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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Henry Crawford #1

- descrição -

 

“Mary Crawford era notavelmente bela; e Henry, conquanto não fosse bonito, tinha muito boa aparência; ambos tinham as maneiras desembaraçadas e agradáveis (…)

O irmão não era bonito; quando o viram pela primeira vez acharam-no absolutamente sem atractivo, escuro e desinteressante; contudo era bastante delicado e tinha um porte agradável. No segundo encontro já não o acharam tão feio; feio ele era, mas tinha a fisionomia tão agradável, seus dentes eram tão bons, e era tão bem constituído de corpo, que não se notava a sua feiura; e, na terceira entrevista, quando jantaram juntos no Presbitério ninguém mais pensou em o chamar de feio. Ele era, na verdade, o rapaz mais agradável que as duas irmãs já haviam conhecido, e ambas ficaram igualmente encantadas por ele.”


Esta é a caracterização física curiosa sobre um suposto galã num livro. Henry Crawford é-nos indicado como alguém que, à primeira vista, é absolutamente desinteressante e sem graça. Chama a atenção que seja dito que “seus dentes eram tão agradáveis” o que, desperta o pensamento de que Henry seria sorridente e um bom conversador. Eu diria que o ponto forte em Henry Crawford seria o charme. Um homem que se revela no relacionamento e na própria linguagem corporal. Alguém que envolve com palavras e gestos. 

 

 

Jane Austen de Álvaro Pina

 

 

Trouxe este livro da biblioteca há umas boas semanas. O título é simplesmente "Jane Austen", mas lá dentro o autor situa-nos Austen no seu contexto histórico, fala-nos da vida da autora e explora profundamente as suas seis obras principais.

 

O autor á Álvaro Pina, o mesmo que vos falei no início do mês, aquando da minha leitura do ensaio "Introdução do Estudo Crítico de Jane Austen". Este livro tem uma leitura mais simples, menos fechada.

 

Ainda não o terminei, mas em breve irei partilhar algumas ideias sobre O Parque de Mansfield baseando-me nalguns pontos que este autor salientou e que, mais do que me abrir os olhos, esbugalhou-os!!

 

Informações sobre o livro:

 

Jane Austen

Álvaro Pina (colaboração de Filipe Furtado e Isabel Fernandes)

Edições Colibri, 1994

Colecção Autores Ingleses

 

Disponível para venda online aqui

 

 

 

 

Sir Lucas e Maria Lucas

Mr. Lucas é uma personagem que a todos cativa. Trata-se de um homem que se desfaz em atenções para com os outros sujeitando-se algumas vezes ao ridiculo. Pai de Charlotte Lucas, a melhor amiga de Elizabeth Bennet, é de trato amistoso, inofensivo e obsequiador.

 

Fora comerciante em Meryton e fizera fortuna razoável. O seu mandato como presidente do muncípio valeu-lhe um título por ocasião de um discurso proferido pelo rei. Passou então a gozar do título e afastou-se do seu negócio. Por isso, quando a sua filha mais velha se precipita para um casamento com Mr. Collins, ele encara-o como uma benção e apenas vê vantagens naquele enlace. Não consegue alcançar o ridiculo da situação que é ver a sua filha casada com um homem que pouco tem para lhe oferecer em todos os aspectos, não obstante ser o herdeiro de Mr. Bennet.

 

É também pai de Maria Lucas. Rapariga igualmente de bom trato e ingénua que viaja com Elizabeth e seu pai aquando da visita daquela a Charlotte. Vive num mundo encantado e deslumbra-se com todas as pessoas que não sejam da sua classe. Tem muita consciência da sua condição o que a leva a exagerar em algumas ocasiões por se deixar intimidar pela opinião de, por exemplo, Lady Catherine.

 

São mais duas personagens de adorno neste encantor enredo que constitui "Orgulho e Preconceito".

 

 

 

Mr. e Mrs. Hurst

Se a arrogância, o orgulho, a vaidade, a hipocrisia e a presunção estão presentes em "Orgulho e Preconceito" é também através personagem de Mrs Hurst, irmã de Mr. Bingley, amigo de Mr. Darcy.

