As irmãs Steele
Fonte: Elegance-of-fashion
As irmãs Steele são duas ambiciosas jovens que querem, através da falsa adulação, fazer um bom casamento. Lucy, tal como já tinha referido no post anterior, é de facto uma mulher ambiciosa, mas socialmente discreta. Embora Elinor capte desde logo a sua ignorância, falta de cultura, bem como o seu espírito calculista, admite-se que a sua presença em público é relativamente cuidada.
Já o mesmo não se pode dizer da irmã Nancy, a qual não consegue esconder a sua tolice extrema. Julgando-se uma beleza sem igual, acha que todos os homens a desejam, em especial o "doutor". E faz questão de o dizer a todos que com ela privam, causando à irmã bastantes momentos constrangedores. Às vezes tem-se a sensação que se trata de um caso patológico, de uma obsessão narcísica e egocêntrica.
O final da história destas irmãs não me surpreendeu de todo. Não pela trama em si, que está muito bem construída, mas pelo facto de Lucy ser capaz de fazer tudo aquilo a que se propôs. Vejamos: Edward "redime-se" ao casar com Elinor, um partido infinitamente superior a Miss Steel ou a qualquer outro membro da família Ferras; Robert cai na rede de Lucy, que lhe transfere o afecto paralelamente à transferência da fortuna. E no final, Robert é perdoado, Lucy é admitida por Mrs.Ferras como sua nora-amiga-confidente, e o casal Edward/Elinor é aceite com alguma relutância. Como é possível tamanha injustiça?
Penso que isso se deve a dois factores. O primeiro é que Edward nunca foi compreendido pela sua mãe, daí que ela, pelo seu temperamento mesquinho, lhe tivesse menos afecto, em comparação com os outros dois filhos. A birra pelo noivado de Edward/Lucy foi uma justificação oca e descabida para legar a herança ao filho favorito. O segundo é que Mrs.Ferras e Fanny, sempre se devem ter sentido inferiores a Elinor e Marianne, tanto em termos de beleza, como de inteligência, cultura e até de sentimentos.
E acho que nem mesmo com a adulação de Lucy se passaram a sentir melhor. É que no fundo sabem que, mesmo possuindo muito dinheiro, não podem comprar tudo. Aliás, não podem comprar o que de melhor a vida tem para dar.