Voltei a reler Persuasão há pouco tempo (neste momento estou a reler Sensibilidade e Bom Senso).
Foi como ler o livro pela primeira vez, vivi toda a emoção novamente e apercebi-me de coisas em que não tinha reparado da primeira vez. Relembrei o texto original, que confesso, já estava muito misturado com os filmes e compreendi que, se algum dos romances de Jane Austen se tornasse realidade, o amor de Anne e Fredrick era o único do qual não se poderia duvidar, o único que podemos afirmar que sobreviveria a qualquer tormenta ou tempestade.
"Vaidade e orgulho são coisas diferentes, embora as ambas as palavras sejam utilizadas como sinónimos. Uma pessoa pode ser orgulhosa sem ser vaidosa. Orgulho está mais relacionado com a nossa opinião sobre nós próprios, vaidade, pelo contrário, está relacionada com aquilo que desejamos que os outros pensem de nós."
De início (ainda em rascunho) este livro chamava-se "First Impressions". É por muitos, considerado a obra prima de Jane Austen.
Repleto de um humor muito próprio da autora e composto por duas personagens brilhantes: Elizabeth Bennet e Mr. Darcy.
Posso dizer que é uma história de amor que foge, por completo, à ilusão do amor à primeira vista.
A família Bennet é uma das melhores criações de Jane Austen, na minha opinião. Um pai cínico e repleto daquele humor tipicamente British, uma mãe totalmente histérica, cinco filhas que não podiam ser mais diferentes umas das outras. Ler as cenas do livro que mostram a convivência desta família é delicioso!
Mas, contudo, a história centra-se na personagem de Lizzy que nos vai relatando as suas impressões de Mr. Darcy, as suas conversas com outras personagens que só contribuem para aumentar o seu "ódio" a Mr. Darcy, como o "magnífico" Wickam, que se revela, mais tarde, como possuidor de um carácter ultrajante.
É engraçado ver como o sentimento de Lizzy para com Darcy vai evoluindo ao longo da história, e é interessantíssimo verificar a quantidade de "preconceitos" criados em torno de Mr. Darcy por Lizzy, pelas tais primeiras impressões, juízos de valor, no fundo, situações em que todos caímos.
Uma das alturas mais intensas do livro e uma das minhas preferidas é, tal como na série da BBC de 1995 a altura em que Mr. Darcy faz a proposta a Lizzy e esta rejeita da forma mais eloquente e cruel (ao mesmo tempo) que seria possível.
Fiquei fã de Mr. Bennet, o pai de Lizzy é simplesmente genial, foi a personagem que mais me divirtiu, tirando, talvez, a parte do livro em que Lizzy e Darcy se conhecem pela primeira vez, que é extremamente divertida.
Outra personagem curiosa, que não mencionei aqui foi Mr. Collins, um primo que herdará toda a fortuna Bennet, uma vez que não existem descendentes homens. Mr. Collins é uma personagem "melosa", ridícula e mesquinha que nos causa repulsa logo no primeiro instante, mas que nos brinda, com as cartas mais mirambolantes durante a história.
Este livro, tal como o título indica, fala não só de preconceito, como também de orgulho, coisa que tanto Lizzy como Darcy têm para dar e vender.
Se nunca leram Jane Austen, esta é sem dúvida, a obra com que se devem estrear. Não foi o meu caso, mas esta é a obra mais afamada e conhecida da autora e é, também na minha opinião, a mais genial, pela forma como as personagens interagem entre elas cativando-nos de tal forma que quase nos sentimos mebros da família Bennet.
"And among the merits and the happiness of Elinor and Marianne, let it not be ranked as the least considerable, that, though sisters, and living almost within sight of each other, they could live without disagreement between themselves, or producing coolness between their husbands"
Publicado em 1811, foi o primeiro romance de Jane Austen a ser publicado, sob o pseudónimo de " A Lady".
Jane Austen escreveu o primeiro rascunho desta obra em 1795, quando tinha cerca de 19 anos. Primeiramente chamado "Elinor and Marianne" e depois, definitivamente "Sense and Sensibility".
O meu livro preferido de Jane Austen; aquele que contém lá dentro a minha personagem preferida de sempre - Elinor Dashwood.
À semelhança de "Persuasion" este livro é totalmente absorvente, são tantas as desgraças que acontecem à família Dashwood que vivemos a história como se fôssemos uma das irmãs. O livro, fala-nos da possibilidade de amar uma segunda vez, tão fortemente como se ama a primeira vez.
A história possui duas personagens principais: Elinor e Marianne Dashwood (duas irmãs). O contraste entre ambas é enorme. Elinor revela um enorme bom senso e Marianne representa a emoção do seu maior esplendor. Acredita-se que estas duas irmãs foram criadas a partir de Jane Austen e da sua irmã Cassandra.
