Hoje apelo às nossas queridas leitoras e às minhas adoradas colegas.
Já discuti esta ideia por email com as demais autoras do JAPT, embora a ideia ainda requeira mais alguma maturação, achei que er aimportante começar uma "prospecção de mercado", ou melhor dizendo, uma prospecção de leitoras.
O JAPT gostaria de criar um Grupo de Leitura onde de dois em dois meses, um livro (de Jane Austen, autores semelhantes, sequelas, ...) seria discutido por capítulos, cada uma falando das suas impressões e opiniões.
Assim, proponho, a todas aquelas que estejam interessadas, que enviem um email para janeaustenpt@sapo.pt a demonstrar a intenção de participar neste Grupo de Leitura, para depois facilitar a escolha do primeiro livro e meios de discussão.
O primeiro rascunho de Sensibilidade e Bom Senso foi escrito sob a forma de cartas, contudo na revisão que fez do livro, antes de enviá-lo para publicação, Jane Austen abandonou esse formato. Nenhum dos seis romances de Jane Austen é escrito na forma epistolar, no entanto algum do seu trabalho da juventude usa esta forma.
O romance Epistolar esteve bastante em voga no séc. XVIII, alguns livros bastantes famosos usam esta forma, como Frankenstein de Mary Shelly ou Ligações Perigosas de Chordelos Laclos. Pensa-se que a sua origem está na forma como as cartas são usadas nos livros. À medida que a arte do romance se refina chegou-se ao ponto de eliminar todo o texto entre as cartas. Seja qual for a verdade desta teoria, o certo é que a partir do séc. XIX, o romance epistolar foi perdendo importância e a forma foi praticamente abandonada, mas engane-se quem pensar que o último livro deste género foi escrito no séc XIX... Punkzilla de Adam Rapp, é de acordo com a wikipédia o último livro escrito na forma epistolar, foi publicado em 2009.
A carta foi durante séculos rainha da comunicação. Não admira que na obra de Jane Austen encontremos tantas cartas. Eram o veiculo de noticias quando duas pessoas estavam separadas, como acontece nas cartas que Elizabeth recebe de Jane enquanto está em Lambton. Mas são também uma forma de alguém acabar, de forma muito cobarde, com as esperanças de alguém, sim estou a falar da carta que Willouby escreve a Marianne.
A carta é muitas vezes fonte de informação para estudiosos da obra de alguém. Nas livrarias abundam livros que compilam cartas, quer sejam as que Garrett escreveu à Viscondessa da Luz, quer sejam as cartas de amor de vários personalidades históricas.
Como dizia, as cartas são objecto de estudo, sabemos que muitas cartas escritas por Jane Austen foram destruídas pela sua irmão Cassandra, para nosso desgosto, pois assim se alimentam muitas incógnitas sobre a vida de Jane Austen, principalmente no que diz respeito à sua vida amorosa...
Devido à sua importância muitas cartas tornaram-se famosas, como a que escrreveu Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel I aquando da chegada da frota de Pedro Alvares Cabral ao Brasil. Por motivos diferentes, uma carta escrita por Beethoven a uma mulher, mas cujo o nome ele não escreve tem dado origem a especulações de quem seria essa misteriosa destinatária.
A carta foi perdendo importância com o aparecimento do telefone, do fax, do telegrama. Mas nenhum destes meios matou a carta, ela continuou muito forte ao longo do século passado. Ainda encontramos um razoável número de cartas escrito por pessoas famosas dessa altura. O que matou definitivamente a carta foi o e-mail, a rapidez com que recebemos uma resposta e o rápido crescimento que a internet teve nos últimos anos da década de 90 do século passado mataram a carta, tornando-a um objecto de museu.
Nos dias que correm já ninguém escreve cartas a alguém querido que está longe, escrevemos um e-mail, usamos o messenger ou o skype. As cartas desapareceram do nosso dia-a-dia... Quando foi a última vez que escreveram uma carta ou receberam uma? No meu caso foi lá pela adolescência há quinze anos, mais coisa menos coisa.