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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Shortstory – parte 56

 

 

Naquela tarde de chuva, em Pemberley, Elisabeth Darcy passara o dia a ansiar pela correspondência, até que recebeu notícias de sua irmã, Jane Bingley, dizendo que em breve a visitaria.
Como as cartas tinham sido ao longo daquele inverno a forma mais agradável e partilhada de saberem uns dos outros, Georgiana e Darcy prontificaram-se a sentar-se ao seu lado para ouvirem conjuntamente as notícias. Lizzie sentia-se já muito volumosa e com pouca mobilidade. Não se recordava de se sentir assim quando esperava Edward, o doce e inquieto Edward. Como estavam distantes esses dias de felicidade! Lizzie sentiu uma ferroada de saudade e as lágrimas assomaram-lhe aos olhos.

 

- O que diz Jane? Vamos ler? – perguntou Darcy, adivinhando a dor que enchia os olhos e a alma da sua amada.

 

- Sim, vamos ler… - disse Georgiana, também conhecedora da origem das lágrimas da cunhada, agarrando na carta que Lizzie lhe estendeu.

 

Os três mergulharam os olhos nas folhas recheadas com a letra elegante de Jane.

 

- Humm… Jane diz que tem grandes notícias – comentou Elisabeth – mas temos de ler a carta até ao fim para perceber quais são…

 

- Uma boa notícia para já é o anúncio da chegada de Jane e Charles a Pemberley já daqui a uma semana – salientou Darcy, feliz com o facto de estarem de novo todos juntos.

 

- Esperemos que o tempo melhore… - suspirou Georgiana preocupada, pois também ela teria visitas em breve, já que Fanny e William Price, juntamente com Edmond tinham prometido que os visitariam daí por duas semanas.

 

- Mas que bom, afinal a grande notícia é que Jane e Charles poderão ficar mais tempo connosco do que é costume… poderão ficar até depois do nascimento da criança… - disse Lizzie.

 

- Espera, há aqui uma nota final de Jane em letra mais pequena… - disse Darcy – o que diz?

 

- Jane… oh, meu Deus… - murmurou Lizzie emocionada, com lágrimas nos olhos, mas agora de felicidade – Jane diz que está de esperanças há já algum tempo e que não resiste a contar-nos a novidade já aqui nesta carta…

 

- Que bom, mas que bom! – salientou Georgiana, com os olhos brilhantes de felicidade.

 

E foi subitamente nesse quadro de felicidade e empatia em que os três sentiam tão animados, antevendo os tempos próximos de convívio e alegria com os familiares e amigos, que Lizzie se começou a sentir mal, empalidecendo de repente. Darcy ergueu-se de um salto, mandando chamar o médico, Mr. Brown, que habitava a poucas milhas de distância e a parteira, Mrs. Smith, que também não habitava muito longe.


Georgiana chamou as criadas para que acomodassem Lizzie o melhor possível. Tinha chegado a hora do nascimento da criança. Darcy sentia-se apreensivo pois receava que algo de errado pudesse suceder com a sua querida Lizzie e o seu filho ainda por nascer.

 

 

 

 

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Muitas horas após a azáfama do parto se ter iniciado e o médico de confiança de Pemberley, Mr. Brown e uma parteira, Mrs. Smith, terem distribuído as tarefas, Pemberley emergia agora já feliz e com renovada alegria. Faltava que Lizzie despertasse, pois com o esforço do parto, tinha perdido os sentidos. Quando finalmente voltou a si, sossegando todos à sua volta, já que o seu estado não inspirava preocupações de maior, como salientou
o médico, e abriu os olhos ainda pálida, Georgiana e Darcy estavam junto dela.


Georgiana sorria de felicidade, enquanto Darcy lhe beijava as mãos, embevecido.

 

- Meu amor, sinto-me tão feliz! – disse ele.

 

Lizzie sentia-se exausta, mas estava ainda preocupada. Tinha perdido os sentidos depois do nascimento do filho e não se recordava de grande coisa.

 

- Como está a criança? – perguntou, ainda a medo, levando as mãos à barriga, agora sem volume – O que aconteceu?

 

Georgiana sorriu docemente.

