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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Squerryes Court

 

Squerryes Court é o cenário de Hartfield na adaptação “Emma” da BBC de 2009 com Romola Garai no papel da nossa heroína.

 

Squerryes em Westerham no Kent em Inglaterra, é uma casa senhorial do séc. 17, sendo a residência da família Warde desde 1731.

A Casa e o Jardim estarão abertos ao público de Abril até Setembro de 2012.

 

No local de construção da casa atual esteve, por mais de 800 anos uma casa de matriz medieval que foi demolida em 1681, propriedade da família Squerie.

 

A casa atual, construída por Sir Nicholas Crispe, foi vendida em 1700 a Edward Villiers e só em 1731 passa para a família Warde, que a mantém na atualidade.

 

Squerryes Court segue a traça do estilo Georgiano.

 

As salas usadas e mobiladas ao longo de 200 anos pela família Warde são do maior interesse. Aí podemos encontrar uma coleção de pinturas do séc. 17 das escolas Italianas, Alemãs e Inglesas.

 

Os jardins de Squerryes Court cobrem cerca de 4 hectares incluindo um pombal e um lago.

 

As filmagens de “Emma” - BBC 2009, exteriores e interiores decorreram nesta casa.

As divisões utilizadas nas gravações incluíram o “Quarto Chinês” (talvez daí a piada inicial na adaptação a propósito de Mr. Knightley ir ensinar chinês a Emma!?), um dos quartos dos empregados, a entrada, e a “Sala Verde”, que foi pintada de azul turquesa paras as filmagens, e os jardins.

 

Em 2009, Squerryes Court albergou uma exibição acerca de Jane Austen, a sua associação com Kent, fotografias das filmagens da mais recente adaptação de “Emma” e do guarda-roupa.

 

 

 

 

 

 

 

Shortstory – parte 54

E assim o inverno chegou naquele ano mais tarde do que era habitual, mas com muito frio e neve. Após tantos acontecimentos imprevistos e surpreendentes, todos puderam descansar um pouco com a chegada do frio, em tardes compridas de conversas longas, muito aquecidos nas lareiras, em chás intermináveis e alegres.

Em Pemberley, Georgiana passava longas horas ao piano enquanto Lizzie descansava, pois a sua barriga estava enorme e ela não se sentia com energia para mais do que arrastar cada dia, esperando que o seu filho nascesse, ajudando-a a mitigar aquele nó que sentia de cada vez que pensava no seu adorado Edward.

Georgiana sentia-se calma e sonhadora, aguardando com alegria a chegada da correspondência que estabelecera com William Price, escrevendo e recebendo longas cartas, nas quais ambos descobriam afinidades, perceções e sensibilidades semelhantes. Também se correspondia com a irmã dele, Fanny, a qual de regresso à pacatez de Mansfield Park, onde agora a irmã de ambos, Susan Price, também vivia, se sentia mais descansada e sem necessidade de fazer tanta companhia à tia, já que Susan se adequara perfeitamente a esse papel. Assim, Fanny correspondia-se com todas as suas novas amigas, revelando-se muito menos tímida e mais sociável, descobrindo as alegrias das amizades partilhadas e da vida social interessante.

Nas cartas que enviava a Georgiana, Fanny partilhava a admiração cada vez maior pelo primo, Edmund e a enorme alegria que sentia quando o tinha por perto. De resto, a vida de Fanny prosseguia com tranquilidade e alegria, amada pelos tios e admirada pelo primo. Fanny também referia com frequência o outro primo, o mais velho, Tom Bertram que Georgiana nunca vira, mas de quem ouvira falar, pois fora em tempos muito gastador e boémio. No entanto, parecia estar mais ajuizado, pois após uma longa doença que o mantivera preso ao leito durante muito tempo, melhorara e tornara-se muito mais consciente e preocupado com todos os que o rodeavam. Com tantas conjeturas e pensamentos, Georgiana mal ouviu Lizzie que a chamava. Apressou-se a largar as cartas e correu para o local junto à lareira, onde a cunhada se encontrava também com uma carta nas mãos.

 

- Georgiana! – chamou ela – Recebi uma carta de Anne! Os preparativos para o noivado estão a decorrer bem. Espero que quando chegar o casamento, eu já me sinta capaz de caminhar normalmente… - Lizzie levou uma mão à barriga, cada dia mais volumosa e com a outra, estendeu-lhe a carta que recebera de Anne.

 

Georgiana leu apressadamente, ansiosa pelas novidades. Após um período de convívio tão intenso, o regresso de todos a suas casas tornava a distância quase insuportável, apenas amenizada pelas cartas que se iam enviando e recebendo. Não que Anne estivesse verdadeiramente em casa, junto com Sir Walter em Bath. Não, Anne tinha-se mudado para casa da sua irmã mais nova, Mary Musgrove, cuja proximidade com KellynchHall lhe permitia falar com o seu querido Wentworth quase todos os dias, combinando e organizando todos os pormenores do casamento que se realizaria ali quando a primavera chegasse.

