Northanger Abbey refere-se ao nome do castelo pertencente a uma das famílias envolvidas nesta obra de Jane Austen, os Tilneys. Contudo, com este título parece que toda a acção do livro teria lugar na abadia quando, na verdade, a acção só aí começa a desenrolar-se a partir do vigésimo capítulo. Então, porquê este título?
Primeiro, é importante ressaltar que não foi Jane Austen que o escolheu. O livro só foi publicado após a sua morte e foi o seu irmão quem escolheu este título. A autora havia-o intitulado de ‘Catherine’, nome da protagonista. Isto levanta a questão de saber porque é que o irmão de Jane Austen achou que ‘Northanger Abbey’ seria um título mais adequado.
Uma possível explicação reside no conteúdo da obra. A Abadia de Northanger satiriza os populares romances góticos do século XIX e neles, os antigos castelos e abadias são retratados como lugares assustadores e arrepiantes e os seus títulos apontavam quase sempre para os lugares onde decorria a acção. Da mesma forma, Northanger Abbey ajuda os leitores a adivinhar a intenção satirizante da obra.
Outra explicação possível para o título reflecte uma das principais preocupações temáticas do romance. Catherine Morland, a protagonista do livro é obcecada com romances góticos e, consequentemente com Northanger Abbey a partir do momento em que ouve falar dela. Todavia, ao longo da história aprende que a vida não é um romance gótico e que a Abadia de Northanger é apenas a residência da família Tilney e não um lugar que possa satisfazer os seus desejos de aventuras góticas.
Não consigo precisar o dia ou sequer o ano. Mas sei que foi numa noite de zapping. Ao passar pelo 'People and Arts', canal da Tvcabo dei de caras com um Colin Firth (que já conhecia vagamente) guedelhudo. Curiosa, pousei o comando da televisão e colei os olhos na televisão até aquele episódio acabar, para tristeza minha. Na semana seguinte, lá estava eu a assistir ao episódio seguinte. Claro que já tinha ouvido falar de Jane Austen e das suas obras mas nunca prestei demasiada atenção, até porque a literatura inglesa clássica não me atraía muito. Fiquei apaixonada pela série, pela história, pelos actores, enfim por tudo.
Em vão, procurei o livro. A internet ainda não estava presente como está nos dias de hoje e, por isso, quando vi exposto num quiosque uma daquelas colecções da Planeta Agostini com o livro "Orgulho e Preconceito" delirei literalmente e disse para mim mesma, antes de entrar, que pagaria qualquer valor por aquele livro que comprei. Li-o quase de um só fôlego. Depois, com tempo, fui pesquisando as outras obras, as adaptações televisivas... Lembro-me de ter visto 'Persuasão' com o Ciarán Hinds mas não fiquei muito agradada com os actores, apesar de ter adorado a história. E a carta... Oh, a carta!... Só bem mais mais tarde, me apaixonei pelo Captain Wentworth de Rupert Penry Jones e pela Anne da Sally Hawkins.
Jane Austen veio sempre até mim em forma de surpresa. Um dia, distraída a passear na Fnac, eis que me deparo com o dvd da série com o Colin Firth. Comprei obviamente e pouco tempo depois soube que ia sair para cinema uma nova adaptação com a Keira Knightley. Ainda guardo o bilhete do cinema (26 de Janeiro de 2006, sessão das 18h30) no meio do meu livro 'Orgulho e Preconceito'. E continuo a reiterar aquilo que disse quando saí dessa sessão de cinema: Matthew Macfadyen é o verdadeiro Mr Darcy!!! Com os devidos e merecidos créditos a Colin Firth que também não esteve mal. Mas o Mr Darcy de 2005 é aquele que eu imagino sempre que leio e releio o livro.
Ultimamente com a internet fazendo parte integral da nossa vida, leio tudo sobre Jane Austen e as suas obras. Já vi a maioria das adaptações e ando a criar coragem para ler 'Mansfield Park' . Adoro tudo o que se relacione com ela e as suas obras e só tenho pena que o mérito desta escritora tenha surgido verdadeiramente, muito depois do seu desaparecimento.