Jane Austen referenciada no blogue "Mundo Pessoa"
Foi com uma certa surpresa que vi esta referência a Jane Austen, no blogue "Mundo Pessoa". Gostei que também tivesse reparado e dado destaque a esta notícia.
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Foi com uma certa surpresa que vi esta referência a Jane Austen, no blogue "Mundo Pessoa". Gostei que também tivesse reparado e dado destaque a esta notícia.
Toni Collete como Harriet em Emma de 1996.
Não tenho nada contra esta actriz. Pelo contrário, acho-a uma excelente profissional e até bonita.
Todavia, não é a Harriet que eu imagino quando leio a história. Parece-me demasiado velha e matrona para o papel. Não duvido que consiga expressar a personalidade de Harriet mas fisicamente não me parece adequada.
Dificilmente poderia não ser o de "O&P" (2005).
A maneira como os actores parecem deslizar enquanto dançam como se tivessem uma plataforma rolante debaixo dos pés, dá um encanto muito próprio ao baile e à trama. Depois, o facto de vermos Darcy e Lizzy a dançar sozinhos, como se não houvesse mais ninguém na sala de baile é fabulosa.
Talvez seja um pouco prematuro escolher O Parque de Mansfield 2007, até porque nunca li o livro ( falha que vou tentar remediar até ao fim deste ano) mas não gostei de nada desta adaptação. Para começar não achei que fosse Austen, pareceu-me que era alguém a imitar, como se fosse uma sequela ou um reescrever de um dos livros. Posso-vos dizer que não gosto dos últimos dez minutos de Persuasão 2007 e até acho muito pouco provável que o Capitão Wentwhorth tivesse dinheiro para comprar Kelinch Hall, mas tirando esses dois pequenos pormenores gosto muito dessa adaptação e dos actores escolhidos. Mas em O Parque de Mansfield, parece-me que tudo falha, não creio que tenha havido cuidado na forma de adaptar ou mesmo na escolha de actores. Por exemplo, o Blake Ritson que foi um excelente Mr. Elton em Emma 2009, não me convenceu enquanto o herói deste livro, falta-lhe ali qualquer coisa que lhe desse esse ar de ser o herói por quem devemos torcer ou algo assim. As personagens secundárias também me parecem mal exploradas. Os cenários são bons e guarda-roupa também, mas isso não é suficiente para fazer uma boa adaptação.
E se Hugh Grant foi uma má escolha para o papel de Edward Ferrars a verdade é que a escolha de Kate Winslet para Marianne Dashwood não podia ter sido mais acertada. Kate conseguiu transmitir toda a personalidade de Marianne: a dor pela descoberta do canalha que é o Willoughby e a paixão pouco oculta por ele, a indiferença pelo Coronel Brandon, a ansiedade por saber noticias de Willougby. Enfim todas as emoções que caracterizam a personagem são tão bem representadas por Kate Winslet, que não é surpresa a sua nomeação para o Óscar por este papel.
Augusta Ferreira deixou o mundo dos vivos ao fim de sessenta e cinco anos de vida. Nunca tinha casado ou tido filhos, as suas sobrinhas Júlia e Cecília eram na falta destes, as parentes mais próximas.
Augusta estava numa idade em que os amigos e família começavam a rarear. Por isso o seu funeral foi pouco concorrido, alguns familiares todos já em segundo e terceiro grau de parentesco, a amiga que mantinha desde a sua juventude, D. Rata, Luluzinho e alguns vizinhos.
A Tia Augusta nunca gozara de boa saúde e com o passar dos anos foi definhando. Assim, as duas irmãs não esperavam que ela chegasse à idade do avó (pai da tia Augusta), que vivera até à bonita idade de 90 anos e sempre a respirar saúde… Mas mesmo assim sentiram e muito a morte da tia.
Júlia ficara abalada quando ao entrar no quarto da tia com o pequeno-almoço, como era hábito, se apercebeu que ela já não tinha vida. Tinha-se sentado pacificamente na beira da cama e chorado. Foi lentamente inundada por recordações felizes dos tempos em que tudo parecia mais fácil do que naquele momento. Chamou a D. Lúcia, a mulher-a-dias que naquele dia viera fazer as limpezas. A mulher, fiel servidora da casa há muitos anos, chorou num pranto contido a boa senhora que se fora tão jovem, pois quando temos a mesma idade de quem morre, eles para nós são também jovens.
Júlia, mais calma, chamou a 112 já não vinha socorrer ninguém, mas era necessário transportar o corpo para o hospital, chamar a polícia, vir o delegado de saúde que pronunciaria a Tia Augusta como morta. Júlia não tinha ideia do que aconteceria a seguir e não se lembrando de nada nem ninguém apenas se lembrou do número das emergências que marcou.
Uma hora mais tarde, Júlia telefonou à irmã. Cecília estava nesse momento com Henrique a passear junto ao Sena e a trocar com este juras da amor eterno, como se estivessem num filme romântico. Cecília veio então no primeiro voo para Portugal e Henrique nunca deixou de estar a seu lado. Henrique sentia a dualidade de sentimentos próprios de quem se sente o homem mais feliz da terra e o abalo pela morte de alguém. Ele mal conhecia a Tia Augusta, mas sofria pois sabia o quanto Cecília amava a tia.
Após o funeral, Júlia retirou-se para o seu quarto e Henrique e Cecília sentaram-se na sala de estar. Eram cinco horas e Cecília lembrando-se do que acontecia sempre aquela hora sentiu-se inquieta, quando o velho relógio parou as badaladas que anunciavam ouviu ou imaginou ouvir o telemóvel da irmã a tocar. Perguntou a Henrique se ele ouvira o telemóvel a tocar, porém ele não entendeu e pensado que ela estava a falar do telemóvel dele, assegurou-lhe que o tinha desligado.
- Não o teu o da minha irmã.
- Não conheço o toque dela – disse ele esboçando um leve sorriso.