Estou muito ansiosa com a estreia deste filme. Há muitos anos que sou fã das irmãs Bronte e "releitora" assíuda de "Jane Eyre". Tenho uma enorme curiosidade de ver as opções deste roteiro e o desempenho do elenco. Penso que é difícil bater a versão de 2006, principalmente no que diz respeito à interpretação do personagem de Mr. Rochester. Inclusive estive a ver o trailer do filme o que fez aumentar as minhas dúvidas e expectativas...
Andrew Davies desenvolveu roteiros para uma longa lista de filmes e mini-séries televisivas. Algumas dessas produções são bem conhecidas por todos nós: Orgulho e Preconceito (1995), Emma (1996), Wives and Daughters (1999), O Diário de Bridget Jones (2001), A Abadia de Northanger (2007), entre outros.
Nomeado para alguns prémios e vencedor de alguns, chegou mesmo a receber dois Emmys: um por “House of Cards” (1990) e outro por "Little Dorrit" (2009) (esta série inclusive conseguiu conquistar 7 Emmys dentre as 11 nomeações que recebeu).
De uma breve leitura de artigos da imprensa – a propósito de Sensibilidade e Bom Senso em 2008 – constata-se que as opiniões dividem-se. Surgiram algumas críticas em relação às opções do seu roteiro e, por outro lado, alguns elogios. Já em 1995, quando ele escreveu a adaptação de “Orgulho e Preconceito” aconteceu o mesmo. A famosa cena em que Mr. Darcy (Colin Firth) mergulha no lago e aparece com a camisa branca molhada em Pemberley rendeu muitos suspiros às fãs de Colin Firth mas ruidosos protestos de quem considerou isto uma alteração desnecessária da obra original.
No caso de Sensibilidade e Bom Senso (2008), a crítica principal é apontada para a cena de abertura. O primeiro episódio inicia com uma cena de dois amantes com grande carga sexual. Isto causou algum espanto e alguma recepção negativa em parte da audiência. Talvez o facto de uma adaptação ser aguardada com ansiedade seja um dos motivos desta reacção. Também por se tratar de uma adaptação de uma obra de Jane Austen, os seus fãs mais puristas não tenham achada graça à abertura... Acontece que, no decorrer dos três episódios da mini-série, não voltamos a ter uma cena desta natureza.
Andrew Davies, inquirido sobre esta opção, afirma: “The novel is as much about sex and money as social conventions. This drama is more overtly sexual than most previous Austen adaptations seen on screen and gets to grips with the dark underbelly of the book.". Esta afirmação, por si só, demonstra algum distanciamento de Sensibilidade e Bom Senso (1995). Será um distanciamento previamente planeado? Intencional ou não, a abertura marca um novo olhar sobre o percurso das Dashwood.
Eu não coloquei no meu plano inicial mas desde que comecei a conceber a programação deste desafio foi gradualmente surgindo no meu pensamento uma ideia adicional. Comecei a pensar no estilo Jane Austen em Sensibilidade e Bom Senso para além da literatura, do cinema e da televisão. Comecei ainda a buscar artigos, sugestões de decoração, artesanato, moda e estilo de casamento que parecessem inspirados em Sensibilidade e Bom Senso. Tenho andado a pesquisar sobre isto e tenho tido algumas surpresas.
Hoje, lanço o primeiro post desta temática. No Design Sponge - um blogue que eu adoro da área do design em várias vertentes - pode-se ver com regularidade uma rubrica em que são sugeridas peças de decoração baseadas em filmes. Surpreendi-me em ver um post inspirado em Sensibilidade e Bom Senso de 1995. As imagens abaixo são deste post:
Já se tem falado em vários jornais online numa nova adaptação cinematográfica de “Anna Karenina” de Tolstói. A direcção do filme está entregue nas mãos de Joe Wright, nosso conhecido por filmes como “Pride&Prejudice” (2005) e “Atonement” (2007). O roteiro será desenvolvido por Tom Stoppard, o mesmo que fez o roteiro de “Shakespeare in Love” (1998). Keira Knightley e Jude Law são dois nomes apontados como certos neste filme.
Eu não conhecia esta obra, até vocês falarem dela. Esta é uma, senão o trabalho menos conhecido da Jane Austen, não percebo muito bem porquê. Comparando com a “Persuasão”, este romance está muito mais completo e explora de forma intensa cada personagem. Enfim, poderíamos aqui discutir a importância, valor, complexidade e qualidade deste livro face à restante obra, que na minha opinião não se fica nada atrás, porém o objectivo é outro.
Em primeiro lugar pretendo dar-vos a conhecer a aquisição e leitura do Parque de Mansfield… uma aventura! Para arranjar o livro demorei bastante tempo, visto que está esgotado e não há previsão de reedição. Teve de ser pela internet, num site de leilões, esperando pacientemente pelo fim do negócio. Mas quando finalmente chegou, foi uma alegria! O enredo é aliciante, o que fez com que o tivesse lido em pouco mais de uma semana, intercalando trabalho (muito!), vida familiar e pequenos (muito pequenos) tempos de leitura. No entanto, tive a sorte de conseguir uma tarde livre e nem pensei duas vezes, foi uma maratona de leitura desde as duas da tarde até às oito da noite! O livro foi avidamente “devorado”, como podem perceber.