Tudo começa quando o pai de Elinor, Marianne e Margarett morre. Toda a sua fortuna passa para as mãos do filho do primeiro casamento (meio irmão de Elinor, Marianne e Margarett). As irmãs e a sua mãe ficam com uma pequena renda anual. O irmão e a sua mulher acabam por vir residir para Norland - a morada do pai, madrasta e meias-irmãs.
Mrs. Dashwood começa a procurar uma casa para poder ir viver com as suas filhas, um primo oferece-lhe uma pequena casa de campo em Barton e aí se acabam por estabelecer.
Elinor, razoável, sensata, prudente e com um enorme bom senso é o oposto da sua irmã, que vive tudo com a emoção à flor da pele, que não suporta ficar calada quando julga que algo está mal, que pouco que lhe importa o que os outros pensam das suas acções - Marianne é a eterna romântica que apenas acredita no único amor e que ninguém consegue amar novamente depois de ter encontrado o "amor da sua vida".
Muito acontece entretanto... Elinor, que pode por vezes parecer indiferente e fria, pois nada do que sente se reflecte (exageradamente) para fora, embora sinta tudo e de uma forma muito profunda, acaba por se apaixonar por Edward Ferrars, irmão da sua cunhada. Uma relação manifestamente impossível perante os olhos da família de Edward.
Marianne, apaixona-se por Willoughby... e também nós (leitores), a relação deles é claramente aquele "amor perfeito" em que acreditamos fielmente. No entanto, esta personagem acaba por nos decepcionar a todos, porque, afinal de contas, não era tão perfeito assim.
Há um capítulo, já no fim, em que Willoughby tem uma conversa com Elinor, onde se justifica ou explica as suas acções... e até eu, que lhe fiquei com um enorme "pó" depois do que ele fez à Marianne, consegui desculpá-lo, de certa forma.
O fim do livro é ao mesmo tempo fantástico e ao mesmo tempo de um certo desapontamento... fiquei muito feliz com Elinor pois acabou por se casar com Edward (o "amor da sua vida"), mas o destino de Marianne é, embora feliz, um destino alternativo, pois ela não acaba com o "amor da sua vida", eu senti que, ao casar-se com o Colonel Brandon, casou-se primeiramente pela grande amizade que tinham e que, acabou por se tornar em amor... o que não deixa de ser irónico, dado que era ela a "eterna romântica".
Deixo aqui um trecho do último capítulo que explica a situação de Marianne, em tudo diferente dos finais a que Jane Austen nos habituou, pois o de Marianne, aproxima-se mais da realidade da vida e não da felicidade eterna.
"Marianne Dashwood was born to an extraordinary fate. She was born to discover the falsehood of her own opinions, and to counteract, by her conduct, her most favourite maxims. She was born to overcome an affection formed so late in life as at seventeen, and with no sentiment superior to strong esteem and lively friendship, voluntarily to give her hand to another! (...)
But so it was. Instead of falling a sacrifice to an irresistible passion, (...) she found herself at nineteen submitting to new attachments, entering on new duties, placed in a new home, a wife, the mistress of a family, and the patroness of a village.
(...) and that Marianne found her own happiness in forming his, was equally the persuasion and delight of each observing friend. Marianne could never love by halves; and her whole heart became, in time, as much devoted to her husband as it had once been to Willoughby."
A série mais recente da BBC (2008) está muito bem adaptada, embora nem sempre de acordo com o livro, transmite muito bem a obra.
Ainda não tinha lido este livro. Julguei, erradamente, que aqui encontraria a história "Lady Susan", mas não, e creio que em português essa história não foi traduzida, pelo menos aqui em Portugal. Lady Susan está, de facto, traduzido para português, num livro com o mesmo título mas de editora diferente, e foi esse o meu erro. Graças à Raquel posso então afirmar, correctamente que, Amor e Amizade contendo a história de Lady Susan no seu interior pertence à editora - Planeta Editora.
Amor e Amizade foi escrito por Jane Austen aos 15 anos de idade. Divide-se em duas novelas epistolares (Amor e Amizade e As Três Irmãs) e cinco contos em forma de carta.
Neste livro notamos já a enorme capacidade de observação e crítica de Jane Austen e reparamos a forma pré-existente de muitas das personagens que iremos encontrar ao longo dos seus romances, muitos nomes e carácteres são reconhecidos nestas histórias e cartas.
Foi uma leitura muito leve, mas muito engraçada, pena não ter lido quando era mais nova.
