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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

DESAFIO | Bicentenário "Sense and Sensibility" #33

- Sensibilidade e Bom Senso (2008) | 10 -

-  cenas marcantes #1 –

 

 Esta é a cena em que Elinor e Edward se conhecem. Eu sei que se distancia da forma como Jane a retratou. Mesmo assim, eu a aprecio por três motivos:

1. É das poucas cenas, em toda a mini-série, em que vemos Elinor a extravazar alguma da revolta que ela provavelmente sentia;

2. Edward surge-nos com um ar algo tímido mas algo divertido - o que é agradável e interessante;

3. A química entre eles é imediata.

 

 

 

Obs.: Se eu tivesse uma cunhada como a Mrs. Dashwood, Fanny, eu também andaria a bater tapetes...

 

 

Estoicamente Elinor

 

Elinor Dashwood possui uma enorme condescendência e paciência. Ela atura e suporta com a maior das naturalidades qualquer carácter. Não possui a impertinência de Emma ou a ousadia de uma Lizzie ou mesmo o atrevimento da própria irmã, Marianne... Não, em sociedade Elinor trata todos de forma plácida, suportanto os comentários mais atrozes e injustos e nunca se subjugando, mantendo sempre uma "irritante" dignidade que deixa cair por terra toda e qualquer observação menos própria vinda de uma Mrs. Jennings ou um comentário a roçar o insulto vindo de Mrs. Ferrars ou de Fanny Dashwood.

 

Ao contrário de muitas das outras heroínas de Austen, Elinor sabe agir em sociedade sem provocar tumultos, sem gerar atritos; a Elinor é impossível apontar uma falha, todas as intrigas que se geram em torno dela são provocadas pela simples e odiosa inveja, não há um defeito nela aos olhos dos outros e por isso, servem-se da sua falta de dinheiro para a diminuir porque só por aí conseguem justificação - claro exemplo disso são Mrs. Ferrars e Fanny Dashwood que coitadas, a única coisa que têm em seu abono é, de facto, a fortuna, tudo o resto é mau e sem valor, daí que se agarrem tanto à sua fortuna, a única coisa que lhes pode trazer alguma importância ainda que falsa e descartável. A importância de Elinor está, em contraponto, no seu carácter forte, inabalável, determinado, na sua humildade e na sua bondade.

 

 

Elinor não é totalmente indiferente aos comentários malévolos da futura sogra e cunhada, sabemos que a magoam, mas ela sabe como ultrapassá-los, dar a volta por cima e por isso as trata com uma indiferença superior e educada que me fazem regozijar enquanto leio certas passagens. Elinor é, tanto em carácter como em inteligência, superior a qualquer uma delas e por isso é ela quem se ri no fim. Nela não há contradições, a sua conduta é regular e constante e é isso que a torna tão sublime aos meus olhos, tomando conta do lugar cimeiro nas minhas preferências em relação às heroínas de Jane Austen. Elinor é fiel a si própria, não age com subterfúgios, não se serve do cinismo para conquistar amizades, ela age em sociedade com naturalidade, sem impulsos, porque sabe avaliar, à partida, os bons e os menos bons caracteres, respondendo a todos à altura das circunstâncias. É de certa forma a sua estoicidade (aparente) que me cativa e é pela profundidade dos seus sentimentos que eu me apaixono.