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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Em busca de Austen

Fonte: Battlenerds.wordpress.com

Esta semana recebi um e-mail da Clara a “distribuir jogo”, pois os próximos meses irão ser dedicados às várias obras de Jane Austen. Cada mês uma obra, cada colaboradora com a tarefa, e sobretudo com o prazer, de descobrir uma personagem.

Que tamanha responsabilidade! Já conheço o blog há algum tempo e sinto que vocês sabem tanto sobre a obra desta formidável escritora… Espero estar à altura do desafio e fazer o melhor possível para que não fiquem desapontados. Foi com esse espírito que comecei a reunir bibliografia, que é como quem diz, a fazer a minha biblioteca “austeniana”, porque até há pouco tempo só dispunha de uma pequena “cinemateca”.

E confesso que estou desapontada. Não que o meu espírito habitual seja esse, muito pelo contrário, mas a verdade é que esperava que os livreiros portugueses dessem mais importância à obra de Jane Austen. Alguns títulos foram conseguidos através das Edições Europa-América (“Emma”, “Amor e Amizade”, “A Abadia de Northanger”). Hoje na Fnac arranjei a “Sensibilidade e Bom Senso” (a propósito, o filme está em promoção). Mas noutras livrarias pura e simplesmente nada! O que me dizem é que as editoras há algum tempo que não publicam Jane Austen, por isso os títulos estão a esgotar (por exemplo, não consigo arranjar o “Parque de Mansfield”). Enfim, vou ter de ir às versões inglesas.

No entanto, confesso que é uma injustiça o facto de não se dar mais relevo à obra de Jane Austen e de outros bons escritores. E isso torna-se mais revoltante, quando vemos as prateleiras e as montras das livrarias cheias de “lixo literário”, ao qual é dado o indevido destaque.

Mas estou muito entusiasmada com o desafio, e isso é que importa!

As Novas Estruturas Sociais em Persuasão

Título Original:  “A state of alteration, perhaps of improvement”: New Social Structures in Persuasion

Retirado do site JASNA

Autor do Artigo: Sarah K. Green

Traduzido e Adaptado por Clara Ferreira

 

 

No último romance de Jane Austen, Persuasão, Inglaterra é uma grande família como dois ramos distintos, a Marinha e a Aristrocacia de elite – não é por acaso que os dois livros consultados ao longo do romance sejam “Baronetes” e “Listas da Marinha”.

A família naval representa uma ameaça para a família aristocrática (…). Os casamentos de Anne Elliot, Louisa Musgrove e Henrietta Musgrove revelam uma fuga quase como para se redimirem pelo casamento com a classe profissional de mérito, simbolicamente abraçando os seus valores de utilidade e responsabilidade social e abandonando a inactiva aristocracia em declínio. Em Persuasão, o único romance de Austen que não anda em torno de uma propriedade de terras, a partida de Kellynch Hall mostra uma aristocracia despojada dos seus centros de poder, em favor da chique cidade de Bath. A responsabilidade da terra é abandonada por um mundo oco de quartos alugados e festas sociais. A aristocracia é trocada pelos novos membros da meritocracia. (…)

 

Ao contrário de outros “donos de propriedade” como Mr. Darcy ou Mr. Knightley, Sir Walter não se encaixa nos modelos de paternalismo aristocrático. A sua relação com a “terra” está limitada ao jardim de flores de Elizabeth (…). Com apenas filhas para o sucederem, a família de Sir Walter vai-se diluindo; a sua propriedade passará, em última instância para o primo William. A filha mais velha, Elizabeth não tem qualquer projecto de casamento – noutros romances de Austen, a autoridade aristocrática é exteriorizada pelo casamento. Em Orgulho e Preconceito, a aristocracia é regenerada pelo casamento de Mr. Darcy com Elizabeth (…). Por vezes até, Austen utiliza casamentos quase incestuosos para consolidar a autoridade aristocrática – como é o caso de Fanny que se casa com o seu primo Edmund (em Parque de Mansfield) ou também como Emma que se casa com o cunhado, Mr. Knightley (…). Em Persuasão, o casamento de Anne com Wentworth não significa uma regeneração da aristocracia pela incorporação de “caras novas”; não, pelo contrário, mostra uma heroína a escapar de uma aristocracia atrofiada. (…)

 

Artigo integral aqui.