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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Lost in Austen portugal # 8

 

 

Cecília e Henrique eram, aos olhos dos outros, o par provável. Dos outros e deles próprios, embora Cecília tentasse a todo o custo, mentindo a si mesma, alimentar justificações puramente especulativas, que no fundo não tinham base de verdade. De facto faziam um casal perfeito, um belo conjunto quer em termos físicos, quer na questão do carácter e da sensibilidade.

 

A decisão de abandonar a relação tinha sido ela a impor. E sabia que ele nunca se iria conformar. Porém um certo silêncio fazia-a vacilar nesta convicção, acreditando aos poucos que de facto tudo estava consumado e jamais se voltariam a encontrar. Teria ficado eternamente no silêncio, não fosse a visita à sua tia, à sua irmã e a convivência social com D.Rata. Mas há coisas que não se podem evitar, especialmente quando se estabelecem relações familiares e de amizade com determinadas pessoas.

 

Pudera ela evitar, e talvez nunca tivesse sido alvo da tremenda maldade que lhe estava a destruir por completo todas as suas esperanças. Naquela tarde, quando Eduardo a procurara, Cecília não pôde imaginar o motivo que o leva a estabelecer tal contacto. Na verdade só se tinham falado brevemente, uma só vez, quando lhe foi apresentado como irmão de Henrique. De facto eram idênticos, muito bem parecidos no rosto e em termos físicos, porém completamente diferentes em termos de carácter. O bom e o mau, o preto e o branco, a claridade e a escuridão, afastando dois irmãos que, tendo em os mesmos pais, eram em tudo diferentes.

 

Naquele fatídico fim de dia,em que Eduardoa procurou no parque, usou todas as armas da sedução para lhe captar a atenção, utilizando para isso palavras enganadoras contra o seu próprio irmão. Vendo que não conseguira o intento, e apercebendo-se do pavor que causava a Cecília, abriu o jogo e, com toda a frieza que se consiga imaginar, assegurou-lhe que eliminaria o irmão se o casamento se consumasse. Havia alguém que pretendia Henrique, alguém poderoso e com influência, que persuadira Eduardo a afastar Cecília do caminho para poder conquistar Henrique. Com isso, o irmão traidor ganharia uma fortuna, que era tudo aquilo que lhe interessava na vida. Ela sabia que a ameaça era séria e que ele faria o que fosse preciso para conseguir o intento.

 

Perante o perigo, como podia Cecília não sacrificar o seu amor?

 

 

Meio Perdida

imagem retirada daqui

 


Como seria se eu vivesse uma história da Jane Austen? Foi com esta interrogação que eu fiquei quando li sobre a produção “Lost in Austen”. Confesso que a ideia despertou de imediato a minha curiosidade. Não procurei saber em grande pormenor o argumento para não tirar o entusiasmo. Aliás, quase tudo o que eu lí sobre esta série era bastante positivo. Basicamente, eu só sabia que seria uma personagem que de alguma forma iria entrar dentro do enredo de uma história de Jane Austen e que a opinião de quem tinha assistido era bastante favorável. Logo que começo a assistir a série confirmo que ela se centra em “Orgulho e Preconceito” e que uma personagem da actualidade acaba por entrar dentro das peripécias desta história interagindo com os emblemáticos personagens.

 

A Clara já escreveu aqui sobre esta série e explica muito bem o argumento. Eu só li o post completo depois de ver a série - o que demorou algum tempo dado que não foi fácil encontrar a série - para não perder aquela ansiedade de assistir a mesma. Posso dizer que concordo com o seu ponto de vista sobre a série e sobre os personagens.

 

Eu confesso que fiquei um tanto decepcionada. Avalio que isto advenha do facto de eu ter formulado uma expectativa exigente. Esperava por algo mais dissecante; ou seja, que seria abordado algum aprofundamento das características de personagens de Jane Austen.

 

No geral, não posso dizer que esta série seja ruim. Tem alguns momentos divertidos e algumas personagens tem uma actuação interessante. Fiquei perplexa da personagem de Elizabeth Bennet ter uma participação irrisória e escassa ao longo dos episódios.  E Mr. Darcy, neste caso, não me convenceu. Talvez porque, a este nível, a fasquia seja alta.

 

Mas, a meu ver, “Lost in Austen” restringe-se a ser apenas um programa razoável de entretenimento. Na realidade, acho que todas nós, fãs de Jane Austen, estamos habituadas a produções de grande qualidade baseadas na sua obra; quando surge algo apenas “razoável”, fica uma sensação de insatisfação.

 

Lost In Austen (2008)

 

Uma grande caricatura de Orgulho e Preconceito.

Não posso dizer que tenha gostado muito... divertiu-me, sim. Mas creio que mexeu demasiado na história e aos poucos, foi-se tornando cansativo. Deixei de estar na expectativa do que viria a seguir, muitas coisas pareceram-me inaceitáveis, mesmo para uma série que pretende caricaturar a obra.

 

 

Os primeiros dois episódios foram muito bons, dos outros dois, já não posso dizer o mesmo. Todas as personagens de Orgulho e Preconceito são presenciadas com uma vida alternativa, e confesso que achei ridículo o fim dado a Jane, e o mesmo se passou com o fim dado a Bingley. A caricatura de Darcy é deplorável, não gostei nada de nada. Gostei muito da caricatura de Bingley nos dois primeiros episódios, assim como da caricatura de Wickham, a personagem que relevo neste grupo, ao lado de Lydia que não surgiu tão anedótica como esperava.Mr. e Mrs. Bennet estão bem caricaturados. Em relação à personagem principal, Amanda Price, que viaja no passado e troca de lugar com Lizzie que vai para o futuro, achei que, para apaixonada de Jane Austen, sabia muito pouco sobre como agir naquela época. Se a ideia era apresentarem uma Amanda Price com o carácter de Elizabeth Bennet, creio que falharam.

 

 

Eu sei, a minha opinião pode não vos levar a ver esta série, no entanto, sempre ouvi dizerem bem dela, por isso, acho que devem ver por vocês próprias. Confesso que não me perdi de amores por ela, mas faz-nos soltar muitas gargalhadas.

 

 

 

 

Lost In Austen

 

Finalmente consegui arranjar a série de quatro episódios que há tanto tempo me falavam: "Lost in Austen".

Estou cheia de vontade de ver, a expectativa é muita. Sensibilidade e Bom Senso de 1981 vai ficar em espera (mais uma vez). Estou em fase de exames e não dá para me alienar totalmente e ver séries seguidas umas às outras!