Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Shortstory 2 / Parte 48

Tamanho bulício e afluxo de pessoas e carruagens tinham transformado Perberley naquele dia num lugar muito agitado e quase cosmopolita! Se Mrs Bennett estivesse presente, certamente que haveria de achar que no campo também acontecem muitas coisas e muitas famílias diferentes se podem juntar. As surpresas e as exclamações ainda não haviam terminado. A notícia que Darcy trazia e que anunciou solenemente no quarto de Anne, que estava ainda acompanhada por Wentworth e Emma, foi a seguinte:

 

- Tenho a comunicar-vos que Mr. Elliot, o primo de Anne, acabou de falecer.

 

Todos ficaram estupefactos. De todas as notícias que podiam esperar, essa é que não lhes havia passado pela cabeça que acontecesse tão depressa. À porta do quarto assomaram mais cabeças: eram Georgiana, Fanny, William Price e Edmund Bertram.

 

- Podemos entrar outra vez? – perguntou Fanny com um sorriso.

 

Emma disse que sim, já que Anne e Wentworth estavam lívidos com a última novidade que surgira.

 

Os outros acomodaram-se como puderam.

 

- Mas como foi isso possível? – perguntou Anne, aliviada, embora em simultâneo sentindo-se irritada, pois desejava que Mr. Elliot fosse preso e punido pelo que fizera.

 

Darcy retomou a narrativa.

 

- Como sabem, acabaram de chegar mais carruagens. O seu cunhado, Mr. Wentworth…

 

- Pois como lhe disse, o Almirante Croft foi atrás dele… - disse Wentworth.

 

- Na perseguição a Elliot, ele encurralou-se nos penhascos daquele lugar, Black… BlackThunder e caíu ao mar. Parece que ali estavam por perto pescadores que o resgataram já sem vida. – disse Darcy. – O Almirante Croft e os amigos que o acompanhavam no encalço daquele desgraçado só puderam confirmar de quem se tratava.

 

Anne afundou a cabeça na almofada quase que pela milésima vez naquele dia. Sentia-se aliviada mas deveria mostrar esse alívio? Seria conveniente sentir-se assim ao saber da morte de um familiar seu, mesmo sendo ele um indivíduo tão horrendo e de tão má índole? Anne tinha princípios éticos tão firmes e era tão bem formada que sentia repulsa diante da morte, mesmo daquele que lhe fizera tanto mal. Virou-se para Wentworth e confessou-lhe o que sentia.

 

- Não faz mal, meu amor, eu compreendo que tenhas essa reação.  – disse ele, ternamente – É natural que te sintas dividida. Afinal, um ser humano é um ser humano, mesmo sendo do calibre daquele.

 

Mas Anne queria dizer que se sentia também tão aliviada! Afinal, todas as coisas estavam a suceder agora de forma tão vertiginosa e eram todas tão agradáveis! Após as desgraças recentes, era tudo agora tão bom de forma quase irreal.

 

Darcy pediu desculpa e disse que tinha de atender a todos os seus visitantes, já que Elisabeth se recolhera para descansar antes mesmo da chegada das últimas carruagens.

 

- Foi muito melhor para minha irmã. – disse Georgiana que ajudara Elisabeth a acomodar-se nos seus aposentos, longe do bulício – Tantas emoções no mesmo dia foram demasiadas no seu estado.

 

- Como estava ela? – perguntou Fanny – Estava agitada pelo relato desta situação?

 

- Não me pareceu muito agitada. – disse Georgiana – Mas achei melhor que se recolhesse antes de ficar realmente alterada, o que não seria nada bom para ela. Mas agora adormeceu e pude deixá-la descansar. Felizmente não se apercebeu da chegada de mais visitantes e das últimas novidades. Julgo que é bem melhor saber as notícias de forma doseada. Aos poucos vamos contar-lhe tudo. E no fim, ela vai ficar muito feliz por saber que afinal todos vão ficar bem!

 

- Tem toda a razão – disse William Price, que bebia as palavras de Georgiana, sentindo admiração por aquela jovem, achando-a tão bela e tão sensata – Deixe-me dizer-lhe que acho magnífica a sua forma de resolver os assuntos e ajudar as pessoas!

Georgiana corou e dirigiu-lhe um grande sorriso.

 

- A felicidade e o bem-estar daqueles que amo são os meus maiores interesses. – confessou.