"O Sr. Knightley, homem dos seus trinta e sete ou trinta e oito anos e um espírito inteligente, era não só um velho amigo da família, como estava intimamente ligado a ela, como irmão mais velho do marido de Isabella. (...) era uma das pessoas mais capazes de descobrir defeitos em Emma Woodhouse e a única que lhe falava deles"
Mr. Knightley é-nos apresentado após o casamento de Miss Taylor ter acontecido. Ele chega de Londres, após ter visitado o seu irmão John e a sua cunhada Isabella, irmã de Emma. A familiaridade com que ele surge, no capítulo 1 do livro, à casa dos Woodhouse revela a grande intimidade que ele usufruía na casa; o que traduz uma afinidade alimentada por anos de convivência. São vizinhos mas são, sobretudo, amigos.
Ele é um homem maduro. Teria entre 37 e 38 anos e, para além de amizade, ele teria sobre Emma um papel quase paternalista: não no sentido de ser condescendente mas no aspecto de chamar a atenção para as suas acções incorrectas. Isto é uma evidência ao longo do livro. Foram inúmeras situações em que Mr. Knightley alertaria Emma para determinada acção ou atitude. O interessante nisto tudo é que eu não consegui encontrar alguma situação em que ele falhasse. De todos os heróis masculinos este é o único que se manteve íntegro, correcto e quase que perfeito. Se ele é, à primeira vista, o grande amigo de Emma enxergo-o ainda de outra forma. Ele vem contrabalançar os defeitos de Emma. Ela, dentre todas as heroínas, parece-me ser a que comete mais erros e cai em mais enganos. Já Mr. Knightley é a voz da Razão. Poderemos falar de Sensibilidade e Bom Senso em "Emma"?
"Se a amasse menos, talvez pudesse dizer mais coisas. Mas a Emma sabe como eu sou. De mim não ouvirá senão a verdade."
Mr. Knightley observa, analisa, pensa, reflecte, alerta no momento adequado e sempre é verdadeiro. Usa sempre de franqueza e de verdade. Tem posição social e dinheiro, mas é simples e aprecia a simplicidade e a autenticidade nas pessoas. A sua postura e a sua personalidade são simples mas a sua perspicácia, capacidade de observação e correcção tornam-no complexo. É ele quem dá o abanão em Emma no seu categórico "Badly done, indeed!" no episódio em Box Hill quando Emma humilha Miss Bates. E com esta frase, ele selou o começo da redenção de Emma.
Ele não é unicamente o amigo de Emma. Ele não é somente o amigo revelado em amor de Emma. Ele completa-a. Neste sentido, este amor revela o que todos procuramos na vida: ser completos e sentirmo-nos verdadeiros no nosso elemento.
Eu devo confessar: eu gosto muito de Miss Bates. Não sei explicar bem o porquê. Será da sua condição socialmente frágil? Será da sua amabilidade? Será da sua solidão? Não sei... Esta é uma das personagens em que nas três versões foi desenvolvida de formas diferentes. Contrariamente ao que se poderia esperar de uma personagem aparentemente tão simples. Eu gosto muito dos desempenhos de ambas actrizes das versões de 1996 e de 2009. A primeira apostou no lado cômico e simples de Miss Bates, já a segunda actriz apostou numa leitura mais contida e séria. Acreditem, eu dou gargalhadas sonoras quando vejo a versão miramax, mas há algo que me fascina na Miss Bates da versão 2009. Tamsin Greig torna Miss Bates alguém que tem um sorriso mas sempre uma sombra. Enxergo-lhe muita solidão. Um dos momentos altos, na versão 2009, é protagonizado por ela: quando em Box Hill Emma ridiculariza-a à frente de todos. O olhar de mágoa e espanto dela é fabuloso. E, quando Emma procura-a o mesmo olhar de mágoa e espanto ganha o brilho do perdão. Ela é a minha preferida.
Este é o caso em que eu não tenho a menor dúvida: a minha preferida é Olívia Williams da versão 1997. Ela detém todo o ar de mistério e de graciosidade de Jane Fairfax.
Uma questão: não consigo entender a Jane da versão 1996, parece quase estática; o que acham?
“Mas que lugar poderia ser este?”. Henrique questionava-se. Com certeza, seria longe de seu irmão e de sua inconveniente amiga, Bárbara, que impunha a sua presença a todo custo. Que mulher desagradável e fútil! Ter dinheiro facilita a vida em vários aspectos, pode até aproximar pessoas, porém é difícil produzir relacionamentos verdadeiros. E parece que seu irmão e Bárbara tentavam lhe mostrar que possuir fortuna era sinônimo de felicidade constante. Como estes dois o irritavam ultimamente. E ainda havia a dor da saudade que sentia de Cecília...
De repente, ocorreu-lhe uma ideia: e se fosse procurar Cecília novamente? Sim! Era isso! Iria atrás dela, ao invés de fugir de seus problemas. Ele iria ao encontro dela na tentativa de argumentar a favor do amor que os unia. Ela iria ouvi-lo, talvez sua surpreendente resolução de por fim a relação fosse dissipada quando a tocasse novamente. Um sentimento de esperança o invadia. Decidido, Henrique pegou a chave do carro e saiu.
Bom dia! Eu fui aceita para integrar esta equipe maravilhosas de mulheres que compõem este blog! Nossa, me sinto muito lisonjeada com a possibilidade de compartilhar a minha paixão por Jane Austen.
Meu nome é Flávia, sou brasileira e desde criança leio muito. Eu descobri Jane Austen há pouco tempo (uns três atrás) e foi amor a primeira vista. Desde então, vasculho a internet a procura de informações sobre suas obras. E foi com grande prazer que encontrei este blog! E foi com prazer maior ainda saber que posso contribuir com seu conteúdo.
Obrigada às adoráveis autoras do blog e olá aos leitores deste rico espaço de informações sobre a nossa querida Jane Austen.
Julho, traz o calor próprio do Verão e traz também uma novidade para a nossa rubrica mensal. Depois de analisadas as seis principais obras de Jane Austen, chegou a altura do verdicto da equipa do JAPT! Abandonaremos a rubrica mensal, "Um Mês, Um Livro", que de agora em diante irá alternar entre "Um Mês, Um Tema", "Passeando com Jane Austen" e "Um Mês, Uma Adaptação".
Durante este calorento mês de Julho iremos falar das nossas preferências, opinando sobre diferentes tópicos relacionados com os nossos gostos tanto em relação às obras como em relação às adaptações... no fundo, nas entrelinhas, iremos também falar de nós.
Sejam bem-vindas ao Top Jane Austen do Jane Austen Portugal!