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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Adaptação preferida

De uma maneira geral eu gosto de todas as adaptações que já vi, com excepção de O Parque de Mansfield 2007. Todas as adaptações trazem algo à obra, seja pela forma como dão vida a determinadas cenas cruciais, seja por cenas que acrescentam e não estão no livro. Em geral, estas últimas acrescentam muitas vezes algo à adaptação já que em muitos casos dão vida a determinados aspectos mencionados no livro ou acabam por reforçar ideias do mesmo.

A adaptação que eu mais gosto é a da BBC de Orgulho e Preconceito 1995, talvez porque aqui há uma certa perfeição na recriação das cenas chave do livro e também outras que me parecem adequadas e acabam por enriquecer o livro. Não, não estou a falar da cena da camisa molhada, mas por exemplo aquela em que Elizabeth encontra o Darcy a jogar bilhar, também não deixa de ser refrescante ver os homens a caçar,  num livro onde as personagens femininas parecem dominar. Há depois pormenores que nós apreciadoras de filmes de época não podemos deixar de reparar, o guarda-roupa, os cenários, tudo sem falhas. Ah! e claro os actores que parecem que nasceram para dar vida aos nossos personagens favoritos.

South Riding - Estreia Hoje

Relembro a todos os interessados que a série South Riding estreia hoje na RTP2 às 22h35m. Aqui fica a sipnose retirada do site da RTP2:

 

 

South Riding é mais uma notável adaptação Andrew Davies do romance de Winifred Holtby. É uma história sobre a vida, o amor e a política na paisagem de uma pequena comunidade da região de Yorkshire, nos anos 30 e que tem ecos na atualidade. A atriz Anna Maxwell Martin desempenha o papel de Sarah, uma mulher moderna, de ideias determinadas que volta a terra natal, South Riding, para ser professora no colégio local. Feminista, ambiciosa e apaixonada, Sarah vai mudar a escola e a comunidade, com as suas ideias de igualdade, liberdade e modernidade. South Riding é uma série romântica, cativante, forte, visualmente muito rica, com excelentes atores e uma reconstituição de época primorosa, no melhor que a BBC faz. Além de Ana Maxwell Martin que é uma atriz prodigiosa e protagonista de grandes séries, como Bleak House, South Riding conta com um grupo de personagens e atores excelentes, com destaque para David Morrissey, o proprietário rural da terra, par romântico de Sarah. O drama passa-se num momento de viragem na história da pequena comunidade e do mundo em geral.

Lost In Jane Austen Portugal #23

Cecília releu a carta várias vezes até se certificar que lera correctamente. Filha da tia! Filha e não sobrinha. Era uma descoberta extraordinária. Aquilo explicava a condescendência que a tia tinha com ela, muito mais do que com Júlia. A diferença entre ambas!

Júlia bateu à porta do quarto da irmã para a informar que o almoço estava na mesa. Cecília deixou-a entrar e partilhou com ela a descoberta.

Júlia desatou num pranto que nada parecia acalmar, por fim Cecília também chorou. Júlia acabou por lhe contar tudo o que até ali ocultara. Ela sabia, ouvira uma conversa entre os pais e a tia Augusta. A pior parte ainda estava para vir, Júlia dissera a Luluzinho e este a vendera o segredo a Eduardo, contou dos telefonemas, contou como ela tinha sido ameaçada e o pior era que tinha dito coisas a Cecília para a dissuadir de voltar para Henrique e também fizer ao mesmo com ele.

 

- Cecilia, quando tu te separaste do Henrique ele procurou-me e ameçou contar-te. Por isso eu disse-te tanta vez que seria melhor não lutar por ele. Não eram tanto as ameças de morte que me preocupavam, mas sim que descobrisses a verdade.

 

- Como é que nunca me disseste nada.

 

- Eu descobri porque ouvi uma conversa, como já te disse.

 

- Quem era o meu pai?

 

- Depois de os nossos pais morrerem, eu falei com a tia, ela pediu que nunca te contasse, sabia que te irias sentir enganada. Eu sei que ela amava o teu pai, engravidou antes do casamento. Infelizmente, ele morreu num acidente. Sabes que há muitos anos era vergonhoso engravidar, fora do casamento. O avô não concebia que a filha fosse mãe solteira. Por isso o pai acedeu a criar-te como filha. Nunca planearam contar.

 

- Mas como contaste ao Luluzinho e não a mim?

 

- Eu comecei a perceber que ele era mau carácter, mas apaixonada como estava, não terminei o relacionamento e continuei com ele. Isso só me fez infeliz. E um dia bebi muito, queria mesmo esquecer e acabei por confessar a verdade. Era um peso demasiado grande para continuar a carregar sozinha e a bebida soltou-me. Ele e o Eduardo conhecem-se das mesas de jogo. Um dia o Luluzinho, depois da nossa separação soube que o Eduardo não queria que tu visses o Henrique e então contou-lhe a verdade a troco de dinheiro. Também me pediu a mim, mas tu sabes que eu nada tenho. Então Eduardo começou a dar-lhe dinheiro em troca do silêncio dele. Para te proteger da verdade acabei por aceitar todo este horror. Fiz coisas horríveis.

