As nossas heróinas não trabalham, mas sabemos bem que se vivessem hoje teriam com certeza alguma profissão. Alguma vez pensaram nisso? Este artigo do blog do filme Scents & Sensibility ( uma versão moderna de Sensibilidade e Bom Senso) aborda esse tema. Marianne dedicar-se-ia, sem dúvida, à música, Emma teria uma empresa que proporciona encontros entre desconhecidos com vista ao casamento, como não podia deixar de ser. Mas acham que Anne Elliot seria médica, como sugere o artigo? Ou a Lydia seria a estrela do seu próprio reality show?
Eu facilmente veria a Anne Elliot como assistente social, como a sua doçura e paciência daria uma excelente profissional; outra profissão seria professora primária, daquelas que as crianças nunca esquecem.
Estreia hoje no canal ITV1 pelas 21h a série The Last Weekend, uma versão televisiva da obra com o mesmo nome do escritor Blake Morrison. Trata-se de um thriller de suspense, realizado por Mick Ford, que conta a história de dois casais que vão passar um fim-de-semana prolongado na zona rural de Suffolk, sendo que os dois elementos masculinos do grupo partilham uma antiga e acesa rivalidade.
A novidade, como já devem ter percebido pela foto, é que esta produção conta com a presença de Rupert Penry-Jones num dos principais papéis. E este senhor, como devem saber, é o nosso querido Capitão Frederick Wentworth da adaptação de 2007 da obra Persuasão de Jane Austen. Por isso, seguramente entre muitas outras coisas, vale a pena ver esta série e apreciar o que anda a fazer nestes dias aquele que um dia nos fez acompanhar Anne Elliot numa sucessão de suspiros.
Confesso que Fanny Price é uma personagem de quem gosto muito e na qual reconheço ao longo da obra Mansfield Park uma constância de comportamento ético e moral que lhe dão cor e a tornam sempre a mais sensata e ajuizada das personagens. Não obstante, existem situações muito irritantes e injustas para Fanny (sobretudo por parte da tia Norris que parece, não uma tia, mas uma madrasta e daquelas bem malvadas!) que nos levam por vezes a sentir que deveria haver por parte da nossa Fanny uma tomada de atitude, uma recusa em aceitar a situação existente, enfim, uma qualquer prova de revolta ou afirmação pessoal.
Mas essa é a nossa opinião, à luz da época atual. Não podemos esquecer que a situação de Fanny nos alvores do século XIX era a de uma pessoa que vivia uma vida emprestada, cujos direitos na casa Bertram não eram iguais aos dos outros, havendo sempre ali presente a marca de uma certa bondade que era prestada pelos mais ricos e poderosos e para quem se esperava que a resposta fosse sempre a de agradecer tudo e ser humilde, silencioso e subserviente.
E assim, Fanny é mandada para a casa rica dos tios com dez anos, fazendo uma longa viagem sozinha, sendo arrancada aos seus irmãos e irmãs com quem tinha um bom relacionamento (sempre achei que a família Bertram, se era assim tão rica, deveria ter ajudado todos os irmãos de Fanny, já que assim haveria necessariamente desigualdades na educação e nas oportunidades… há ajudas ao mais velho, William, e no final da obra, a outra irmã, Susan, mas e aos outros? Ficamos sem saber o que lhes aconteceu, dadas as características desmazeladas do pai e da casa em geral. Naturalmente que temos a possibilidade de especular, o que seria um tema muito interessante para uma shortstory…)
Quando Fanny chega a casa dos tios sente-se naturalmente inibida e envergonhada, o que não é de estranhar, pois é uma criança com uma grande sensibilidade e que vem de um ambiente completamente diferente. Caberia aos adultos e aos primos pô-la à vontade e dar-lhe oportunidades, mas isso não acontece. Com exceção de Edmond – o grande amigo e apoiante de Fanny desde o início – todos os outros assumem atitudes e posturas críticas, embora se diga que os primos se portaram bem e a receberam o melhor que puderam. O facto é que todos se manifestam prematuramente, uns sentindo-se dececionados com a sua timidez, outros ridicularizando-a pelo seu aspeto e pela pobreza do seu vestuário.
