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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

DESAFIO | Bicentenário "Sense and Sensibility" #BR

 

A Raquel Sallaberry Brião do Jane Austen em Português já publicou a terceira parte da Leitura Comparada. Poderão encontrar o seu post no Lendo Jane Austen.

Ao longo dos meses, constatei que um dos momentos emocionantes é ver o resultado da leitura efectuada pela Raquel. O mais curioso, para mim, é averiguar que duas facetas opostas tornaram-se viciantes: ver as dúvidas que tivemos em comum e, por outro lado, ver os trechos que ela destacou e que eu não me dei conta na minha leitura. O primeiro aspecto, porque as dúvidas em comum criam de certa um elo de pensamento. O segundo aspecto, faz-me pensar de imediato: "como eu não vi isto?"; e, este segundo aspecto em específico, faz-me voltar aos dois livros e acompanhar a Raquel nesta viagem das duas traduções. Esta é uma das partes construtivas de todo este processo.

 

Por isso, sigam o link e confiram o resultado da leitura da Raquel através dos textos:

 

*** 

 

Para quem não acompanhou este percurso desde o início, poderá fazê-lo. Deixo-vos a lista completa da programação de leitura da Raquel e os respectivos textos:


Capítulos 1 a 23 

Lendo Sense and Sensibility no Brasil 200 anos depois – I”
“A idade de Marianne Dashwood”

 

Capítulos 23 a 36 

Lendo Sense and Sensibility no Brasil 200 anos depois – II
O duelo de Razão e sentimento
O bom e velho Constância

 

Capítulos 37 a 50 

“Lendo Sense and Sensibility no Brasil 200 anos depois – III”
Huswife ou estojo de costura no tempo de Jane Austen
Gatos melancólicos, sonolentos e entediados
Willoughby, viúvo

Shortstory – parte 53

 

Sir Walter Elliot recebeu com surpresa e indignação as notícias da morte do seu herdeiro e primo, assim como dos acontecimentos que haviam decorrido desde a partida da sua filha, Anne.

Foi o próprio Almirante e a mulher quem acharam por bem visitá-lo em Bath para o colocar a par de todos os pormenores. E assim, Sir Walter recebeu a visita de ambos, quase imediatamente após ter recebido um breve bilhete que lhe havia sido enviado, dando conta do estado de Anne. Além disso, o Almirante e a mulher pretendiam também pedir a mão de Anne, em nome de Wentworth.

 

- Custa-me a crer que tais factos que me conta tenham sido possíveis, Almirante – suspirou Sir Walter, observando melhor os seus visitantes e concluindo como as viagens marítimas que haviam feito no passado, havia contribuído certamente para tanto lhes envelhecer a pele.

 

- É tal como lhe contamos, Sir Walter – disse a mulher do Almirante – e garanto-lhe que se não fosse a atitude heroica de uma pequena jovem, Fanny Price, sobrinha de Sir Thomas Bertram, não sabemos se Anne conseguiria resistir…

 

Sir Walter interrompeu bruscamente a narrativa, perguntando animadamente:

 

- Sir Thomas Bertram a quem se refere é o mesmo da propriedade de Mansfield Park, no condado de Northampton?

 

Perante o assentimento do Almirante e da mulher, Sir Walter desfiou encantado os desejos que há tanto tempo tinha de conhecer tal senhor, de como ficaria feliz por poder estabelecer amizade com uma pessoa tão bem colocada na escala hierárquica dos títulos nobiliárquicos e como certamente a filha mais velha, Elisabeth, também gostaria de os conhecer.

 

O Almirante e a mulher sentiam-se perplexos perante tal despreocupação quanto ao assunto e à gravidade dos acontecimentos sucedidos. Então Sir Walter manifestou-se muito interessado em deslocar-se pessoalmente a Pemberley, mas não era para ver Anne ou para assegurar-se do estado em que esta se encontrava, mas tão-somente para estabelecer contacto com Sir Thomas Bertram. A esse respeito, Sir Walter tinha muitas perguntas a fazer-lhes.

 

- Digam-me qual é o aspeto de Sir Thomas Bertram… soube que tem feito algumas viagens para as Índias Ocidentais onde possui propriedades… será que se encontra envelhecido pelas exposições ao sol implacável dessas paragens, ou tem sido pessoa cuidadosa com a sua pele?

 

Os visitantes sentiam-se ultrajados perante tanta falta de juízo e preparavam-se para responder com alguma brusquidão,  sobretudo  Mrs. Croft que se sentia revoltada e nauseada, a pontos de não se conseguir calar, quando foram interrompidos pela irmã mais velha de Anne, Elisabeth Elliot. Foi então narrado com todos os pormenores, o relato das vicissitudes de Anne, com a descrição exata da falta de características morais do defunto Elliot.

 

Enquanto Elisabeth se deixava levar pela surpresa e perplexidade perante tantas revelações, Sir Walter não parava de soltar exclamações sobre a sorte que tinham tido em poder dali em diante estabelecer relações mais próximas com Sir Thomas Bertram.

