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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Anna Karenina - Trailer e Poster!!

Finalmente o momento pelo qual temos esperado desde que surgiu a noticia que Joe Wright ia estar por detrás da camera de mais uma adaptação de uma grande clássico, falo de Anna Karennina. Com certeza lembram-se que o filme contará com Keira Knightley, Mathhew Macfdeyn, Jude Law, entre outros.

Sem mais conversa aqui ficam o poster e o trailer, ambos retirados do blogue de cinema: Split Screen

 

 

 

 

Para verem o trailer cliquem aqui: Trailer

Não estou a conseguir inserir o vídeo.

O estatuto especial de Emma em Hartfield

Começo por comentar o artigo anterior, aqui apresentado pela Vera, com o qual concordo inteiramente, pois Emma é mesmo a heroína que nunca vai a lugar nenhum!

 

Nos últimos dias, voltei a reler a obra “Emma” em busca de pistas ou ideias que me pudessem elucidar sobre a ausência de interesse da jovem Emma pelas saídas prolongadas ou mesmo da razão pela qual ela parece estar sempre tão feliz no seu próprio ambiente. Parece estranho que uma jovem que tem uma irmã a viver em Londres não a visite nem manifeste interesse em o fazer. Ao longo da obra encontramos uma Emma expectante com as visitas e as estadias em Hartfield da família de Londres, da irmã, do cunhado, ou mesmo apenas dos dois sobrinhos mais velhos, Emma que aguarda ansiosamente a chegada de Mr. Knightkley regressado de uns dias passados em Londres em casa dos mesmos familiares comuns (na praça de Brunswick) e das notícias sobre todos, especialmente das crianças, e ainda a Emma que envia a amiga Harriet Smith durante semanas para a casa de sua irmã em Londres para a fazer esquecer a última paixão!

 

Não podemos esquecer que no final do século XVIII, início do XIX, as viagens eram morosas, lentas e incómodas, mesmo para quem tinha a sorte de possuir carruagem. Talvez Emma não se sentisse muito bem em viagens mais prolongadas e não o quisesse de todo reconhecer. No entanto, encontramos na obra uma personagem, Frank Churchill,  que viaja muito e que vai a Londres para voltar no mesmo dia, vinte e cinco quilómetros para cada lado, o que nesse tempo seria significativo. As deambulações de Frank Churchill não parecem interessar Emma por aí além, pois esta associa-as muitas vezes a uma certa leviandade e inconstância por parte do rapaz.

 

No capítulo XII encontra-se uma ligeira referência a uma certa vontade de viajar (embora não concretizada) por parte de Emma, quando se fala no mar e na estadia da irmã, do cunhado e dos sobrinhos à beira-mar, e onde Mr. Woodhouse contesta o benefício dessas estadias para a saúde, Emma confessa: “Peço-lhes que não falem do mar! Fazem-me inveja e tristeza, eu, que nunca o vi!” As razões pelas quais Emma nunca viu o mar podem ser diversas mas também inexplicáveis: a proteção e a dependência do pai, alguma imobilidade da sua parte para manifestar esses desejos, afinal podia sempre ter-se juntado à irmã e ao cunhado para passar a temporada no mar junto deles.

 

Na obra perpassa a ideia que Emma se sente perfeitamente bem no seu ambiente natural e que esse ambiente é Hartfield. A sua ligação ao pai, o carinho e a paciência com que o trata, mesmo quando as doenças imaginárias de Mr. Woodhouse o parecem tornar demasiado hipocondríaco e impossível de aturar, para Emma, tudo isso é aceite com um sorriso calmo e benevolente.

 

A ideia geral que Emma me transmite é que a sua ligação a Hartfield está associada ao seu estatuto especial de que goza ali e apenas ali naquele lugar. Se Emma fosse para outro lugar qualquer, perderia aquele estatuto de princesinha, de pessoa especial e respeitada, e seria mais uma jovem entre tantas outras. Essa é a impressão que tenho em geral, através da leitura da obra: Emma move-se muito bem naquela localidade onde é acarinhada e tratada de forma muito especial por todas as pessoas. A irritante Mrs. Elton (que é de facto irritante para todos nós) é-o particularmente para Emma, porque desafia o seu lugar, porque se coloca em primeiro lugar e ignora o estatuto de Emma (até mesmo no fim da obra, quando se sabe do casamento entre ela e Mr. Knightley, Mrs. Elton continua a afirmar que foi Emma quem caçou um bom partido, recusando-lhe mais uma vez o estatuto especial de que a jovem goza desde sempre).

 

Todo o percurso de Emma, as suas aproximações a Harriet Smith, vão no intuito de a valorizar com a sua influência e de a levar a procurar melhor partido do que o apaixonado Mr. Martin, embora no fim Emma reconsidere e fique mais consciente e mais humana, mesmo assim, sempre no seu pedestal. A inimizade incompreensível de Emma para com Jane Fairfax deve-se possivelmente a esse brilho que a primeira quer ter sempre e a segunda também manifesta, talvez em maior grau, pois como a própria Emma reconhece, Jane suplanta-a na música e na sua aprimorada execução.

 

Em suma, é sempre enriquecedor reler Emma! As estratificações sociais rígidas e os preconceitos nas sociedades rurais inglesas do início do século XIX são aqui bem apresentadas em todas estas personagens.

Não é pelo facto de achar que Emma é muito mimada e se julga muito especial durante grande parte do romance, que gosto menos dela! Emma é de facto uma figura encantadora e representa muito bem a sociedade rural que personifica, identificando-se tanto com Hartfield, o que a torna especial e única como ela própria gostaria de se reconhecer.