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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Fanny Price #1

"Fanny Price tinha nesta ocasião justamente dez anos e embora à primeira vista sua aparência não fosse muito cativante, não tinha, pelo menos, nada que pudesse desgostar os parentes. Era pequena para a idade, de compleição pouco atraente e sem nenhuma beleza especial; excessivamente tímida e acanhada, retraia-se por qualquer observação. Sua aparência, embora desajeitada, não era vulgar; a voz era doce e, quando falava, sua fisionomia se tornava bonita.

(...)

 

A pequena visitante, por esse tempo, sentia-se tão infeliz quanto é possível. Com receio de todos, envergonhada de si própria e com saudades da casa que deixara, não tinha coragem de levantar a cabeça e mal conseguia murmurar as palavras sem chorar. Mrs. Norris, durante a viagem, desde Northampton, veio lhe falando de sua sorte incomparável e da gratidão e do bom comportamento que ela deveria ter por isso mesmo, de forma que a consciência de sua própria miséria aumentou com a idéia de que por causa disso não poderia ser feliz. O cansaço, também, de uma viagem tão longa em breve não se tornou menos doloroso. Em vão foram as bem intencionadas amabilidades de Sir Thomas e todos os prognósticos de Mrs. Norris de que ela seria uma boa menina; em vão Lady Bertram sorriu e fê-la sentar-se ao seu lado no sofá e em vão foi, até, a vista da torta de groselha para confortá-la; mal pôde engolir dois bocados e irrompeu em soluços; levaram-na então para a cama o amigo sono terminou suas tristezas."

 

A primeira imagem que temos de Fanny é esta: uma pequena, assustada e frágil criança. Ela chega a uma casa sumptuosa e se vê no meio de familiares que não conhece. Tudo é demasiado grande e assustador. Parece que não há nenhum lugar no mundo onde possa se refugiar. Através destas linhas, vemos o começo da história de Fanny. Ela é enviada pela mãe, Mrs. Price, para a casa dos tios em Mansfield Park; sobretudo, devido a falta de condições de sustentar todos os seus filhos. Mansfield Park representava bem-estar, dinheiro, posição social e modos refinados. Acredito que estes eram conceitos um tanto ao quanto ausentes para Fanny. Para ela, naquele momento as saudades de casa e da família ultrapassavam todos os benefícios que poderia vir a usufruir.

Mansfield Park no estilo Facebook

catiagp gosta de Fanny Price,  de Sir Thomas Bertram, de Lady Bertram, de Tom Bertram, de Dr. e Mrs. Grant, de Henry Crawford e de William Price.

 

catiagp não gosta de Mr e Mrs Price, de Mrs. Norris, de Maria, de Julia Bertram, de Mr. Rushworth e de Edmund Bertram.

 

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(não esqueci de Mary Crawford, é que eu gosto e não gosto dela ao mesmo tempo...)

DESAFIO | Bicentenário "Sense and Sensibility" #9

- Sensibilidade e Bom Senso (1995) | 7 -

 Alma

 

A alma deste filme reside em dois nomes: Emma Thompson e Ang Lee.

 

Em primeiro lugar, foi Emma Thompson quem se dedicou e acreditou nesta obra ao ponto de levar quase cinco anos a escrever o roteiro. Na sua adaptação,  alguns personagens ficaram de fora, como Lady Middleton e a irmã de Lucy Steel; contudo, penso que isso não lhe retira o valor. O facto do roteiro ter o cunho de Emma Thompson explica - e esta é uma suposição minha - o facto de Shakespeare ser uma presença constante através da voz de Marianne Dashwood. Sabemos que Jane Austen não o faz. Mas Emma Thompson tem um passado voltado para as produções baseadas em obras de Shakespeare, principalmente durante o seu casamento com Kenneth Branagh.

Ela não teria a intenção de interpretar o papel de Elinor. Quem a convenceu de tal foi Ang Lee, o director do filme. Ele defendia a opinião de que ela seria perfeita para interpretar este personagem:

 

"Emma Thompson, who wrote the screenplay, crafted the script intending to cast real-life sisters, Natasha and Joely Richardson (daughters of British actress Vanessa Redgrave) as Marianne and Elinor. However, she was later encouraged to play Elinor herself by director Ang Lee. Thompson was reluctant to cast herself as Elinor, because she thought she was too old (Elinor is supposed to be 19 years old). Lee, who wanted Thompson for the lead, eventually decided to age Elinor's character to 27 years so that modern audiences would understand how Elinor could be considered a spinster. Thompson adds: "With make-up and a good wig I might look young enough." In addition, some of the supporting cast members had to be cast older as well, to balance the 36-year old lead."  (trecho retirado daqui)

 

Chego ao segundo nome, Ang Lee. Quem imaginaria que ele, um cineasta ainda novato e de origem chinesa, seria perfeito para fazer um filme de época inglês? Muitos deverão ter duvidado. Aliás eu li no Eras of Elegance que, até aquela altura, ele nunca teria lido nenhuma obra de Jane Austen. O que demonstra, sem sombra de dúvidas, a qualidade do seu trabalho; já que consegue transmitir o estilo da nossa querida Jane.