Era assim uma Anne feliz e muito calma quem escrevia, relatando pormenores dos preparativos e da alegria que era estar na companhia de todos, naturalmente de Wentworth, dos Musgrove, do Almirante e de Mrs Croft. A irmã, Mary, continuava a queixar-se sempre de estar doente, de não lhe darem suficiente atenção, de ser relegada para segundo plano, embora agora, que esperava outra criança, estivesse um pouco menos centrada em si própria do que lhe era habitual. Quanto à outra irmã, Elisabeth, Anne contava que permanecia em Bath com Sir Walter, embora agora se escrevessem amiúde e tivesse havido uma melhoria nos relacionamentos entre as irmãs. A grande novidade que Anne tinha para contar, havia-a reservado para o final da carta e Lizzie observou com gosto a expressão de espanto que a cunhada fez ao chegar a essa parte.

 

- Não acredito! – disse Georgiana com vontade de rir – O Coronel Tilney vai-se casar!

 

Lizzie riu com gosto e comentou:

 

- E foi precisamente aqui na nossa propriedade que ele reencontrou a sua amada no final de tantos anos de afastamento!

 

- E logo com Lady Russell, que era tão distante e cheia de preconceitos! – suspirou Georgiana – Ainda me lembro de Anne contar como ela a tinha influenciado para se afastar de Wentworth, encontrando-lhe sempre defeitos!

 

- Tudo isso já lá vai… - disse Lizzie – agora Coronel Tilney é outro homem e Lady Russell outra mulher. Ainda bem que aprenderam com os erros e se arrependeram de certas atitudes menos próprias que tiveram. O próprio Coronel Tilney está muito diferente com os filhos, aceitou sem hesitar os noivados e deixou de se importar com os dotes e as riquezas de cada um…

 

- O mesmo não se pode dizer de Sir Walter Elliot, que continua a mesma cabeça vazia e pretensiosa! – suspirou Georgiana – Fanny contou-me numa das cartas que ele continua a querer ser convidado para Mansfield Park e parece que já não está longe de o conseguir! Perante tanta insistência, sir Thomas convidou-o a passar lá uma temporada com a filha Elisabeth, após o casamento de Anne…

 

Ambas se riram. Quando Darcy chegou, arrepiado de frio, pois estivera nos estábulos e ver uns cavalos novos que havia comprado e que tinham chegado, sentou-se ao lado delas, enquanto ambas lhe iam contando as surpreendentes novidades.

DESAFIO | Bicentenário "Sense and Sensibility" #BR

 

A Raquel Sallaberry Brião do Jane Austen em Português já publicou a terceira parte da Leitura Comparada. Poderão encontrar o seu post no Lendo Jane Austen.

Ao longo dos meses, constatei que um dos momentos emocionantes é ver o resultado da leitura efectuada pela Raquel. O mais curioso, para mim, é averiguar que duas facetas opostas tornaram-se viciantes: ver as dúvidas que tivemos em comum e, por outro lado, ver os trechos que ela destacou e que eu não me dei conta na minha leitura. O primeiro aspecto, porque as dúvidas em comum criam de certa um elo de pensamento. O segundo aspecto, faz-me pensar de imediato: "como eu não vi isto?"; e, este segundo aspecto em específico, faz-me voltar aos dois livros e acompanhar a Raquel nesta viagem das duas traduções. Esta é uma das partes construtivas de todo este processo.

 

Por isso, sigam o link e confiram o resultado da leitura da Raquel através dos textos:

 

*** 

 

Para quem não acompanhou este percurso desde o início, poderá fazê-lo. Deixo-vos a lista completa da programação de leitura da Raquel e os respectivos textos:


Capítulos 1 a 23 

Lendo Sense and Sensibility no Brasil 200 anos depois – I”
“A idade de Marianne Dashwood”

 

Capítulos 23 a 36 

Lendo Sense and Sensibility no Brasil 200 anos depois – II
O duelo de Razão e sentimento
O bom e velho Constância

 

Capítulos 37 a 50 

“Lendo Sense and Sensibility no Brasil 200 anos depois – III”
Huswife ou estojo de costura no tempo de Jane Austen
Gatos melancólicos, sonolentos e entediados
Willoughby, viúvo

Shortstory – parte 53

 

Sir Walter Elliot recebeu com surpresa e indignação as notícias da morte do seu herdeiro e primo, assim como dos acontecimentos que haviam decorrido desde a partida da sua filha, Anne.

Foi o próprio Almirante e a mulher quem acharam por bem visitá-lo em Bath para o colocar a par de todos os pormenores. E assim, Sir Walter recebeu a visita de ambos, quase imediatamente após ter recebido um breve bilhete que lhe havia sido enviado, dando conta do estado de Anne. Além disso, o Almirante e a mulher pretendiam também pedir a mão de Anne, em nome de Wentworth.

 

- Custa-me a crer que tais factos que me conta tenham sido possíveis, Almirante – suspirou Sir Walter, observando melhor os seus visitantes e concluindo como as viagens marítimas que haviam feito no passado, havia contribuído certamente para tanto lhes envelhecer a pele.