 

Embora Elisabeth Elliot fosse muito vaidosa e tivesse na maior parte das vezes dado razão aos delírios do seu pai, marginalizando e até desprezando a irmã Anne, não tinha má índole e manifestou-se realmente preocupada com o que havia sucedido à irmã, maldizendo a confiança excessiva que haviam propiciado ao parente afastado e que assim tão cruamente se havia manifestado.

 

- Nunca supus que o nosso primo pudesse fazer uma coisa destas… - murmurou ela, sentindo os olhos molhados de emoção – mas garantem-me que minha irmã se encontra bem e recuperada da situação que sofreu?

 

Os visitantes asseguraram-lhe que sim. Elisabeth manifestou desejos de se deslocar quanto antes a Pemberley para estar próxima de Anne, mas Sir Walter interrompeu-a dizendo:

 

- Mas se me dizem que Sir Thomas Bertram não se encontra em Pemberley, mas sim na nossa propriedade de KellynchHall, agora arrendada aqui ao Almirante, o que vamos nós fazer a Pemberley?

 

Elisabeth sentiu-se repentinamente incomodada com aqueles despropósitos do seu pai. Havia algum tempo que sentia assim um mal-estar que não sabia como definir, quando o pai ou Mrs. Clay se manifestavam. Alguns meses atrás surpreendera Mrs. Clay e o primo Elliot, então noivo de Anne, em atitudes que lhe pareceram menos próprias e nem as explicações atabalhoadas de Mrs. Clay a convenceram. Apesar disso, Elisabeth Elliot continuou como dantes, aparentemente tendo esquecido o que se passara. Mas isso de facto não sucedera e aquela familiaridade mal explicada dava-lhe que pensar. Como se sonhasse que ela estava a pensar em Mrs. Clay, Sir Walter mencionou o seu nome.

 

- Temos de contar tudo o que se passou a Mrs. Clay – disse ele – pois também ela vai gostar de conhecer Sir Thomas Bertram e os seus familiares…

 

Mas Elisabeth cortou-lhe abruptamente as palavras, dizendo:

 

- Não me parece, meu pai. Eu acho que está na altura de Mrs. Clay voltar para a casa dos seus familiares. Ainda hoje de manhã ela comentou como tinha saudades dos filhos! Parece-me que já se encontra connosco há demasiado tempo! – e Elisabeth Elliot sorriu da forma encantadora como só ela o sabia fazer, acentuando ainda mais a extraordinária beleza e simetria do seu rosto.

 

 

Vamos Editar os clássicos - O mistério de Charles Dickens

Recebo com alguma frequência, newsletters de livrarias online. Uma dessas últimas trazia a noticia da publicação do livro o Mistério de Charles Dickens, título que roubei para este post, já que para mim é um mistério a publicação deste livro.

Quando li a sinopse, que podem ler aqui fiquei a pensar que já tinha visto isto em qualquer lado e verificando a minha wishlist de uma outra livraria, vi que de facto já tinha visto algo bastante parecido, o livro inacabado de Charles Dickens, cuja sinopse, podem ler aqui. Lendo fiquei com a ligeira sensação que tinha lido a sinopse do Código de Vinci, mas versão para Charles Dickens...

 

Não sei se os livros em questão são bons, nem me cabe a mim fazer tal apreciação baseada apenas em sinopses. Faz-me um bocado de comichão este género de livros, primeiro porque os acho um pouco especulativos em relação à vida dos escritores em questão e depois oferecem muitas vezes visões distorcidas do visado, neste caso Charles Dickens.

 

Faz-me confusão que se publiquem tais livros por cá, pois o escritor não está devidamente publicado, não como ele certamente merece. Se quiserem ler o famoso conto de natal, a única dúvida será qual a edição a escolher, à parte disso não há quase nada. Quem quer ler o Dickens não tem sorte quase nenhuma. Por isso, caros editores, se algum eventualmente lê este blogue em vez de se lançarem a publicar livros mirabolantes sobre escritores de renome, façam o favor de publicar a sua obra e aí sim publiquem estes livros que os leitores que gostam deste tipo de livros agradece. Até porque o sucesso de livros deste tipo depende, muitas vezes do conhecimento que se tem da obra do escritor, julgo que fazem referencias à sua obra e onde podem as pessoas ler tais livros se não estão editados?!

 

Um exemplo simples e prático, o livro de Emily Brontë, O Monte dos Vendavais, tornou-se mais conhecido entre os jovens depois de ser citado na Saga Twilight como o preferido dos protagonistas...

 

 

A todos os que já votaram o nosso sincero obrigado! E peço desculpa por alguma ausência de posts sobre este projecto, mas tenho andado um pouco ocupada com outras actividades do blogue. Durante os próximos dias podem contar com mais e isto pode eventualmente decidir algum indeciso que ainda não tenha votado por não conhecer bem as obras sugeridas.