idade ela foi enviada não para a prisão propriamente dita, mas para a casa do Director da prisão, Mr Scadding no condado de Somerset em Ilchester, onde Mrs Leigh-Perrot escreveu que eles sofriam de "vulgaridade, sujidade, ruído desde manhã até à noite".
O tio James apoiou a mulher durante todo o seu calvário, insistindo em permanecer com ela na "prisão". A tia Jane comportou-se com dignidade e compostura no seu julgamente, falando por ela mesma antes de vários testemunhos em favor do seu carácter serem lidos ao tribunal e o juri demorou apenas 10 minutos a declará-la inocente. Nunca saberemos ao certo de Jane Leigh-Perrot era culpada ou não.
Claire Tomalin, que descreve a tia Jane como "um pássaro velho com um marido incrivelemente leal", diz-nos que depois deste episódio os Leigh-Perrots "recuperaram totalmente a sua dignidade". As infelizes circunstâncias do julgamento não alteraram a sua rotina de passar metade do ano em Bath. Em 1801, no ano seguinte a este dramático episódio, os Austen vieram viver para Bath e os Leigh-Perrot estavam satisfeitíssimos. Os Austens estiveram com eles nas primeiras semanas em que chegaram a Bath, enquanto procuravam uma casa para alugar. Eles foram descritos como simpáticos e muito receptivos (...).
Em 1806 James Leigh-Perrot tornou-se num dos possíveis beneficiários, assim como o seu primo Thomas Leigh e outros, do grande estado de Stoneleigh Abbey em Warwickshire. Contudo ele estava tão ligado aos Scarlets que decidiu abandonar o seu lugar na sucessão disputada e após muitas negociações em Londres, ele recebeu 20,000 libras e 4.000 libras anuais (...) A tia Jane viveu para lá dos 90 anos por isso, foi um negócio muito bem conseguido (...).
A 28 de Março de 1817, James morreu pacificamente contando 82 anos. Jane Austen, ela própria já doente, insistiu que estava bem o suficiente para que Cassabdra, que cuidava dela, viajasse até Berkshire para apoiar a tia Jane no seu luto, e assim, a sua irmã chegou no dia seguinte a Scarlets. James, Mary e Francis tabém vieram a Berkshire para assistir ao funeral do seu tio que foi sepultado em Wargrave.
O facto do seu irmão e cunhada não terem descendentes encorajou Mrs. Austen a achar que eles variam dos seus filhos os seus herdeiros, mas apesar de vários presentes generosos de James Leigh-Perrot, no seu testamento deixou tudo à mulher, estipulando apenas 1000 libras para cada um dos filhos da irmã, Cassandra Austen depois da morte da sua mulher, altura em que James Austen, o filho mais velho de Cassandra Austen, receberia ainda 24.000 libras. A sua irmã, Mrs. Austen, não era sequer referida no testamento! O testamento do tio James era a última luz ao fundo do túnel para os problemas financeiros dos Austen, e por isso mesmo, ficaram muito desapontados (...).
Poucos meses depois da morte do tio, Jane Austen morre também, mas a sua tia Jane viveu por mais 20 anos, morrendo no início da Época Victoriana. O seu sobrinho, James Austen, o herdeiro expectável, morreu também em 1819, muito antes da tia. Altura em que ela mostrou a sua generosidade inconsistente oferecendo à sua mãe, a sua cunhada, uma anuidade de 100 libras como compensação da perda de renda que ela sabia que Mrs Austen ia sofrer pela morte do filho. Esta oferta foi gratificantemente aceite.
Foi o filho de James Austen, Edward (sobrinho de Jane Austen) quem finalmente beneficiou da relação Leigh-Perrot. Quando Edward obteu o seu diploma em Oxford, a tia Jane fez-lhe uma generosa atribuição de 300 libras por ano e a partir dessa altura tomou-o como seu herdeiro. Edawrd queria tomar Ordens, ma a tia Jane (ao estilo Mary Crawford) desaprovou a sua escolha de profissão e desejou que a sua atribuição fosse insuficiente para ele viver como um gentleman não indo para a Igreja. Contudo, Edwar tomou Ordens, e mais tarde caiu nas boas graças da tia por ter feito um bom casamento. A sua escolha incidiu sobre Emma Smith da família de Chute que era proprietária da Vyne, a casa de Hampshire muitas vezes visitada por Jane Austen.