 

- É tal como lhe contamos, Sir Walter – disse a mulher do Almirante – e garanto-lhe que se não fosse a atitude heroica de uma pequena jovem, Fanny Price, sobrinha de Sir Thomas Bertram, não sabemos se Anne conseguiria resistir…

 

Sir Walter interrompeu bruscamente a narrativa, perguntando animadamente:

 

- Sir Thomas Bertram a quem se refere é o mesmo da propriedade de Mansfield Park, no condado de Northampton?

 

Perante o assentimento do Almirante e da mulher, Sir Walter desfiou encantado os desejos que há tanto tempo tinha de conhecer tal senhor, de como ficaria feliz por poder estabelecer amizade com uma pessoa tão bem colocada na escala hierárquica dos títulos nobiliárquicos e como certamente a filha mais velha, Elisabeth, também gostaria de os conhecer.

 

O Almirante e a mulher sentiam-se perplexos perante tal despreocupação quanto ao assunto e à gravidade dos acontecimentos sucedidos. Então Sir Walter manifestou-se muito interessado em deslocar-se pessoalmente a Pemberley, mas não era para ver Anne ou para assegurar-se do estado em que esta se encontrava, mas tão-somente para estabelecer contacto com Sir Thomas Bertram. A esse respeito, Sir Walter tinha muitas perguntas a fazer-lhes.

 

- Digam-me qual é o aspeto de Sir Thomas Bertram… soube que tem feito algumas viagens para as Índias Ocidentais onde possui propriedades… será que se encontra envelhecido pelas exposições ao sol implacável dessas paragens, ou tem sido pessoa cuidadosa com a sua pele?

 

Os visitantes sentiam-se ultrajados perante tanta falta de juízo e preparavam-se para responder com alguma brusquidão,  sobretudo  Mrs. Croft que se sentia revoltada e nauseada, a pontos de não se conseguir calar, quando foram interrompidos pela irmã mais velha de Anne, Elisabeth Elliot. Foi então narrado com todos os pormenores, o relato das vicissitudes de Anne, com a descrição exata da falta de características morais do defunto Elliot.

 

Enquanto Elisabeth se deixava levar pela surpresa e perplexidade perante tantas revelações, Sir Walter não parava de soltar exclamações sobre a sorte que tinham tido em poder dali em diante estabelecer relações mais próximas com Sir Thomas Bertram.

 

Embora Elisabeth Elliot fosse muito vaidosa e tivesse na maior parte das vezes dado razão aos delírios do seu pai, marginalizando e até desprezando a irmã Anne, não tinha má índole e manifestou-se realmente preocupada com o que havia sucedido à irmã, maldizendo a confiança excessiva que haviam propiciado ao parente afastado e que assim tão cruamente se havia manifestado.

 

- Nunca supus que o nosso primo pudesse fazer uma coisa destas… - murmurou ela, sentindo os olhos molhados de emoção – mas garantem-me que minha irmã se encontra bem e recuperada da situação que sofreu?

 

Os visitantes asseguraram-lhe que sim. Elisabeth manifestou desejos de se deslocar quanto antes a Pemberley para estar próxima de Anne, mas Sir Walter interrompeu-a dizendo:

 

- Mas se me dizem que Sir Thomas Bertram não se encontra em Pemberley, mas sim na nossa propriedade de KellynchHall, agora arrendada aqui ao Almirante, o que vamos nós fazer a Pemberley?

 

Elisabeth sentiu-se repentinamente incomodada com aqueles despropósitos do seu pai. Havia algum tempo que sentia assim um mal-estar que não sabia como definir, quando o pai ou Mrs. Clay se manifestavam. Alguns meses atrás surpreendera Mrs. Clay e o primo Elliot, então noivo de Anne, em atitudes que lhe pareceram menos próprias e nem as explicações atabalhoadas de Mrs. Clay a convenceram. Apesar disso, Elisabeth Elliot continuou como dantes, aparentemente tendo esquecido o que se passara. Mas isso de facto não sucedera e aquela familiaridade mal explicada dava-lhe que pensar. Como se sonhasse que ela estava a pensar em Mrs. Clay, Sir Walter mencionou o seu nome.

 

- Temos de contar tudo o que se passou a Mrs. Clay – disse ele – pois também ela vai gostar de conhecer Sir Thomas Bertram e os seus familiares…

 

Mas Elisabeth cortou-lhe abruptamente as palavras, dizendo:

 

- Não me parece, meu pai. Eu acho que está na altura de Mrs. Clay voltar para a casa dos seus familiares. Ainda hoje de manhã ela comentou como tinha saudades dos filhos! Parece-me que já se encontra connosco há demasiado tempo! – e Elisabeth Elliot sorriu da forma encantadora como só ela o sabia fazer, acentuando ainda mais a extraordinária beleza e simetria do seu rosto.

 

 

Vamos Editar os clássicos - O mistério de Charles Dickens

Recebo com alguma frequência, newsletters de livrarias online. Uma dessas últimas trazia a noticia da publicação do livro o Mistério de Charles Dickens, título que roubei para este post, já que para mim é um mistério a publicação deste livro.

