Mr. Martin é apaixonado por Harriet Smith, um jovem lavrador. Nas três versões a participação é breve, mas penso que é na versão de 1997 que ele tem maior visibilidade e é também a interpretação de que eu mais gosto. Ele surge como um jovem belo, simples e trabalhador. Gosto da forma como ele, sem trajar como tal, tem a postura de um cavalheiro. Acho que isto transmite muito do que percebo sobre na leitura.
Estive a rever a série de 2009 de Emma, mas, ao mesmo tempo, reli a obra. Deparei-me com esta cena, tanto na adaptação de 1996 como de 2009, se bem que com diálogos diferentes. A verdade é que nestas adaptações Emma Woodhouse depara-se com Mr. Frank Churchill em Highbury ainda antes de o conhecer pela mão de Mr. e Mrs. Weston.
Na adaptação de 1996 creio que Miss Woodhouse está a caminho ou de regresso das suas benfeitorias; na adaptação de 2009, regressa com Miss Smith da casa das Bates onde chegara, de imprevisto, Miss Fairfax.
Tudo bem até agora, mas a verdade é que, tendo relido Emma há muito pouco tempo, não tenho recordação de qualquer cena semelhante escrita por Jane Austen. Na obra, penso que Jane nunca coloca Emma e Frank a encontrarem-se antes da apresentação oficial, estarei certa?
Assim sendo, porque razão decidem estas duas adaptações fazê-lo? Não me pronuncio sobre a versão de 1997 porque tenho pouco recordação sobre se isto também sucede ou não.
Emma é uma Heroína como as que não existem nos livros habitualmente. Na realidade grande parte do livro é uma descrição da forma como é mimada, auto-confiante em excesso, pedante, cega ao carácter das pessoas que a rodeiam… E contudo com tanta coisa má, Emma é a mais adorável de todas as heroínas de Jane!
Parece-me impossível não gostar desta miúda que ao longo do livro cresce diante dos nossos olhos, é ferida no ego e aprende que mesmo para alguém tão fantástica como ela o amor é algo importante e que vale a pena. Ela que procura para todas as pessoas à sua volta companhia e que no entanto sente, que pela sua riqueza e posição social, se encontra acima dessas leis tão naturais, é apanhada no seu próprio enredo, apaixonando-se pelo fantástico Mr. Knightley.
Emma é contudo uma alma generosa, vive para fazer o bem! No caso desta heroína a sua percepção de auto-importância em vez de se reflectir numa vaidade exacerbada, impele-a a ajudar e a ter um papel muito activo na sua comunidade e na sua família…
No fundo todas estas características que em qualquer outra personagem seriam consideradas vícios, no caso da nossa Emma juntam-se para criar uma personalidade marcante, numa mulher boa e Humana.
Ela não é alguém de quem gostamos pelas inúmeras qualidades… o mais apaixonante de Emma são as falhas, estas aproximam-nos fazendo-nos sentir que Emma é alguém alcançável. Quem é que estando apaixonado sem se sentir correspondida nunca teve vontade que não houvesse outra pessoa a desejar o objecto de afeição? Haverá sentimento mais humano do que este? É também uma das passagens mais adoráveis do livro..
Emma, que está habituada a ser dona do seu mundo, da sua vontade, do seu coração, aprende que nunca se é dono de nada… especialmente de nós mesmos!