Na sua morte, em Novembro de 1836, Edward herdou capital suficiente para produzir uma renda anual de 500-600 libras, assim como também o dinheiro devido do seu pai testamentado por James Leigh-Perrot, 24.000 libras. A sua família assentou em Scarlets e tomou as armas e nome de Leigh em adição ao seu apelido. Tornando-se James Edward Austen-Leigh, como o conhecemos hoje, quem produziu mais tarde, "The Memoir of Jane Austen" a sua primeira biografia.
Título Original: The People in Jane Austen's Life - The Suitor: Harris Bigg-Wither Retirado do site: Jasa
Autor do Artigo: Jenny Simons
Traduzido e Adaptado por Clara Ferreira
Em Dezembro de 1802, Jane Austen aceitou e recusou a única proposta de casamento que conhecemos (embora John Spence, em Becoming Jane Austen, está certo de que Edward Bridges também lhe propôs casamento). Esta situação tem sido referida como "o grande fiasco de Bigg-Wither" tanto por Spence como por outros biógrafos de Jane Austen. Tenho de concordar.
Harris Bigg-Wither nasceu em Wiltshire a 18 de Maio de 1781, cinco anos e meio depois de Jane. Ele era o segundo mais novo de nove filhos - sete raparigas e dois rapazes e baptizado com o nome da avó, Jane Harris. Harris tinha oito anos quando o seu pai Lovelace herdou a propriedade de Manydown Park em 1789 e se mudou para lá com a família. Manydown era perto de Setenton, onde Jane morava. Os primos que tinham herdado a propriedade eram chamados de Wither e por isso, Lovelace decidiu mudar o apelido para Bigg-Wither e também o dos seus filhos. As filhas mantiveram o apelido Bigg.
Os Austens e os Bigg-Withers rapidamente se tornaram amigos e Jane terá conhecido Harris quando ele tinha oito anos e ela catorze. Harris tinha estranhas maneiras e era um pouco gago, gostava de brincar e gozar com as irmãs. Quando ele tinha treze anos, o seu irmão mais velho morreu e Harris tornou-se no herdeiro de Manydown e de muitas outras propriedades.
Dois anos depois Jane Austen estava a dançar e a namoriscar com Tom Lefroy no baile de Manydown, como ela escreve na primeira carta dela a que temos acesso. Presumivelmente Harris era parte da companhia, mas Jane não o menciona. Uma amizade sólida manteve-se entre Austen e as Bigg. Em 1800, quando Jane tinha vinte e conco anos e Harris vinte anos ela escreveu:
Harris parece estar pobre de alguma maneira, pela maneira como não leva cuidado com o corpo; a sua mão sangrou um pouco no outro dia e Dr Littlehales tem estado com ele nos últimos dias.
Nunca saberemos ao certo quão pouco cuidado com o corpo ele tinha!
Depois do pai de Jane se reformar e eles se mudarem para Bath, a amizade entre Jane, Alethea e Catherine Bigg continuou e Jane, numa estadia em Manydown escreveu a Cassandra "passamos o nosso tempo tão calmamente como o normal". Não faz menção a Harris, mas provavelmente ele estava fora com o seu tutor ou na Universidade de Oxford. O seu pai sempre teve preocupação na educação de Harris e por isso contratou um tutor privado - Mr Wallington e mais tarde levado para o Colégio de Worcester. Ele não completou um grau e voltou para Manydown. Embora ainda gaguejasse e fosse tímido e estranho nas maneiras, era alto com largos ombros e talvez mais confiável.
