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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

O meu Herói menos Favorito

 

Edmund Bertram.

Nem sei se o deva considerar um herói porque ele de heróico não tem nada. De bom irmão, sim, isso tem e é.

É esquisito vê-lo ficar com Fanny Price; quer dizer, é o fim que todos, no fundo, queremos e suspeitámos que vá acontecer.

No entanto, não me parece existir química suficiente entre os dois para fazer de Mansfield Park o grande romance que é. Torci fortemente para que a Fanny mudasse de ideias e acabasse por ficar com Henry Crawford; Teria seguramente apreciado mais uma mudança na personalidade dele (Henry) do que o final feliz de Fanny com Edmund.

 

 

 

 

 

O meu Herói Favorito

 

Pois...

 

Fiz o jantar, arrumei a cozinha, tratei da roupa, e sempre a pensar no mesmo: " Mr Darcy ou Cap. Wenthwort??"

Concluindo: Não conclui nada. Não me consigo decidir entre estes dois personagens. Cada um à sua maneira encanta-me de uma forma particular.

 

No Mr Darcy aprecio a timidez, a elegância, a devoção aos seus, o amor que depois de assumido é firme e gentil. Aprecio ainda a forma como ele disfarça tudo isto com aquele jeito altivo e importante; é um gentleman no verdadeiro sentido da palavra. Demora um bocadinho a alcançar o evidente e até tenta negar os seus próprios sentimentos; só por isso fico com as minhas dúvidas e passo ao Cap. Wenthwort.

 

Ah! Captain, my captain! Meus Deus, aquela carta!! Que homem escreve uma carta daquelas?! Que homem devota tão grande amor a uma mulher mesmo passados oito anos de separação?? É quase inconcebível. Estou agora aqui a pensar: mas porquê ir embora e voltar passados oito anos? Porque não ficou e lutou por ela?? Tempos diferentes... Era necessária fortuna para desposar uma mulher da sociedade como o era Anne Elliot e insistir seria apenas para a fazer sofrer ou mesmo antagonizar-se com os familiares. Ele preferiu esperar e lutar da forma mais adequada. Conseguiu e voltou, apto a desposar qualquer mulher, e mesmo assim, escolheu-a a ela: uma mulher apagada, não muito bonita, tranquila de maneiras e feitio mas sobretudo ainda apaixonada por ele.

 

 

 

 

Melhor carta nas obras de Jane

Tenho a certeza que todas as minhas colegas irão escolher a carta que o Capitão Wentworth escreveu a Anne Elliott, afinal quem nunca sonhou receber algo assim que atire uma pedra. Eu gostava de receber algo assim, não nego, mas prefiro a carta de Darcy a Elizabeth e explico-vos porquê. A carta representa um momento de viragem no livro. Depois de a lermos, percebemos o bom sacana que Wickham é, e Elizabeth começa a ver Darcy com outros olhos. Além disso, ela revela um Darcy que quer pôr tudo claro para que não hajam dúvidas. Darcy podia ter contado tudo logo que Elizabeth o acusa, mas eu duvido que ela acreditasse nele, devido ao estado em que se encontrava.

Darcy podia ter omitido o plano de Wickham para raptar Georgina, julgo que bastava falar na recusa em tomar ordens e aceitar ser compensado monetariamente por isso e posteriormente, quando o cargo fica vago, pedir para ser nomeado, para que percebêssemos que Wickham não era boa pessoa. Revelar o rapto, é um acto de confiança, todos sabemos que este tipo de escândalo, manchava naqueles tempos a reputação da rapariga e era também mau para a família. Com a carta Darcy esclarece a sua conduta no caso Bingley/Jane, revela o verdadeiro carácter de Wickham e demonstra o amor que sente ao revelar algo que outros se preocupariam em esconder. O amor não só são palavras bonitas, os actos também contam e confiar é um deles.