Quando li a sinopse, que podem ler aqui fiquei a pensar que já tinha visto isto em qualquer lado e verificando a minha wishlist de uma outra livraria, vi que de facto já tinha visto algo bastante parecido, o livro inacabado de Charles Dickens, cuja sinopse, podem ler aqui. Lendo fiquei com a ligeira sensação que tinha lido a sinopse do Código de Vinci, mas versão para Charles Dickens...

 

Não sei se os livros em questão são bons, nem me cabe a mim fazer tal apreciação baseada apenas em sinopses. Faz-me um bocado de comichão este género de livros, primeiro porque os acho um pouco especulativos em relação à vida dos escritores em questão e depois oferecem muitas vezes visões distorcidas do visado, neste caso Charles Dickens.

 

Faz-me confusão que se publiquem tais livros por cá, pois o escritor não está devidamente publicado, não como ele certamente merece. Se quiserem ler o famoso conto de natal, a única dúvida será qual a edição a escolher, à parte disso não há quase nada. Quem quer ler o Dickens não tem sorte quase nenhuma. Por isso, caros editores, se algum eventualmente lê este blogue em vez de se lançarem a publicar livros mirabolantes sobre escritores de renome, façam o favor de publicar a sua obra e aí sim publiquem estes livros que os leitores que gostam deste tipo de livros agradece. Até porque o sucesso de livros deste tipo depende, muitas vezes do conhecimento que se tem da obra do escritor, julgo que fazem referencias à sua obra e onde podem as pessoas ler tais livros se não estão editados?!

 

Um exemplo simples e prático, o livro de Emily Brontë, O Monte dos Vendavais, tornou-se mais conhecido entre os jovens depois de ser citado na Saga Twilight como o preferido dos protagonistas...

 

 

A todos os que já votaram o nosso sincero obrigado! E peço desculpa por alguma ausência de posts sobre este projecto, mas tenho andado um pouco ocupada com outras actividades do blogue. Durante os próximos dias podem contar com mais e isto pode eventualmente decidir algum indeciso que ainda não tenha votado por não conhecer bem as obras sugeridas.

 

 

DESAFIO | Bicentenário "Sense and Sensibility" #49

Sense and Sensibility em Portugal 200 anos depois

III Parte - Capítulo 37 ao 50

 Leitura Comparada de Sense and Sensibility de Jane Austen nas traduções: 

“Sensibilidade e Bom Senso”  (Maria Luísa Ferreira da Costa) e “Razão e Sentimento” (Ivo Barroso)

 

 

1 |  Uma mesma língua: significantes diferentes, significados iguais

Seleccionei dois exemplos em conformidade com esta ideia. No primeiro exemplo, constatamos que as opções das duas traduções estão adequadas e revelam o uso de cada país.

 

"Edward made no answer; but when she had turned away her head, gave her a look so serious, so earnest, so uncheerful, as seemed to say, that he might hereafter wish the distance between the parsonage and the mansion-house much greater."  |  Sense and Sensibility, Chapter 40, page 369

 

“Edward não respondeu; mas quando ela voltou a cabeça, lançou-lhe um olhar tão sério, tão fervoroso, tão triste, que parecia dizer que desejaria que a distância entre a paróquia e a mansão fosse muito maior,”   |   Sensibilidade e Bom Senso, Cap. 40, pg 215

“Edward não respondeu; mas quando ela voltou a cabeça, ele lançou-lhe um olhar tão sério, tão fervoroso, tão triste, que parecia desejar que a distância entre o padroado e a mansão fosse muito maior.”  |  Razão e Sentimento, Cap. 40, pg 196

 

Já neste segundo exemplo a seguir, temos duas situações:

“I am monstrous glad of it. Good gracious! I have had such a time of it! I never saw Lucy in such a rage in my life. She vowed at first she would never trim me up a new bonnet, nor do any thing else for me again, so long as she lived;(…)”  |  Sense and Sensibility, Chapter 38, page 344

 

“Fico muitíssimo contente com isso. Santo Deus! Passei uns tempos! Nunca na minha vida vi Lucy com tal fúria. Declarou solenemente a princípio que nunca me cortaria o meu chapéu novo e nunca mais faria nada por mim enquanto vivesse (…).”  |  Sensibilidade e Bom Senso, Cap. 38, pg 201

 “Estou terrivelmente satisfeita com isso. Santo Deus! Passei maus pedaços! Nunca vi Lucy tão furiosa em minha vida. Ela jurou a princípio que nunca mais adornaria os meus chapéus nem faria mais nada para mim enquanto vivesse; (…).”  |  Razão e Sentimento, Cap. 38, pg 190

 

A primeira situação deriva da expressão "I have had such a time of it!". Confesso que nunca ouvi a expressão "Passei uns tempos!"; embora admita que possa existir, surge como uma tradução literal. Na tradução brasileira, "passei maus pedaços!" também não me soa como uma frase comum. É mais correntemente utilizada a expressão "passei um mau bocado". 

A segunda parte da frase chamou-me mais a atenção: "she would never trim me up a new bonnet". A tradução portuguesa continuou numa linha literal enquanto a versão brasileira incindiu mais sobre o significado da expressão. Parece-me que a opção de Ivo Barroso está melhor conseguida e transmitiu a ideia da frase. 