Se Fanny se refugia para chorar nos primeiros tempos em Mansfield, a responsabilidade é toda dos elementos da sua família que não a entendem nem se conseguem pôr no seu lugar, esperando dela um comportamento impossível para uma criança com aquela sensibilidade e naquelas circunstâncias.
Sempre me impressionou a incapacidade das primas Bertram, Maria e Júlia, em tornar-se amigas de Fanny. Ao longo da obra perpassa a desigualdade de oportunidades que é esperada, onde as primeiras têm sempre um lugar de princesas enquanto Fanny mais parece uma cinderela enviada para um canto, cuja função é a de permanecer na sombra, sendo apagada, eternamente pisada e humilhada, muitas vezes de uma forma que é indireta mas visível. A tia Norris lembra-lhe sempre que não deve esquecer o seu papel de emprestada, a tia Bertram espera naturalmente e com egoísmo que Fanny lhe faça companhia, esquecendo-se das motivações e interesses que a própria pode ter. Quanto ao tio, sir Thomas, sendo uma figura que a intimida, aprecia-a pela discrição e pelo juízo.
Dá a impressão que, caso houvesse alguma atitude irreverente ou inusitada por parte de Fanny, a mesma jamais lhe seria perdoada! Esse facto é notório no caso da peça de teatro em que todos participam, menos Fanny, que sempre se manifestou contra esse acontecimento e a forma como o tio, ao regressar de viagem, reage ao constatar tal facto.
E assim temos desde o início da obra uma Fanny precocemente crescida que aprende a medir muito bem todas as situações que vive e as palavras que diz, movendo-se com cuidado entre pessoas que não lhe reconhecem os mesmos direitos que elas próprias têm.
Quanto às relações de Fanny com os próprios pais, há uma oscilação entre as saudades que manifesta no início da obra e o distanciamento ou mesmo a vergonha, sobretudo com os comportamentos do pai, quando os volta a visitar, muitos anos depois. Nessa altura, há um desconforto notório por parte de Fanny que já se se sente como pertencente àquele lugar após tantos anos a viver com outras pessoas e noutro lugar diferente.
E assim, é ironicamente Fanny quem vale aos tios no final da obra, acompanhada pelo seu grande amor, Edmond – após os percalços da paixão desadequada que o mesmo manifestou por Maria Crawford… - e também pela irmã, Susan, chamada a preencher o lugar de Fanny junto dos tios. Quanto aos outros irmãos e irmãs de Fanny, além de William que desenvolve a brilhante carreira na marinha, como já disse, também gostaria de os ver longe do ambiente familiar de origem, embora também não os veja em Mansfield Park…
Não é surpresa para ninguém O Diário de Bridget Jones é uma versão moderna de Orgulho e Preconceito. Se as semelhanças não fossem suficientes, a presença de Colin Firth, interpretando o Mr. Darcy seria suficiente para nos lembrar.
Já vi este filme centenas de vezes, mas só ontem reparei num pequeno pormenor que liga o filme à obra da nossa Jane. A editora onde Daniel e a Bridget trabalham chama-se Pemberley Press, como podem ver nesta imagem, embora a cabeça da Bridget tape a primeira letra. Já alguém tinha notado este pequeno detalhe?
Setembro é o mês em que Bath, em Inglaterra, se veste a rigor para recuar no tempo ao encontro dos ambientes dos romances de Jane Austen. Este ano, a 12.ª edição do Jane Austen Festival decorrerá entre os dias 14 e 22 de setembro. Para o próximo ano, a 13.ª edição acontecerá entre os dias 13 e 21 de setembro. Por isso, já sabem que quem quiser ir poderá fazer marcações para os diversos acontecimentos deverá fazer as reservas a partir de junho. Para o efeito, podem consultar a página do Jane Austen Festival. Entre os eventos que ocorrem durante o festival, destaca-se o desfile em traje da época. Para reservar hotel e passagens, convém fazê-lo logo no início do ano para se conseguirem preços mais convidativos.
