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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

O fabuloso destino de Mary Bennet

"Qual a tua opinião, Mary? Tu, que és jovem, sensata e profunda, que lês bons livros e deles extrais ensinamentos.

Mary quis dizer algo de relevante, mas não sabia como."

 

 

Jane Austen desenha Mary como a menos mundana das Bennet.  Um pouco anti-social, inclusive. Bailes, dança, música, divertimento, tudo isto parecia menor perante os olhos de Mary. Tudo isto não seria nada diante da possibilidade de mergulhar no interior dos livros e no prazer da reflexão. A própria  música, algo que agrada a todos na generalidade,  somente tem valor na medida em que é uma extensão do desenvolvimento da uma arte.

Quando penso em Mary Bennet, imagino-a um tanto solitária: uma mãe e duas irmãs extremamente fúteis, um pai um tanto desatento e duas irmãs mais velhas preocupadas com os seus amores e possíveis casamentos. Ela é o elemento que mais se distancia do estilo da família.

O que pensaria Mary nos seus momentos de reflexão? Vejo-a, muitas vezes, desajustada da família e entendo-a profundamente. Quase que sinto a dor do seu desconforto.  

Ao longo de "Orgulho e Preconceito" vemos que Mary é protagonista de muitos momentos moralizantes. Ela não se poupa a criticar a frivolidade das irmãs e distancia-se de qualquer comportamento que possa ser moralmente reprovável; mesmo que, para isto, tenha de se tornar pouco adversa das boas maneiras. Neste aspecto, Mary Bennet lembra-me muito Fanny Price: os valores morais,  a contemplação das ideias e a vida caseira.

Não terei qualquer pudor em dizer que Mary Bennet é, de longe, a filha mais interessante de Mr. e Mrs. Bennet.  Imaginar o futuro de Mary é abrir os olhos para uma leque vasto de possibilidades… Mas gosto de pensar que Mary teria, no futuro, a possibilidade de ser alguém que faria diferença na sociedade. Alguém que, se tivesse a oportunidade, de desenvolver os seus conhecimentos e de cultivar a reflexão, poderia vir a ser uma mulher extraordinária. Não a consigo imaginar a fazer o mesmo percurso das irmãs, de andar de baile em baile e na caça de um bom partido. Imagino-a a voar alto: a ser uma escritora ou uma activista pelos direitos das mulheres. A encontrar, talvez, um grande amor; mas não no sentido tradicional da sua época. Acho que um grande amor para Mary Bennet seria aquele que lhe permitisse ser quem ela é, alguém que a desafiasse intelectualmente e que a incentivasse a ter uma postura activa.

 

Será que o que eu imagino para Mary condiz realmente com um heroína de Jane Austen?

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