 

 

2 | Opções e Dúvidas

 

“Lucy does not want sense, and that is the foundation on which every thing good may be built.”  |  Sense and Sensibility, Chapter 37, page 333

 

“Lucy não tem falta de senso, e isto é a base na qual todas as qualidades se devem apoiar… “  |  Sensibilidade e Bom Senso, Cap. 37, pg 194

“Lucy não é destituída de bom senso, e isso é fundamental para a construção de alguma coisa permanente...”  |  Razão e Sentimento, Cap. 37, pg 183

 

Tenho de admitir que sou um pouco exigente no uso dos termos "senso" e "bom senso". Não sendo distintas, também não são totalmente semelhantes. Porque "Senso" é a capacidade de sentir, pensar e perceber; mas "Bom senso" implica um uso equilibrado "nas decisões ou nos julgamentos em cada situação que se apresenta". O bom senso apresenta-se como algo activo, que se concretiza de facto e que tem uma forte carga positiva. E Lucy Steele não é propriamente uma figura que seja conhecida pelo seu bom senso. Encontrei-me numa situação em que se tornou necessária a pesquisa da própria palavra em inglês. A palavra "Sense" é abrangente e implica "senso, sentido, sensação, acepção, percepção, consciência, juízo, compreensão, sensibilidade, inteligência, apreensão". Será que Jane Austen queria significar que Lucy Steele tinha "sense" no sentido da percepção e da compreensão?

Por outro lado, os meus pensamentos ficam mais confusos quando dou conta de que o que Jane Austen escreveu foi que Lucy Steele "does not want" que significa "não quer", ao invés do "não tem falta" (versão portuguesa) ou do "não é destituída". 

Já na segunda parte da frase quando Jane Austen escreve "foundation" e "may be built" está a recorrer a um sentido figurativo em que usa a imagem de que a fundação sobre a qual uma casa é construída é o garante da solidez e da longevidade da mesma.  Neste caso, a tradução brasileira transmite melhor a ideia expressa.

 

 

"(…) and how forlorn we shall be, when I come back!—Lord! we shall sit and gape at one another as dull as two cats."  |  Sense and Sensibility, Chapter 39, page 356

 

“Como nos sentiremos tristes, quando eu voltar para casa!... Meu Deus! Sentar-nos-emos e bocejaremos, olhando um para o outro, tão aborrecidos como dois patos ”  |  Sensibilidade e Bom Senso, Cap. 39, pg 208

“Como ficaremos desolados, quando eu voltar! Meu Deus! Vamos sentar-nos aqui e bocejar como dois gatos melancólicos. ”  |  Razão e Sentimento, Cap. 39, pg 196

 

Mrs. Jennings, personagem tão querida ao meu coração, proporciona-nos momentos de grande hilaridade. A frase acima transcrita é um comentário, meio em forma de desgosto, que ela dirige ao Cor. Brandon. Sempre que leio as suas exclamações, mesmo num momento de uma certa tristeza para ela, não consigo deixar de esboçar um sorriso.

Quando li os dois textos e os comparei com a versão original qual não foi o meu espanto de ver que na versão portuguesa "as dull as two cats" foi traduzido para "tão aborrecidos como dois patos".

Não encontrei explicação possível para isto.

 

 

 

 

 “In such moments of precious, invaluable misery, she rejoiced in tears of agony to be at Cleveland;” | Sense and Sensibility, Chapter 42, page 385

 

“Em tais momentos de desgosto precioso e incalculável, confortavam-na as lágrimas de agonia que vertia por estar em Cleveland (…)"  |  Sensibilidade e Bom Senso, Cap. 42, pg 224

“Tais momentos preciosos e inestimáveis confortavam-na das lágrimas da angústia por estar em Cleveland (… )”  |  Razão e Sentimento, Cap. 42, pg 212

 

Esta é uma das minhas frases preferidas em "Sense and Sensibility". Insere-se num momento marcante do livro. Marianne parte de Londres com o coração destroçado e, no regresso a casa, terá de fazer uma estadia em Cleveland,  residência dos Palmer. Cleveland é próxima de Combe Magna, propriedade de Willoughby. Esta coincidência cria toda uma amálgama de emoções em Marianne.

Esta frase ( e todo o texto deste capítulo 42) no seu original tem uma carga emocional tão grande e tão profunda que é comovente. Podemos sentir toda a paixão com a qual Marianne vive os seus sentimentos, seja felicidade seja infelicidade. 

O termo "rejoice" (usada pela autora nesta frase) ultrapassa a comum alegria. "Rejoice" é júbilo, é alegria em êxtase. Jane Austen diz que ela "rejubilou em lágrimas de agonia". A intensidade das suas emoções são transmitidas por contradição: ela estava destroçada e deprimida, mas a proximidade de Combe Magna e, consequentemente, a lembrança de Willoughby, gerou uma diferente forma de alegria.  As frases de ambas traduções destacam a força e a intensidade do momento? 

Para além disso, eu não compreendi porque os tradutores optaram por afirmar que as lágrimas "confortaram". Seria "conforto" no sentido de "consolo"? Um "consolo" no sentido de prémio de consolação?

