Com o passar dos dias, as respostas aos convites foram chegando, quase todas positivas.
Emma alegrou-se por Wentworth e Anne terem confirmado as suas presenças. Começou imediatamente a orquestrar planos para criar situações em que o casal pudesse ficar sozinho e, mais importante que isso, manter Mr. Elliot afastado. Marianne e Catherine iriam certamente ajudá-la.
Emma não podia deixar de pensar que quando contasse os seus planos a Knightley ele iria criticá-la. Mas sabia estar a fazer o que era correcto.
E o dia do baile chegou...
--------------------
Wentworth sentia-se com pouca disposição para o baile. Não desgostava de conviver e apreciava a companhia que o esperava, mas a presença de Anne deixava-o inquieto. Na verdade, receava que ao ver Anne com Mr. Elliot percebesse neles dois demasiada afeição.
Os anos na Marinha tinham-lhe ensinado muitas coisas. Uma das mais importantesera o pragmatismo.
Os seus sentimentos por Anne estavam refreados há tempo demais. Ele tinha que ser frontal e Anne tinha que tomar uma decisão. Definitivamente.
Uma das participantes do nosso Clube de Leitura, na sessão do Porto, dizia que ficara surpreendida por encontrar o tema da gravidez antes do casamento no livro, a infeliz desgraça que ocorre a Eliza. Muitos temas que hoje encontramos amiúde nos livros eram na época de Jane Austen tabu e dificilmente eram tratados de forma aberta e clara. A própria gravidez de Charlotte Palmer é referida poucas vezes e de forma sempre discreta. Lady Middleton perante tal assunto chega mesmo a mudar o tema porque se sente incomodada. As coisas funcionavam assim...
Alguns livros que vou lendo parecem também estar cheios de fugas de amantes. A fuga era a única forma dos apaixonados poderem viver o seu amor. Teresa e Simão pensam em fugir, no Amor de Perdição, já que o seu amor era proibido pelos pais. Scarlett O'Hara, em E Tudo o VentoLevou também pensa nisso, embora seja apenas um plano seu e não seu e do seu amado Ashley Wilkes. Scarlett afirma que era o género de coisa que acontecia muitas vezes entre os seus amigos e conhecidos. Nos Maias, há diversas ideias de fuga: a Condessa de Gouvarinho que quer fugir com Carlos, este planeia fugir com Maria Eduarda e a única que foge realmente: Maria Monforte.
Em Orgulho e Preconceito, a fuga acontece protagonizada por Lydia Bennet. Sempre achei que este género de coisas serviam para dar algum atractivo aos livros e séries ou filmes mas que na vida real poucos ou nenhuns se atreveriam a fazer tal coisa.
Há umas semanas encontrei um livro, que ainda não li ou sequer comprei, mas que me pareceu bem interessante e que se enquadra neste tema da fuga. O livro chama-se Ana Kelly e a autora é Angela Leite; ao ler a sipnose percebi que estava perante um livro que contava uma fuga real. Mais interessante é que tudo se passou em Portugal, aquando da invasões francesas ou seja na altura em que Jane Austen viveu. Isto leva-me a pensar que possivelmente a fuga de Lydia pode muito bem ter sido inspirada em factos verídicos. Para os mais curiosos, aconselho a ler este post encontrado após uma pesquisa, é extenso mais muito bom, trata-se do relato da fuga feito por um descendente de Ana Kelly: Blogue
Se tiverem curiosidade sobre o livro aqui fica a capa e a sipnose, ambos tirados do site da Wook:
Na sequência das invasões napoleónicas, a Portugal chegam as tropas britânicas. Do contingente faz parte Waldron Kelly, um oficial irlandês. Quando se cruzam, Ana e Waldron apaixonam-se e perante a recusa da família em aceitar esse amor, a jovem fidalga foge, deixando para trás uma vida faustosa e uma família humilhada. Juntos partem para onde a guerra chama pelo dever do jovem. Corajosa, a esposa acompanha-o, sem nunca se arrepender da escolha, nem quando a miséria lhes bate à porta e mais uma vez é desprezada pela família, levando-a, em desespero, a escrever um pedido de ajuda à Rainha Vitória. Ana Kelly - Uma Saga de Amor e Coragem é uma biografia romanceada, mas genuína e intensa, de uma mulher que tudo enfrentou e suportou em nome do amor.
Venho anunciar às nossas leitoras que a Revista Jane Austen Portugal já se econtra disponível numa plataforma que permite a leitura online como se de uma revista real se tratasse. Em breve irei disponibilizar as restantes edições, mas para já só se encontra disponível a última edição de Janeiro-Fevereiro. Peço desculpa por alguma falha nas edições, de agora em diante, terei mais cuidado de forma a que tudo fique harmonioso para quando se estiver a ler em formato revista online. Link aqui.