Amor e Amizade conta-nos a história da vida trágica de Laura, desde do casamento irreflectido até à morte permatura do marido. As Três Irmãs, foi sem dúvida, a minha história preferida - são três irmãs, Mary, Sophy e Charlotte e conta-nos o dilema de Mary em casar com um homem muitíssimo mais velho e a sua indecisão em aceitar ou não o pedido, não porque o ame ou o respeite sequer, simplesmente, porque não quer ficar para trás perante as suas amigas e quer casar-se antes dela... fez-me lembrar Lydia Bennet, talvez esta fosse um esboço dela!
"Também conhecido por Areia e Sanditon, este romance inacabado foi escrito em 1817, no último ano de vida de Jane Austen. O Romance acaba no capítulo 11, depois de uma introdução prometedora sobre Sanditon, uma aldeia junto ao mar, algumas personagens principais e bastantes personagens secundárias deveras intrigantes"
É assim que está descrito este livro numa das suas folhas iniciais.
Esta obra, inicialmente intitulada "The Brothers", ficou inacabada devido à debilidade provocada pela doença de Jane Austen nos seus últimos meses de vida.
Uma vez que não tem fim, fiquei um pouco triste por não poder saber qual o resultado de tantas relações entre os personagens, penso que uma sobrinha de Jane Austen fez uma conclusão para este livro, mas não tenho a certeza.
Não vos sei dizer muito bem em quem a história se foca mais, Charlotte Heywood, talvez (mas só talvez) seja a personagem principal. No entanto, ficamos a conhecer as irmãs Parker que, a meu ver, são "ligeiramente" hipocondríacas.
A aldeia de Sanditon é-nos muito descrita e, na minha mente, a sua imagem é extremamente bonita, ali à beira mar... enfim, não há muito a dizer, os 11 capítulos que compõem este livro, são simplesmente o início do que seria, absolutamente, uma obra sensacional, uma vez que as personagens apresentadas são deveras interessantes, e quem sabe que jogos de relações as esperavam...
Este livro, traz também outras histórias escritas por Jane Austen, alguns títulos inacabados da Juvenília. "The Watsons", "Lady Susan", "Frederic and Elfrida", "Love and Friendship", "Lesley Castle", "The History of England".
"Emma is the culmination of Jane Austen's genius, a sparkilng comedy of love and marriage"
Este romance de Jane Austen foi escrito e publicado em menos de dois anos (1815), enquanto Jane Austen viveu em Chawton, Hampshire.
"Emma" é muitas vezes considerada a sua obra mais perspicaz e Emma a sua heroína mais cativante.
Antes de começar o romance, Jane Austen escreve: " Vou construir uma heroína que poucos, além de mim, irão gostar".
Bem, tenho de concordar com isso, embora, tenha terminado o livro a adorar Emma Woodhouse. No início ela é apresentada como: "Emma Woodhouse, handsome, clever, and rich." (Emma Woodhouse, bonita, inteligente e rica", mas percebemos também quão 'mimada', convencida e orgulhosa ela é. Mas por favor, não a tomem por alguém desagradável, de todo, não o é. Mas esta é a imagem que nos fica dela, nos primeiros 10 capítulos, talvez. Mas que melhora daí para a frente.
Emma Woodhouse, é em muitas coisas diferentes de todas as heroínas de Jane Austen: Não tem problemas financeiros nenhuns e é completamente indiferente aos encantos do sexo oposto, como ela própria diz, a última coisa que lhe aconteceria, seria casar-se.
A história é muito intensa, embora não o pareça ao início, pelo menos a mim, tudo me parecia muito frívolo no início.
No entanto, a personagem que mais me cativou foi, sem dúvida alguma, Mr. Knightley. Devo dizer que fiquei a admirá-lo na forma mais concreta que se pode admirar uma personagem. Muito inteligente e com uma excelente capacidade de avaliar o carácter das outras pessoas. Fiquei literalmente colada em todos os capítulos que envolviam alguma troca de ideias mais acesas entre ele e Emma.
Emma gostava de arranjar casamentos, vangloriando-se de ter contribuído para o casamento de Mr. Weston e Miss Taylor (sua grande amiga). Depois deste primeiro sucesso começa a procurar um casal que pudesse juntar, e assim começa por apresentar a Mr. Elton a sua amiga Harriet Smith, sobre a qual, Emma, exerce uma influência extrema, colocando mais do que uma vez, a felicidade da sua amiga em risco, e percebemos o quanto Emma lamenta isso no fim do livro.
Uma personagem muito intrigante, e julgo que há um livro que inventa uma possível história para ela, é Jane Fairfax. Percebemos que existe uma certa rivalidade de parte para parte entre ela e Emma Woodhouse. Ambas são muito bonitas e inteligentes e, ainda não não pareça, têm um interesse comum (mas só o saberão se lerem o livro).