Admitindo que a estranha alegria e a sensação de liberdade que Marianne estava a sentir, que Jane Austen descreve, fossem uma forma de consolação; ainda assim, há discrepância entre ambas frases. Na versão portuguesa, o conforto era proveniente "das lágrimas de agonia"; enquanto que na tradução brasileira, o conforto resultava de "tais momentos preciosos e inestimáveis". 

Estreito mais o olhar e vejo que, em Sensibilidade e Bom Senso, as lágrimas são de "agonia"; enquanto que, em Razão e Sentimento, as lágrimas são de "angústia". Ambos substantivos têm significados aproximados, mas é interessante ver a diferença:

Agonia: s. f. - 1. Última luta contra a morte; 2. [Figurado]  Ânsia, aflição; 3. Desfecho próximo (precedido de grande perturbação).

Angústia(latim angustia, -ae, estreiteza, contrariedade, aflição) - s. f. - 1. Estreiteza;2. Grande aflição acompanhada de opressão e tristeza.

Inclino-me para a utilização do substântivo "agonia" e, por isso, para a opção feita pela tradução portuguesa.

Agonia ou angústia, qual parece ser a mais adequada? 

 

 

“Marianne gave a violent start, fixed her eyes upon Elinor, saw her turning pale, and fell back in her chair in hysterics.”  |  Sense and Sensibility, Chapter 47, page 450

 

“Marianne endireitou-se abruptamente, fixou os seus olhos em Elinor, viu-a tornar-se pálida e caiu da sua cadeira, histérica.”  |  Sensibilidade e Bom Senso, Cap. 47, pg 263

“Marianne estremeceu violentamente. Voltando os olhos para Elinor, viu que ela empalidecia, e se reclinava na cadeira como se estivesse se sentindo mal. ”  |  Razão e Sentimento, Cap. 47, pg 248

 

 A questão, nesta frase, é muito simples: quem é que se sentou na cadeira, numa crise nervosa, Marianne ou Elinor? Diria que Maria Luísa Ferreira da Costa traduziu a ideia de forma adequada, porque parece-me que é Marianne quem tem um episódio nervoso e é ela quem volta a a endireitar-se na cadeira . Embora, dizer "histérica" parece-me ser um termo demasiado forte; e, "sentindo mal" parece-me demasiado leve para o episódio em causa.

 

 

3. Uma espécie de colete de flanela.

Janeites e caríssimos leitores/as, não resisto terminar a minha selecção de trechos desta leitura comparada sem referir o meu querido Cor. Brandon e o seu famoso colete de flanela. A dita peça de vestuário associada, por Marianne, à velhice.  Quer me parecer que este seria mais um exagero pretensioso de uma adolescente inexperiente. Contudo, ele existiu no contexto da história. 

 

 

 

 

“a man who had suffered no less than herself under the event of a former attachment, whom, two years before, she had considered too old to be married,—and who still sought the constitutional safeguard of a flannel waistcoat!”  |  Sense and Sensibility, Chapter 50, page 484

 

“E esse outro era um homem que não sofrera menos que ela por causa de uma afeição anterior , que dois anos antes ela considerara velho de mais para casar… e que ainda procurava a tradicional protecção num colete de flanela.”  |  Sensibilidade e Bom Senso, Cap. 50, pg 283

“(…) e este outro era um homem que havia sofrido não menos que ela por causa de uma afeição anterior, e a quem, dois anos antes, ela havia considerado velho demais para casar-se...”  |  Razão e Sentimento, Cap. 50, pg 266

 

 

O que não consigo perceber é porque o colete de flanela foi retirado, em Razão e Sentimento, neste final. Terá sido uma forma de o assumir como um símbolo/sinónimo de velhice e somente reforçar o factor idade, suprimindo o símbolo em si? Faz-me lembrar o episódio do duelo, também suprimido, só que na versão portuguesa. Pequenos detalhes e episódios fazem-nos perceber melhor a história, os sentimentos, pensamentos e personalidades dos personagens. Eles fazem a diferença. 

 

Comparar as duas traduções fez-me ver que a  partilha de uma mesma língua não invalida um uso e uma significação diversificada e distinta em ambos países. Do meu ponto de vista, isto constitui uma grande riqueza. Temos particularidades, tanto no Brasil como em Portugal, e isto evidencia-se na tradução. O meu amor por Jane Austen saiu reforçado e, porque não dizê-lo, por "Sensibilidade e Bom Senso". 

 

Ter vivido, com a Raquel Sallaberry Brião, esta parceria e desafio foi uma honra e uma grande alegria. Quero manifestar aqui a gratidão pelo convite e pela confiança que ela me dedicou. 

 

 

 

 

Shortstory – parte 52

Fanny sentia que todos estavam suspensos pelas suas palavras e pelo que delas poderia resultar. E assim respirou fundo e começou a relatar como havia chegado até aos penhascos e à propriedade que só mais tarde soube que se chamava BlackThunder, angustiada pelos seus próprios receios porque se sentia perdida e tudo era assustador e gigantesco.