Em Dezembro de 1802, quando se aproximava o 27º aniversário de Jane e Harris tinha 21 anos, Jane e Cassandra estavam em Manydown com Alethea e Catherine e outra das irmãs, Elizabeth Heathcote, que regressara a casa depois da morte do marido. Foi nesta visita que Harris pediu Jane em casamento e ela aceitou. O clima de alegria naquela casa era geral. Cedo, na manhã seguinte, Jane anunciou que mudara de ideias e abandonou a casa rapidamente na carruagem dos Bigg-Wither acompanhada de Cassandra, Alethea e Catherine, para casa do seu irmão James e da sua mulher Mary em Steventon.
Alethea e Catherine deram às irmãs Austen um adeus choroso; Jane persuadiu James a levá-la a ela e a Cassandra de volta a Bath no dia seguinte, recusando-se a contar a James o que acontecera. A ocasião estava repleta de emoção. Claire Tomalin sugere que as irmãs de Harris o tenham encorajado a fazer a proposta. Podiam ver claramente as vantagens para elas se Jane se tornasse sua cunhada e as vantagens em o seu irmão casar com uma mulher que conhecia - e que gostava, presumivelmente - para o resto da sua vida. Elas também apreciaram as vantagens da sua amiga Jane em tornar-se, mais cedo ou mais tarde, na Senhora de Manydown Park. Jane estava ciente destas vantagens e de muitas outras também; aliviada da pobreza, a possibilidade de cuidar de Cassandra e de assistir os pais, filhos, importância social. Jane deve ter batalhado também nas desvantagens toda a noite. Nunca saberemos que pensamentos guiaram a sua decisão final em voltar atrás com a aceitação a Harris.
Algumas opiniões da família e biógrafos estam disponíveis. A mulher do seu irmão James, Mary, lamentou a decisão, acreditando que o casamento era o mais desejável. A filha de Mary, Caroline escreveu:
Mr Wither não era bonito, era estranho e indelicado nas maneiras, nada para além do seu tamanho o recomendavam. Tendo aceite a sua proposta, ela achou-se miserável e achou que todo o lugar e fortuna seriam certamente dele e não podia alterar o homem... sempre a respeitei pela sua coragem em cancelar o "sim"... acredito que muitas jovens mulheres nas suas circunstâncias teriam tomado Mr Wither e acreditado que o aprenderiam a amar depois do casamento.
A filha do irmão Frank de Jane, Catherine Hubback (nascida em 1818, pouco depois do evento) escreve em 1870, depois de ler cartas de Jane:
Apanhei das cartas que li que foi um lapso momentâneo de ilusão que levou Jane a aceitar a proposta de Mr Wither e que quando tudo ficou decidido (destruído) ela ficou bastante aliviada. Penso que a situação a vexou muito; mas tenho a certeza que ela não sentia nada por ele.
Fanny Lefroy, sobrinha de Jane, escreve:
Ele tirá-la-ia de Bath que ela odiava e voltaria a trazê-la para o lugar que tanto amava ... durante a noite ela experienciou uma alteração de sentimentos... a sua decisão era um erro monumental; pode ter sido uma decisão egoísta; na manhã ela teria de ser egoísta.
A biógrafa Claire Tomalin concorda com Fanny Lefroy e nota que Jane
... não se estaria a comportar justa ou verdadadeiramente para com ele se o tivesse aceitado... Nós naturalmente preferimos ter Mansfield Park e Emma a um bebé Bigg-Wither que Jane Austen poderia ter trazido ao mundo.
Natalie Tyler diz: Harris era socialmente um desastre e não a poderia igualar em esperteza e intelecto. Grosvenor Myer pensa que Jane fugia só da ideia de casar com um homem que lhe fosse inferior em compreensão. Jon Spence acredita que ela desejava segurança, mas que não queria casar com ele.
Dois anos depois da recusa de Jane, Harris Bigg-Wither casa com Anne Howe Frith e com ela vai viver para Wymering em Coshaw, Hampshire, uma propriedade da sua avó, Jane Harris. Nesse lugar cinco dos seus dez filhos nasceram.
Caroline Austen escreveu:
Eu penso que a mulher que ele arranjou gostava muito dele e que ambos faziam um casal feliz. Ele tinha bom senso e teve uma vida muito respeitável como um gentleman do campo.
