Ora bem... Homens como Mr Darcy ou o Cap. Wenthwort, que são capazes de dizer as palavras que nós tão bem conhecemos (seja em forma de cartas, seja verbal e pessoalmente), não podem ser senão uns bons conquistadores!
Contudo, não têm essa fama. Porque um conquistador para ser conquistador tem de ter características diferentes daqueles dois. Características essas que não passam pela timidez, polidez ou reserva.
Sendo assim, das personagens das obras de Jane Austen, aquela que eu considero ter qualidades inatas de conquistador é Henry Crawford. Ele é o típico conquistador, aquele que define a própria palavra. Tão conquistador que esteve quase para se transformar num herói romântico dada a sua paixão por Fanny Price (é verdade, muitas de nós desejavamos que ele a tivesse conseguido conquistar). Não podemos é esquecer que ter o que não podem, faz parte dos desejos de um conquistador; Logo, Henry Crawford desejou Fanny Price porque sabia que ela jamais o aceitaria. Alguém com a personalidade calma e afável dela, jamais aceitaria um homem como ele. Mas Henry teve de tentar... e falhar.
Eu fiquei muito triste com a descrição que Jane Austen fez da vida de Anne Elliot no início de “Persuasão”. A vida de Anne nos é apresentada como sem esperanças, pacata demais e ela é meio esquecida e deixada de lado por sua família. É tão triste e melancólico! Até mesmo sua aparência física é desfavorável, pois é descrita como magra e envelhecida. Eu fiquei muito sensibilizada.
No fundo, a função dos vilões ou vilãs em qualquer história é permitir o seu desenvolvimento e mesmo acrescentar sentido e entusiasmo à trama.
Por isso, há que aceitar esses personagens literários, não como os maus, mas sim como os mais importantes facilitadores do desenvolvimento das histórias.
Mas há uns melhores que outros; Ou seja, aqueles que desempenham tão bem o seu papel que nos levam a desenvolver por eles antipatia e desgosto. É o caso de George Wickham em O&P que primeiro nos leva a simpatizar com ele, com as suas boas maneiras, simpatia e "falas mansas" e só mais tarde nos apercebemos que ele não passa de um homem sem escrúpulos, interesseiro, desprovido de sentimentos e superficial.
Não é que goste especialmente da relação que têm no início... mas gosto da reviravolta que a relação deste pai e filho toma. Pelo menos, se Jane Austen não o escreve explicitamente, gosto de imaginar como terá sido depois de toda a tragédia que abateu em Mansfield Park.
Tenho imensa admiração por Sir Thomas e, embora o ache negligente nalguns aspectos, tendo a perdoá-lo... assim como faço com Tom.
Este pai e filho, pela relação conturbada no início e pelas "pazes" feitas no fim, eternecem-me muito.
A ideia de segunda oportunidade, a ideia de esperar pela felicidade, a ideia de amor constante e leal... basta dizer isto, penso eu!
Apensas sei que quando leio e releio Persuasão sou inundada por um sentimento belíssimo e profundo que não encontro nem em Orgulho e Preconceito, também ele uma boa história de amor.
Nunca li " Mansfield Park". É a única obra de Jane Austen que me falta ler. Tenho o livro encomendado e deve chegar esta semana.
No entanto, conheço a história. Por isso, perdoe-me quem não concordar mas, das obras de Jane Austen, o casal que menos aprecio é mesmo Fanny Price e Edmund Bertram.
Posso até mudar de ideias quando ler o livro (espero que sim!!) mas aquela relação, aquele sentimento dela por ele e dele por ela, no final, parece-me incestuoso. Certo que, no fundo, são mesmo primos, mas foram educados quase como irmãos daí que a união deles me pareça errada e desapropriada. Além do mais, acho-o "pouco" para ela. Edmund Bertram deslumbra-se demais com o fulgor, beleza e vaidade de Mary Crawford. Não consegue ver além das aparências e sobretudo não é um homem perspicaz pois já podia ter notado a admiração subtil e silenciosa da prima para com ele.