A minha heroína menos Favorita

Já sei que vou ser linchada pela maioria das admiradoras (e admiradores) das obras da Jane Austen, mas confesso... não sou grande admiradora da nossa... Emma. (calma, calma... Não se exaltem)

 

É que até a ingénua e infantil da Catherine Morland me parece mais interessante do que uma rapariga pedulante, convencida e mimada como é a Emma. Considera-se tão importante que até acha que pode decidir o futuro das pessoas sem sequer lhes perguntar se é isso que desejam.  Pode até ter um grande coração. Mas parece-me forçado; tudo nela me parece forçado. Vive e sempre viveu numa redoma de vidro; com o casamento com o Mr Knightley continuará a viver nessa redoma. Queria que ela conhecesse o mundo real, onde não há sedas, fitas, xailes  e vestidos glamorosos. Nenhuma das outras heroínas Jane Austen vive nesta situação confortável, situação que a pode levar a afirmar que não pretende casar-se. Se ela passasse necessidades ou encarasse um futuro decerto mais pobre, de certeza que mudaria de ideias e de comportamento.

 

(Estou perdoada???... )

 

 

A minha heroína Favorita

Confesso ter um fraquinho pela Elizabeth Bennet de 'Orgulho e Preconceito'. Noto nela uma grande força de carácter e uma forma de encarar a vida com leveza mas simultaneamente com seriedade e responsabilidade.

 

No entanto, no meu top de heroínas favoritas, no número um, terei de colocar a Anne Elliot de 'Persuasão'. É que a Anne é constante; apaixonou-se, amou e ama o seu capitão. E, apesar de lhe criticar a falta de vontade própria e o facto de não ter lutado mais arduamente por aquilo que desejava, dou comigo a gostar do jeito dela, das atitudes dela, da maneira tranquila e empática com que encara tudo e todos. Será uma grande mãe seguramente e acima de tudo uma boa esposa. Amar assim, mesmo depois de perdidas todas as esperanças, não é para todos.

 

Momento do livro que te pôs a rir

  • Dança de Tom Bertram com Fanny

"Tom Bertram, que saíra, entrava outra vez na sala. E embora a honra de ser convidada fosse um pouco improvável, Fanny pensou que isso podia acontecer. Ele dirigiu-se, com efeito, para ela mas, em vez de a convidar para dançar, puxou uma cadeira e contou-lhe como estava o seu cavalo doente e a opinião do criado. Fanny viu logo que não ia dançar.

 

Depois disto, ele tirou um jornal da mesa e, percorrendo-o negligentemente com a vista disse:

- Se quiseres dançar, Fanny, vou dançar contigo.

Com um pouco mais de delicadeza, o convite foi rejeitado.

- Ainda bem - disse ele mais animado, pondo de parte o jornal - porque estou cansadíssimo. Só me admiro denque haja pessoas que possam aguentar tanto tempo a dançar. É preciso que estejam todos apaixonados para se distraírem com tal disparate. E parece que estão; se olhares, verás muitos pares de namorados; todos, excepto Yates e Mrs. Grant. E esta, aqui para nós, coitada, deve precisar tanto de um namorado como qualquer das outras. Deve levar uma vida aborrecidíssima com o marido.

Tom disse isto sem reparar que o Dr. Grant estava perto; ao aperceber-se disso, mudou tão de repente de assunto, que Fanny não pôde conter o riso.

- Que acontecimentos estranhos se passam na América, Dr. Grant! (...)

- Meu caro Tom - disse-lhe a tia - como não danças, penso que não te importarás de jogar uma partida connosco pois não? (...)

- Teria muito prazer - disse ele, levantando-se - mas agora vou dançar. Anda depressa Fanny (pegando-lhe na mão), não te demores, senão acaba a música. Fanny ficou satisfeita, mas era-lhe impossível sentir-se grata com o primo, que apenas resolvera dançar com ela para se libertar da maçada do jogo."

 


Citação favorita

" ... there could have been no two hearts so open, no tastes so simliar, no feelings so in unison, no countenances so beloved. Now they were as strangers; nay, worse than strangers, for they could never become aquainted. It was a perpetual estrangement."

 

Capítulo 4, Persuasão