Quando o seu pai Lovelace Bigg-Wither morre em 1813, Harris muda-se para Manydown Park, onde os outros cinco filhos nascem. Aí viveu, assim como os seus antepassados, uma vida de campo como Squire, diligente no trabalho magistral, bom para os pobres e adorado pela sua família. Harris morreu de apoplexia em 1833 com 51 anos tendo alugado e mudado para uma propriedade adjacente Tangier Park dois anos antes. O seu filho também Lovelace herdou Manydown e mais tarde comprou Tangier Park. Manydown foi vendida em 1871 e deitada a baixo em 1965.
Jane resumiu-se à sua amizade com as irmãs Bigg e continuou a visitá-las como antigamente. Quando Jane, na sua doença terminal, se mudou para Winchester, foram Alethea e Elizabeth, que viviam na cidade nesse tempo, que encontraram casa para ela e a visitaram quase diariamente.
Um dos filhos de Harris emigrou para a Nova Zelândia em 1822 e tornou-se agricultor e um MP e um Justiceiro da Paz. Os outros quatro filhos tornaram-se padres; as cinco filhas não casaram. O último dos filhos de Harris morreu em 1900.
Peço desculpa por algum erro de tradução. Para quem quiser ajudar, visite o artigo original (topo deste artigo) e deixe um comentário daquilo que devo alterar. Obrigada.
Título Original: The People in Jane Austen's Life - The Friend: Mrs. Anne Lefroy Retirado do site: Jasa
Autor do Artigo: Vanessa Stockford
Traduzido e Adaptado por Clara Ferreira
Anne Lefroy nasceu em 1749, parte da família Brydges. Teve sete irmãos e irmãs - Charlotte (Mrs. Harrison) era a mais nova (nascida em 1765) e é sobre esta irmã a que Jane se refere numa carta à sua sobrinha Fanny em Novembro de 1813:
"falar com Mrs. Harrison foi como falar com Mrs. Lefroy. Mulher adorável e tão parecida com a irmã!!".
Anne casou com Isaac Peter George Lefroy, Reitor de Ashe. Jane conheceu-os pela primeira vez em 1783, depois da sua doença na escola de Mrs. Cawley (quando Jane tinha 7 anos), quando os Lefroys e os seus três filhos se tinham acabado de mudar para a Reitoria, mais tarde conhecido como a Casa de Ashe, nome que se mantém até hoje.
Os Lefroys acabaram por ter sete filhos: o filho mais velho, John Henry George (1782-1823) sucedeu ao seu pai como Reverendo de Ashe, enquanto Benjamin (1791-1829) casou com Anna Austen (A filha mais velha de James Austen) em 1814. Benjamin acaba por se ordenar e sucede ao seu irmão John na Reitoria de Ashe. Christopher Edward (1785-1856) seguiu Direito e tornou-se no Juiz Comissário Britânico para a supressão do negócio de escravos em Suriname. Os Lefroys podem encontrar-se agora em qualquer lugar do globo - os Lefroys australianos foram "fundados" por um dos filhos de John Henry George - Henry Maxwell Lefroy, enquanto o seu irmão, General Sir John Henry Lefroy, "fundou" os Lefroys Canadianos.
Mrs. Anne Lefroy era conhecida como Madam Lefroy por parecer tão exótica. Era uma grande leitora e poetisa, conhcedora de Milton, Pope, Collins, Gray e Shakespeare. Era uma mulher bela, espirituosa, inteligente, rápida, esperta e popular. Vestia-se de forma elegante, o seu cabelo era volumoso e sempre muito bem arranjado, e a sua expressão era doce. Dizia-se que ela nunca deixava que os deveres domésticos interferissem com qualquer oportunidade para uma conversa, e estava em melhor posição que os Austens - ela não tinha de cuidar da sua leiteria. Era de notar também que ela não deixara para trás os seus gostos e pequenos prazeres por causa do casamento, o que fazia dela uma mulher muito pouco usual naquele tempo. Ela era uma grande "entertainer" e de acordo com o seu irmão Samuel Egerton Brydges, era a "alma da festa".