 

- Não havia ali vivalma – contou ela – Desci do cavalo e percorri a mansão de um lado ao outro, parecia estar desabitada e sem sinais de qualquer tipo de ocupação… mas quando ia já desistir de encontrar alguém, ouvi um ruído… no rés do chão havia uma janela entreaberta, uma fresta, pareceu-me ouvir um gemido…

 

Anne suspirou. Todas aquelas memórias lhe eram muito dolorosas ainda. Mas tinha de ser, tudo tinha de ser contado agora para não voltar a pensar mais nisso. E agora tinha Wentworth e todos sabiam, esse era um grande consolo e uma enorme alegria. Anne tinha-se arrependido tanto por não ter contado sobre Wentworth a toda a gente, por não ter falado acerca do que se passava antes de ter acontecido o rapto! Mas o seu temperamento, por norma tão tímido, após toda uma vida a pensar primeiro nos outros e só depois em si própria, tudo isso tinha possibilitado a situação vivida.

 

- Não tinham um caseiro em BlackThunder? – perguntou então Darcy, interrompendo-lhe os pensamentos.

 

- Não conseguimos localizá-lo até agora – respondeu Coronel Tilney – Dá a impressão que se eclipsou mesmo antes de o rapto ter sido realizado.

 

- Nunca dei conta de lá estar outra pessoa que não fosse… - sussurrou Anne – que não fosse aquele maldito primo.

 

- Depois foi tudo muito rápido – continuou Fanny, desejosa de se desenvencilhar dos pormenores – consegui chegar à janela entreaberta, através da qual estava Anne em condições deploráveis, amarrada, com uma mordaça meio colocada no rosto…

 

- E foi para mim um sonho quando a vi – confessou Anne – eu até duvidava que fosse verdade, parecia mais um sonho no meio de um pesadelo tão tremendo…

 

- Não consegui entrar pela janela porque estava perra e eu não tinha forças suficientes para a abrir – disse Fanny – Enquanto isso, Anne debatia-se e tentava comunicar comigo, porque a mordaça estava quase solta e era possível entender algumas palavras…

 

- Contei-lhe o que pude, falei em Elliot que me retinha ali contra a minha vontade, que ele devia estar quase a chegar – disse Anne – e pedi que fosse procurar ajuda. Tinha receio que ele chegasse e a encontrasse. Era capaz de a prender ali também…

 

- No meio de todas os receios que tive – disse Fanny – conseguir ter lucidez para agarrar numa pedra e partir os vidros da janela. Empurrei-a ainda mais e começou a ceder… parecia estar podre. E foi assim que consegui entrar naquela divisão onde estava Anne e a ajudei a libertar como pude…

 

Os outros contemplaram-na com admiração e respeito. A pequena Fanny fora capaz de um feito tão imenso, tão grande…

 

- Quando Fanny me libertou, sentia-me toda ferida e dolorida das cordas que me haviam aprisionado os braços e as pernas mas estava ansiosa para que dali saíssemos, porque tinha receio que ele chegasse e nos apanhasse ali…

 

- Então ajudei Anne a sair – contou Fanny – A minha ideia era montarmos ambas no cavalo e seguirmos para qualquer lado, para fora dali… mas a maré estava a subir, eu não sabia que aquele lugar era completamente cercado pelo mar quando subia a maré… foi horrível, Anne sem forças e eu trémula e fraca…

 

- Mas ao ver como lentamente a maré subia, enchendo devagar os espaços que antes eram caminhos, uma força enorme percorreu-me – contou Anne – e eu consegui montar, quase sem a ajuda de Fanny…

 

- E ambas nos dispusemos a galope, a galope, pelo caminho que se enchia de água – disse Fanny. – Eu estava perdida, mas avancei para sair dali e salvar Anne que não parava de me dizer que o primo ia voltar e que nos haveria de fazer mal… foi então que me lembrei da distância a que estávamos de Pemberley. Se eu deixasse Anne perto de Pemberley e seguisse para comunicar o acontecido para KellynchHall para procurar ajuda e comunicar a todos o que se passava seria a melhor opção… mas eu estava perdida, fora por isso que chegara aos penhascos e encontrara Anne…

 

- Após todas estas vicissitudes, demos com o caminho – contou Anne – e encontrámos a entrada de Pemberley ao fim de um bom par de horas. Fanny disse que a partir dali talvez se conseguisse orientar, que ia tentar e deixou-me aqui. Foi quando me viram, eu estava a desmaiar…

- Quando deixei Anne, não supunha que estivesse tão mal – confessou Fanny – O que eu queria era chegar quanto antes a KellynchHall para contar tudo a Wentworth e ao Almirante Croft. Julguei que aqui Anne estava em boas mãos, já liberta dos perigos que a ameaçavam…

- E pensaste muito bem, minha querida Fanny – considerou Georgiana.

 

Todos respiraram fundo. Era um alívio que tudo já tivesse passado e as duas jovens tivessem conseguido sair daquele casarão sãs e salvas! Nem se atreviam a imaginar o que poderia ter sucedido se as coisas tivessem corrido mal.