A revista Visão, Vida & Viagens, na sua edição de setembro de 2008, dedicou algumas páginas (62 a 66) a Bath. Celia Hatherly, autora do artigo publicado, inicia desta forma:
"Quando Lady Russell entrou em Bath (...) e fez o longo percurso das ruas de Old Bridge a Camden Place, entre os salpicos levantados por outras carruagens, o barulho de carros e carroças, o alarido de jornaleiros vendedores de pãezinhos doces quentes e leiteiros e o tinir incessante de tamancos, não proferiu a mínima queixa". Jane Austen, em Persuasão
Depois de nos falar das termas, das lojas, dos restaurantes e das influências arquitetónicas, Celia Hatherly indica-nos o caminho até Jane Austen, escrevendo que "Os edifícios e a atmosfera georgiana de Bath fazem-nos recuar aos romances de Jane Austen - que ali residiu com a família entre 1801 e 1806 - aos laços de seda, aos chás e às festas mundanas ao livre, aos amores contrariados e aos cânones preconceituosos. Persuasão desenrola-se em Bath, tal como a Abadia de Northanger. Os aromas dos cream tea no aristrocrático Pump Room, os brioches da Sally Lunn e perfeição imaculada dos jardins de Bath poderiam estar em qualquer livro da romancista que, com tanta ironia, retratou a sociedade do seu tempo.
(...) Situado no n.º 40 da Gray Street, (o Jane Austen Centre) é muito semelhante à casa onde Jane viveu na mesma rua, no n.º 25. (...) Entre os muitos artigos curiosos expostos, encontramos uma carta escrita pelo punho de Emma Thompson, depois de vencer o Óscar por Sensibilidade e Bom Senso: "Os críticos dizem que Jane Austen é vazia de ideias. Apeteceu-me dar um murro, mas depois pensei em Jane Austen que ofereceria antes uma chávena de chá. Se calhar é por isso que gosto tanto dela..."
Para ir até Bath, o melhor será ir de comboio. A partir da estação de Paddington, em Londres, a viagem demora uma hora e meia. A partir de Heathrow é ainda mais fácil porque o Heathrow Express vai até Paddington e depois há comboios regulares para Bath. Os bilhetes podem ser comprados antes da viagem em www.visitbritaindirect.com/pt.
Por isso já sabem: reservem uns dias, façam um mealheiro e vão (ou vamos:-)) até Bath a uma edição do Jane Austen Festival. Para saber mais informações sobre como ir e o que ver, para além da página acima indicada, ficam os endereços que a autora do artigo na referida revista nos indica:
Quando lancei a ideia às colegas do blogue e posteriormente comecei a fazer posts sobre este projecto nunca pensei que as votações seriam tão boas! Esperava conseguir pelo menos 100 votos, um número modesto mas realista e de certa forma baseado naquilo que vou percebendo serem os gostos literários de quem anda na blogosfera.
Contudo e para bem deste projecto temos neste momento 321 votos, com uma clara preferência para as Obras Inacabadas e Juventude de Jane Austen, seguido de North and South de Elizabeth Gaskell que foi inicialmente o mais votado.
Já há alguns dias que queria fazer um post e de certa forma agradecer a todos os que votaram. A minha ideia era oferecer aos nossos leitores uma imagem ou um video pelo entusiasmo com que aderiram a esta ideia.
Hoje vi pela primeira vez o trailer para a mais recente adaptação de Charles Dickens e decidi que esse seria o meu "presente" para vocês. Se os trailers podem nos fazer querer ver um filme ou não nos entusiasmar, posso dizer-vos que este entusiasmou-me e muito! No Natal passado, a BBC deu-nos uma adaptação deste livro de Charles Dickens, mas parece-me que o filme vai ser muito melhor, é um bocado leviano julgar apenas pelo trailer, mas eu espero não estar errada :)
O filme estreará no Festival Internacional de Toronto no próximo mês e no Reino Unido mais lá para o fim do ano, ainda não há datas para Portugal... Esperemos que a espera seja curta.