Madam Lefroy tornou-se na grande amiga, mentora e na pessoa a quem Jane pedia conselhos e encorajamento - uma mãe substituta, talvez? A personagem de Lady Russel em Persuasão, o seu papel na vida de Anne Eliot é possivelmente moldado na figura de Madam Lefroy e no episódio de Tom Lefroy na vida de Jane. Ela também guiava a escolha de livros de Jane.
Em 1797 , Mrs. Lefroy fez uma tentativa casamenteira para Jane, convidando um Companheiro da Universidade de Cambridge para ficar em Ashe. O Reverendo Samuel Blackall estava prestes a ser apontado para uma paróquia, e em necessidade de uma mulher/esposa. Jane e Samuel não bateram certo e quando ele foi convidado novamente para vir a Ashe em 1798, nunca apareceu. Será que temos aqui a inspiração para Mr. Collins? O Reverendo Blackall casou em 1813, mas não com a nossa Jane, claro.
Durante o rigoroso inverno de Fevereiro de 1800, Madam Lefroy criou uma manufactura pra empregar mulheres e crianças do distrito. Esteiras e outros pequenos objectos eram fabricados para juntar mais um pouco de dinheiro para aquelas famílias. No seu tempo na Reitoria de Ashe, ela ensinava as crianças da aldeia a ler e escrever.
Embora saibamos que os Lefroys visitaram Steventon e que os Austen eram visitantes frequentes em Ashe, não existe nenhuma imagem real sobre a relação entre as duas mulheres. Não há cartas entre Mrs. Lefroy e Jane e nenhuma descrição da sua amizade, para além da breve menção feita na carta a Fanny, pelo menos nas cartas que permanecem entre nós.
Mrs. Anne Lefroy morreu no 29º aniversário de Jane - 16 de Dezembro de 1804. Ela tinha ido a Overton com um criado para fazer compras e, cruzando-se com James na aldeia, observou a estupidez e preguiça do cavalo. O cavalo soltou-se durante o regresso a casa e o criado não o conseguiu apanhar. Ao tentar sair de cima dele, Anne caiu e bateu com a cabeça no chão e morreu poucas horas depois. É no poema melancolico em memória dela, escrito por Jane em 1808, no quarto aniversário da sua morte, que podemos ver a grande evidência da sua relação. Nesse poema Jane associa Anne Lefroy com Samuel Johnson - Johnson sendo o Primeiro dos Homens e Anne Lefroy a mulher angélica de valor sólido e de uma graciosidade cativante.
Peço desculpa por algum erro de tradução. Para quem quiser ajudar, visite o artigo original (topo deste artigo) e deixe um comentário daquilo que devo alterar. Obrigada.
Título Original: The People in Jane Austen's Life - The Boyfriend: Tom Lefroy Retirado do site: Jasa
Autor do Artigo: Rodney Pyne
Traduzido e Adaptado por Clara Ferreira
Em Janeiro de 1796, Thomas Langlois Lefroy conheceu Jane Austen enquanto estava de férias no Sul de Inglaterra, fazendo uma visita aos seus tio e tia Lefroy na Reitoria de Ashe. Tinham ambos completado os 20 anos. Que eles se conheceram e acomparam durante esse período, não há dúvidas; mas que se tenham apaixonado, já é uma questão de debate. Qualquer que tenha sido a "química", o seu breve namoro não levou a nenhum compromisso ou algo permanente e cada um seguiu o seu caminho. Contido, ambos continuaram a pensar um no outro nos anos subsequentes. Tom Lefroy recordou o seu contacto muitos anos mais tarde declarando que tinha estado apaixonado por Jane, mas que tinha sido um romance de juventude. Jane escondia menos os seus sentimentos acerca de Tom. Todavia, uma vista de olhos quanto às circunstâncias de Lefroy podem explicar quão impossível s relação entre eles poderia ser.