Em segundo lugar, alguns olhares sobre o romance.
Uma das coisas que mais apreciei foi a crítica realizada à noção de “caridade”: uma acção realizada para bem parecer em sociedade, mais do que para o fim a quem se destinam as acções. A família Bertram neste contexto é um paradoxo de bondade e cinismo, que se vai intercalando ao longo do enredo, embora no final se descubra e se cultive tal virtude, à custa de uma aprendizagem sofrida.
E Fanny Price, que heroína tão apagada! No início perguntava-me como e que Jane poderia ter criado uma protagonista tão atípica. Quantas vezes não nos dá vontade de “sacudir” a sua aparente inércia? Muitas de certo. No entanto o final desta personagem ensina-nos que a perseverança, a seriedade e a defesa dos valores do bem e da verdade, mais tarde ou mais cedo, gerarão felicidade.
Das personagens masculinas: Edmund é um ingénuo, que apenas vê em Mary o que lhe apraz, ou seja, a beleza; e Henry é o mais inconstante dos homens, um verdadeiro perigo, do qual não se tem a certeza se é vítima pela ausência de uma boa guia (seria Fanny a sua salvação?), ou se apenas arca com as consequências da sua conduta consciente; Mr. Rushworth, uma pobre alma dividida entre uma mãe possessiva e uma mulher que não o ama, quiçá uma vítima como Henry, por falta de alguém que o compreenda e guie; Sir Thomas, o temido patriarca que têm inteligência para aprender com os seus erros; Tom, o filho que (talvez) se tenha de facto reabilitado.
As personagens femininas: Mrs.Norris, a execrável tia, a dominadora que descarrega nos mais próximos as próprias frustrações; Lady Bertram, a futilidade em pessoa, com carácter demasiado maleável, mas que parece ter bons sentimentos; as filhas Bertram, uma espécie de Lydia e Kitty de “Orgulho e Preconceito”, mas com desfechos trágicos; Mary Crawford, o egoísmo em pessoa, capaz de sacrificar a sua felicidade em prol do dinheiro; Susan Price, um retrato da bondade e constância da irmã, mas com mais vivacidade (aparente).
Muito fica por dizer numa abordagem tão breve, todavia o que fica deste livro são muito bons momentos de leitura e de reflexão a partir de um retrato tão mordaz e inteligente da sociedade inglesa contemporânea de Austen.
A Raquel fez um levantamento dos posts feitos desde Janeiro até Março sobre o Bicentenário S&S e também apresenta opiniões de leitores convidados. Muito bom!
Podemos contar com mais de uma década de intervalo entre a produção cinematográfica de Ang Lee e a adaptação televisiva de "Sense and Sensibility" pela BBC. Destaque-se que a última adaptação da BBC é de 1981, o que gera quase trinta de anos de intervalo - no que diz respeito à BBC - e, por consequência, gera também um elevado grau de curiosidade pelo resultado final. Portanto, a fasquia era alta.
Grande expectativa - esta é a expressão correcta para traduzir o que milhares de fãs de Jane Austen sentiram enquanto a mini-série não estreava. Eu tive a curiosidade de fazer uma breve pesquisa de artigos da época anterior à estreia e nos dias seguintes. Propositadamente, não aprofundei a leitura destes mesmos artigos para não condicionar a minha própria opinião. Contudo, este sentimento de expectativa é latente. De igual forma, notava-se que todos tinham curiosidade de ver como Andrew Davies teria desenvolvido o roteiro. O que pude concluir é que as opiniões dividem-se e não são de maneira nenhuma consensuais. Há os que não gostaram, os que gostaram, os que não gostaram mas apreciaram certos pontos, os que gostaram mas desgostaram de muita coisa. Enfim, uma amálgama de opiniões.
Ao longo deste mês, eu vou expressar a minha opinião sobre esta produção. E também não é consensual.
Ao longo destes dois meses, Fevereiro e Março, a minha atenção esteve muito concentrada em Sensibilidade e Bom Senso (1995). Inicialmente foi difícil encontrar uma linha condutora. Uma ideia subjacente que me conduzisse. Ao rever o filme veio-me à cabeça que este filme é quase um poema. Todos os âmbitos do filme constroem-se e interligam-se de uma forma tão harmoniosa que só posso pensar num poema. Um poema visual. Sinto que o meu amor por este filme aumentou.
Não posso afirmar que seja perfeito. Tens alguns aspectos menos positivos, tais como: a supressão de alguns personagens ( Miss Steele e Lady Middleton, por ex.) e de alguns episódios do livro (o mais flagrante é a ausência da aparição de Willoughby quando Marianne fica doente, por ex.); mas isto não desmerece o filme em si.
Esta adaptação cinematográfica de Ang Lee, com roteiro de Emma Thompson, continua a encantar e continua também a ser actual. É uma produção que dignifica a obra de Jane Austen. Creio que ela aprovaria.