Joe Fox: Oh right, yeah, a snap to find the one single person in the world who fills your heart with joy.
Nelson Fox: Well, don't be ridiculous. Have I ever been with anyone who fit that description? Have you?
[ You’ve got mail ]
Há muitos filmes que são adaptações, alguns são inspirados e outros fazem alguma referência à obra literária de Jane Austen. You’ve got mail, do meu ponto de vista, não faz apenas referência, é inspirado em Orgulho e Preconceito de Jane Austen. Em Joe Fox/Tom Hanks e Kathleen Kelly/Meg Ryan podemos identificar Mr. Darcy e Elizabeth Bennet. Mas esta identificação não é imediata. Não se trata daqueles filmes que pensamos “Ok, a tua base é O&P” e andamos à caça de todos os personagens do livro. Não. Este filme foca a questão subjacente que Jane Austen sempre quis destacar em O&P: o erro que caímos quando nos fiamos nas primeiras impressões. Falamos de duas pessoas que se conhecem antes de se conhecerem de facto. Joe e Kathleen correspondem-se por emails, sem se conhecerem, e fazem-no sem se identificarem com os seus verdadeiros nomes. Apenas identificam-se através de um nickname. Falam sobre as coisas aparentemente pequenas do quotidiano, mas sem revelarem dados concretos de suas vidas privadas. Acabam por se conhecer em concreto, contudo, sem saberem que se correspondem. A primeira impressão é horrível. Detestam-se, espicaçam-se e evitam-se. A antipatia é latente. Ele, porque a vê como um obstáculo a ser ultrapassado profissionalmente; ela, porque o vê como a causa do infortúnio do seu negócio. Há todo este pano de fundo do sector livreiro: ele, um grande empresário e dono de uma cadeia de livrarias de grande alcance; ela, dona de uma pequena livraria de literatura infantil. O facto de serem concorrentes no ramo das livrarias é o tempero que dá sabor a esta história. Há este duelo de vontades, de olhares e de palavras. Um “duelo” bem ao estilo “Darcy/Elizabeth” que fascina a cada momento do filme.
Joe Fox é quem primeiro descobre a verdade sobre a identidade de ambos enquanto correspondentes. Ele descobre e ela ignora a verdade. A cena em que eles vão se encontrar num café para se conhecerem faz-me sempre lembrar a cena em que Darcy declara-se pela primeira vez a Elizabeth. Não pela semelhança de acções mas por tratar-se do momento de viragem da história. Ele, tal como Darcy, quer demonstrar a Kathleen que a primeira impressão que ela tem dele não é a verdadeira. Ele quer conquistá-la. Ele tenta, sem se revelar, fazer com que ela goste tanto dele – Joe Fox – como do “NY152” (seu nickname). Ao baixar as defesas também Kathleen mostra-se como ela realmente é, tal e qual a sua “Shopgirl”.
A dinâmica entre eles faz lembrar aquela máxima que defende que odiamos na mesma intensidade em que amamos. Há intensidade, sobretudo. A verdade é que se eu ouvisse Joe Fox a dizer “You must allow me to tell you how ardently I admire and love you” para a Kathleen Kelly, não acharia estranho.
Whatever you do, just don't listen to anything I say.
Joe Fox, You’ve got mail
Este filme é dirigido por Nora Ephron. Na sua filmografia podemos reconhecer vários filmes de sucesso. Aliás, é ela responsável por umas das comédias românticas de que eu mais gosto: When Harry met Sally. Dela também é o excelente “Julie & Julia”.
O argumento gira em torno de duas vertentes. Uma delas retrata o fenómeno do reforço e do crescimento das grandes livrarias e o consequente retrocesso/queda das pequenas livrarias de estilo comércio tradicional. Outra vertente é a generalização do uso da internet ao nível de práticas sociais: trocas de mensagens por email e por chat com intuito de estabelecer convívio.