A família Lefroy era originária de França. Antoine Lefroy veio para Inglaterra em 1587 de Picardy, sendo um Huguenote fugido da França Católica, e estabeleceu-se em Canterbury, Kent. No inicio do séc. XVIII, Anthony Lefroy, avô de Tom, casa-se com uma jovem da família Langlois depois daquilo que Park Honan descreve como uma uma aventura de bancarrota . Deirdre Le Faye diz que os tios Langlois compraram uma comissão para Anthony-Peter Lefroy (pai de Tom) no exército Irlandês, e na sequência disso ele acaba por casar com Miss Anne Gardiner em 1765. Tom nasce em Janeiro de 1776, poucas semanas depois do nascimento de Jane Austen.
A biografia de Jane Austen feita por Park Honan, cita uma fonte de Huguenote do Coronel J A-P Lefroy, e conta uma história diferente - segundo a qual, Anthony-Peter se casa secretamente com Anne Gardiner aquando dos seus 23 anos (no ano 1763), com receio de que os tios Langlois não aprovassem um casamento tão pouco auspicioso, volta a casar em 1774 na Catedral de Limerick. Nessa altura parece haver filhos do casamento anterior.
Vinte anos depois, Tom, um estudante de Direito, decide fazer uma pausa nos seus estudos e visitar o seu tio em Hampshire, de quem era financeiramente dependente, para lhe assegurar de que o seu investimento (nele) era justificado. O ónus estava em Tom que devia seguir à risca as expectativas da família e perseguir um status elevado na sociedade inglesa e claro, casar bem. E depois, conhece Jane Austen, a filha de um reverendo.
Jane e Tom falaram, dançaram e, aparentemente, namoriscaram em Manydown e Ashe e, neste caso, temos as provas nas primeiras duas grandes cartas que Jane escreveu à irmã, Cassandra. Contudo, Jane não era pessoa para revelar totalmente quanto o seu contacto com Tom sigificava para ela. Tom Lefroy tinha bastante cabelo, era bem parecido, inteligente, charmoso e a pouco tempo de começar a estudar para a"barra" em Londres. Jane estava claramente atraída. Ela refere-se a ele na primeira de duas cartas como um "tendo boas maneiras, sendo bem-parecido e um jovem agradável". No baile de Manydown Park, onde se conheceram, ela e os seus irmãos dançaram e socializaram com as três irmãs Bigg e o seu irmão de 15 anos Harris Bigg-Whiter, de quem a casa era.
Jane Austen conta-nos como dançou três vezes com Tom e falou com ele e brinca com a irmã perguntando-lhe " imagina tudo o que é mais profícuo e chocante na forma de dançar e sentar juntos". Ela conta a Cassandra que apenas terá mais um Baile para se "expor" às maledicências do público sobre o seu comportamento com Tom. De facto, ela foi a três bailes naquela quinzena. Depressa Tom "foi gozado por minha culpa" pela sua tia e tio Lefroy, indicando que os boatos tinham começado na vizinhança e Tome Jane eram um "item" de conversa. Jane continua dizendo que Tom "ficou envergonhado por ter vindo a Steventon" e a última vez que Jane apareceu em Ashe, Tom "fugiu, desapareceu". Tom tinha, de facto, sido chamado pela Reitoria, depois do baile, e sendo o costume bem educado de um "gentleman" escrever às senhoras com quem dançou no baile do dia anterior, Jane tirou conclusões precipitadas. Tom contudo, trouxe, mais tarde um "chaperone", o seu primo George de 13 anos. Jane ri afastando qualquer séria consideração do comentário que Tom teve:
"uma falta que o tempo, espero eu, removerá inteiramente - era poque o seu casaco matinal estava demasiado leve. Ele é um grande admirador de Tom Jones e por isso, utiliza as mesmas roupas coloridas que ele quando foi ferido".
Podemos facilmente ver Jane rir de todo este caso, e notem que ambos devem ter discutido o que foi visto como algo um pouco escandaloso. Tom Jones, com as suas seduções e traquinices inadequadas, não era o género de livro que se esperava que uma filha de um reverendo tivesse lido e que tivesse gostado. Jane e Tom devem ter tido discussões muito sinceras.
