O tema do casamento aparece em todas as obras de Jane Austen, contudo em Orgulho e Preconceito ele assume um papel principal. Logo no início, sabemos que o casal Bennet tem cinco filhas e que a maior preocupação da Mrs Bennet é casá-las a todas.
Ao longo dos tempos a mulher tinha como única aspiração casar e as que não seguiam essa inclinação acabariam numa situação difícil, principalmente se não fossem herdeiras de uma boa fortuna. Os casamentos por amor eram quase inexistentes.
O Mr. Collins personifica o homem que quer casar e sabe que tem muito oferecer pelo menos financeiramente e socialmente. Não é o amor que o move, apenas a necessidade de dar com o seu próprio casamento, o exemplo de felicidade conjugal aos seus paroquianos.
O amor move o Mr. Darcy a propor casamento a Lizzy, apesar da inferioridade social dela em relação a ele. Contudo poucos seriam aqueles que eram movidos por sentimentos na hora da declaração dos sentimentos.
Temos ainda Wickham galante e belo que durante algum tempo faz bater mais forte o coração de Lizzy, embora ela não se apaixone. Ele nunca lhe propõe casamento, é certo, mas Wickham representa o caça-fortunas e as grandes herdeiras tinham de ter cuidado com este tipo de homem.
Ao recusar Collins e Darcy, Lizzy demonstra coragem ao preferir um futuro incerto ao conforto do casamento, talvez por isso ela se tornou uma das mais memoráveis heroínas do universo austeniano.
Jane Austen também recusou uma proposta de casamento, primeiro ela aceitou, mas para no dia seguinte acaba por declinar.
Em Charlotte Lucas, encontramos uma mulher cuja decisão de casar com Collins surpreende, ela acaba por personificar as mulheres que percebiam que dada a sua situação não podiam aspirar a casar por amor. Charlote é uma mulher que luta com as armas que tem e por isso demonstra coragem de outra forma.
Curiosidade: A tradição manda que seja o homem a pedir a mulher em casamento, no entanto no Reino Unido e Irelanda, as mulheres podem fazê-lo no dia 29 de Fevereiro. É uma oportunidade a cada quatro anos.
O amor era um assunto sério nos tempos de Jane Austen. Na Inglaterra da Regência, especialmente para as mulheres, uma proposta de casamento, não era apenas sobre sentimento – era necessário para sobreviver. (Pamela Mooman)
Já sabem dia 29 de Abril contamos com todos no Bertrand do Dolce Vita, pelas 15h30m para falar sobre este e outros temas
O segundo email para as inscritas no Clube de Leitura Jane Austen no Porto, versou os bailes em Orgulho e Preconceito.
"Neste segundo contacto, e tendo em atenção o Baile em Meryton e em Netherfield, iremos abordar a importância dos bailes na época em que decorre a acção do livro.
Os bailes tinham uma importância extrema na sociedade da época de Jane Austen. Quem já leu Orgulho e Preconceito ou outra obra qualquer de Jane Austn, facilmente perceberá isso. Numa época em que as distrações passavam por visitar parentes, vizinhos ou amigos, jogar às cartas ou bordar, não existia nada de mais agradável e empolgante do que um baile.
No entanto, é necessário destacar que, para as jovens sonhadoras e em idade casadoira, um baile representava mais do que uma simples diversão pois era o momento mais oportuno e ideal para encontrar bons maridos. Através da dança, única ocasião em que era possível conversar e ter algum tipo de contacto físico com os rapazes, havia a oportunidade para conquistar a admiração de alguém (preferencialmente bem colocado social e financeiramente.
Jane Austen presenciava e vivia tudo isso no seu quotidiano. Descrevia-o nos seus livros e nas cartas que escrevia à irmã Cassandra. “Imagina tudo de libertino e chocante na maneira de dançar e sentar-se juntos” escreveu à sua irmã, referindo-se ao seu comportamentocom Thomas Lefroy, num baile. O que nos leva a entender porque as suas personagens ficavam tão empolgadas com os bailes. Em que outra ocasião poderia uma jovem do final do século XVIII fazer algo tão ‘chocante’!?
A dança comum na época (séculos XVIII e XIX) era a Contra Dança. De acordo com a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, a "contradança" era originariamente um música popular inglesa cuja designação "country dance" (que quer dizer "dança nacional") veio por corrupção a ser denominada "contredanse" desde que, no século XVII foi introduzida em França, e finalmente contradança com o seu aportuguesamento. Assim sendo, a própria designação contradança não constitui mais do que um equívoco resultante de uma deficiente tradução.
A Contra Dança é um estilo em que os casais dançam em duas linhas opostas, a um ritmo rápido e compasso binário, composta por várias secções de oito compassos que se repetem. É, no fundo, uma mistura de várias danças com melodias diversas que, mais tarde, deu origem às quadrilhas, à valsa, à polca, ao pas-de-quatre, etc.
Neste vídeo podemos ver a Contra Dança de uma forma simples de se entender: Contradança (CTRL+ enter em cima)
Alguns tópicos de discussão:
A importância dos Bailes como forma de socialização
A Dança como forma de interacção entre os mais jovens
A importância de se arranjar um 'bom' casamento para as filhas
Se tiverem sugestões de temas que gostassem de abordar na sessão de discussão, por favor digam."
Como incentivo e preparação para o próximo encontro do nosso Clube de Leitura Jane Austen a ter lugar no dia 29 de Abril na Livraria Bertrand do Dolce Vita do Porto, decidimos enviar às inscritas nessa sessão, alguns tópicos sobre a obra que vamos discutir: "Orgulho e Preconceito" de, claro!, Jane Austen.
O primeiro email enviado era sobre a apresentação da obra.
"Em 1797, o pai de Jane Austen tentou publicar o livro, sem sucesso, na altura foi devolvido sem ser lido e tinha o título de First Impressions (Primeiras Impressões)
Só mais tarde em 1813 e já depois da publicação de Sensibilidade e Bom Senso é que o livro é finalmente publicado, tendo sido alterado o título e feitas algumas alterações ao rascunho original.
Este é o mais famoso livro de Jane Austen e quase sempre o preferido dos fãs de Austen, ao longo dos tempos apenas Persuasão se tem mostrado um rival digno na hora de decidir o preferido dos seis livros publicados por Jane Austen.
Apesar da fama este é também o título que os ingleses mais dizem ter lido e não leram, de acordo com uma notícia publicada num jornal inglês há sensivelmente dois meses.
Em Orgulho e Preconceito, a chegada do Sr. Bingley à pequena vila de Meryton causa agitação no seio da família Bennet. Afinal, a família tem cinco filhas em idade de casar e não é todos os dias que chegam jovens ricos e solteiros à terra.
Contudo, a presença dele depressa é ofuscada pela entrada de Darcy, muito mais rico e igualmente solteiro.
Pouco depois, Bingley passa a ser admirado como o mais simpático e afável dos homens e Darcy como um homem orgulhoso e altivo.
Curiosidade: Quando estava a ler o livro, Cassandra, irmã de Jane Austen perguntou-lhe se Darcy ficava com Elizabeth no fim e disse-lhe que se isso não acontecesse ela não ia continuar a ler.
Alguns tópicos de discussão:
A família Bennet
As cinco irmãs Bennet e as suas singularidades
As relações de família e amizade como motor para o desenvolvimento da estória.
Se tiverem sugestões de temas que gostassem de abordar na sessão de discussão por favor digam.
Na próxima semana o nosso e-mail falará sobre o Baile de Netherfield.