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Jane Austen Portugal

O Blogue de Portugal dedicado à Escritora

Espelho, espelho meu...

 

 

 

 

 

Antes de ir para Bath,  Anne Elliot acompanhou Lady Russel numa visita ao casal Croft em Kellynch-Hall. Enquanto conversavam, o Almirante Croft faz este comentário sobre a casa e sobre Sir Walter Elliot à Anne.

Não preciso dizer que ri com vontade ao reler este trecho, até porque me lembrei do comentário da Vera sobre o Sir Walter da versão de 1995.

 

Espelho, espelho... o que revelarias sobre Sir Walter Elliot se pudesses falar?

 

 

 

 

DESAFIO | Bicentenário "Sense and Sensibility" #1

 

 

 

 

 

 

Desde que recebi o convite/desafio da Raquel Sallaberry para participar com ela numa leitura comparada de Sensibilidade e Bom Senso não tenho parado de fazer planos, de pesquisar e de sonhar com todos os personagens do livro. É um grande desafio mas também um grande prazer!

 

Tenho reflectido qual deverá ser a abordagem e o roteiro a seguir. Então, a minha programação essencialmente seguirá estes pontos:

 

1. Como já disse anteriormente, irei fazer uma leitura comparada em conjunto com a Raquel  da versão portuguesa e da versão brasileira de "Sense and Sensibility" de Jane Austen, respectivamente:  Sensibilidade e Bom Senso (Publicações Europa-América e tradução de Maria Luísa Ferreira da Costa) e de Razão e Sentimento (Editora Nova Fronteira e tradução de Ivo Barroso). Irei seguir o mesmo calendário da Raquel de publicação de textos resultante das leituras.  Acho que assim fará mais sentido. Então, as datas serão:

 

1º Texto:  Sense and Sensibility em Portugal 200 anos depois – I

(baseado na leitura dos capítulos 1 a 22)

Data de publicação: 30 de Abril

 

2º Texto: Sense and Sensibility em Portugal 200 anos depois – II

( baseado na leitura dos capítulos 23 a 36)

Data de publicação: 30 de Julho

 

3º Texto: Sense and Sensibility em Portugal 200 anos depois – III

(baseado na leitura dos capítulos 37 a 50)

Data de Publicação: 29 de Outubro

 

2. Pretendo  voltar a assistir o filme Sensibilidade e Bom Senso (1995) e a série da BBC Sensibilidade e Bom Senso (2008); de igual forma, pretendo assistir pela primeira vez Sensibilidade e Bom Senso (1981) - que espero adquirir em breve. Destes filmes, para além de uma apreciação geral das produções, pretendo também debruçar-me sobre alguns personagens específicos.

 

Fevereiro: Sensibilidade e Bom Senso (1995)

Abril: Sensibilidade e Bom Senso (2008)

Setembro: Sensibilidade e Bom Senso (1981)

 

3. No âmbito das leituras, quero também ler o livro Colonel Brandon’s Diary de Amanda Grange. Ainda não defini uma data para o resultado desta leitura porque vai depender da chegada deste livro.

 

 

Tenho mais coisas planeadas, mas para já estão em fase de maturação…

 

Confesso que já começo a me sentir a quarta irmã Dashwood!

 

 

 

O Casal Perfeito - Almirante e Mrs. Croft

É difícil não nos rendermos a este casal. Comungam de uma felicidade imensa que transpira em cada frase que Jane escreve sobre eles. São duas almas feitas uma para a outra, o carácter amigável e passivo do Almirante Croft contrasta com a confiança e abertura de Mrs. Croft. Mas o que sobressai neste casal é a sua descontracção perante tudo e todos. A sua mente aberta varreu-lhes muitos preconceitos, isto possivelmente graças aos muitos anos fora da sempre atenta sociedade inglesa e da quantidade de realidades que enfrentaram e conheceram nas suas viagens marítimas.

 

Este casal tem de facto bastante simbolismo. Parecem servir de prenúncio para aquilo que virá a ser o casamento de Anne e Wentworth. O amor de ambos é igualmente constante e tem sobrevivido a muitas tempestades, é um casal sem falsas modéstias, sempre muito divertido, sem preconceitos – lembro-me agora da passagem do livro em que Anne sobe para a tipóia com eles, e o Almirante e Mrs. Croft se apertam no banco de dois lugares para dar espaço a Anne e de como a conversa deles durante esse percurso é tão relaxada e despreocupada; ou da conversa de Mrs. Croft no jantar quando entra numa luta de argumentos com o irmão a propósito das mulheres nos navios.

 

São um claro símbolo de felicidade, aliás, Persuasão está repleto de casais felizes, cada um à sua maneira - Mr. e Mrs. Musgrove, Captain Harville e Mrs. Harville. E saliento que não é algo comum às outras obras de Jane, que casais tão felizes e completos encontramos em O&P ou S&S ou mesmo Parque de Mansfield? Em Emma temos Mr. e Mrs. Weston, em Abadia de Northanger, Mr. e Mrs. Morland e Mr. e Mrs. Allen, sim, é certo, mas um casal tão feliz, completo e em pé de igualdade como com Almirante e Mrs. Croft, acho que não encontramos – neste casal, não há uma mulher por detrás de um grande homem; há antes uma grande mulher ao lado de um grande homem.

 

Levanto ainda uma questão que nunca me sai da cabeça, porque razão este casal não terá filhos? Alguma sugestão?

 

 

Remar contra a maré #2

 

 

Adoro esta sequência em que Anne afirma ao Capitão Wentworth que não tem qualquer compromisso com Mr. Elliot, em que ela lê a carta de Frederick e quando o reencontra na rua. Confesso que chego a sentir a tontura e o quase desespero com que Anne percorre as ruas da Bath a tentar encontrar o Capitão Wentworth antes que ele desapareça. Como se fosse uma segunda oportunidade que ela não podia permitir que lhe escapasse entre os dedos. Confirmo que, afinal, Anne não é tão submissa e de tão fácil persuasão, porque contra todas as expectativas ela foi em busca da sua felicidade. 

 

 

 

Quando Anne o encontra, as vozes à sua volta desaparecem e tudo parece parar no tempo. Parece que só existem eles dois no mundo. Parece que o tempo e a espera dissiparam todo o sofrimento e fez surgir a esperança do sentimento afirmado.

 

Ela remou contra a maré.