Duas personagens que me divertiram muito foram: Mrs. Elton, uma caricatura explêndida da pretensão e snobismo; e Miss Bates, que falava pelos cotovelos!
Eu vi as duas versões de 1996 do filme "Emma". Devo dizer que ambos os filmes reflectem muito bem a obra (mas claro, têm as suas falhas) eu gostei muito mais da interpretação de Gwyneth Paltrow como Emma.
"There could have been no two hearts so open, no tastes so similar, no feelings so in unison, no countenances so beloved. Now they were as strangers; nay, worse than strangers, for they could never become acquainted. It was a perpetual estrangement.”
"Persuasão" foi o último dos Romances terminados por Jane Austen.
Começou a escrevê-lo imediatamente a ter terminado "Emma", completando-o a Agosto de 1816. Contudo, "Persuasão" só seria publicado postumamente, um ano depois da sua morte, em 1818.
Como poderei classificar este livro? Fenomenal!
Li todo o livro sofregamente. Devo dizer que fiquei totalmente rendida ao estilo de escrita de Jane Austen, que em certas alturas em muito se assemelha a Eça de Queirós, através da sua descrição e crítica da sociedade (naquele caso, inglesa).
Tendo em conta que vi o filme "Persuasion" (2007), devo dizer que está muito próximo da obra em quase tudo.
Anne Elliot, a personagem principal, tem um sentido de bom senso e uma inteligência que é quase impossível não ficarmos encantados por ela. Descrita como muito meiga, agradável e doce, ficamos presos aos seus sentimentos.
A história conta-nos o reencontro de Anne Elliot com o Capitão Wentworth ao fim de oito anos de separação devido ao facto de Anne não ter aceitado o seu pedido de noivado quando tinha 19 anos. Ou melhor, persuadida pela sua grande amiga, Lady Russel, a não o fazer, uma vez que o jovem não tinha fortuna e que seria muito arriscado para Anne comprometer-se com tal situação.
Oito nos depois reencontram-se e são obrigados a conviver novamente, e digo-vos que são momentos irresistíveis para qualquer leitor.
Para além de toda a história entre Anne e Wentworth, que é sem dúvida alguma, muitíssimo cativante, vão-nos sendo narradas situações da vida quotidiana subtilmente criticadas pela autora e que mostram a futilidade de alguns estratos da sociedade da época.
É uma história de amor que dá aos protagonistas uma nova opotunidade de amar, uma segunda chance!
"Northanger Abbey is Jane Austen's amusing and bitingly satirical pastiche of the 'Gothic' romances popular in her day"
Julga-se que foi a primeira obra completada para publicação 1803), embora se saiba que já tinha começado a escrever "Razão e Bom Senso" (Sense and Sensibility) e "Orgulho e Preconceito" (Pride and Prejudice).
De acordo com a irmã, o seu título inicial era "Susan" e terá sido escrito entre 1798-1799. Contudo, só foi publicado em 1817, postumamente, juntamente com "Persuasão" (Persuasion).
Gostei muito do livro, muito mais do que do filme de 2007, que embora esteja mais ou menos semelhante à obra, penso que lhe fica um pouco aquém...
Catherine Morland, a heroína desta obra de Jane Austen, com apenas 17 anos, parte para Bath com um casal amigo da família, Mr. e Mrs. Allen.
Em Bath, toma o primeiro contacto com a sociedade, em tudo diferente de Fullerton, a sua terra natal (no campo). Aí conhece uma grande amiga Isabella Thorpe de quem terá uma enorme decepção.
Mais tarde é convidada para ir para Northanger Abbey com Mr. Tilney e a sua irmã, Elinor, de quem se torna muito amiga durante a sua estadia em Bath. Durante a sua estada em Northanger Abbey uma série de mistérios e enganos acontecem, resultando numa partida inesperada.
Catherine, é descrita, como uma fervorosa leitora de romances góticos, de imaginação muito fértil, um charme muito próprio, uma ingenuidade característica da idade e uma bondade gigantesca. Penso que a empatia com a personagem não é imediata, eu pelo menos, cansei-me, por vezes, da sua insensatez e imaturidade.
O amor nesta obra não é tão forte como noutras obras de Jane Austen. A relação entre ela e Henry Tilney não é tão sentida pelo leitor como em Persuasão, por exemplo.
Henry Tilney, é um personagem muito especial, bastante sensato e razoável, quase perfeito, diria eu!
É também uma crítica à sociedade fútil, e a alguns "personagens-tipo", tal como Isabella e John Thorpe.
No fim da história vemos uma clara evolução no pensamento de Catherine, ela cresce, decididamente, durante toda a obra.