 

- Minha filha – declarou Lady Russell – como já disse ontem, sinto-me tão arrependida pela confiança que depositei naquele malfadado Elliot! Tenho tanta pena de atitudes que tomei, levada pelas minhas crenças e preconceitos! – e o seu olhar cruzou-se com o de General Tilney.

A Hartfield Portuguesa

E se Jane Austen tivesse sido portuguesa? E se a ação do romance “Ema” se tivesse passado numa das muitas vilas ou aldeias portuguesas?

Pois bem, se Jane tivesse sido Joana, Hartifield uma mansão em Portugal e algum realizador desejasse adaptar “Ema” para o ecrã, o local ideal para servir de cenário para a residência de Ema e Henrique, o pai, seria, em meu entender, o Palácio de Estoi, hoje recuperado enquanto Pousada de Portugal.

 

A escolha não foi aleatória, foi até bastante saudosista. Um irmão meu morou nesta aldeia algarvia chamada Estoi… não me perguntem ao certo como se lê… há quem lhe chame “Estói” e há quem lhe chame “Estôi” - passei lá o Verão de 2005 inteirinho e nunca cheguei a conclusão nenhuma!

 

Nesse verão que lá passei o então Palácio de Estoi estava vetado ao abandono (vejam a imagem da página seguinte). Passei lá algumas tardes a “invadir” propriedade alheia, é um facto, e a trazer limões de um limoeiro que não me pertencia, mas nunca ninguém se importou, nem ninguém se parecia importar com a beleza daquele edifício repleto de ervas e trepadeiras por tudo quanto era sítio.

Na altura ainda não era fã de Jane Austen e nunca me passou pela cabeça que pudesse um dia associar Estoi a Emma Woodhouse, mas hoje, nada me parece mais certo! E é com extrema facilidade que coloco Emma neste cenário.

 

Não consegui encontrar nenhuma referência, mas tenho ideia que a recuperação do Palácio começou a ser feita um ano ou dois depois de eu lá ter passado as minhas Vérias Grandes e ficou concluída em 2008.

 

Atualmente, o Palácio de Estoi é um hotel de luxo que integra as Pousadas de Portugal.

 

O Palácio de Estoi, localizado a cerca de 10km de Faro, data do séc. XIX e é um exemplar do estilo rococó em Portugal. Também conhecido como Palácio do Carvalhal. O Palácio foi mandado construir por Fernando Carvalhal de Vasconcelos, um fidalgo da Corte em 1840, “altura em que já existiam neste local os jardins e uma pequena residência, conjunto que pertencia ao bispo de Faro”, todavia, não concluiu a obra em virtude da sua morte. O Palácio foi depois vendido a José Francisco da Silva, farmacêutico de profissão, que concluiu as obras, ficando o Palácio totalmente pronto em 1909 - pelos esforços demonstrados na recuperação do Palácio, José Francisco da Silva foi intitulado Visconde de Estoi pelo Rei D. Carlos I. O trabalho foi dirigido pelo arquiteto Domingos da Silva Meira. Em 1987 o Palácio foi comprado pela Câmara Municipal de Faro e em 1977 tinha sido classificado como Imóvel de interesse público.

 

“O interior do palácio é extremamente detalhado e está elaborado àbase de estuque e pastel. No jardim é possível ver as palmeiras e as laranjeiras, que se enquadram perfeitamente com o ambiente rococó do palácio.

No terraço inferior é possível ver um pavilhão com azulejos azuis e brancos, denominado a Casa da Cascata, e no seu interior está uma cópia das Três Graças, de Canova” (historiadeportugal.info).

 

“O corpo do seu principal salão é avançado em relação ao resto do edifício e apresenta decoração inspirada no estilo Luís XV.

O palácio compreende vinte e três salas e cinco anexos: torre sineira, torre de acesso às coberturas, depósito de água e duas casas de fresco.

O palácio é antecedido por três patamares ou socalcos ajardinados, preenchidos com diversos alojamentos: dois Pavilhões de Chá (com frescos no tecto), a Casa do Presépio e a Casa da Cascata. Esta axialidade é acentuada pelo arruamento principal, o qual se desenvolve a partir de uma portada monumental.

 

As divisões interiores do palácio apresentam formas quadradas e rectangulares, estando interligadas por corredores estreitos e compridos, embora a maior parte dos aposentos comuniquem entre si. As salas são decoradas ao estilo Luís XV, Renascença e Barroco, salientando-se a ornamentação interior das seguintes salas de aparato: Capela, Salão Nobre, Sala de Visitas, Sala de Jantar, Saleta, Vestíbulo ou entrada pelo Jardim do Carrascal, dois Pavilhões de Chá, Casa do Presépio e Casa da Cascata. Parte do mobiliário e algumas pinturas de cavalete ou murais são italianos. (e-cultura.sapo.pt)

 

Aos obras de recuperação concluídas em 200 foram da responsabilidade do Arquitecto Gonçalo Byrne. Em 2009, o Palácio de Estoi - Pousada de Portugal abriu as portas ao público. 

 

Digam lá se Emma Woodhouse não encaixava neste Palácio que nem uma luva!

 

 

 

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