A 3ª edição da Revista JAPT já está disponível online.
Esta edição, inteiramente dedicada a "O Parque de Mansfield" contou já com variadas participações de fãs de Jane Austen extra-blogue, o que deixou a equipa do JAPT muito contente. Criámos novas rubricas, para além das já apresentadas "Sugestões Austenianas" e "Jane Austen e Eu", criámos "Quando Conheci Jane Austen", onde em cada edição convidaremos uma fã de Jane Austen para falar disso mesmo (por isso, caras leitoras, se desejarem escrever para esta rubrica, enviem um mail a expressar o vosso desejo!), "Os Lugares de Austen" e "Sabias Que..."
Para participar na próxima edição, basta enviar um mail com o artigo para o nosso email: janeausten@sapo.pt, o único requisito é cingir-se ao tema. No próximo número, o tema será Sensibilidade e Bom Senso. Quem desejar pode enviar os textos até dia 30 de Maio. Para mais informações visite o nosso site.
Clique na imagem para fazer o download gratuito da 3ª edição. Espero que seja do vosso agrado!
Lendo Sense and Sensibility no Brasil 200 anos depois – parte I
Depois de publicado os meus primeiros textos sobre a Leitura Comparada de Sense and Sensibility de Jane Austen nas traduções “Sensibilidade e Bom Senso” (Maria Luísa Ferreira da Costa) e “Razão e Sentimento” (Ivo Barroso), tenho o prazer de também partilhar a ligação para os textos da Raquel Sallaberry que estão publicados no Lendo Jane Austen. Eu já os lí e estão excelentes.
Aproveito para deixar-vos os posts anteriores publicados pela Raquel. Eu estou a adorar os textos dos leitores convidados por ela para falarem sobre "Sense and Sensibility" - uma ideia original e interessante.
- Sense and Sensibility em Portugal 200 anos depois – I Parte - #2
- O tradutor visto por uma leiga -
Como eu afirmei no post anterior, não sou tradutora e estou bem longe disto. Contudo, a dada altura e durante a leitura comparada, comecei a reflectir sobre a posição do tradutor. Neste desafio não estamos a focar o olhar unicamente sobre Jane Austen, mas sobretudo sobre as opções tomadas por cada tradutor.
Dei por mim a pensar na dinâmica deste trabalho e surgiu-me este pensamento: haverá condição mais solitária do que o tradutor no exercício do seu ofício? Não sei se a minha interrogação será abusiva mas comecei a visualizar mentalmente o tradutor neste diálogo silencioso de leitura e de descodificação de uma mensagem. Ele está diante de uma obra, que pertence a um tempo histórico, a uma cultura, a um tipo de mentalidade e a uma língua específica. Para além disso, ainda temos que considerar que há o escritor e a sua intencionalidade. E, ainda temos de considerar também, que o tradutor tem o seu ponto de vista de leitor e que tem de abstrair-se disto. Ou não?
Interrogo-me, muitas vezes, se a dualidade “tradutor/leitor” entram em conflito na actividade de tradução. Há a intenção do autor da obra que, excepto ele a deixe por escrito, nunca a alcançamos totalmente. Há a interpretação da obra por parte do leitor. Isto será um terreno minado para quem tem a tarefa de traduzir uma obra?
Parto da ideia de que para efectuar qualquer tradução estarão inerentes determinados processos que levam ao rigor e a objectividade para obter um resultado final fiel ao original. Num texto técnico, o rigor e a objectividade parecem-me ser metas indispensáveis senão fundamentais. Num texto e obra de cariz literário, para além disto, há toda uma série de condicionalismos. Alguns condicionalismos foram referidos acima: tempo histórico, cultura, língua, mentalidade; mas ainda há outros, dentre eles: o estilo de escrita do autor da obra, a coordenação entre a subjectividade do autor e do tradutor, e a interpretação da intencionalidade do autor pelo tradutor. Será que podemos conceber que exista este espaço de interpretação? Isto é, a semelhança de um jornalista, há a necessidade de imparcialidade como condição ética essencial para o exercício da sua actividade; ou, pelo contrário, a parcialidade é benéfica?
Estas interrogações e afirmações têm uma natureza intuitiva. Foram ilações que me atravessavam a mente durante o exercício de leitura de ambas as traduções. Não quero ter a pretensão de lançar pressupostos sobre a técnica de tradução ou sobre o trabalho do tradutor e acredito que estas questões poderão parecer “romantização” da profissão. A minha partilha destina-se, apenas, a ser matéria de reflexão de uma actividade que parece ficar um pouco à sombra do anonimato.