 

Mrs Hurst casa com Mr. Hurst, homem sem fortuna, vulgar e despropositado em todas as ocasisões que tinha como grande filosofia de vida dormir, beber, caçar e comer em demasia. Se acaso algumas palavras conseguia pronunciar em jeito de conversa, estas limitavam-se à comida e à sua impaciência para caçar. Trata-se de um homem sem interesses válidos e desinteressante.

 

Com um marido com tais características, Mrs Hurst que era uma mulher elegante, bonita e educada mostrava a sua hipocrisia. Afinal, soube intervir na relação do irmão com Miss Bennet por não considerar que esta estivesse à altura do irmão, mas não teve o mesmo discernimento para si... Em virtude deste casamento, Mrs Hurst faz da casa do irmão a sua própria casa.

 

É por demais evidente o cinismo de Mrs Hurst ao longo da história. É uma personagem que considero de adorno. Existe para mostrar a antipatia e a crítica que Jane Austen fazia às classes mais abastadas. Através deste casal, a autora evidencia a futilidade, o vazio e a presunção que via em tais classes em contraposição com as demais. Senhores de tudo, vivem, contudo, muitas vezes apenas da aparência.

 

 

 

 

 

 

Elizabeth Bennet - a mais famosa heroína de Jane Austen

 

 

"São poucas as pessoas de quem gosto realmente e mais restrito ainda o número daqueles de quem eu faço bom juízo. Quanto mais conheço o mundo, maior é o meu descontentamento por ele; e a cada dia confirma a minha crença na inconsistência de todos os carácteres humanos e na pouca confiança susceptível de ser depositada na aparência quer do mérito como do bom senso." - Elizabeth Bennet

 

Elizabeth Bennet, Eliza ou Lizzy é, sem dúvida alguma, a heroína mais famosa de Jane Austen. É a segunda de cinco filhas de Mr. Bennet e é a sua preferida. São cúmplices no divertimento e no gozo com que muitas vezes avaliam os demais. Mas é a menos considerada pela mãe devido à sua beleza que não iguala a de Jane, a irmã mais velha, mas também devido ao seu espírito que não é tão jovial como o da irmã mais nova, Lydia. Era (efectivamente) a menos querida de sua mãe.  Elizabeth possui um carácter confiante, vivo, brincalhão, inteligente, crítico, reforçado pelo seu sentido de observação apurado. Consegue sempre tirar partido das situações mais ridículas.

 

Contudo, ao longo desta história verificamos que também as pessoas com tais características podem ser iludidas. É o que acontece com Elizabeth quando conhece Mr. Wickham. Este homem de boa figura e de elevada eloquência desvia a atenção de Elizabeth e adormece-lhe estas suas características. Ao conhecê-lo ela não se dá conta de que o cavalheiro muito fala de assuntos tão privados que ninguém, com um conhecimento tão recente da outra pessoa, abordaria se não tivesse a clara intenção de iludir o seu ouvinte. Será apenas por ocasião do pedido de casamento de Mr. Darcy e através da sua carta que Elizabeth verifica quão ingénua foi. Como depois confidenciaria a sua irmã Jane "até aqui eu não me conhecia".  Apesar de possuir um carácter tão marcante e tão independente, não está protegida das mentes mais maliciosas que vêm de um mundo que ela não conhece. Creio que Jane Austen tenta, também, através deste livro chamar a atenção para esta realidade.

 

A evolução da relação de Elizabeth com Mr. Darcy dá-se a partir da revelação do carácter de Mr. Wickham. Darcy traz a Elizabeth a clarividência que lhe faltava. A sua antipatia por ele era tão grande e tão preconceituosa que não lhe permitia ver para além da aparência. Com ele, reforça e lima o seu sentido de observação que passa a ser mais cuidado.

 

 

Fotografias retiradas, respectivamente, de:

 http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://www3.bc.sympatico.ca/yve/pics/lizclose.jpg&imgrefurl=http://www3.bc.sympatico.ca/yve/darcymania.html&h=230&w=250&sz=14&tbnid=4II79XjOh3ElyM:&tbnh=79&tbnw=86&prev=/images%3Fq%3DElizabeth%2BBennet&zoom=1&q=Elizabeth+Bennet&hl=pt-PT&usg=__C5GRpt6TgUcz84BOad733U0WUww=&sa=X&ei=4GKMTbH6AsqVOuSO5KAC&ved=0CEMQ9QEwBA&dur=62

 

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