Sempre fico impressionada com a qualidade do cenário e da fotografia deste filme. Tratando-se de um filme com mais de quinze anos, é impressionante a actualidade da sua imagem. Por vezes, ao assistir esqueço-me deste pormenor, de como já faz tanto tempo que foi filmado. E isso tem a ver com a elegância que Ang Lee imprimiu à obra. Achei interessante descobrir que ele tenha se inspirado nos quadros do pintor holandês Johannes Vermeer ( a característica principal da sua obra é a forma como utiliza a luz e o jogo com as sombras ) para criar e desenvolver a fotografia deste filme. 

 

São dois nomes, dois estilos, duas assinaturas e um excelente resultado final.

DESAFIO | Bicentenário "Sense and Sensibility" #8

 

- Sensibilidade e Bom Senso (1995) | 6 -

 Alan Rickman

 

 

Na mesma medida em que admiro Emma Thompson, tenho também de declarar a minha admiração por Alan Rickman. É ele quem dá vida ao Coronel Brandon e este é um dos meus personagens predilectos. Revejo e imagino Coronel Brandon em Alan Rickman em toda a sua classe, integridade e honradez. Ele faz transparecer todo o encantamento e admiração por Marianne Dashwood que adivinhamos na leitura do livro. 

 

Este é daqueles actores que quer interprete o vilão quer interprete o herói fá-lo com excelência. Devo dizer, grande parte do meu amor por esta versão de 1995 deve-se a ele. Gostaria de destacar dois momentos na actuação de Alan Rickman enquanto Coronel Brandon:

 

Col. Brandon: Your sister seems very happy. 
Elinor Dashwood: Yes. Marianne does not approve of hiding her emotions. In fact, her romantic prejudices have the unfortunate tendency to set propriety at naught. 
Col. Brandon: She is wholly unspoilt. 
Elinor Dashwood: Rather too unspoilt, in my view. The sooner she becomes acquainted with the ways of the world, the better. 
Col. Brandon: I knew a lady very like your sister - the same impulsive sweetness of temper - who was forced into, as you put it, a better acquaintance with the world. The result was only ruination and despair. Do not desire it, Miss Dashwood. 

Neste diálogo, Alan Rickman deixa entrever, sem o dizer claramente, o sofrimento que o Cor. Brandon já passou e viu Eliza passar. Há um misto de tristeza e angústia na forma como expressa esta afirmação que sempre me impressionou.

 

Col. Brandon: What can I do? 
Elinor Dashwood: Colonel Brandon, you have done so much already... 
Col. Brandon: Give me an occupation, Miss Dashwood, or I shall run mad.

Esta é a cena em que Marianne está gravemente doente, Col. Brandon mostra-se desesperado com a situação e apela a Elinor que lhe dê algo para fazer. Lemos no seu tom de voz, na sua postura corporal, na sua expressão facial o desespero de, no fundo, ver uma situação a se repetir. De ver a pessoa que ama a morrer e a impotência diante da situação.

 

Col. Brandon tem uma presença discreta. No filme, Alan Rickman dá-lhe forma e, no meu caso, deixa-me somente a lamentar que ele não tenha ainda mais momentos marcantes.

 

 

 

 

 

 

 

Guarda-Roupa Mary Crawford Comparado

Como percebem, estou numa fase do "armário"... mais propriamente do guarda-roupa! Isto tudo porque não tenho grande coisa para fazer, as minhas mini-férias estão a ser passadas na companhia de uma constipação com alguns picos de febre, o meu único consolo são as adaptações de Jane Austen. Embora Mary Crawford não seja personagem que goste particularmente, sempre adorei a forma como a caracterizaram. Decidi fazer uma comparação entre o guarda-roupa de 2007 (Hayley Atwell) com o de 1999 (Embeth Davidtz) em cenas equivalentes.

 

 

Quando conhecemos os Crawford

 

 

Passeio a cavalo com Edmund

 

 

Mary Crawford em Lover's Vows

 

 

Aniversário de Fanny

 

 

Durante a doença de Tom Bertram

 

Dia Internacional da Mulher

Hoje é o nosso dia meninas!Queria deixar aqui um beijinhos para todas as mulheres que visitam este blog e claro para todas as que para ele contribuem. Ah e claro uma homenagem a uma das maiores e mais inteligentes mulheres que já alguma vez pisou esta terra, a nossa querida e adorada Jane Austen!