Em primeiro e obviamente a carta de Wenthwort para Anne Elliot. Sem palavras...
"I can listen no longer in silence. I must speak to you by such means as are within my reach. You pierce my soul. I am half agony, half hope. Tell me not that I am too late, that such precious feelings are gone for ever. I offer myself to you again with a heart even more your own than when you almost broke it, eight years and a half...ago. Dare not say that man forgets sooner than woman, that his love has an earlier death. I have loved none but you. Unjust I may have been, weak and resentful I have been, but never inconstant. You alone have brought me to Bath. For you alone, I think and plan. Have you not seen this? Can you fail to have understood my wishes? I had not waited even these ten days, could I have read your feelings, as I think you must have penetrated mine. I can hardly write. I am every instant hearing something which overpowers me. You sink your voice, but I can distinguish the tones of that voice when they would be lost on others. Too good, too excellent creature! You do us justice, indeed. You do believe that there is true attachment and constancy among men. Believe it to be most fervent, most undeviating, in
F. W.
"I must go, uncertain of my fate; but I shall return hither, or follow your party, as soon as possible. A word, a look, will be enough to decide whether I enter your father's house this evening or never."
Depois não posso ainda deixar de mencionar a declaração de Mr Darcy a Elizabeth Bennet:
"Em vão tenho lutado, mas de nada serve. Os meus sentimentos não podem ser reprimidos e permita-me dizer-lhe que a admiro e a amo ardentemente."
Não posso deixar de me condoer com a situação de Elinor Dashwood desde o momento em que conhece Edward Ferrars até aos momentos finais da obra "Sensibilidade e Bom senso". Elinor apaixona-se por ele e vive a partir daí na esperança e ansiedade que ele a peça em casamento, o que não acontece senão no final e depois de muito sofrimento guardado em segredo. Entristece-me sobretudo aquela fase em que ele visita as Dashwood em Barton Cottage e se vai embora deixando Elinor na mesma expectativa, ou melhor, completamente destroçada e sem esperança.
"Esta falta de esperança,...trouxe maior tristeza a todos pela sua partida e deixou uma inpressão desconfortante, especialmente nos sentimentos de Elinor que precisaram de algum tempo e trabalho para serem dominados. Mas como estava determinada a vencê-los e a evitar deixar transparecer mais sofrimento do que todo aquele que a sua família sentira pela partida dele, não usou o método, tão judiciosamente empregue por Marianne, numa ocasião semelhante, para aumentar e conservar o seu desgosto, procurando o silêncio, a solidão e a desocupação. Os seus métodos eram tão diferentes como os seus objectivos e convinham igualmente ao avanço de ambos.
Elinor sentou-se à sua mesa de desenho logo que ele partiu e atarefadamente ocupou-se o dia todo, não procurando nem evitando o nome dele. Aparentou interessar-se, quase tanto como sempre, pelas preocupações gerais da família e se, por esta conduta, não diminuisse o seu próprio sofrimento, evitou pelo menos que ele aumentasse desnecessariamente, e a sua mãe e irmãs foram poupadas a muitas preocupações por sua causa."
Gosto muito da parte em que quase no fim do passeio por Uppercross, e quando o almirante Croft e a esposa se cruzam com o grupo, o Cap. Wenthwort segreda à irmã "qualquer coisa cujos efeitos permitiram deduzir o que fora". Pouco depois, Mrs Croft sugere a Anne que os acompanhe no cabriolé alegando que ela deve estar cansada da caminhada. Ela quase recusa o convite mas "não lhe foi permitido continuar...e o Cap. Wenthwort, sem dizer uma palavra, virou-se para ela e obrigou-a, em silêncio, a consentir que a ajudasse a subir para a carruagem."
"Sim, ele fizera isso. Ela estava na carruagem e tinha consciência de que ele a colocara lá, de que a sua vontade e as suas mãos tinham feito isso, que o devia à percepção dele da sua fadiga e à sua resolução de lhe proporcionar repouso... Anne compreendeu-o. Ele não lhe podia perdoar, mas era incapaz de ser insensível. Apesar de a condenar pelo passado,... mesmo assim não podia vê-la sofrer sem sentir o desejo de lhe dar conforto..."
