Shortstory 2 - Parte 28
O inverno estava a bater à porta. O mês de novembro tinha já os dias contados para o seu fim. Os dias frios traziam um estado de abatimento e entorpecimento geral. Não havia tantos passeios pelos parques e bosques, os piqueniques estavam fora de questão e a vida fazia-se maioritariamente dentro de paredes. Ninguém ainda se lembrara de organizar um baile, uma oportunidade para encontrar velhos amigos e fazer novos conhecimentos.
Mas havia uma excepção no meio de toda a apatia que reinava em Inglaterra. Este privilégio cabia à família Darcy. A gravidez de Elizabeth completava já cinco meses e, por esta altura, não era segredo para ninguém. Assim que Mrs Darcy se mentalizara que o bebé não era apenas um sonho da sua cabeça, mas uma presença bastante real, deixara que os seus medos se esvaziassem e contara a toda a sua família e amigos. A vida de Elizabeth e Darcy voltara a ser feliz. Nada era, no entanto, como antes. A memória de Edward ainda permanecia muito viva no seu seio, mas agora era apenas uma memória de carinho e amor. A bebé que aí vinha tinha, lentamente, curado muitas das mágoas encerradas em Elizabeth e fê-la encarar a sua existência com outros olhos.
Darcy estava no seu esplendor com a excelente recuperação da sua esposa. A animação tinha voltado a Pemberley e contagiava todos os que nela viviam. Até Georgina se libertara um pouco mais dos seus complexos e vergonhas. Continuava tímida, claro, mas tocava mais vezes as suas melodias ao piano e até lia em voz alta para prazer de Elizabeth e, quem sabe, até do bebé.
Mal Elizabeth começou a dar a boa nova, a notícia espalhou-se com uma rapidez incrível. Uma das primeiras pessoas a saber foi Jane Bingley, a sua melhor amiga e irmã. Depois a sua mãe e o resto das irmãs. Já estava à espera que quando a novidade chegasse às mãos de Mrs Bennet, rapidamente Longbourn saberia da existência do novo rebento que nasceria brevemente. A depressão nervosa que assolava Mrs Bennet após a saída de todas as suas filhas de casa teve, assim, alguns dias de descanso, até o mexerico estar completamente esgotado.
Uma semana depois, Elizabeth Darcy recebe uma carta de Jane. Apressou-se a tomá-la e dirigir-se para o seu quarto para ler a missiva com mais calma.
“Minha querida Lizzie,
não imaginas quanto feliz fiquei após ter recebido a boa notícia! A minha querida irmã, grávida. Lembra-te de todas as conversas que tivemos, eu sabia que algo de bom estaria para chegar rapidamente. E não me enganei! Sabes que te desejo a maior sorte do mundo, e que aproveites este período o mais que puderes porque passa depressa.
Bingley ficou maravilhado, sabes como ele adora crianças. Enfim, tenho muitas coisas para te contar, e tenho a certeza que tu também. A tua última carta informava muito pouco do que por aí se passa, mas também não vou dizer muito mais porque estamos de partida para Pemberley. Bingley e eu decidimos aceitar o vosso convite, vai ser óptimo estarmos todos juntos novamente. Já tenho saudades dos nossos passeios, espero que o tempo nos dê algumas tréguas.
O melhor,
Jane.”