A grande livraria é a Fox Books que quer monopolizar o mercado livreiro. Joe Fox é o herdeiro deste “império” e está empenhado na abertura da mais recente loja no West Side em Nova Iorque. Indiferente a este processo encontra-se “The shop around the corner” de Kathleen Kelly, uma pequena e tradicional livraria especializada em literatura infantil. A ascenção de uma livraria levará a queda da outra. Ambos não se conhecem pessoalmente mas correspondem-se por email, sem saber a identidade um do outro. Tratam-se por “nicknames” e não falam de coisas e dados pessoais. Ele, Joe Fox, é NY152. Ela, Katlheen Kelly, é Shopgirl. Nesta troca de emails revelam pensamentos, trivialidades, pequenos episódios e sentimentos. Sem o saberem, revelam-se. Quando conhecem-se pessoalmente, detestam-se. Reconhecem-se como rivais e concorrentes no seu ramo de negócio mas ignoram que se correspondem por emails. Este é o motor do filme, a partir daqui algumas peripécias e momentos divertidos acontecem.
Pessoalmente, eu adoro este filme. Eu sou uma grande fã de Meg Ryan, do Tom Hanks, de Greg Kinnear, de Jane Austen, de Orgulho e Preconceito, de internet, de livros, de livrarias e de café. Este filme tem tudo isto. Parece estranho… Mas é um filme que consegue reunir todos estes elementos de uma forma inteligente e encantadora. O casal Tom Hanks/Meg Ryan estabelecem uma excelente química e isto é muito importante num filme deste género. Posso afirmar que este está no meu top 3 de filmes inspirados em Jane Austen.
Se alguém não o assitiu, não perca tempo. É uma comédia romântica como poucas: bons actores, boa banda sonora e um argumento encantador.
Tinha acabado de entrar no supermercado e como sempre dei uma vista de olhos pelos livros. Deparei-me com alguns que tinham um lenço preso de oferta e despertou-me bastante a cor de um deles. Mas pensei: "Não vou comprar um livro por causa de um simples lenço". E, por curiosidade, afastei o lenço e deparei-me com a seguinte frase: "Se gostou e Orgulho e Preconceito, vai adorar este livro". Ups, fiquei logo desperta. Vi o título "A paixão de Emma" (The land of summer, no original), o preço (13 euros e qualquer coisa) uma capa agradável e nem sequer me importei com a história do livro. Escolhi um com o lencinho em condições, meti-o no cesto das compras e concentrei-me nas compras. Já ia a meio quando me lembrei de dar uma vista de olhos na contracapa para avaliar a história contada pelo livro. Não fosse eu dar de caras com algo que metesse Elizabeth Bennet e um bando de zombies, ou caras pálidas ou até gormitis no mesmo saco! Não era. Nada de seres estranhos. Tudo humanos normais mesmo, com cabeça, tronco e membros (até ver).
Mais não posso dizer. Certo é que vou ler e quando terminar, tecerei as minhas conclusões e apreciações (ou desapreciações).
Deixo o resumo da história:
"Emmaline sempre ouvira a mãe dizer que, como a mais velha de quatro irmãs, casar deveria ser a sua prioridade e dever. Contudo, o tempo passava sem que se vislumbrasse qualquer proposta de casamento. Até que num baile organizado em sua casa, um belo desconhecido convida-a para dançar. Chama-se Julius e, na manhã seguinte, pede a sua mão. Cheia de esperança e vontade de começar uma nova vida, Emmaline deixa a América rumo a Inglaterra. Porém, quando chega, depara-se com uma casa estranha, repleta de pessoas invulgares e criados excêntricos. Um cenário bastante distante do glorioso lugar que Julius lhe descrevera. Na verdade, à medida que os dias passam, o próprio noivo parece ter-se tornado irreconhecível. Emmaline sente-se cada vez mais só e infeliz, chegando até a pôr em causa o futuro da sua relação. Mas isso é antes de o passado de Julius, e a história daquela enigmática casa, lhe serem desvendados."
Semelhanças com Orgulho e Preconceito?
Para já só posso dizer que este 'Mr Darcy' é bem mais rápido que o original nos pedidos de casamento. E parece que é galante e encantador, pelo menos no início da história. E na obra de Jane Austen não havia casas enigmáticas mas sim belas.
Ao pesquisar imagens sobre Mrs. Ferrars, não resisti a tentação em compará-la com a ilustração de Chris Hammond de 1899. A semelhança pode ser coincidência, mas é espantosa.