Poucos dias depois, um amigo de Henry Austen, que dançara com Jane Austen no mesmo baile, apareceu para lhe dar um retrato de Tom que ele, John Warren desenhara. isto veio reforçar a ideia de que Tom e Jane eram vistos como um "item" (casal). Entretanto, em Steventon, o manuscrito de Elinor e Marianne tinha sido completado - uma indicação que qualquer um percebe, que aquilo era o futuro de Jane e não um futuro com Tom ou com qualquer outro homem que ela conhecesse ou admirasse na vizinhanla. O casamento com Tom leva-la-ia para a Irlanda e provavelmente, nunca escreveria nenhum das histórias que tanto admiramos.
Tom casa com Mary paul três anos mais tarde. Sendo ela uma herdeira, era uma escolha acertada para o aumento da fortuna da família e acabaram por ter nove filhos. Tom tornou-se num MP na Universidade de Dublin em 1830 e em 1835, membro do Council Prinvado da Irlanda. Foi apontado como juíz em 1841, Chefe da Justiça da Irlanda em 1852 e manteve-se nessa posição até 1866. Altura em que tinha 90 anos. Ele foi o orgulho da família. E por isso vemos que não havia nenhum futuro para Tom e Jane. Depois da sua visita em 1796, Tom foi levado embora pela sua familia. Mas Jane não o esqueceu. Ele regressa a Hampshire três anos depois, em 1799, mas parece ter-se mantido afastado dos Austens. Numa carta de Novembro de 1798, Jane escreve que Mrs. Lefroy os visitou mas nada disse sobre o seu sobrinho, conta ela a Cassandra.
"Eu era demasiado orgulhosa para fazer qualquer pergunta; mas depois do meu pai perguntar onde ele estava, fiquei a saber que tinha voltado para Londres, no seu caminho para a Irlanda, onde foi chamado à "barra" e pretende praticar!".
Pobre Jane, incapaz de mostrar qualquer sinal de interesse, estando dependente das boas graças de seu pai para saber uma palavra do seu antigo companheiro de dança. Jane nunca mais o viu, pelo que sabemos. O seu namorico com Tom foi breve e provavelmente doloroso. Mas pelo menos ela aprendeu algo sobre vulnerabilidade e partida, da alegria selvagem e de como suportar a dor de um coração partido.
"Nós mulheres não vos esquecemos, não tão cedo como vocês nos esquecem a nós... este é o nosso destino, mais do que mérito. Não podemos controlar. Vivemos em casa, quietas e confinadas, e os nossos sentimentos ocupam-nos... Vocês tâm sempre as vossas profissões, objectivos, negócios ou outros, que vos levam de novo para o mundo, e a ocupação contínua e a mudança depressa afastarão os pensamentos". - Anne Elliot, em Persuasão.
Peço desculpa por algum erro de tradução. Para quem quiser ajudar, visite o artigo original (topo deste artigo) e deixe um comentário daquilo que devo alterar. Obrigada.
n January 1796, Thomas Langlois Lefroy met Jane Austen while he was on a holiday in the south of England, visiting his aunt and uncle Lefroy at Ashe Rectory. They had both just turned 20. That they were taken by one another’s company there can be no doubt; that either fell in love with the other is more a question of debate. Whatever the chemistry, their brief flirtation ultimately led to nothing permanent and they proceeded to get on with their own lives. However, both continued to think of the other in subsequent years. Tom Lefroy recalled their contact many years later and declared that he had been in love with Jane but that it was ‘only a boyish love’. Jane was much more devious in disguising her feelings about Tom. However, a look at the Lefroy circumstances might explain how impossible a relationship between them would be.
Vou fazer a tradução de uma série de mini documentários sobre as figuras mais importantes na vida de Jane Austen. Todos os artigos serão traduzidos do site Jasa. Começarei por Thomas Lefroy; Mrs. Anne Lefroy; Harris Bigg-Wither; The Leigh-Perrots; Martha Lloyd; The Digweeeds; Cassandra Austen; Mr. and Mrs. Austen.