Vamos Editar os Clássicos - Histórias de Amores
Os olhos mais atentos terão reparado que no cartaz do filme Anna Karenina que revelamos há uns dias aparece a seguinte frase: "An Epic Story of Love". É possível que quando for apresentado a tradução para português, nos deiam algo como: uma história de amor épica, quando na realidade se fala não de uma história de amor mas de uma sobre o amor. São estas coisas que ficam perdidas na tradução.
Todos os livros falam de amor, uns dão mais enfase à relação amorosa do que outros, mas não há livros onde o tema não apareça. Uma biografia não será campo fértil para o romance, mas ele aparece por lá quando se fala dos amores, casamentos e paixões que a pessoa sobre qual foi feita a biografia viveu. Não há como negá-lo o amor é uma força na nossa vida.
Dada a importância do tema, é pertinente perguntar: há alguma boa história de amor nos livros apresentados? Claro que sim, há muitas e eu diria que as há para todos os gostos. Como perderia uma tarde inteira a falar sobre isso, falarei apenas de algumas.
Começando logo por Great Expectations, onde conhecemos Miss Havisham, uma mulher que foi abandonada no altar, o desgosto marcou-a de tal forma que deambula pela casa com o seu vestido de noiva, assemelhando-se mais a um fantasma do que a uma pessoa. O desgosto provoca nela um desejo de vingança e por isso educa Estella, a sua filha adoptiva, para magoar todos os homens que ousem se apaixonar por ela. Poderia Miss Havisham se comportar de outra forma? Sim, eu acho que sim. Ela podia adoptar a atitude de Mr. Thorton, o protagonista masculino que conhecemos em North and South. Rejeitado pela mulher que ama, Thorton decide que continuará a amar, até porque até aí nunca amará, ocupado em fazer a sua fortuna.
A maioria das histórias de amor centram-se na mulher, já que a nossa natureza romântica está mais visível, nós queremos as flores, os doces e os gestos românticos. Contudo, em The Age of the Inocence, Edith Wharton centra a sua narrativa em Newland e no seu dilema: ama uma mulher, mas está casado com outra, o mesmo dilema de Anna Karenina. Ainda hoje muitos lutarão contra este mesmo dilema, apesar do divórcio ser mais simples e não tão mal visto pela sociedade, ainda é dificil deixar tudo para trás por um grande amor.
Afinal, a vida não mudou assim tanto e os nossos problemas, dilemas, preocupações são, na maioria das vezes, semelhantes aos dos nossos antepassados. Daí, mais uma vez se reforça a ideia do quanto é importante ler estes livros para que muitas vezes possamos lidar melhor com os nosso problemas e desafios diários.
Há umas semanas lia um artigo sobre a série Downton Abbey e o autor, um homem, explicava como a série o ajudara a ultrapassar um desgosto amoroso, precisamente por se focar também em personagens masculinas e ele não encontrar na ficção actual algo semelhante. Uma ideia que dá que pensar...