Em Sensibilidade e Bom Senso 2008 eu posso afirmar que presenciei algumas agradáveis surpresas e algumas pequenas decepções.
Inicio pelas decepções. Uma delas eu já referenciei: Willoughby/Dominic Cooper. Infelizmente, não foi a minha única decepção. O casal Palmer também foi uma grande decepção: um casal absolutamente insípido. No livro, este casal proporciona alguns momentos de humor mas nesta produção ficam muito aquém. Neste caso, penso que tal aconteceu por uma escolha do argumento. Este casal não teve muito destaque e, portanto, não poderia ser um ponto marcante. Mas também Mrs. Jennings de S&S 2008 causou-me alguma decepção e, neste aspecto não penso ser devido ao argumento. Não quero com isto dizer que trata-se de uma má interpretação, apenas acho que Linda Basset não transmitiu a jovialidade desta senhora, apesar da mesma ser madura. Penso que ela poderia ter explorado muito mais o lado divertido e jovial de Mrs. Jennings.
Para equilibrar, há algumas surpresas agradáveis e que proporcionam momentos de interesse na série. É o caso de John Middleton, o primo que se propõe a receber as mulheres Dashwood em Barton Cottage. Acho que Mark Williams faz uma excelente actuação. Ele consegue recriar o Sir John que nós lemos em Sensibilidade e Bom Senso de Jane Austen.
Também destaco a personagem Anne Steele, interpretada por Daisy Haggard. Tenho que confessar que ela fez-me dar boas gargalhadas. Inconveniente e simplória, fala pelos cotovelos e sempre diz o que não deveria na hora mais imprópria possível. Causa alguns constrangimentos à sua irmã Lucy Steele. É ela quem revela o segredo do compromisso entre Lucy e Edward e este foi um dos momentos altos da mini-série. A realidade é que ela rouba a cena sempre que aparece.
A presença marcante de Mrs. Ferrars é outra agradável surpresa. Jean Marsh apresenta-nos uma Mrs. Ferrars com um estilo semelhante ao de Lady Catherine de Bourgh de O&P. Uma matriarca com posição social e posses, que tem o futuro do filho mais velho pré-determinado e que não concebe outro destino para ele que não seja aquele que ela mesma concebeu. Sobretudo, planeia um casamento proveitoso para ele. Aliada à sua filha Fanny Dashwood, mostra-se antipática e desdenhosa relativamente às irmãs Dashwood e, particularmente, de Elinor.
Não será absurdo dizer que quando assistimos a um filme/série alimentamos algumas expectativas e obtemos algumas surpresas. Acho que o balanço é positivo. As agradáveis surpresas, no que diz respeito à construção de personagens e actuações, minimizam a decepção que outras terão causado.
2011 é o ano em que passam 200 anos da publicação de Sensibilidade e Bom Senso. Apesar da importância da data até ao momento ainda não vi nenhuma comemoração oficial. Vão existindo iniciativas para assinalar a data em blogues, como aquela em que participa a Cátia, mas aparte disso a data tem passado despercebida.
Depois de ter tido estreia marcada para meados de Julho e ter sido desmarcada, eis que na semana passada o From Prada to Nada ou em português Sem Prada Nem Nada estreou nas salas de Portugal.
O que dizer sobre o filme? Pessoalmente achei-o inferior às versões modernas de Orgulho e Preconceito, mas mesmo assim gostei. No entanto é um gostar moderado. Não gostei que tivessem transformado a Marianne numa jovem fútil, mas fiquei satisfeita com a caracterização de Elinor e a sua relação com Edward. Adorei a forma como introduziram o Willoughby acho que fez justiça ao personagem! De resto o filme é tão fiel à obra quanto é possível tendo em conta que já se passaram 200 anos desde que Jane Austen o escreveu e apesar de ser passar em Los Angeles num bairro mexicano e não numa qualquer cidade inglesa. Certamente que muitos que vejam o filme e desconheçam a obra de Jane irão ver nele um chorrilho de clichés, mas o que a maioria também não sabe é que é em Austen que Hollywood veio beber o conceito: rapaz conhece rapariga e detestam-se mutuamente!