 

- Está tudo bem, minha irmã. Descansa e recupera as forças! As crianças estão bem!

 

- Crianças?... - Lizzie estremeceu em sobressalto.


Darcy riu-se. Georgiana tapou a cara com as mãos, dizendo:

 

- Era para ser surpresa, não era, meu irmão! Mas não consegui conter-me!

 

Lizzie estava lívida. Darcy receou que ela desmaiasse outra vez e apressou-se a contar-lhe tudo quanto se havia passado.

 

- Estavas muito fraca, minha querida, nem sei como sobreviveste! Tive tanto receio durante estas horas que não voltasses a despertar, foi um milagre do Dr. Brown e de Mrs. Smith, que sempre me garantiram que estava tudo a correr bem! Os gémeos nasceram praticamente um a seguir ao outro! E foi assim que após o nascimento da nossa querida Anne, Edward apressou-se para nos surpreender, já tu estavas inconsciente! É um milagre, um milagre que todos estejam agora vivos! – e Darcy beijou Lizzie, deixando cair algumas lágrimas de emoção na sua face.

 

Também Georgiana estava muito comovida. Levantou-se e abriu a porta, dispondo-se a trazer as crianças, acompanhada por Mrs. Smith que as estivera a preparar. Os gémeos eram perfeitamente saudáveis e tinham nascido com peso razoável, ambos tinham chorado com energia.

 

- Desculpa minha querida – disse Darcy – enquanto estavas adormecida, Georgiana e eu pensamos nos nomes a dar aos nossos filhos. Não sei se concordas, mas achamos que o rapaz se deve chamar Edward…

 

- Sim, certamente… não poderia ser de outra maneira! - concordou Elisabeth, beijando ao de leve as frontes dos filhos.

 

- E o nome da menina podia ser Anne, para homenagear a nossa nova amiga… - completou Georgiana.

 

Lizzie riu-se, ainda se sentindo muito enfraquecida.

 

- Parece-me tudo muito bem… - disse ela, adormecendo de novo, mal conseguindo conter-se de tanta felicidade.

Vamos Editar os Clássicos - Cranford tem edição portuguesa

Descobri há dias que o livro de Elizabeth Gaskell tem edição portuguesa, com o estranho título A Cidade Sem História. Esta informação foi dada por uma leitora do nosso blogue num post e podem ver aqui: Cranford

Pelas imagens eu diria que o estado de conversação é muito bom, apesar do livro ter sido editado em 1943, o que faz dele um livro já na terceira idade, uma altura em que devia descansar na prateleira, sendo aberto ocasionalmente para recordar a quem o leu todas as suas virtudes e a magia da escrita da Senhora Gaskell.

 

Não me interpretem mal, eu adoro livros antigos, mas não tenho dinheiro nem espaço para me dedicar a coleccioná-los, daí a minha ideia de vê-los sossegados nas prateleiras ou mesmo na internet nos sites dos alfarrabistas. Para mim os livros antigos e em segunda mão tem uma magia própria e se isto fosse um blogue de livros, um dia faria um post sobre o assunto.

 

Mas voltando ao que interessa, a informação dada pela nossa leitora, mais uma vez vem confirmar que é urgente editar os clássicos que os livros se estão a perder para dar lugar a outros que ninguém vai falar. Na edição deste mês da revista Ler, Inês Pedrosa falava de Camilo Castelo Branco como o homem que levaria para uma ilha deserta, preferindo-o a Eça de Queiroz... Preferências não se discutem, mas o que mais retive daquilo que ela escreveu foi a afirmação que no Brasil, ele era mais amado e estudado do que aqui. Um mal comum a outros escritores.

 

Por isso se estes escritores não forem editados ou reeditados daqui por uns anos, acabaram esquecidos...

 

 

Quanto à nossa votação, tenho a dizer-vos que neste momento as obras inacabadas e da juventude de Jane Austen estão a ganhar. Desde o inicio que havia uma luta entre North and South e os livros da nossa Jane, nos últimos dias a diferença tornou-se maior. Cranford, Little Dorrit e Anne of Green Gables disputavam o segundo lugar, mas neste momento a Anne tomou a liderança.