Tenho visto que as minhas colegas elegem também a proposta Elton/Emma, e não posso deixar de as acompanhar, no entanto, é a proposta de Mr. Collins e a recusa que vem acompanhada que me divertem mais. O facto de Lizzie ter de o recusar por três vezes é pura e simplesmente cómico Depois, a retórica utilizada por Collins... enfim, não há palavras, ele é hilariante... a sua superficialidade serve um excelente propósito - divertir-nos enquanto leitores!
Toda a família Elliot me dá a volta à cabeça... mas a relação Elizabeth e Anne é a que mais me causa frustração. Que frieza, que insensibilidade, que idiota sensação de superioridade, que snobismo ridículo, que falta de bom senso, que falta de inteligência... que falta de tudo!
A forma como Elizabeth trata a irmã afronta-me, chego até a desejar que Elizabeth seja infeliz para o resto da vida, e normalmente não tenho este tipo de sensações para com uma personagem (à excepção de Juliana de "O Primo Basílio" de Eça de Queiroz).
Jane Austen criou os seus heróis a fazerem declarações de amor comoventes. Esta é a minha preferida: do Capitão Wentworth, que se (re)declara à Anne Elliot através de uma carta.
Há tantas coisas que eu poderia dizer sobre o meu casal preferido... Se a constância é a mais falada - e eu também admiro isso - queria destacar também a capacidade de sofrimento, a verdade de carácter e a perseverança.
Os relacionamentos familiares são o combustível da obra de Jane Austen. Pais, filhos, irmãos, primos, tios, marido e mulher. Tudo gira à volta da dinâmica entre estes elementos. Sempre com uma história de amor pelo meio. Quando eu penso em figura materna surge-me no pensamento a figura de Mrs. Jennings e Mrs. Musgrove, ambas dedicam-se ao bem-estar e dão carinho aos seus filhos. Melhor pai, devo dizer, que foge-me o pensamento para um personagem secundário: Mr. Musgrove. Acho que os pais das figuras centrais não são o melhor exemplo...
A relação familiar que eu mais gosto, na realidade, não é só uma, são duas: Lizzy e Mr. Bennet, um relacionamento de pleno entendimento, respeito e cumplicidade; e Darcy e Georgiana, ambos irmãos, em que o primeiro mostra-se ser extremoso.
Mr. Collins se soubesse que é tão amado por estas paragens... Sim, Mr. Collins é famoso neste blogue porque talvez quase todas nós gostamos dele. Confesso que ele diverte-me. Confesso que dou grandes gargalhadas com suas frases empoladas. Já John Thorpe cria em mim uma enorme vontade de apertar-lhe o pescocinho de tão mau carácter que ele é... Ainda por cima, um mau carácter com pouco estilo e inteligência.
Mais uma vez, Mrs. Jennings... Eu realmente gosto bastante dela. Sei que muitos de vocês estão a ler isto pensarão nela como uma figura ridícula e inconveniente. Eu acho-a doce e adorável. Perdoo-lhe a coscuvilhice porque ela o faz sem maldade. Também gosto bastante de Jane Fairfax, acho que ela daria um livro à parte. E finalmente Charlotte Lucas: objectiva, frontal e racional. Do lado oposto, das figuras femininas secundárias que eu menos gosto, tenho de destacar as manipuladoras Mary Crawford e Lucy Steele.
Adoro, simplesmente adoro as respostas que Mr. Bennet dirige à esposa. Revela um senso de humor extraordinário. Ele é o meu personagem sarcástico preferido. Quanto à categoria "cómico/a" repito mais uma vez Mr. Collins e Mrs. Jennings, acrescento Miss Bates, simplesmente porque me fazem rir.
A minha história de amor preferida é - será por muito tempo - a de Anne e Frederick. Eu gosto da história de Mr. e Mrs. Weston, não sei explicar bem porque... sei que não é uma história destacada mas gosto de imaginá-los a redescobrir o amor numa idade em que talvez eles já não pensassem nisso. É uma cena hilariante imaginar Emma a recusar Elton, ela perplexa e ele totalmente convencido da conquista. É cena absolutamente perfeita.
Sobre a carta... não posso deixar de eleger outra que não seja a de Wentworth, tanto sentimento, tanta tempestade, tanto brilho e experança contidos em poucas linhas. Uma carta breve mas profunda. Uma carta pequena mas intensa. É "A" carta.