 

Após estas palavras Júlia caiu num pranto e Cecília apenas abraçou e tentou consola-la. Ela sentia-se traída e enganada por ter vivido uma mentira aqueles anos todos, mas os seus sentimentos não eram nada perante aquilo que Júlia sofrera e também Cecília chorou por tudo aquilo.

 

Pior Escolha feminina nas adaptações

Rosamund Pike como Jane Bennet em Orgulho e Preconceito 2005. Eu já vi a Rosamund noutros papéis e gosto dela. No entanto, aqui acho que ficou bastante aquém daquilo que eu esperava ver enquanto Jane. Certo que a personagem é tímida e não é dada a grandes efusões, mas aqui pareceu-me muito mais apagada do que seria desejável, passando mesmo despercebida. Sem dúvida que Orgulho e Preconceito se centra mais na sua irmã Elizabeth mas nesta adaptação ela quase que se eclipsa e muito raramente nos apercebemos que ela está lá.

Melhor Escolha masculina das adaptações

Sem qualquer dúvida Colin Firth e o seu Mr. Darcy. A medida perfeita de orgulho e preconceito. A forma como ele olha para todos no inicio, a sua forma de falar nas primeiras conversas com Elizabeth ( altivo e orgulhoso) aquele olhar meigo quando ela está a mudar as folhas do piano para a irmão tocar. Eu podia continuar, mas como quanto mais gostamos menos palavras temos, eu fico-me por aqui.

Lost in Jane Austen Portugal #22

Na manhã seguinte ao enterro da Tia Augusta, a D. Rata apresentou-se em casa da amiga com o pretexto de vir buscar o livro de receitas da falecida. O livro era lendário entre a família e amigos pois apesar da pouca saúde a Tia Augusta cozinhava divinamente. Júlia e Cecília nunca mostraram talento especial para a culinária, sabiam cozinhar alguns pratos básicos e nenhum mais elaborado. O correcto seria dizer que elas desenrascam-se na cozinha.

Júlia estava ausente de casa e Cecília desconhecia esta herança de que falava a D. Rata. Assim, Cecília ligou à irmã que confirmou a vontade da tia e disse-lhe onde estava o livro. Ao tirá-lo da gaveta da mesa de cozinha, as folhas espalharam-se todas pelo chão. Cecília apanhou uma e verificou se estava numerada. Não estava. Teriam as receitas uma ordem? Verificou novamente a ver se via uma data e perante mais esta falha, enfureceu-se por a tia guardar dentro de uma capa um monte de folhas soltas em vez de ter um caderno.

Nesse momento, a D. Lúcia entrou na cozinha, nunca tinha tocado no livro mas sabia que  a tia Augusta  organizava as receitas por categorias, entradas, pratos de peixe, pratos de carne, sobremesas…

Cecília agarrou nas folhas todas e levou-as para o seu quarto e lá começou a organizar. Ela podia ter dado o livro conforme estava, mas sabia que a D. Rata não tardaria a fazer comentários sobre o assunto. Informou a D. Rata do sucedido e pediu-lhe que voltasse mais tarde, ela não ficou convencida, pois achou que aquilo era truque para não lhe darem o livro e ao sair planeou voltar ao início da tarde e falar com Júlia que sabia ser mais fácil de manipular.

Ao fim de alguns minutos, Cecília percebeu que apenas algumas folhas, aquelas que se tinham espalhado, estavam desalinhadas. Calculou que o resto estivesse no sítio. Mas mesmo assim verificou até à última folha e viu que esta era uma carta.

Cecília começou a ler:

 

Querido Zé,

 

A Cecília começou ontem a escola. Ainda me lembro do dia em que nasceu, era muito pequena e os médicos temiam que não sobrevivesse. Só a Deus devemos agradecer a graça por ela ter sobrevivido. A sua saúde é de ferro e isso alegra-me. Recordo muitas vezes os dias em que a peguei nos meus braços e a chamei de filha. Agora já não posso fazer isso. Entristece-me saber que ela pensa que eu sou apenas a tia, uma tia doente. Sei que me ama, mas o amor de mãe dá-o a outra.

Passados estes anos todos, sinto remorsos de não ter lutado pela minha menina e ter aceitado que ela seja criada como filha do meu irmão e não minha.

Nada parece mitigar este meu sofrimento, apenas estas cartas onde escrevo, cartas que nunca irás ler. Ainda ontem deixei uma no teu túmulo, pareço uma criança que escreve ao pai natal… Mas são estas cartas que me dão algum alento, o tema Cecília é proibido…

 

 

Cecília reconhecera a letra da tia, não estava datada e notava-se que ao escrever a tia tinha derramado algumas lágrimas. Era claramente uma carta não terminada.

Pior escolha masculina nas adaptações

Dominic Cooper como Willoughby em Sensibilidade e bom senso de 2008.

 

Mais uma vez, não é assim que imagino Willoughby. Este tem uma expressão demasiadamente infantil e não sinto grande química com a Marianne interpretada por Charity Wakefield. Além disso, este personagem é retratado como sendo muito sedutor, atraente e conquistador e este actor não deixa transparecer isso. Para ser bem sucedido teria de nos deixar o mesmo sentimento de tristeza que nos deixou Henry Crawford quando não conseguiu conquistar Fanny Price. Mal por mal, o Greg Wise na versão de 1995 sempre faz melhor o papel. Mas ainda não é o perfeito Willoughby.

 

 

 

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